1597- Blas Rivera, Chico Lobo e Ricardo Gomes lançam Vertentes, mais um álbum da eclética grife Kuarup

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Já disponível nas plataformas digitais, disco instrumental de composições autorais e clássicos da MPB forma caldeirão de sons e arranjos

Águas que transbordam, jorram, vertem pelas encostas, pelos declives. Assim três artistas com suas histórias, seus instrumentos, suas raízes e seus estilos formam, cada um, uma nascente de águas musicais que, ao escorrer, gera riachos de arranjos e de sons e dá vida a um rio fértil, de leito profundo. Essa é a descrição que mais bem pode definir o encontro de Chico Lobo (mineiro, natural de São João Del Rei), com Blas Rivera (natural de Córdoba, Argentina, radicado na cidade do Rio de Janeiro) e Ricardo Gomes (mineiro, de Belo Horizonte), um “power trio” universal que une viola caipira, sax e piano, e baixo elétrico, respectivamente. Formação inusitada, o talento do triunvirato ganhou liga e força com a presença do produtor musical Sérgio Lima Netto e resultou em Vertentes, disco gravado em parte no Estúdio Araras (encravado nas montanhas da região serrana da capital fluminense) e parte no estúdio RG, em Belo Horizonte) que apresenta composições de Rivera e de Chico Lobo mescladas a releituras de clássicos nacionais. São sons que têm raízes nas milongas argentinas, nos toques mágicos da viola dos sertões de Guimarães Rosa e também passam pela linha jazzística da fina flor da música popular brasileira e constituem o eclético mosaico de mais um ótimo disco lançado e distribuído pela Produtora e Gravadora Kuarup, estabelecida na cidade de São Paulo .

Vertentes é um caldeirão de músicas instrumentais e arranjos que emociona. Milonga Sudaca, Vazante, Réquiem, Agreste, O Mundo é Um Moinho vão se misturando às demais faixas executadas com a precisão comum aos três artistas. Cada qual com seu estilo, eles se juntaram e conseguiram produzir tons de cores sonoras mais quentes em músicas instrumentais que deslizam de forma leve. E os ouvintes ainda são brindados com as participações especiais de Walther Castro (bandoneon) e do inglês David Chew, ao violoncelo. O resultado é mesmo belíssimo, com alma tanto regional, quanto universal, tradicional e contemporânea.

1) Milonga Sudaca é uma composição de Blas Rivera, que tem forte rítmica e execução, reforçada pela participação de Walther Castro ao bandoneon, junção que confere ao álbum um início vigoroso;

2) Vazante: um dos principais temas instrumentais de Chico Lobo e que simboliza a vida, pois a vazante ocorre quando há cheia nos rios e formam-se lagoas adjacentes, nas quais os peixes procriam e a terra se torna mais fértil para o plantio;

3- Ave Maria no morro: um dos maiores sucessos do compositor e cantor Herivelto Martins em Vertentes ganhou versão inédita e inusitada, releitura que permitiu o encontro poético entre sax, viola caipira e baixo, um conjunto perfeito para emocionar e homenagear a música popular brasileira;

4- Córdoba: composição de Chico Lobo para o álbum, esta música homenageia a cidade natal de Blas Rivera. Com ares de guarânia e de milonga, nasceu a partir da vivência do violeiro mineiro com a música da América do Sul e de sua aproximação com o argentino. O baixo bem marcado de Ricardo Gomes contribui para criar o belo chão para o diálogo afinado entre viola caipira e sax;

5- Réquiem: Blas Rivera compôs para Osvaldo Bayer, querido, admirado, respeitado historiador, jornalista, pesquisador e escritor. O réquiem é uma missa com música e texto que celebra a memória de um falecido, mas aqui não existe luto, só emoção. Réquiem tem ritmo de milonga. Embora seja para a memória de Dom Osvaldo, mais que tudo, tem a intenção de fazer muito barulho para ele voltar, acordar ao invés de descansar! Por isso Rivera optou pela Milonga, não pelo Sanctus;

6- O mundo é um moinho é uma das mais clássicas composições do mestre carioca Cartola, apontado como o maior sambista que o Brasil já conheceu e ganha agora versão instrumental, com levada de jazz;

7- Alma perdida: balada em ritmo de zamba, uma dança (danza) folclórica argentina, composta por Rivera para recordar um ser querido. O lamento é completamente acolhido pelo trio para poder assim passear junto a uma alma que se foi;

8- Luar do sertão: joia de Catulo da Paixão Cearense vertida para violas e baixo que promove um diálogo de cordas em tributo ao sertão brasileiro;

9- Até a sua volta: mais uma música de Rivera, especialmente para o violoncelista inglês David Chew. No álbum promove conversa mágica entre os quatro instrumentos; além do ritmo, do tempo, do espaço e dos limites formais do som;

10- Agreste: assinada por Chico Lobo em uma de suas idas a Portugal. Ao ver o Alentejo amarelo seco, o mineiro fez um contraponto com o agreste brasileiro. É um tema dramático, que flerta com a música armorial nordestina.

