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Cantores celebram a amizade de muitos anos em Naturezas, disco com participação de Almir Sater e parceria de músicas captadas no porão onde fica o endereço atual da gravadora que por coincidência foi residência de um deles nos anos 1970. Capa e encarte são do saudoso artista plástico Elifas Andreato
A amizade de Renato Teixeira e Fagner vem de longa data. Os músicos compõem juntos há alguns anos e resolveram colocar o desejo de lançar um álbum como prioridade. A ideia surgiu com a troca de bate papos virtuais e tomou forma com o surgimento dos aplicativos de áudios e mensagens que permitem e facilitam o compartilhamento de músicas e de letras. E ganhou vida na Kuarup, gravadora com mais de 40 anos, que tem seis álbuns de Renato Teixeira em catálogo e que o autor costuma chamar com carinho de sua casa fonográfica e sua antiga moradia, por uma inexplicável coincidência de endereços. Outro evento que tornou possível a realização do projeto, gravações, ensaios e o lançamento do trabalho foi a recente inauguração do estúdio da Kuarup, espaço para atender aos artistas contratados e parceiros da gravadora.
A sala ganhou o nome de Renato Teixeira, pois o músico ensaiava no local nos anos 1970 e recebia no imóvel artistas para tocar e compor como Belchior, Guilherme Arantes e Fagner — que, em 1973, levou a fita de seu primeiro disco (Manera Fru Fru, Manera) para ouvir no estúdio improvisado, espaço que tinha também um cantinho para um modesto laboratório fotográfico. O endereço foi também a residência onde Renato vivia com a família e compôs Romaria. Hoje, é a sede da gravadora Kuarup em São Paulo, razão da inspirada e merecida homenagem. Resultado: a memória afetiva de Renato Teixeira foi para o espaço.
O repertório de dez músicas é inédito e inclui duas regravações: Tocando Em Frente e Mucuripe, que celebram a parceria de Renato Teixeira e Fagner e mostram suas influências paulista e cearense. A sonoridade não divide a personalidade musical de cada artista e sim acrescenta. O projeto reúne e mistura histórias, parcerias, composições, melodias, experiências, carreiras, estilos e naturezas diferentes. O álbum, que por estas razões ganhou o título Naturezas, ainda conta com participação especial do cantor e violeiro Almir Sater e já está disponível em edições físicas e virtual, a digital lançada nas principais plataformas em 20 de maio, data na qual Renato Teixeira emplacou 77 anos de idade.
A bela arte gráfica do álbum tem assinatura der Elifas Andreato, prestigiado e premiado designer, responsável por capas antológicas de discos dos mais importantes artistas da música popular brasileira, que nos deixou recentemente. A inédita capa de Naturezas foi a última criação do paranaense para discos fonográficos.
Exemplares do álbum de Renato Teixeira e Fagner foram gentilmente enviados à redação do Barulho d’água Música pela Kuarup, a qual agradecemos à toda equipe em nome do diretor artístico Rodolfo Zanke; um deles será reservado para uma ação coletiva de promoção do blogue. Abrem os trabalhos do disco dois clássicos de ambos, criados com outros parceiros. Tocando em Frente, de Renato Teixeira e Almir Sater (em Naturezas os três, Renato, Fagner e Almir cantam a canção) e Mucuripe, da dupla Belchior e Fagner, que também entra em cena para formatar uma espécie de saudação à parceria estreante.
Em seguida, podemos ouvir Arte e Poesia, uma espécie de visão dos novos parceiros a respeito da vida moderna e na qual se posicionam sobre o que possa ser melhor para ambos nesses novos tempos.
Eu Só Quero Ser Feliz protagonizou talvez o momento mais maluco desse trabalho. Por um erro no envio de uma melodia para Renato Teixeira colocar letra, Fagner encaminhou uma gravação de uma música inédita do pianista Antônio Adolfo que, por alguma razão, estava no arquivo do celular. Acontece. A canção chegou solada por um piano magnificamente bem tocado o quê levou Renato a desconfiar que o parceiro Fagner era também um pianista de tirar o fôlego!
