1615 -Batuque de Lapinha, Pereira da Viola e Trino Caipira abrem o 6º Viola de Feira, no Padre Eustáquio, em Beagá

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Projeto da Picuá Produções que resgata a tradição da viola caipira com canções autorais e peças da cultura popular brasileira em suas diversas óticas e arranjos volta ao formato presencial, com apresentações gratuitas, em centros culturais de Belo Horizonte (MG)

* Com Lílian Macedo

Preservar valores da cultura popular e tradições do país se torna cada vez mais importante à medida que desejamos manter aquecidas as conexões com as raízes que formam nossa diversificada identidade. Depois dos tempos de distanciamento forçado no auge da pandemia da Covid-19, resgatar a boa música, o convívio entre famílias e os finais de semana temperados com viola caipira é a oportunidade de curtir um “calorzinho” a mais. E de graça é ainda melhor!

Esta é a proposta da empresa Picuá Produções Artísticas com as apresentações programadas para o 6º Viola de Feira – Circulação nos Centros Culturais, projeto que conta com recursos da Lei Municipal de Belo Horizonte (MG) de Incentivo à Cultura nº 2194/2021 e patrocínio do Instituto Hermes Pardini S/A. As novas rodadas presenciais começarão no domingo, 26 de março, no Centro Cultural Padre Eustáquio e nesta edição serão oferecidas aos sábados, além dos domingos, e também no Centro Cultural Venda Nova, em ambas as datas sempre a partir das 11 horas.

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1614 – Álbum inédito do paulistano Grupo Um, guardado desde 1975, é lançado pelo selo inglês Far Out Recordings

#MPB #MúsicaInstrumental #SãoPaulo #Inglaterra #SescInstrumental #UtopiaStudios #FarOutRecordings #ProdutoraeGravadoraKuarup

Starting Point marcaria o início de um dos conjuntos instrumentais mais ousados do Brasil, quando, há quase 50 anos, os autores ainda formavam um trio que, como outros artistas na época, não encontrou gravadora

* Com Irati Antonio, Utopia Records

Uma raridade formada por seis faixas instrumentais, inédita desde 1975, acaba de ser gravada em formato laser e vinil pela gravadora inglesa Far Out Recordings¹: o disco Starting Point, que, apesar de enfim receber por um selo gringo merecidíssima atenção quase 50 anos depois, é do Grupo Um, formado naquele ano pelos irmãos Lelo Nazario e Zé Eduardo Nazario e que convidaram Zeca Assumpção para se juntar às suas experiências musicais. Na época, os Nazario e Assumpção já integravam a patota de Hermeto Pascoal ao lado do guitarrista Toninho Horta e do saxofonista Nivaldo Ornelas. O trio formava a seção rítmica (piano, baixo e bateria) e ficou conhecido como “cozinha paulista” do Bruxo dos Sons, pois eram os únicos do estado de São Paulo.

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1613 – Louça Fina, um dos discos da consagrada Sueli Costa, embala homenagem no Solar do Barulho

#MPB #CulturaPopular #JuizdeFora #MinasGerais #RioDeJaneiro #CidadeMaravilhosa #EstânciaTurísticadeSãoRoque

Morte de cantora e compositora carioca deixa saudades e colegas do meio musical, ao expressarem pesar, reafirmam sua admiração ao destacarem a importância para o país da obra da autora de sucessos como Jura Secreta, Canção Brasileira e Primeiro Jornal

As tradicionais audições matinais aos sábados no Solar do Barulho, redação do Barulho d’água Música, na Estância Turística de São Roque, no Interior paulista, começaram no dia 11 com Louça Fina, álbum gravado em 1979 por Sueli Costa. Carioca nascida Sueli Correa Costa, em 1943, a autora partiu de causas não reveladas há uma semana, no dia 4 de março, também na cidade do Rio de Janeiro, prestes a completar 80 anos. Sua morte ao ser repercutida em vários meios de comunicação voltou a causar comoção entre amigos, fãs e no meio artístico devido à popularidade que ela alcançou ao vivenciar momentos de estrela de sensível inspiração melódica no cenário musical brasileiro que marcaram a composição e a interpretação de sucessos que incluem Primeiro Jornal, gravada por Elis Regina e Jura Secreta, que Fagner e Simone interpretaram, por exemplo. O cantor cearense também popularizou Canção Brasileira e a baiana Cordilheiras.