Argentino de Córdoba, as origens de Rivera misturam ainda raízes francesas, italianas e espanholas e, atualmente, o multi-instrumentista mora na cidade do Rio de Janeiro (Foto: Arquivo do Facebook de Rivera)

Blas Rivera é saxofonista, pianista, compositor e arranjador nascido em Córdoba, na Argentina, cidade na qual estudou piano, sax e composição. Rivera cresceu sob a influência do rock e da música clássica, mas se apaixonou pelo jazz e pela bossa nova. Nos Estados Unidos da América estudou jazz, música para cinema e música étnica como aluno do conceituado Berklee College of Music e também no New England Conservatory. Depois de viver durante 15 anos no Brasil, mudou-se para a Espanha, mas já regressou ao nosso país.

As origens de Rivera misturam raízes francesas, italianas e espanholas. O multi-instrumentista levou seu tango-jazz por todo o continente americano, além da Nova Zelândia, da Indonésia e por vários países da Europa tais quais: França, Alemanha, Dinamarca, Inglaterra, Itália, Espanha, Grécia, Islândia e Suíça, onde, em 1999, foi reconhecido como músico revelação no Festival de Jazz de Montreux. Desde então já lançou oito álbuns, o mais recente em 2018, Jaque Mate, produzido entre as cidades do Rio de Janeiro, Buenos Aires, Córdoba, Madrid e Paris.

Suas apresentações variam desde solo (em sax tenor e piano), a duetos, passando por trios, quartetos (inclusive de cordas), quintetos e orquestra de cordas, entre outras formações. Rivera sempre turbina suas turnês com seminários e workshops não só para instrumentistas e compositores, mas também para bailarinos e coreógrafos. Na capital fluminense participa de projetos sociais de musicalização para jovens de comunidades carentes; já dividiu o palco com mestres como Fernando Suarez Paz e Pablo Ziegler, músicos do Quinteto de Astor Piazzolla, Paulo Moura, Marcos Suzano, Yamandu Costa, David Chew, Vitor Biglione e Carmen Paris, entre outros.

Apresentador de televisão, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira (Foto: Ricardo Gomes)

Chico Lobo é natural de São João Del Rey e já completou mais de 40 anos de carreira. É considerado pela crítica um dos artistas mais atuantes no cenário nacional pela divulgação e valorização da cultura de raiz brasileira. Com 27 discos, dois DVDs e um livro lançados protagoniza shows por todo o Brasil e já encantou plateias em Portugal, Itália, China, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia cantando suas raízes, mas sempre conectado à contemporaneidade.

Folias, catiras, modas, batuques, causos e toques de viola desfilam com alegria em seus concertos. Chico Lobo é tetracampeão (2015, 2016, 2017 e 2021) do Prêmio Profissionais da Música (PPM) como Melhor Artista Regional, troféus que recebeu em Brasília (DF). O violeiro mantém na cidade natal o Instituto Chico Lobo e por meio dele desenvolve projetos de ensino de viola e da cultura raiz para crianças das zonas rurais.

Desde 2006, Chico Lobo mantém relação artística com Portugal por meio do Encontro de Violas de Arame, em parceria com o músico e parceiro português Pedro Mestre, representante maior da viola campaniça da região do Alentejo. Esses encontros geraram o álbum Encontro de Violas e o DVD De Minas ao Alentejo e deu vida ao congraçamento de um projeto que caminha para o 11° Encontro de Violas de Arame. Chico Lobo já trouxe duas edições presenciais ao Brasil, além de uma virtual, fortalecendo a amizade e a partilha pelas cordas da viola que unem Brasil e Portugal. Em 2015 Maria Bethânia escolheu Criação, de autoria de Lobo, para compor o repertório do show e do DVD Abraçar e Agradecer, em comemoração aos 50 anos de sua carreira. Depois Bethânia gravou participação no álbum Viola de Mutirão, no qual canta a moda de viola Maria, que Chico Lobo fez em homenagem à baiana. Apresentador de televisão, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira.