Surpreso com essa revelação, Renato se animou e foi logo metendo a caneta naquelas notas expressivas. Era como se os versos já estivessem todos lá, pedindo para serem revelados. Para deixar o momento mais confuso ainda, surgiu a revelação de que já existia uma letra para aquela melodia, assinada por Fausto Nilo, cantor e compositor conterrâneo de Fagner. Mas nesse tipo de situação, ninguém tem culpa, foi o destino que quis assim e depois de algumas informações, todas por sinal muito bem humoradas,
Renato acabou se tornando o mais novo parceiro de Adolfo, por culpa das circunstâncias. Fagner como grande intérprete que é sentiu toda a verdade da bela música e disse como ninguém o recado da canção: a consciência de que temos o dom de sermos felizes e a determinação de irmos sempre nessa direção. Para dar mais peso à mensagem da canção, Renato cita uma frase de dona Francisca, mãe de Raimundo Fagner, que lhe disse, quando ele partia para se transformar no grande Fagner: “Cada um sabe de si”!
Juro Procê, cantada por Renato Teixeira, é uma espécie de sinopse do sonho hippie em que jovens confrontavam e contestavam valores opressores em torno dos quais se organizaram socialmente todas as gerações surgidas no pós-Segunda Guerra. Sem complexidades, simples e direta, Juro Procê propõe uma vida vivida à luz do tempo, que para se achar o bom caminho é preciso haver carinho, um bom vinho e um violão.
Eu Comigo Mesmo vem na sequência. E aí percebemos os dois parceiros indo em uma mesma direção. A conclusão surpreendente da canção é quase uma celebração da parceria em que o tempo todo mostrou a unidade dos dois compositores brasileiros que fazem parte efetiva do grande “cast” da música popular brasileira. As vozes combinam com suas naturezas: ora Renato, acostumado a contar histórias do seu jeito, leva a narrativa com a naturalidade de sempre, ora Fagner, transborda a energia que fez dele um dos maiores cantores do mundo. É nesse momento que mostram o quanto pode ser rico um trabalho que soma naturezas, histórias, comportamentos e, principalmente, amor pela arte.
Para O Nosso Amor Amém fala do momento da cura, quando algo que não ia bem com a saúde de uma pessoa deságua no passado e se sente a leveza que evidencia as melhores sensações que um ser humano pode desfrutar quando o destino lhe sorri. De certa maneira cada um já passou, em algum momento da vida, pelo alívio que traz a cura. Então surge novamente Almir Sater e o trio se recompõe para, emocionados, cantarem juntos e em uníssono a canção que fala de fé, de esperança e de cura. Um dos mais belos momentos desse expressivo manifesto de brasilidade que é o álbum Naturezas.
Linda de Mansinho é uma declaração de amor a alguém que foi embora e deixou a solidão em seu lugar. Mas a música, por mais torturante que seja a sua declaração de ausência, traz sempre uma aura de esperança. “Eu queria tanto abrir aquela porta e ver você chegando, linda de mansinho”. O bom astral da canção lembra outros momentos da MPB, quando a resignação não dói tanto, pois, acompanhada de belos acordes, nos brinda com o consolo da alegria.
Rastros da Paixão é uma homenagem ao compositor Evaldo Gouveia, vizinho da casa onde Fagner nasceu e foi criado, em Fortaleza (CE). Evaldo era afilhado dos pais do cantor. Essa coincidência artística tem detalhes significativos: Evaldo e Fares Lopes, irmão mais velho de Fagner, formavam uma dupla de cantadores de serestas de prestígio em Fortaleza e isso marcou muito a infância de Raimundinho, como a vizinhança costumava tratar o menino Fagner. Não fazia tanto tempo que Evaldo partira e, motivado pela emoção da despedida do inesquecível vizinho, surgiu a melodia inspirada no universo de amor no qual Evaldo criou um dos mais belos repertórios da música brasileira. Renato Teixeira, que conhece bem a maneira de Gouveia desenvolver seus raciocínios, fez sua parte: quem sentiu no peito o golpe dos seus versos, nunca mais será o mesmo cidadão. Viva Evaldo Gouveia!
Aqui é Ceará é melodia que chegou ao Renato à capela, modo de cantar sem acompanhamento de qualquer instrumento. Só a voz, cantando a linha melódica. Renato estava voando para Anguilla, território ultramarino inglês no Caribe e, para deixar a travessia mais interessante, colocou o fone e compôs a letra no ar, voando para um ambiente marítimo que lembra muito o Ceará. Um observador mais atento percebe a métrica sugerida pela melodia que conduzo os versos. Renato confessa que, além da homenagem ao estado de Fagner, reverencia também sua longa amizade com Belchior, outro cearense famoso.
