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Parte das mais luminosas estrelas da constelação Maior da Música Popular Brasileira já adentrou a casa dos 80 anos de idade (ou está bem perto dela), como os baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso, o carioca Paulinho da Viola, além do mais mineiro dos cariocas, Milton Nascimento, que, há poucos dias, despediu-se do cenário musical com uma memorável apresentação no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG), sobre a qual, em breve, publicaremos aqui neste Barulho d’água Música texto escrito pelo poeta, cantor, violonista, violeiro, produtor cultural e compositor Makely Ka, um dos milhares de fãs que prestigiaram o emocionado adeus de Bituca aos palcos. No caso de Gil, a extensa e memorável contribuição às causas culturais do Imortal ora reconhecida pela Academia Brasileira de Letras (ABL) e com passagem pelo Ministério da Cultura (quando a pasta não servia como abrigo de gente com capacidade sofrível e desprovida de moral encarregada de desmontar nossas tradições) acaba de ganhar uma nova e imperdível releitura, disponível nas plataformas digitais, desde 17 de novembro. Aquele Abraço, Gilberto Gil, álbum do mineiro Moisés Navarro, funde o repertório de três epês que o autor lançara ano passado em tributo à obra de um dos nossos mais encantadores sábio e ocupante da cadeira 20 da ABL, mais duas gravações inéditas: Logos versus logo, em dueto de Navarro com o rapper Renegado, e Serafim, faixas de abertura e de fechamento, respectivamente.
Assim como nos trabalhos anteriores que resultaram no disco que ainda rescende à tinta, Moisés Navarro revela canções pouco conhecidas, só gravadas pelo próprio Gilberto Gil. Logos versus logo, por exemplo, está em Dia Dorim Noite Neon (1985), Serafim em Parabolicamará (1991). Aquele Abraço, Gilberto Gil, chega aos fãs pelo selo Alves Madeira, com assinaturas do maestro Jaime Alem, ex-arranjador de Maria Bethânia por 25 anos (direção musical e arranjos), e do produtor Pedrinho Alves Madeira (criação e direção artística). A capa é do designer Denilson Cardoso, a partir da foto de Ricardo Ricco que traz a criação, direção e cenário de Madeira, que, por sua vez, inclui obra do premiado artista plástico Ricardo Homen.

Zezé Motta gravou A Mão da Limpeza no dueto com Moisés Navarro (Foto: Bárbara Furtado)
Entre os destaques do álbum, Navarro apontou, ainda, A Mão da Limpeza, aqui com a participação de Zezé Motta, lançada no primeiro epê do projeto e por Gil em Raça Humana (1984). A música também ganhou clipe, dirigido por Marinho Antunes e Madeira, disponível no canal YouTube do intérprete. Com reflexões sobre a questão racial, o repertório apresenta Tradição, pescada de Realce (1979), e Zumbi, a felicidade guerreira, parceria de Gil com o poeta Waly Salomão para a trilha de Quilombo dos Palmares (1984), filme de Cacá Diegues.
A mescla de ritmos que vão do samba ao samba pop e o reggae inclui a inédita A Última Coisa Bonita, raridade de Gilberto Gil, e a pouco conhecida Fé Menino, que Ney Matogrosso gravara em 1978 e a qual Navarro deu uma pitada de reggae; a repercussão da regravação de Fé Menino estimulou o clipe dirigido por Madeira, editado por Rafael Sky, criado originalmente para a plataforma Tik Tok.

Áurea Martins e Navarro se encontram em Fechado para balanço (Foto: Bárbara Furtado)
Presente na memória afetiva de muitos, Lente do Amor reforçou a lista selecionada por Navarro, com participação do Trio Janaju (Alem, sua esposa, Nair Cândia, e a sobrinha do casal, Jurema). Para quem acha pouco, Navarro formou duetos especiais com Áurea Martins (em Fechado para balanço), Margareth Menezes (Bahia de todas as contas) e Zé Manoel (Então vale a pena).