Autodidata e amante de MPB e jazz , Ricardo Gomes estreou na cena musical, em Belo Horizonte, há 30 anos (Foto: Ayra Mendes)

Ricardo Gomes é produtor musical e baixista de carreira e está em atividade desde 1992. Iniciou a carreira tocando em casas noturnas de Belo Horizonte, acompanhando cantores sertanejos e de música popular brasileira. Autodidata, sempre curtiu jazz e música brasileira até que em 1992 estreou no mercado de produções e gravações atuando em centenas de criações de músicas. Já trabalhou como produtor para Chico Lobo, Luiz Carlos Sá (parceiro de Guarabyra), Luís Kiari, Marcelo Kamargo e João de Ana, entre outros. Atualmente, mantém o Estúdio RG na capital mineira.

Especializada em música brasileira de alta qualidade, o acervo da Kuarup, que está prestes a alcançar a marca de 45 anos no mercado, concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral. Em seus discos pode-se encontrar o melhor de Baden Powell, Renato Teixeira, Ney Matogrosso, Wagner Tiso, Rolando Boldrin, Paulo Moura, Raphael Rabello, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar, Pena Branca & Xavantinho e Arthur Moreira Lima, entre outros.

1595 – Chega às plataformas digitais o primeiro volume de Sarará, álbum de Erasmo Dibell*

#MPB #Reggae #Carolina (MA) #Maranhão #CulturaPopular #SaraváDiscos

Com a participação da cantora moçambicana Lenna Bahule e do conterrâneo  Zeca Baleiro, mais um dueto póstumo com Papete, disco tem nove faixas e capa assinada pelo artista plástico Elifas Andreato

*Com Adriana Bueno

Desde a sexta-feira, 25 de novembro está disponível nas plataformas digitais o primeiro volume do álbum Sarará, do maranhense Erasmo Dibell, lançado pela Saravá Discos. Dibell é um artista dos mais populares e requisitado compositor, da safra que despontou a partir da primeira metade da década de 1990 no berço de Catulo da Paixão Cearense, João do Vale, Maria Firmina dos Reis, Chico Maranhão e Alcione, entre outros. Sarará revela uma amostra deste trabalho, com novas leituras e inéditas da obra autoral deleParceiros e amigos de longa data, Zeca Baleiro e Erasmo Dibell se reencontraram em maio de 2019, durante a gravação do documentário musical Maranhão-Ventos que Sopram, de Neto Borges. A partir do reencontro nasceu a canção São Nunca, faixa do primeiro volume, e ficou selada a parceria entre ambos para o lançamento de Sarará pelo selo de Baleiro.

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1339-Chico Teixeira lança álbum gravado ao vivo na turnê de Ciranda de Destinos

#MPB #MúsicaCaipira #CulturaPopular

Disco produzido pela Kuarup ganha edição exclusiva nas plataformas digitais, extraída de registros de espetáculo do mais recente trabalho do cantor filho de Renato Teixeira 

O cantor, compositor, violonista e pesquisador de cultura popular Chico Teixeira está lançando versão ao vivo do álbum Ciranda de Destinos, o sexto e mais recente da carreira, trabalho da gravadora e produtora Kuarup de 2019 e que atingiu mais de 1 milhão de acessos em aplicativos de música. No projeto atual, que tem distribuição exclusiva em plataformas digitais, Chico Teixeira reúne regravações de clássicos nacionais de diversos sotaques e épocas captadas durante uma apresentação ao vivo, bem como canções de domínio público resgatadas por grupos folclóricos das regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Desta forma, ele conta mais uma vez em disco histórias de um povo unido por diferentes costumes e lutas.

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1305 – Luiz Gonzaga ganha homenagem em disco dos músicos Nino Karvan e Alberto Silveira

Cantor e violonista sergipanos resgatam clássicos do Rei do Baião em álbum com dez faixas lançado pela gravadora e produtora Kuarup

De Lua, Canções de Luiz Gonzaga é o título do projeto do cantor e compositor Nino Karvan e do violonista Alberto Silveira, artistas sergipanos com carreias consagradas, que fazem uma tocante homenagem ao Rei do Baião, O repertório escolhido reúne canções das décadas dos anos 1940/50/60, período de ouro do baião e de maior sucesso de Luiz Gonzaga. O disco é intimista, gravado e apresentado para salas de concerto: a voz e o violão dão destaque às melodias, tão presentes na memória afetiva do brasileiro e na rica poética das letras. O álbum é mais um belíssimo lançamento da gravadora e produtora Kuarup, que, gentilmente, enviou um exemplar à redação do Barulho d’água Música, pelo qual agradecemos ao diretor artístico Rodolfo Zanke e toda sua equipe.