MÚSICA NO DNA
Com uma carreira consagrada, 50 anos de estrada e mais de 30 álbuns lançados, o cantor e compositor Renato Teixeira se consolida como uma das maiores expressões da música popular brasileira. Autor de clássicos como Romaria, eternizado por Elis Regina, e Tocando Em Frente, gravado por Maria Bethânia, uma parceria dele com Almir Sater, além de Um Violeiro Toca, interpretado por Almir Sater e Sérgio Reis, o músico nascido em Santos, com passagem por Ubatuba e crescido em Taubaté, cidades de São Paulo, carrega em seu DNA a sexta geração de músicos da família Teixeira.
Defensor incansável da música caipira e de raiz do Brasil, Renato coleciona várias parcerias e participações em projetos premiados como o disco Ao Vivo Em Tatuí, com a dupla Pena Branca & Xavantinho e os álbuns Amizade Sincera I e II com o cantor Sérgio Reis e os trabalhos AR e +AR com o eterno parceiro Almir Sater, que conquistaram o prêmio Grammy Latino, além de projetos com Zé Geraldo, Oswaldo Montenegro e Xangai, entre outros artistas. Renato realizou o sonho de ter boa parte de seu vasto repertório de gravações e composições revisitado no projeto Terra de Sonhos, registro ao vivo que foi gravado com acompanhamento da Orquestra do Estado do Mato Grosso, considerado um dos trabalhos mais importantes de sua carreira e o que mais gosta de ouvir. O seu mais recente disco pela Kuarup, sob regência do maestro Leandro Carvalho, foi indicado ao Grammy Latino e ao Prêmio da Música Brasileira.
Renato Teixeira passou a infância em Ubatuba, no litoral paulista, e aos 14 anos foi para Taubaté, onde viveu até os 24. No início dos anos 1960 trabalhou como radialista na Rádio Difusora de Taubaté, onde por meio do discotecário Teodoro Israel, tomou conhecimento da música sertaneja e de raiz.
Na década dos anos 1960, entre outras atividades, Renato Teixeira formou a Banda Água e abriu um estúdio de jingles publicitários. Depois, em
1967 – Mudou-se para a cidade de São Paulo e no Bar Patachou, situado na Rua Augusta, dividia mesas e debates com artistas de sua geração como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa e Geraldo Vandré.
Participou do III FMPB, na TV Record, na cidade de São Paulo, com a composição Dadá Maria, defendida por Gal Costa e classificada entre as finalistas. A mesma composição seria posteriormente regravada por Clara Nunes e Sílvio César;
1968 – Renato Teixeira participou do IV FMPB da TV Record, com a composição Madrasta, interpretada por Roberto Carlos;
1972 – Classificou Marinheiro para o VII FIC da TV Globo. No mesmo período participou da série de discos dirigida por Marcus Pereira, Música Popular Brasileira, integrando o volume Música do Centro-Oeste-Sudeste. Por essa época, começou a trabalhar com temas caipiras com a Banda Água, formada por Carlão de Souza, Sérgio Mineiro, Rodolfo Grani, Oswaldinho do Acordeon, Dudu Pontes, Marcinho Werneck, Papete, Luiz Roberto de Oliveira, Nelson Ayres e Amilson Godoy. Gradativamente, passou a migrar de gênero musical, procurando mesclar diversas tendências e estilos;
1977 – Elis Regina gravou Romaria, e a música torna-se rapidamente um estrondoso sucesso em todo o país. Romaria também foi interpretada por Tião Carreiro & Pardinho, Sérgio Reis, Pedro Bento & Zé da Estrada, Leandro & Leonardo, Inezita Barroso, Chitãozinho & Xororó, João Mineiro & Marciano, Fábio Júnior, Passoca, pelo pianista norte americano Richard Clayderman e até pelo grupo de rock paulista Dotô Jéka.
Romaria, que já recebeu mais de 100 gravações, entrou para a trilha sonora da série da TV Globo Carga Pesada, junto com outra composição de Renato, intitulada Frete. O poeta Haroldo de Campos em entrevista à revista Veja fez elogios à letra de Romaria, considerando-a uma das melhores músicas brasileiras dos anos 1970;
1985 – Renato Teixeira participou do disco Grandes Cantores Sertanejos, da Kuarup, ao lado de Xangai, Cida Moreira, Elomar, Sivuca e Geraldo Azevedo, entre outros;
1987 – Ave Marinha, parceria com Almir Sater e Kapenga, e Homem Não Chora, foram gravadas no álbum da cantora Alzira Espíndola;
1989 – A música Sanfona, parceria com Cezar do Acordeon, foi gravada no elepê Forró Bom! – É do ABC!”, da gravadora Musicolor/Continental, na interpretação de Cezar do Acordeon;
1990 – A dupla Pena Branca & Xavantinho gravou a toada-balanço 60 Léguas Num Dia e Seu Chico Alves no álbum de vinil Cantadô de Mundo Afora;
1992 – Lançou pela gravadora Kuarup o álbum Ao Vivo Em Tatuí, em parceira com Pena Branca & Xavantinho, disco emblemático e elogiado que bateu recorde de vendas. No mesmo ano recebeu o Prêmio Sharp;
1997 – Participou do disco Cantorias e Cantadores, também pela Kuarup. Entre seus grandes sucessos estão Sina de Violeiro, regravada em 1996 por Sérgio Reis, e Tocando Em Frente, parceria com Almir Sater, presenças constantes em seus shows. Realizou uma média de dez shows por mês, principalmente na região do Vale do Paraíba, em Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso.
