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Projeto da Picuá Produções que resgata a tradição da viola caipira com canções autorais e peças da cultura popular brasileira em suas diversas óticas e arranjos volta ao formato presencial, com apresentações gratuitas, em centros culturais de Belo Horizonte (MG)

* Com Lílian Macedo

Preservar valores da cultura popular e tradições do país se torna cada vez mais importante à medida que desejamos manter aquecidas as conexões com as raízes que formam nossa diversificada identidade. Depois dos tempos de distanciamento forçado no auge da pandemia da Covid-19, resgatar a boa música, o convívio entre famílias e os finais de semana temperados com viola caipira é a oportunidade de curtir um “calorzinho” a mais. E de graça é ainda melhor!

Esta é a proposta da empresa Picuá Produções Artísticas com as apresentações programadas para o 6º Viola de Feira – Circulação nos Centros Culturais, projeto que conta com recursos da Lei Municipal de Belo Horizonte (MG) de Incentivo à Cultura nº 2194/2021 e patrocínio do Instituto Hermes Pardini S/A. As novas rodadas presenciais começarão no domingo, 26 de março, no Centro Cultural Padre Eustáquio e nesta edição serão oferecidas aos sábados, além dos domingos, e também no Centro Cultural Venda Nova, em ambas as datas sempre a partir das 11 horas.

O Viola de Feira é idealizado por Nilce Gomes e Wilson Dias. Violeiros de Minas Gerais e de outros estados são convidados pelo casal a embalarem a hora do almoço com concertos de música raiz em um ambiente da feira livre. Tradicionalmente realizados no Padre Eustáquio desde 2018, desta vez circulará por outros centros culturais de Belo Horizonte, a capital mineira conhecida por Beagá. Nesta 6ª temporada, os primeiros a subirem ao palco serão o Grupo de Cultura Popular Batuque da Lapinha, o trio Trino Caipira (voz e violas) e o consagrado violeiro Pereira da Viola, acompanhado pelo irmão, Dito Rodrigues (violão). As atrações se revezam, formato que possibilita conectar gerações, estilos, pesquisas e estudos que revelam sob a ótica de cada uma a versatilidade e a riqueza da viola caipira, instrumento que recentemente foi alçado a patrimônio cultural e imaterial de Minas Gerais.

O Batuque da Lapinha forma um grupo de cultura popular que promove e preserva o patrimônio cultural da Lapinha da Serra, distrito de Santana do Riacho, município que fica a cerca de 100 quilômetros de Belo Horizonte. Atualmente, é coordenado pelo músico e gestor ambiental Vilmar da Lapinha, contudo foi criado pelo saudoso Mestre Juquinha e Dona Lina para animar o vilarejo da Lapinha da Serra. Em dias de festa, seus batuqueiros tocam, dançam e cantam músicas tradicionais que compõem um repertório de cantigas de domínio público recolhidas por Mestre Juquinha, acompanhadas por caixa, triângulo, pandeiro, viola e sanfona.

O Trino Caipira é formado por Lívia, Jorge e Bruno, que cantam e tocam violas. Originários da cidade metropolitana de Betim (MG), levam a música caipira e a alegria por onde passam em espetáculos que primam pela harmonia e pelo companheirismo.

Pereira da Viola é cantor e compositor umbilicalmente ligado à cultura mineira e às próprias raízes do Interior quilombola e rural, mas considerado um instrumentista universal. A base de sua musicalidade é permeada por riqueza poética, melódica e pela diversidade rítmica da música de raiz e da cultura popular. É capaz de fazer a viola cintilar ao tocar, por exemplo, uma inusitada versão da famosa cantata Carmina Burana, do alemão Carl Off (1895-1982); o Bolero, do francês Joseph Maurice Ravel (1875-1937); ou a ária Carmen/Habañera da ópera do também francês Georges Bizet (1838-1975) sem perder a qualidade e o batido típico aprendido junto ao seus mestres das Folias de Reis.

Oriundo do Vale do Mucuri, Pereira da Viola encanta também pelo tom devocional e referências folclóricas em seu repertório distribuído ao longo da carreira por sete álbuns próprios e um devedê. Ora por meio de poéticas canções, mais tarde em musicas instrumentais de parceiros como Josino Medina e João Evangelista de Moraes, traz em sua trajetória características marcantes da história pessoal e da terra onde cresceu, de sua gente e do seu aprendizado, iniciado ainda no berço natal: a Comunidade Quilombola de São Julião, no município de Teófilo Otoni (MG).

Filho dos foliões João Preto (sanfoneiro) e Mãe Augusta (cantadeira de Folia de Reis e de todo tipo de cantigas de roda, batuques e brincadeiras), ainda criança Pereira da Viola acordava à noite ao som das folias que visitavam sua casa trazendo violas, sanfonas, caixas de folia e muita cantoria. Neste ambiente, brotou a base de sua musicalidade hoje aplaudida, ainda, por relevantes trabalhos coletivos e em turnês individuais por países como Venezuela, Espanha, Portugal, Alemanha e Inglaterra. Conforme ele mesmo costuma dizer com o bom humor que também cativa seus inúmeros amigos e fãs, ouvir Pereira da Viola costuma proporcionar à plateia “uma alegria astronômica”, catarse que pode ser traduzida, ainda. por uma “incelente maravilha”!

Com apresentações mensais, o 6º Viola de Feira se estenderá até 23 de julho, quando Ivan Vilela e Danielle Bonfim estarão no Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado. O calendário elaborado pelos organizadores ainda inclui Wilson Dias e Camila Menezes (30/4); Rodrigo Delage e Ivan Pestana (28/5); e Paulo Freire e Zaak Porto (24/6). Alguns dias antes destas datas, o Barulho d’água Música trará mais detalhes sobre todos os convidados por Nilce Gomes e Wilson Dias.

Serviço:

Abertura do 6º Viola de Feira

26/03, 11 horas – Batuque da Lapinha, Pereira da Viola e Trino Caipira, com entrada gratuita

Centro Cultural Padre Eustáquio: Rua Jacutinga, 550, Padre Eustáquio, Belo Horizonte. 

Para mais informações consulte Nilce Gomes (31 98515-7122/ picuaproducoes@gmail.com) ou Lílian Macedo (31 99600-0651/lilianmacedobr@gmail.com).

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