A mãe de Sueli Costa tocava piano e ministrava aulas de canto coral e a jovem, estimulada por este ambiente, ainda na adolescência tornou-se autodidata e aprendeu a tocar violão ao lado dos irmãos (Élcio, Lisieux, Telma e Afrânio), que também seguiam os passos da matriarca. Aos 18 anos, Sueli debutou ao compor a bossa nova Balãozinho. Por esta época, conciliava a incipiente carreira musical com a faculdade de Direito, que cursava em Juiz de Fora, localizada na Zona da Mata mineira e próxima à Cidade Maravilhosa. Na terra natal do violeiro Tavinho Moura, dos poetas Murilo Mendes e Pedro Nava, e do jornalista e escritor Fernando Gabeira Sueli Costa compôs e cantou todas as canções da montagem teatral Cancioneiro de Lampião, encenada pelo Grupo Divulgação em 1967. Ela também contribuiu para a trilha da peça Bodas de Sangue, no mesmo ano. Sua produção como compositora atraiu a admiração de intérpretes como a capixaba de Vitória Nara Leão e a levou a participar de variados em festivais, além de lecionar música em colégios cariocas.

Arte da capa de Louça Fina, que em detalhe revela uma lágrima derramada por Sueli Costa na hora da produção da foto de autoria, infelizmente, não descoberta

Seu período de maior projeção ocorreu na década dos anos de 1970. Nesta década a lista de admiradores que despertaram para o talento da compositora aumentou e passou a incluir Ney Matogrosso, Simone, Cauby Peixoto, Pedro Mariano, Joanna, Fagner, Fafá de Belém, Alaíde Costa, Ângela Rô Rô, Elis Regina, Ivan Lins, Zélia Duncan, Zizi Possi, Agnaldo Rayol, Gal Costa e Wanderléa, Ithamara Koorax, entre outros, consagrando-a como nome de elite da MPB. Não demorou muito, a EMI a contratou e, em 1975, Sueli Costa gravou o primeiro bolachão, com produção de Gonzaguinha e arranjos de Paulo Moura e Wagner Tiso. Dois anos depois, o segundo disco, batizado Sueli Costa como o anterior, foi produzido por João Bosco e Aldir Blanc. O time de parceiros de estrada não é menos brilhante e vão de Cacaso a Tite de Lemos a Aldir Blanc, Ana Terra, Paulo César Pinheiro e Abel Silva, com quem formou uma dupla de sucesso e é coautor de Jura Secreta.

A discografia de Sueli Costa ainda inclui Vida Louça fina; Íntimo (1984); Vida de Artista (1994); e Minha arte (2000), além de Sueli Costa -Série Dois em Um, relançamento em formato laser dos vinis Sueli Costa e Vida de artista. Entre os projetos que participou e a lev aos palcos estão em seu currículo Projeto Pixinguinha, Com Paulinho da Viola, Moraes Moreira, Fagner e Terezinha de Jesus (1975); Projeto Pixinguinha, com Simone (1978); Canção Brasileira, com Abel Silva, no Teatro Estação Beira-Mar/ RJ (1997); Sueli Costa no Bar do Tom/RJ (1999) e Minha Arte, Mistura Fina/RJ (2000).

Sueli, Sueli Costa, quantas sublimes melodias você criou e deixou nesse mundo que será sempre mais bonito cada vez que uma canção sua soar nos ares do país e do universo. Talvez entre as melodias mais bonitas do Brasil, as suas sejam as mais ricas e divinas. Quem compôs belezas assim só pode estar num lugar maravilhoso agora, inundado de arte e plenitude. Obrigada.

Consuelo de Paula

Quando tenho arrepios de alma por conta de emocionantes letras ou melodias, agradeço a Deus, à vida, à musa música por me permitir tais presentes nesta passagem chamada vida. E como isso me é comum na ‘Canção Brasileira’ em geral.