Ainda nesta temporada protagonizou o concerto 30 Anos de Carreira no Canecão, na cidade do Rio de Janeiro. Um de seus principais parceiros é Almir Sater nas composições Boiada, Missões Naturais, Terra dos Sonhos e Trem de Lata;
1998 – Lançou pela Kuarup o disco 30 Anos de Romaria, com uma retrospectiva de sua carreira;
1999 – Gravou ao vivo, com Xangai, Aguaterra, na sala Adoniran Barbosa, na cidade de São Paulo, com as participações especiais de Natan Marques e Cássio Poleto. Na ocasião interpretou de sua autoria Olhos Profundos, Guardiões da Floresta e João Alegre;
2000 – Lançou com o instrumentista Natan Marques Alvorada Brasileira, no qual interpreta antigos sucessos como Rural e Invernada, além de novas músicas como a country Transformação. O disco contou ainda com a participação de Oswaldinho do Acordeon, na faixa Jaci, e do violinista Cássio Poleto, em Tutu Com Torresmo;
2002 – Xangai gravou a música Pequenina, de Renato Teixeira, no álbum Brasileirança. Também neste ano apresentou-se no Teatro da UFF, em Niterói (RJ), juntamente com Pena Branca, Elomar, Teca Calazans e Xangai no concerto Cantoria Brasileira que comemorou os 25 anos da gravadora Kuarup e cujo repertório virou disco;
2003 – Lançou Rolando Boldrin e Renato Teixeira, em parceria com o apresentador do programa Sr. Brasil e contador de causos, confirmando seu sotaque caipira. O disco revisitou obras de compositores de todo o país e mereceu boa aceitação da crítica especializada. Trouxe destaques como Ventania, de Geraldo Vandré e Hilton Acioly, que concorreu, também com o subtítulo De Como um Homem Perdeu Seu Cavalo e Continuou Andando, no Festival da Record de 1967; Tempero das Aves, do próprio Boldrin; Vaca Estrela e Boi Fubá, de Patativa do Assaré; Acorda Maria Bonita, atribuída ao cangaceiro Volta Seca (Antonio dos Santos), do bando de Lampião, além de passar por obras de Lupicínio Rodrigues e até Chico Buarque, na composição tema para a peça Morte e Vida Severina, sobre o poema de João Cabral de Melo Neto. O álbum contou com participações de Almir Sater, que toca viola no clássico Chico Mineiro; de Francisco Ribeiro e Tonico, da dupla com Tinoco, Paulo Sérgio Santos, no clarinete, Rodrigo Sater e Chico Teixeira nas cordas;
2007 – Romaria foi escolhida para ser interpretada com variações por Inezita Barroso em dueto com a cantora lírica Nize de Castro Tank, juntamente com Luar do Sertão, clássico de Catulo da Paixão Cearense, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) carioca, em duas sessões da série Líricas e Populares. No mesmo ano lançou o combo (CD + DVD) gravado ao vivo no auditório Ibirapuera com repertório fazendo uma revisão de sua carreira. O álbum contou com a participação especial de Pena Branca na faixa Quando o Amor se Vai; da dupla Chitãozinho & Xororó na canção Frete; da cantora Joana em Recado; e do músico argentino Leo Gieco na composição La Cigarra;
2010 – Em setembro gravou, com Sérgio Reis, o álbum e o DVD Amizade Sincera, pelo selo Som Livre. A intenção do repertório e do concerto, realizado no Teatro Bradesco, na cidade de São Paulo, foi de realizar uma grande viagem pela música ruralista brasileira, com 20 faixas e duas extras. O álbum ultrapassou a marca de 700 mil cópias vendidas;
2011 – Renato Teixeira recebeu o 22º Prêmio da Música Brasileira, na categoria Melhor Dupla Regional, ao lado de Sérgio Reis, pela gravação do DVD Amizade Sincera;
2015 – Voltou a fazer parceria com Sérgio Reis para lançarem o DVD Amizade Sincera II, projetos premiados no Grammy Latino. Ainda em 2015, lançou, com Almir Sater, AR, pela Universal Music. Gravado entre o Brasil e Nashville (Estados Unidos da Américas), teve produção do norte-americano Eric Silver e apresentou 10 músicas inéditas compostas pela própria dupla;
2016 – O disco AR foi indicado ao Prêmio de Música Brasileira, na categoria Regional Melhor Dupla e levou nova premiação no Grammy Latino. No mesmo prêmio, na categoria Regional Melhor Cantor, foi indicado com o disco Amizade Sincera II, gravado em parceria com Sérgio Reis;