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1186 – Conheça o autor de “Luar do Sertão”, poeta admirado nos palácios e aclamado nas ruas

Ao apostar na temática popular e cantar a dor de amores contrariados, Catulo da Paixão Cearense levou a música da boemia para os salões da aristocracia carioca, com um toque de regionalismo, consagrando-se como um dos nossos mais criativos autores e compositores

Linques originais das matérias que ajudaram a produzir este texto:

https://www.sescsp.org.br/online/artigo/12103_SERESTAS+AO+LUAR

https://www.sescsp.org.br/online/selo-sesc/608_A+PAIXAO+SEGUNDO+CATULO#/tagcloud=lista

O Barulho d’água Música recorreu mais uma vez às páginas da Revista E, do Sesc de São Paulo, para trazer aos amigos e seguidores esta atualização sobre Catulo da Paixão Cearense, autor de joias memoráveis do nosso cancioneiro — algumas que há mais de cem anos embalam sucessivas gerações, como Luar do Sertão –, rememoradas em álbum do Selo Sesc lançado em 2013 e em matéria publicada na edição de junho de 2018 da Revista E, conforme disposto nos linques acima deste texto.

Hoje, 10 de maio, completam-se 73 anos que o Brasil parou para acompanhar em 1946 os funerais do violonista e seresteiro, poeta e compositor dos mais geniais e que costumava dizer: o violão o conduziu à poesia e sua sensibilidade foi formada pelo contato com a natureza nordestina. Catulo nasceu em 8 de outubro de 1863, mas diferentemente do que sugere o próprio nome, veio ao mundo na cidade de São Luiz, capital do estado do Maranhão, de onde a mudança com a família para o Ceará ocorreu quando ainda era criança. Além de alimentar as lembranças da infância, a região do novo lar entrou em seu repertório por meio da literatura de cordel e de cantadores como Manoel Riachão.

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1085 – Canção do Amor Distante, de Ana Salvagni e Eduardo Lobo, celebra os sentimentos presentes na saudade

Disco gravado em 2016 rememora canções clássicas de autores como Tom Jobim, Dominguinhos & Anastácia, Paulo César Pinheiro, Adoniran e Elomar
Marcelino Lima

A redação do Barulho d’água Música, caso fosse o estúdio de uma emissora de rádio, só tocaria boa música, pois, diariamente, baixam em nosso boteco, enviados de várias partes do Brasil, álbuns excelentes. O mais recente e que estamos tocando agora é Canção do Amor Distante, que Ana Salvagni e Eduardo Lobo lançaram em 2016. O amor ausente deixa saudade e melancolia e é tema universal e atemporal encontrado em todas as formas de criação artística. A nostalgia, o amor e a tristeza presentes na “saudade” são elementos propulsores para o artista que, por meio de sua criação, pode dar forma e vazão a estes sentimentos que o atormentam, ainda que, muitas vezes, a canção gerada não seja, necessariamente, triste. Na canção popular brasileira o amor distante é cantado desde sempre, vestido de roupagem diversa, tantas vezes com leveza, despojamento, lirismo e refinamento. Além disso, o tema é valorizado pela grande riqueza melódica, rítmica e harmônica das composições, ao longo de todo esse tempo.

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1075 – Ceumar, Lui Coimbra e Paulo Freire lançam álbum em homenagem a Inezita Barroso no Ibirapuera (SP)

Trio forma o projeto Viola Perfumosa, trabalho que procura resgatar e reciclar a genialidade e a sofisticação das melodias e da poesia da música que se convencionou chamar “caipira”

