Álbum Concerto Sentido está disponível nas plataformas digitais e em cedê traz a obra do poeta do interior de São Paulo
Deo Lopes e Victor Mendes apresentam o disco Concerto Sentido, álbum que tem distribuição nas plataformas digitais e em formato físico pela produtora e gravadora Kuarup. Com composições inéditas de Deo Lopes, importante compositor do Vale do Paraíba, do Interior de São Paulo e uma das principais referências da MPB e da música regional do país, o disco é fruto do encontro entre duas gerações.
O trabalho nasceu após a participação de Deo na turnê de Nossa Ciranda, álbum solo de Victor Mendes, que saiu em 2017. Desde então os músicos se aproximaram e passaram a fazer releituras de músicas gravadas nos anos 1980 e 1990 em cinco elepês de Deo Lopes. Aos poucos, novas canções surgiram e tomando corpo com a convivência, os dois artistas deram origem ao projeto. Com a sutileza e a força da presença de Deo Lopes, Concerto Sentido aproxima dois artistas e gerações por meio da música.
O disco reflete a forma intuitiva e orgânica que caracteriza a obra de Lopes, com arranjos livres e interpretações expressivas. O núcleo duro do trabalho é formado por Pedro Macedo (baixo) e Mariana Corado (violino). Além deles, o disco conta com as participações de: Thadeu Romano (acordeon), Zé Helder (viola), Ricardo Vignini (lap steel) e Beto Quadros (bandolim).
O título Concerto Sentido é uma brincadeira com o nome de um bar que Deo Lopes costumava frequentar nos anos 1980 na Vila Olímpia, na Capital paulista. O estabelecimento tinha essa frase depois do nome Alma Fuerte: “Un bar Con Cierto Sentido”. Uma vez contando essa história surgiu o nome do show e depois do disco da dupla. Era um bar de música latino-americana frequentado por músicos como Lula Barbosa e pelo grupo Tarancón, entre outros. E foi lá que Deo Lopes conheceu o músico Juan Falú, violonista argentino.
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Um exemplar de Concerto Sentido chegou ao Solar do Barulho enviado gentilmente por Rodolfo Zanke, diretor artístico da Kuarup, em nome do qual agradecemos à toda a equipe da gravadora.
A concepção musical do disco parte do violão de Victor Mendes e das melodias criadas por Deo Lopes. E foi dessa forma que o disco começou a ser gravado, voz e violão juntos, respeitando o andamento e o formato proposto pelo compositor. Em dois dias a dupla gravou as 12 canções, por isso é possível notar a fluidez e a naturalidade dos arranjos. Em seguida, vieram os outros instrumentos para compor o arranjo final.
Apesar de ser um disco de música brasileira, a sonoridade do trabalho busca referências no folk americano como Neil Young, James Taylor, Tom Waits, entre outros. O violão de aço e a guitarra com som limpo percorrem algumas músicas, como as primeiras canções do disco Canção do Amor Natural e Viajando o Interior.
O disco não poderia deixar de ter um samba, gênero muito presente na discografia de Deo Lopes. A Balsa é uma parceria com João Santana, fruto da temporada que Deo Lopes morou em Ilhabela (SP) e aproveitou para homenagear uma das figuras mais ilustres da cidade: as balsas! Segundo o compositor, o mote surgiu quando chegaram as balsas novas para fazer a travessia, então decidiram compor uma “bossa nova” para as balsas novas.
Outras canções têm forte influência da música latino-americana, como a milonga Cantiga de Voar, trazendo um pouco da música do Sul da América, bem como Pra Tua Lucidez, composta em 1987 com Ronaldo Rayol e gravada pela primeira vez agora. Essas músicas se ligam diretamente ao período que Deo Lopes conviveu com Juan Falú, um dos maiores violonistas argentinos, quando gravaram o disco Canticorda (1982), com a participação e arranjos do mestre Zé Gomes na rabeca. Inspirados nessa sonoridade, quem assume os violinos dessa vez é Mariana Corado.
Dentre as doze canções do disco, a única regravação é o xote Pacífica II, parceria com a compositora maranhense Irene Portela. Gravada em 1988 no disco Relação Natural, a nova versão conta com Thadeu Romano no acordeon e Victor Mendes no violão. A ideia de regravar essa música foi, também, de homenagear essa grande compositora e amiga de Deo Lopes.
Incontinente amor é onde Deo e Victor se encontram na mesma canção. A parceria surgiu quando Deo, ao acordar de madrugada, compôs a letra e a melodia da música. A harmonia veio em seguida, com Victor ao violão, propondo novos caminhos para a canção. Gravada da forma como foi concebida, com voz e violão, Incontinente Amor consolida a primeira parceria entre os dois músicos.
O rock também está presente no disco. Na música Pra Sair do Quarto Escuro, Deo toca em um tema muito importante e pouco abordado em canções: a depressão. Composta durante o auge da pandemia, e vendo diversos amigos e amigas passando por esse problema, Deo chama atenção para o assunto e propõe, nas palavras dele, uma “receita de bolo” para sair da escuridão, ressaltando a importância dos coletivos culturais que surgiram nos últimos anos.