2017 – As composições Comitiva Esperança, parceria com Paulo Simões, e Tocando em Frente, com Almir Sater, são incluídas no repertório da peça teatral Bem Sertanejo – O Musical, obra estrelada por Michel Teló e dirigida por Gustavo Gasparani. O espetáculo esteve em cartaz em diversas cidades brasileiras, entre elas São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG) e Ribeirão Preto (SP). No mesmo ano, lançou Terra de Sonhos, pela gravadora Kuarup, em parceria com a Orquestra do Estado de Mato Grosso. Gravado no Estúdio Inca sob a regência do maestro Leandro Carvalho, o título do álbum levou nome de uma canção composta em parceria com Almir Sater;
2018 – Com o disco Terra dos Sonhos foi indicado ao Prêmio da Música Brasileira, na categoria Melhor Álbum de Música Regional e Melhor Cantor. No mesmo ano, deu prosseguimento a seu projeto com Almir Sater e lançou, com sua parceria, +AR, pela Universal Music, apresentando dez composições inéditas dos dois. O disco obteve repercussão positiva perante a crítica e foi vencedor do prêmio Grammy Latino daquele ano, na categoria Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa.
PRIMEIRO PRÊMIO: CAIXA DE SABÃO EM PÓ
Com uma carreira consolidada em mais de 45 anos de estrada e 40 discos lançados, a trajetória artística do músico, cantor, compositor e produtor Raimundo Fagner segue caminhos diferentes em uma bem sucedida missão de trazer a cultura nordestina e cearense para o Brasil e Exterior em seus trabalhos e parcerias, tornando-se um dos artistas mais versáteis e premiados da história da música popular brasileira de todos os tempos.
A amizade com Belchior, Jorge Mello, Rodger Rogério, Ednardo e outros artistas criou o movimento Pessoal do Ceará, que trouxe outras sonoridades dentro da nova música que se fazia nos anos 1970. Seu trabalho como produtor na gravadora CBS (atual Sony Music) nos anos 1980 foi decisivo para revelar Zé Ramalho, Elba Ramalho, Amelinha e Robertinho de Recife, entre outros. Autor de clássicos como Canteiros e Mucuripe, esta em parceria com Belchior, cantada por Elis Regina e eternizada por Roberto Carlos, o sucesso fez dele um aclamado compositor além de premiado intérprete de hits que têm a sua marca e voz inconfundível como Revelação, Noturno (Coração Alado), Eternas Ondas, Deslizes e Borbulhas de Amor. Eterno torcedor do time de futebol do Fortaleza, Fagner lançou vários discos, alguns em língua espanhola e outros projetos em parceria com Luiz Gonzaga, Ney Matogrosso, Belchior, Zé Ramalho e Zeca Baleiro, um projeto de gravação de serestas e acaba de gravar músicas em parceria com Elba Ramalho.
Nascido em Fortaleza, mas registrado em Orós, cidade do interior do estado do Ceará, o nome do músico, cantor, compositor e produtor é Raimundo Fagner Cândido Lopes. Ainda garoto começou na música, aos seis anos, após ganhar um concurso infantil na rádio local, cantando uma canção em homenagem ao Dia das Mães. Em sua participação no programa Ensaio, Fagner disse a Fernando Faro, que o entrevistava na Fundação Padre Anchieta, na cidade de São Paulo, em 18 de fevereiro de 2001, que seu prêmio pelo primeiro lugar no concurso foi uma caixa de sabão em pó. A entrevista a Faro virou um dos discos da série A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes, do Sesc de São Paulo;
Na adolescência, formou grupos musicais vocais e instrumentais e começou a compor suas próprias músicas. Venceu em 1968 o IV Festival de Música Popular do Ceará com a música Nada Sou, parceria sua com Marcus Francisco. Tornou-se popular no estado após comparecer a programas televisivos de auditório na TV Ceará e juntou-se a outros compositores cearenses como Belchior, Jorge Mello, Rodger Rogério e sua esposa Maria Elisete Morais de Oliveira, mais conhecida como Téti, Ednardo, Fausto Nilo e Ricardo Bezerra, formando o grupo que ficou conhecido como O Pessoal do Ceará.