DE OUVIDO LIGADO
Moisés Navarro é mineiro de Pitangui e está entre os nomes ascendentes da cena musical de Belo Horizonte (MG). Com elogiados shows na bagagem, lançou Viver a Vida (2020) com samba, toada raiz e MPB em canções assinadas por compositores como Toninho Geraes e Márcio Greick; e dois singles autorais em parceria com Ricardo Homen (Novo samba e Bahia você me dá saudade). Em 2021, lançou o primeiro dos três epês do projeto Aquele Abraço, Gilberto Gil
Apesar da relação com a música vir da infância (cresceu ouvindo Adoniran Barbosa, Dorival Caymmi, Gal Costa, e alguns sertanejos de raiz, por exemplo), Moisés Navarro começou a cantar profissionalmente apenas há cerca de três anos. “Meu pai ligava a rádio e eu, enquanto estudava, ouvia as canções ao fundo”, declarou Navarro.
Além das participações especiais de Áurea Martins, de Margareth Menezes, de Renegado, do Trio Janaju o álbum conta, ainda, com os músicos Sérgio Chiavazzoli e João Gaspar (guitarras); Marco Brito e Dudu Viana (teclados); João Carlos Coutinho (piano); Rômulo Gomes (contrabaixo elétrico e vocal); Ronaldo Silva (bateria e percussão); Menino Brito e Cláudio Brito (percussões); Paulinho Black e Jurim Moreira (bateria); Marcelo Martins (saxofone e flautas); Jessé Sadoc (trompete); Aldivas Ayres (trombone); Beto Lemos (rabeca); Nair Cândia e Ronaldo Barcellos (vocais)
Faixa a faixa de Aquele Abraço, Gilberto Gil
1. Logos versus logo (1985): A única gravação é a do próprio Gil, lançada no álbum Dia dorim Noite Neon, de 1985/2. Fé Menino (1978): O único registro da música é de Ney Matogrosso, que a gravou em Feitiço (1978)/3. A Mão da Limpeza (1984): Samba poucas vezes gravado, lançado em Raça Humana (1984)/4. Opachorô (1997): Lançada originalmente em Quanta (1997)/5.Tradição (1979): Registrada em Realce (1979), cinco anos depois de ter sido composta por Gil. Antes de Moisés Navarro, fora gravada por Caetano, em Tropicália 2 (1993), álbum que o conterrâneo lançou com Gil/6. Lente do Amor (1981): Das canções selecionadas, certamente esta é a mais conhecida e icônica, lançada originalmente em Luar (1981) e tema de abertura da série Amizade Colorida, produzida e exibida pela Rede Globo entre 20 de abril e 29 de junho de 1981/7. Então vale a pena (1978): O único registro da música é da cantora Simone, em Cigarra (1978)/8.Amo tanto viver (1980):Lançada originalmente por Maria Bethânia em Talismã (1980), não há outro registro desta música/9. Fechado pra balanço (1970): Originalmente lançada por Elis Regina no álbum Elis…Em pleno verão (1970), não teve outros registros vocais até agora/10. A última coisa bonita (1963) é inédita. Composta por Gil em 1963, quando ele ainda morava em Salvador (BA), este samba foi registrado pela primeira vez em uma fita demo, em 1966, pela Editora Arlequim. Em 2010, o selo Discobertas lançou um álbum duplo com os registros das gravações de Gilberto Gil daquele período. Alguns temas ganharam a voz de intérpretes diversos e do próprio autor. Ironicamente, este samba permaneceu inédito: até aqui, o único registro era o do próprio Gil, feito em 1966. A gravação de Moisés Navarro é a primeira leitura oficial da canção/11. Bahia de todas as contas (1983): A única gravação é de Gal Costa, em Baby Gal (1983)/12. Zumbi, a felicidade guerreira (1984): Parceria de Gil com Waly Salomão composta e gravada para a trilha sonora de Quilombo dos Palmares (1984), de Caca Diegues/13. Serafim (1991): A única gravação é a do próprio Gil, em Parabolicamará (1991).
Baixe discos de Gilberto Gil, em MP3, do blogue Música do Nordeste: https://www.musicasdonordeste.net/search/label/Gilberto%20Gil
*Com Alves Madeira Comunicação e Produção: (31) 99991-5542 e Bueno Comunicação (Adriana Bueno/ 11 99187-6217)