Sueli Costa, nos presenteou, em parceria com Abel Silva, com uma dessas maravilhas de arrepios em lindeza: Canção Brasileira! Agora, ela se torna uma estrela no céu, a brilhar com os anjos. Muito obrigado, Sueli Costa por teres iluminado nossas vidas, nossos ouvidos, nossas almas.

Tavinho Limma, que gravou Canção Brasileira ao lado de Paulinho Pedra Azul, com arranjos e piano de Salomão Soar em O Mundo de Raimundo, da Kuarup;

“O meu coração ateu quase acreditou

Na sua mão que não passou de um leve adeus

Breve pássaro pousado em minha mão

Bateu asas e voou … “

Ah, Sueli Costa. Sem dúvida uma das maiores! Compositora gigante! Referência total!

Lembro-me de quando gravei meu primeiro CD: tal como uma contracapa de livro, foi ela a assinar o encarte do meu disco. Palavras para lá de carinhosas, que foram de grande importância pra mim.

Obrigada, Sueli, vai em paz

Cristina Saraiva

Sueli Costa: uma das maiores compositoras da música brasileira. Muitas canções em tantas diversas interpretações. Essa nossa gente precisa conhecer mais e entender de Brasil, de sua arte, cultura e poesia.

A bênção @suelicosta1213!

Aplausos em pé para sua eternidade e tudo que nos deu em vida.

Lenir Boldrin

Minha querida Sueli Costa, me perdoe por não poder estar com você nos últimos anos. Um pouco antes da pandemia marcamos um encontro, que infelizmente não aconteceu. Trocamos algumas palavras por mensagem sempre na esperança de nos encontrar. Agora, essa triste notícia.

Durante muitos anos Sueli acalentava um sonho, gravar as composições feitas dos poemas de o Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles, sonho que infelizmente não se concretizou devido às questões entre os herdeiros da poeta.

Gravei os demos no meu estúdio com ela cantando ao piano, um registro emocionado e inesquecível. Tive a sorte e o privilégio de produzir o CD Sueli Costa – Minha Arte, de 1999, com o apoio do querido Mario Rosito. Fomos parceiros de noitadas em torno de uma mesa, regadas a música e poesia, seguimos afastados por um tempo, porém nunca esquecemos um do outro. Não vou dizer que Sueli Costa estará cantando lá no céu porque o lugar dela é aqui. Como grande criadora da música popular brasileira jamais será esquecida.

Suelen, era assim que eu e [Maria] Bethânia a tratávamos, fica a saudade eterna, amada amiga.

Jaime Além

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1612 -Blas Rivera e David Chew lançam pela Kuarup álbum dedicado a Johann Sebastian Bach*

#MPB #MúsicaClássica #Jazz #Tango #JohanSebastianBach #RiodeJaneiro #Córdoba #Argentina #Londres #Inglaterra

Back To Bach já está disponível nas plataformas digitais com melodias criadas pelos premiados músicos que vivem no Brasil: um saxofonista argentino e um violoncelista britânico

* Texto baseado em original da Produtora e Gravadora Kuarup

Jazz, tango e clássico. Os três estilos juntos, misturados, vivos, eternos, rebeldes, conversando constantemente, reverenciam o mestre dos mestres, o compositor Johan Sebastian Bach. Nada mais “carioca” que dois estrangeiros se apaixonarem pelo Brasil e ficarem por aqui para sempre, abraçados na própria música: o impecável e profundo violoncelo do músico britânico David Chew e os irreverentes sax tenor e piano do instrumentista argentino Blas Rivera. A dupla vive no país e se emociona, há tempos, com uma música única, delicada e exultante. Conversa, cala, improvisa, chora e nos envolve com composições de Astor Piazzolla, Bach, Carlos Gardel, Tom Jobim e de Rivera.

Silencio, preparem os corações: o show vai começar. O disco Back to Bach foi gravado e produzido em Araras, nas montanhas do Rio de Janeiro, pelo produtor Sergio Lima Netto e conta com participações especiais do músico e produtor Ricardo Gomes (baixo) e César Ehmann (violão). David Chew e Blas Rivera já assinaram quatro álbuns: Ojala Que me Escuche (Tributo a Astor Piazzolla), Two Faces (Tributo a David Chew), Entre as Cordas, Jaque Mate e, agora Back to Bach, lançado e distribuído pela gravadora e produtora Kuarup. Back to Bach permite ao ouvinte uma turnê pela Europa, finalizando a grande viagem que começa em nossos trópicos.