1969 – Após ganhar o I Festival de Música Popular do Ceará – Aqui no Canto, Fagner saiu em excursão junto com o grupo de música e teatro Capela Cistina. Foram para Buenos Aires, na Argentina, de ônibus, em viagem de 45 dias de estrada;
1970 – Mudou-se para o Planalto Central para estudar Arquitetura na Universidade de Brasília, participou do Festival de Música Popular do Centro de Estudos Universitários de Brasília com a canção Mucuripe, em parceria com o Belchior, e classificou-se em primeiro lugar. No mesmo festival, recebeu menção honrosa e prêmio de melhor intérprete com Cavalo Ferro, parceria com Ricardo Bezerra e sexto lugar com a música Manera Fru Fru, Manera, também com Ricardo Bezerra. A partir de então, Fagner conseguiu despertar a atenção da imprensa da região Sudeste. Suas canções foram intensamente executadas em bares;
1971 – Gravou seu primeiro compacto simples, em parceria com outro cearense, Wilson Cirino. Foi lançado pela gravadora RGE. Ainda em 1971 foi para a cidade do Rio de Janeiro em busca de oportunidades. A cantora Elis Regina gravou Mucuripe, que se tornou o primeiro sucesso de Fagner como compositor e como cantor, pois o músico cearense gravou no ano seguinte a canção em um compacto da série Disco de Bolso, do jornal Pasquim, que tinha do outro lado do disco Caetano Veloso interpretando A Volta da Asa Branca. A canção foi eternizada posteriormente por Roberto Carlos;
1973 – Veio o primeiro álbum, Manera Fru Fru, Manera, pela gravadora Philips incluindo Canteiros, um de seus maiores sucessos, música sobre a poesia Marcha, de Cecília Meireles. O disco teve participação de Bruce Henri, contrabaixista norte-americano radicado no Brasil e integrado à banda de Gilberto Gil, Naná Vasconcelos e Nara Leão. O trabalho vendeu 5 mil cópias e foi retirado de catálogo e só relançado em 1976. O cantor fez a trilha sonora do filme Joana, a Francesa, que o levou à França, onde teve aulas de violão flamenco e de canto;
1975 – De volta ao Brasil, gravou seu segundo álbum Ave Noturna, lançado pela gravadora Continental. O disco atingiu um sucesso considerável de vendas e pela primeira vez Fagner conseguiu que uma de suas canções fosse incluída em uma trilha sonora de novela. Seu terceiro disco, pela gravadora CBS, com o título Raimundo Fagner, foi um sucesso, com 40 mil exemplares em vendas na primeira semana de lançamento;
1977 – Seu quarto disco, Orós, teve arranjos e direção musical de Hermeto Pascoal. Fechando a década dos anos 1970, lançou mais dois discos: Eu Canto (1978), com outro poema de Cecília Meireles, Motivo, musicado por Fagner. Mesmo tendo os créditos da poetisa na obra, o álbum enfrentou problemas com os herdeiros da poetisa e teve de ser relançado com a substituição de Motivo pela música Quem Me Levará Sou Eu; e Beleza (1979). No lançamento de Eu Canto atingiu o primeiro sucesso comercial com a música Revelação, com um solo marcante de guitarra na introdução da melodia, executado pelo músico Robertinho de Recife. Ao assinar com a gravadora CBS Fagner exigiu ser contratado também como produtor, condição que abriu caminho para ele lançar vários nomes da música do Nordeste como Zé Ramalho, Elba Ramalho, Amelinha e Robertinho de Recife;
O primeiro LP dos anos 1980, Eternas Ondas, teve na parte instrumental a participação de Zé Ramalho, Dominguinhos e Naná Vasconcelos entre outros músicos. Aproveitando o auge de Fagner em sua carreira, a gravadora Continental lançou o disco Juntos Fagner e Belchior, uma compilação que continha faixas do disco Ave Noturna, o único de Fagner, lançado pela companhia. A gravadora Polydor, por sua vez, recolocou para venda o disco Manera Fru Fru Manera;
1981 – Fagner gravou Traduzir-se, com nove faixas, um marco em sua carreira, com poemas musicados e letras de Ferreira Gullar, Florbela Espanca, Pablo Milanes, Garcia Lorca, Manzanita, Fausto Nilo, Joan Manoel Serrat, Manassés, Ricardo Pachon e Rafael Alberti, além da participação de Mercedes Sosa em Ãnos., de Milanes. O disco foi lançado em toda a Europa e América Latina. Também em 1981 lançou um álbum em espanhol, um antigo sonho de carreira;