Cantiga de Barro é o único tema instrumental do disco. Com participação de Ricardo Vignini no lap steel, a música foi composta por Victor Mendes, também inspirado na sonoridade da música folk. O nome da canção é uma homenagem as esculturas de barro e argila que Deo Lopes faz e ensina, uma arte típica do Vale do Paraíba.
Deo sempre foi um ouvinte assíduo de música erudita. Essa inspiração fica clara na música Concretismo, que começa com uma citação de Bach num desenho que se desenvolve aos poucos na canção, contando a história de um amor de forma muito delicada e singela.
Ao final do disco encontramos com Coração Imenso. Essa canção conta de forma poética os primeiros anos de Deo Lopes e sua família, em Santo Antônio da Alegria, sua cidade natal no Interior paulista. Apesar de ter apenas nascido na cidade, pois a família se mudou quando Deo Lopes era ainda bebê, o compositor resgatou e ressignificou sua relação com o passado e a cidade quando voltou, muitos anos depois, para tocar com o grupo Trem da Viração a convite da Prefeitura local. Com participação do violeiro Zé Helder, e com ritmo de folia de reis, Coração Imenso nos lembra das festas populares, da música na rua e dos festejos religiosos.
Uma das maiores surpresas do disco Concerto Sentido é a música de encerramento, Sentimento. Composta nos anos 1980, Deo Lopes cantou um trecho da canção durante os ensaios e propôs que a música entrasse no disco. Ao pensar no arranjo da canção, os músicos decidiram fazer um dueto de voz e guitarra, um diálogo, em que às vezes se encontram, e às vezes se desencontram, criando um arranjo inesperado e diferente dos outros, fechando o disco com uma canção de esperança.

Deo Lopes e Victor Mendes, paulistas de cidades interioranas, encontraram-se em turnê do violonista e nunca mais desataram os nós que os transformaram em parceiros musicais (Foto: Daniel Kersys)
Deo Lopes começou sua carreira em 1980, integrando o movimento do teatro Lira Paulistana, em São Paulo, quando tocou em diversas casas e teatros da época. Durante os últimos 30 anos viajou pelos estados de Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Bahia, Goiás, e claro, por onde começou, o estado de São Paulo. Busca em suas composições o que em sempre acreditou, seus anseios, suas crenças, seu pensamento sobre a ecologia e o meio ambiente, sobre sentimento do amor, o sentido do entendimento, do encontro e do desencontro. Já gravou cinco elepês e três discos digitais solos. Além disso, foi criador do grupo Trem da Viração, com quem lançou três trabalhos e viajou o país, modificando o conceito de música regional. Mudou-se para o Vale do Paraíba em 1994 e dela para cá não parou mais de criar e desenvolver projetos culturais, não apenas na música, mas também na ação cultural de outras áreas da arte.
Natural de São José dos Campos (SP), Victor Mendes teve seu primeiro disco lançado ao lado do grupo Trio José, quando desenvolveu um trabalho poético-musical sobre a obra do poeta mineiro Juca da Angélica. O disco Puisia (2014) teve ampla repercussão e possibilitou que o grupo tocasse em todas as unidades do SESC do interior de São Paulo e no programa Sr. Brasil, com apresentação de Rolando Boldrin.
Em 2016, lançou o primeiro disco solo, Nossa Ciranda, ao lado de Paulo Nunes, poeta e letrista mineiro radicado em São Paulo e coordenador do Instituto Juca de Cultura (IJC) . O trabalho foi premiado com o Pro AC de circulação de espetáculos musicais, possibilitando a turnê do trabalho por seis cidades paulistas, do Vale do Ribeira ao Vale do Paraíba. Nessa turnê que Deo Lopes e Victor Mendes se aproximaram, iniciando a amizade e parceria que rendeu muitos frutos, entre eles Concerto Sentido, com músicas inéditas de Deo, produzidas e arranjadas por Victor Mendes.
Links
Ouça o disco completo no seu aplicativo preferido: https://orcd.co/concertosentido
Show Deo Lopes e Victor Mendes em São Manuel (SP) (Festival Raízes e Frutos): https://youtu.be/YylfxON1lrA
Making off da canção Cantiga de Voar: https://youtu.be/to9ocTUJ304
Videoclipe da música Canção Do Amor Natural: https://youtu.be/14vD3f79H2g
Ficha técnica
Produção e direção musical: Victor Mendes. Gravação nos estúdios Espiral 21 (São José dos Campos SP) por Luiz Silva e Rodrigo Silva; Dançapé (São Paulo SP), por Cezinha Oliveira entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021. Mixagem e masterização: estúdio Bojo Elétrico (São Paulo SP) por Ricardo Vignini entre maio e junho de 2021. Fotos: André Yamamoto. Ilustração da capa: Erica Mizutani. Projeto gráfico: Paula Vio. Participações especiais: Pedro Macedo, Mariana Corado, Beto Quadros, Thadeu Romano, Ricardo Vignini e Zé Helder.
Sobre a Kuarup
Especializada em música brasileira de alta qualidade, o seu acervo concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral, com artistas como Baden Powell, Renato Teixeira, Ney Matogrosso, Wagner Tiso, Rolando Boldrin, Paulo Moura, Raphael Rabello, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar, Pena Branca & Xavantinho e Arthur Moreira Lima, entre outros.
Kuarup Música, Rádio e TV:www.kuarup.com.br
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