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Artes de imagens de abertura de atualizações do Barulho d’água Música publicadas neste ano! Confira todas em barulhodeaguamusica.com!

1611 – Mais um talento de Poços de Caldas (MG), cantor e compositor Pedro Cezar lança Matutando Sonho, primeiro álbum solo

#MPB #PoçosdeCaldas #MinasGerais #Luanda #Angola #Bolívia #Cochabamba

Disco com canções concebidas durante a reclusão imposta pela pandemia de Covid 19 já está nas plataformas digitais e traz parcerias de sul mineiros e de artistas internacionais

Está disponível em todas as plataformas digitais de música o primeiro álbum do cantor e compositor Pedro Cezar, mineiro de Poços de Caldas. Matutando Sonho traz 14 faixas inéditas e apresenta ao público o universo intimista do autor, que ao lançar o disco colhe o doce fruto de um processo de pesquisa iniciado ainda durante o período mais agudo de reclusão e isolamento social impostos pela pandemia de Covid-19. O repertório reúne composições recentes e antigas, recolhidas especialmente para este projeto. Apesar de ser o pontapé de sua carreira solo, Cezar é adepto de trabalhos coletivos e reúne em Matutando Sonhos diversas participações especiais, do Brasil e do Exterior. Das novas parcerias, as faixas Para beber de las estrellas e Bwé de Mambo ainda contam, respectivamente, com a artista boliviana Alexia Loredo e do cantautor angolano Bona Ska. A cantora Tatiana Meirelles, o clarinetista Otávio Quartier e o violonista e compositor Gustavo Infante completam o time de colaborações. Rafael Moreira (baixo), Michel Nascimento (bateria e percussão) e Fábio Leandro (piano e teclados) também foram convidados para a gravação.

Pedro Cezar é mais um talento da área musical que desponta na acolhedora cidade sul mineira, na qual já são famosos entre outros o casal Jucilene Buosi e Wolf Borges e já se destacam entre outros o Duo Rodrigo Mendonça e Flávio Danza, Nego Moura & Os Camarás, Dons Maria e Mununu. De acordo com suas observações no texto de divulgação do álbum primogênito, é um disco de movimento, de andanças, de entender a rua como lugar onde o conhecimento e os encontros se dão e se convergem.

“São minhas lembranças de criança, de família, as ausências e presenças no cotidiano, a saudade e o amor em outras palavras”, apontou. “O aprendizado na cidade grande, a calmaria da vida no interior, o sonho em curso, tudo isso com trilha sonora”, acrescentou. Ainda segundo ele, talvez as canções selecionadas sejam aquelas que possibilitem “mostrar às pessoas um pouquinho do meu mundo sonoro, das minhas observações sobre a vida, detalhes que vão se revelando e que, às vezes, passam despercebidos”. Ao mesmo tempo, são músicas que abrem o caminho para Cezar assumir o protagonismo como intérprete, empunhando o violão enquanto canta, ao lado de músicos e musicistas que julga terem mais qualidade e competência.

Matutando Sonho faz parte do YES, TUPI, selo gerido pela pesquisadora musical Thabata Arruda, que também assina o projeto gráfico e a edição do álbum visual. A ilustração da capa é do artista pernambucano João Lin. O álbum é coproduzido, mixado e masterizado por Deivid Santos e foi gravado nos estúdios DS Estúdio (Poços de Caldas), Michel Nascimento (na cidade do Rio de Janeiro), Cassette Estúdio de Som (Luanda, Angola) e Estúdio Crom (Cochabamba, Bolívia).

Este trabalho é a materialização de um sonho, reflete minha vivência musical e, sobretudo, minha admiração por todas as pessoas que se dedicaram e se dedicam para inventar e manter viva a Música Brasileira”, exclamou Cezar. “Quem sabe eu possa, humildemente, contribuir com esta história.”