1982 – Sorriso Novo, disco que tinha como canções poemas de Fernando Pessoa e Florbela Espanca, musicados pelo artista, chegou à cena musical. Ainda neste ano participou de um álbum em homenagem a Pablo Picasso, gravado em Espanhol, com Mercedes Sosa, Paco de Lucia e Rafael Alberti, além de lançar um compacto com o jogador de futebol e ídolo do Flamengo Zico;
1983 – Fagner gravou Palavra de Amor, trabalho que contou com participação do grupo Roupa Nova e do cantor Chico Buarque. Nos anos seguintes gravou A Mesma Pessoa e Semente, os últimos pela CBS;
1986 – Lançou seu primeiro disco pela gravadora RCA (BMG Music), Lua do Leblon;
1987 – Mais um disco: Romance no Deserto, título em português de uma canção composta e gravada por Bob Dylan em Desire. Este disco superou a marca de 1 milhão de cópias vendidas e foi lançado também nos Estados Unidos da América. As canções Deslizes, À Sombra de Um Vulcão e a faixa-título ficaram por mais de 700 dias entre as mais tocadas do Brasil. O último disco da década, O Quinze, 15º da carreira de Fagner, recebeu o Prêmio Sharp na categoria Melhor Álbum do Ano;
1991 – Sai o primeiro álbum da década, Pedras que cantam, aberto por Borbulhas de Amor, uma versão adaptada da música homônima, em espanhol, do cantor Juan Luís Guerra. Fagner interpreta a faixa-título Pedras que cantam, de Dominguinhos e Fausto Nilo, escolhida pela TV Globo para ser a trilha de abertura da novela de Aguinaldo Silva Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn;
1993– Fagner encerrou hiato de dois anos sem lançar um disco novo; foram vinte meses de preparo até que Demais fosse lançado, em maio. Neste trabalho reviveu os principais temas da bossa nova com versões de canções de Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Dorival Caymmi;
1994 – Lançou o projeto Caboclo Sonhador, desta vez com clássicos do forró, com versões de canções de Dominguinhos e Luiz Gonzaga, entre outros;
1995 – Fixou moradia em Fortaleza (CE) e lançou Retratos. O disco recuperou canções do fim dos anos 1970 ainda não gravadas por Fagner;
1996 – Ano do 20º álbum de sua carreira, com o título Pecado Verde. Neste mesmo ano, Fagner completava 23 anos de carreira artística. O último disco da década de 1990 foi intitulado de Terral;
2001 – Gravou o álbum que tem o título apenas de Fagner com canções em parceria com Zeca Baleiro, Fausto Nilo, Abel Silva e Cazuza. A parceria de Fagner e Zeca Baleiro rendeu em 2003 um álbum de estúdio e um DVD ao vivo com o título Raimundo Fagner & Zeca Baleiro proporcionando uma série de shows pelo Brasil;
2004 – Pela extinta Indie Records, Fagner lançou Donos do Brasil;
2007 – Penúltimo disco lançado por Fagner, Fortaleza. Posteriormente lançou em 2009 Cantando no Rádio, projeto em nova parceria com Zeca Baleiro;.
2014 – Lançou o primeiro disco de inéditas, Pássaros Urbanos, depois de cinco anos, retomando a parceria com a gravadora Sony Music. Em novembro, Fagner lançou um álbum ao vivo colaborativo com o cantor e violonista Zé Ramalho intitulado Fagner & Zé Ramalho Ao Vivo;
2020 – Lançou, em formato digital, junto com Zeca Baleiro pela Saravá Discos, o disco Raimundo Fagner e Zeca Baleiro – Ao vivo Em Brasília 2002. A apresentação em Brasília foi descoberta por acaso e gerou o álbum ao vivo com 10 números do show e duas faixas-bônus gravadas em estúdio. Em dezembro, inaugurou uma parceria com a gravadora Biscoito Fino e lançou Serenata, uma seleção de serestas e clássicos da música popular gravados originalmente por vozes da Era do Rádio. A música título revelou a colaboração especialíssima de Fagner com Nelson Gonçalves, feita com ajuda da tecnologia, tendo como base a voz original da gravação que Rodrigues lançara em 1991. Recentemente, Fagner iniciou com Elba Ramalho parceria de gravações.
Álbum Naturezas – Renato Teixeira e Raimundo Fagner
Repertório e ficha técnica
1) Tocando em Frente (Autores: Renato Teixeira/Almir Sater)
Arranjo: Natan Marques/Participação especial: Almir Sater/Violão: Cainã Cavalcante/Guitarra violão 12: Natan Marques/Piano: João Cristal/Contrabaixo: Wilson Levy/Bateria: Maguinho Alcantara/Violão 12 e vocal: Maurício Novaes
2) Mucuripe (Autores: Belchior/Raimundo Fagner)
Arranjo: Cainã Cavalcante/Violão: Cainã Cavalcante/Guitarra: Natan Marques/Piano: João Cristal/Contrabaixo: Wilson Levy/Bateria: Maguinho Alcantara/Violão 12: Maurício Novaes
3) Arte e Poesia (Autores: Raimundo Fagner/Renato Teixeira)
Arranjo: Mauricio Novaes/Violão: Cainã Cavalcante/Guitarra: Natan Marques/Piano: João Cristal/Contrabaixo: Wilson Levy/Bateria: Maguinho Alcantara/Teclado, violão e vocal: Maurício Novaes
4) Eu Só Quero Ser Feliz (Autores: Raimundo Fagner/Renato Teixeira/Antonio Adolpho/Fausto Nilo)
Arranjo: Mauricio Novaes/Violão: Cainã Cavalcante/Guitarra: Natan Marques/Piano: João Cristal/Contrabaixo: Wilson Levy/Bateria: Maguinho Alcantara/Teclados e violão 12: Maurício Novaes
5) Juro Procê (Autores: Raimundo Fagner/Renato Teixeira)
Arranjo: Mauricio Novaes/Violão: Cainã Cavalcante/Guitarra: Natan Marques/Piano: João Cristal/Contrabaixo: Wilson Levy/Bateria: Maguinho Alcantara/Teclados, violão e vocal: Maurício Novaes
6) Eu Comigo Mesmo (Autores: Raimundo Fagner/Renato Teixeira)
Arranjo: Mauricio Novaes/Violão: Cainã Cavalcante/Guitarra: Natan Marques/Piano: João Cristal/Contrabaixo: Wilson Levy/Bateria: Maguinho Alcantara/Teclados, violão 12, slide guitar e vocal: Maurício Novaes
7) Para o Nosso Amor Amém (Autores: Raimundo Fagner/Renato Teixeira)
Arranjo: Mauricio Novaes/Participação especial: Almir Sater/Violão: Cainã Cavalcante/Guitarra: Natan Marques/Piano: João Cristal/Contrabaixo: Wilson Levy/Bateria: Maguinho Alcantara/Teclados e violão: Maurício Novaes
8) Linda de Mansinho (Autores: Raimundo Fagner/Renato Teixeira)
Arranjo: Mauricio Novaes/Violão: Cainã Cavalcante/Guitarra: Natan Marques/Piano: João Cristal/Contrabaixo: Wilson Levy/Bateria: Maguinho Alcantara/Teclados, violão, percussão e vocal: Maurício Novaes
9) Rastros da Paixão (Autores: Raimundo Fagner/Renato Teixeira)
Arranjo: Mauricio Novaes/Violão: Cainã Cavalcante/Guitarra: Natan Marques/Piano: João Cristal/Contrabaixo: Wilson Levy/Bateria: Maguinho Alcantara/Violão e vocal: Maurício Novaes
10) Aqui é Ceará (Autores: Raimundo Fagner/Renato Teixeira)
Arranjo: Mauricio Novaes/Violão: Cainã Cavalcante/Guitarra e violão 12: Natan Marques/Piano: João Cristal/Contrabaixo: Wilson Levy/Bateria: Maguinho Alcantara/ Teclados, violão 12 e vocal: Maurício Novaes
O álbum foi gravado nos estúdios da Kuarup, em São Paulo, em outubro e novembro de 2021, por ENG Estúdio – estúdio portátil, com:
Técnico: Ernani Napolitano; Assistentes: Karen Ávila João Pedro Melo – JP; Técnico: Ricardo Franja Carvalheira.
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