Para ver, ouvir e saber mais informações acesse os links

https://ditto.fm/matutando-sonho

https://www.youtube.com/pedrocezar

https://www.pedrocezarmusica.com/matutandosonho

https://youtu.be/MwW9Bwd2d6A

Leia mais sobre a produção musical em Poços de Caldas e outros conteúdos relacionados à cidade sul mineira aqui no Barulho d’água Música ao visitar o link abaixo

https://barulhodeagua.com/tag/pocos-de-caldas-mg/

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1610 – Lucas Félix lança, pela Kuarup, disco que homenageia e celebra centenário de Luiz Bonfá

#MPB #ViolãoErudito #ViolãoPopular #ViolãoBrasileiro #CulturaPopular #Taubaté #RiodeJaneiro

O violonista Lucas Félix, após um período imerso nas obras de Luiz Bonfá, está lançando Um Abraço no Bonfá, álbum com a grife da gravadora e produtora Kuarup, já disponível exclusivamente nas plataformas digitais. Natural da cidade do Rio de Janeiro, o lendário músico, violonista e compositor Luiz Bonfá completaria 100 anos em 2022. Autor de sucessos como Manhã de Carnaval, Samba de Orfeu e Correnteza, único compositor brasileiro gravado por Elvis Presley, revolucionou concepções técnicas no violão e deixou um vasto repertório tocado por músicos do mundo todo e reconhecido como uma das figuras mais importantes da música brasileira.

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1609 – Catedrático do Samba se junta a Adoniran, Boldrin, Miriam Batucada e Vanzolini para, entre outros bambas, botar para quebrar no céu

#MPB #Samba #CulturaPopular

Gabriel: tá ligado que o Germano Mathias, aqui, tem carta branca? Descola uma frigideira e uma latinha de graxa para ele e mostre o caminho do nosso barracão, a galera já tá em polvorosa por lá, tem até japonês na roda! Vamô deixar o samba comendo solto, sem hora para acabar, pois, aqui, a polícia não vem! Ah, se o Capeta pintar na área, tá liberado, véio: nem precisa estar de tamanco, cartola e casaca! Seria sacanagem barrar qualquer malandro ou quem quiser colar nesta festa. E se algo der ruim relaxa que eu me entendo com o Trio!

A cultura popular do país está mais uma vez de luto. Aos 88 anos, subiu ao Plano Maior na quarta-feira de Cinzas (!), 22 de fevereiro, Germano Mathias, cantor e sambista paulistano, nata da malandragem que veio ao mundo na rua Santa Rita, no bairro do Pari, em 2 de julho de 1934. A morte foi informada por Angélica Tobias, produtora do cantor, compositor e sambista, que sofria com pneumonia considerada severa e buscava se recuperar em um hospital da cidade de Franco da Rocha, na região metropolitana da cidade de São Paulo. Mathias é um dos ícones paulistanos ao lado de Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini e entre fãs e amigos era tratado por Catedrático do Samba, um dos seus muitos apelidos, admirado pelo modo único de interpretar sambas: de forma sincopada e com batidas em tampas de lata de graxa, herança dos engraxates da Praça da Sé com os quais conviveu no início da década dos anos de 1950.

Corintiano dos mais inveterados, Mathias era filho de imigrantes oriundos de Portugal, Zulmira e Júlio Matias. Com os avós, aprendeu fados e viras, mas aos 14 anos encontrou sua vocação ao entrar para ala das frigideiras da bateria da Escola de Samba Rosas Negras. Fora do barracão ralava como camelô, marreteiro. Também vendeu pomadas e sabão antes de tentar a sorte em outubro de 1955 no programa À Procura de um Astro, da Caravana da Alegria que J. Silvestre, Cláudio Luna e Élcio Álvares comandavam na Rádio Tupi da cidade de São Paulo. Diante do microfone, interpretou Minha Nega na Janela, composição própria em parceria com Firmo Jordão e que emplacou ao ser gravada pela Polydor. A tacada foi certeira: o rapaz deixou no chinelo todos os concorrentes da turma de 300 candidatos e voltou para casa com um contrato assinado com a emissora, por 14 meses.

Estavam abertas as portas do sucesso, que, no entanto, seria breve. Em 1957, Mathias arrebatou o Roquette Pinto, troféu reservado à revelação masculina, façanha que o colocou lado a lado com a cantora Maysa, a revelação feminina. Em ascensão, passou a se dedicar às interpretações de composições de Zé Keti, do qual se tornara mano ao frequentar a Estação Primeira de Mangueira, na cidade do Rio de Janeiro.

Mas a carreira entrou em marcha ré na década dos anos 1960. Esquecido, nem mesmo Gilberto Gil o considerou ao lançar a Antologia do Samba-Choro, no qual o baiano alternou gravações do paulistano, como intérprete. A gravadora optou por regravar as canções utilizando registros que mantinha em arquivo, mas como o bolachão caiu no gosto popular, permitiu regravações de álbuns antigos de Mathias, pela RGE e CID. Ele, contudo, sentiu o baque e, sabendo-se relegado, mais tarde abandonaria a carreira musical para atuar como oficial da justiça criminal.

Além de sambista, Germano Mathias fez pontas e atuações em novelas e em, filmes para o cinema — entre elas o folhetim Brasileiras e Brasileiros, que o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) exibiu em 1990. Em 2004, prestes a comemorar seu jubileu de ouro na estrada (50 anos de carreira), lançou Tributo a Caco Velho para homenagear o compositor gaúcho que o influenciara e morreu em 1971. No ano anterior, assinara Talento de Bamba.

Sambexplícito: As Vidas Desvairadas De Germano Mathias, escrito por Caio Silveira Ramos e publicado em 2008 pela A Girafa Editora, é a primeira e única biografia do icônico Catedrático do Samba, pelo menos é o que indica a pesquisa que fizemos em busca de informações sobre a obra dele. Com prefácio de Walnice Nogueira Galvão1, o livro aparece acompanhado da tarja “Esgotado” em várias livrarias online, mas há unidades disponíveis em plataformas digitais de vendas, novas ou usadas, a preços camaradas e ainda parcelados, mas que podem virar os olhos da cara a depender do frete para a entrega pelos Correios. Para o carteiro trazer o pacote onde atualmente me escondo com a patroa, meus discos, meus livros e meus bichos, por exemplo, a taxa seria exatamente a metade do preço pedido pelo vendedor.

Filmografia de Germano Mathias

1958 – Quem roubou meu samba?/ O preço da vitória/1997 – O Catedrático do Samba/2007 – Ginga no asfalto 

Novelas: Brasileiras e Brasileiros, participação especial, em 1990, e Os Experientes,  (Rede Globo, 2015), como Lucas

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1608 -Sete Sóis lança Outros Caminhos Vol.2, de Flávvio Alves e Adolar Marin*

#MPB #CulturaPopular #SeloSeteSóis

*Com Adriana Bueno 

Está disponível nas plataformas digitais Outros Caminhos Vol.2, álbum do poeta e produtor musical Flávvio Alves e o cantor e compositor Adolar Marin, e que escolhemos para abrir a primeira audição matinal dos sábados neste dia 25 de fevereiro em nosso novo endereço, ainda em São Roque, Estância Turística do Interior de São Paulo, mas agora no meio do mato; vai aqui nosso agradecimento público à coleguinha Adriana Bueno, que compartilhou as faixas conosco! Outros Caminhos Vol. 2 mantém como base canções autorais da dupla e a mesma banda do primeiro álbum do projeto, reforçada por Nathalie Alvim, nas faixas Imersão e Desaguar, e de Zeca Baleiro em Migalhas.

O segundo volume reúne poemas de Flávvio Alves para os quais Adolar Marin escreveu as musicas durante a fase mais aguda da pandemia de Covid-19. A dupla começou a compor há pouco mais de cinco anos em parceria tão fluida que logo assinava mais de uma dezena de canções. Em 2019, saiu o álbum homônimo que antecede Outros Caminhos Vol.2. As composições são todas de Marin e de Alves, exceto Que Réu Sou Eu, que, a seis mãos, conta com contribuição de Josias A. Costa e abre o disco. Desaguar também foi escrita por Solange Rocco.

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