Marcelino Lima, com assessoria de imprensa do projeto Viola Perfumosa

O coletivo Viola Perfumosa, formado por Ceumar (MG), Lui Coimbra (RJ) e Paulo Freire (SP), três dos mais expressivos cantautores contemporâneos da música brasileira, estarão no palco do auditório Oscar Niemeyer do Ibirapuera, em São Paulo, no domingo, 24, para lançamento do primeiro álbum do trio. A casa de espetáculos que está entre os espaços culturais mais consagrados não apenas da Capital paulista deverá receber lotação máxima para a apresentação prevista para começar às 19 horas, pois os músicos prestarão tributo à rainha da música caipira, Inezita Barroso, lançando o primeiro álbum do grupo e recordando sucessos como Luar do Sertão; Tamba-TajáÍndia e Marvada Pinga, eternizados por ela e que ganharam releitura camerística unindo viola caipira e violoncelo, rabeca e alfaias e se mesclam a Villa-Lobos e a canções do repertório autoral do trio. O resultado é um show sutil, reverente e surpreendente como Inezita gostaria, com participações especiais de Guello (percussão) e Bruno Migliari (contrabaixo).

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649 – Cláudio Lacerda no Imagens do Brasil Profundo: a arte de melhorar o que já é ótimo!

cródio bma

Cláudio Lacerda, cantor e compositor paulistano, acompanhado por Daniel Franciscão (viola caipira) e Leonardo Padovani (violino), protagonizou na noite de quarta-feira, 16, mais um dos seus memoráveis shows, durante o qual cantou na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, sucessos da carreira que já soma três álbuns gravados, um prestes a ser colocado à disposição dos amigos e fãs (inúmeros, mas ainda poucos para um artista da sua magnitude e capacidade interpretativa e veia composicional!) e vários projetos dedicados à pesquisa, preservação e divulgação das tradições populares que abastecem o inesgotável e rico manancial da  música regional e de raiz nacionais, concebidos e costurados independentemente não sem mergulhar em dedicados estudos.  Cláudio Lacerda atendia ao convite do curador do projeto Imagens do Brasil Profundo, o professor de Sociologia Jair Marcatti, e mais uma vez provou: quando ele sobe ao palco o que já é normalmente ótimo pode ficar ainda melhor!

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Homenagem ao Sr. Brasil pelos 10 anos na TV Cultura deixa lotada a Sala São Paulo

O Barulho d’Água Música acompanhou, ontem, 20 de julho, a gravação do programa especial que marca os 10 anos do Sr. Brasil, com Rolando Boldrin, na TV Cultura. O apresentador recebeu no palco da Sala São Paulo Mônica Salmaso e o grupo Pau Brasil, Vital Farias, Saulo Laranjeira, Luís Carlos Borges, Arismar do Espírito Santo e Jane Duboc, Casuarina, Luca Bulgarini e o Quinteto Violado, entre outros músicos. E também cantou e declamou, além de contar pitorescos e curiosos causos, uma das marcas do programa. Na plateia que ocupou praticamente todas as cadeiras, Boldrin contou com o prestígio dos músicos que formam o Projeto 4 Cantos Cláudio Lacerda, Luiz Salgado, Rodrigo Zanc, Wilson Teixeira, mais Zé Geraldo, Fábio PorteConsuelo de Paula, Osni Ribeiro, Jaime Alem e esposa Nair Cândia, Daniela Lasalvia, Lucas Ventania, Danilo Gonzaga Moura, do Trio José, e Socorro Lira e vários outros cantadores e artistas de diversos segmentos.

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Inezita Barroso ganha emocionante tributo em histórica noite na Sala São Paulo (SP)

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A homenagem a Inezita Barroso, assim retratada no painel principal que decorava a Sala São Paulo, reuniu mais de 50 artistas, além de autoridades e familiares da eterna rainha da música caipira, nascida em um domingo de Carnaval e que se tornou imortal em outro, Dia Internacional da Mulher (Fotos Marcelino Lima)

A Sala São Paulo, um dos mais clássicos espaços da música em Sampa, acolheu na noite de segunda-feira, 8 de junho,  homenagem comovente preparada pela TV Cultura, amigos e familiares a Inezita Barroso, folclorista que encantou o país como cantora, atriz de cinema e apresentadora por 34 anos do programa Viola, Minha Viola. A eterna rainha da música caipira, entre outros merecidos títulos que a eternizam, morreu exatos três meses antes, no Dia Internacional da Mulher, quatro dias depois de chegar aos 90 anos. A emissora já pretendia na ocasião promover o tributo, mas Inezita já se encontrava internada no Hospital Sírio Libanês, conforme lembrou Marcos Mendonça,  presidente da Fundação Cultura, detentora dos direitos da emissora.

O especial Inezita – Quanta Saudade Você Me Traz foi apresentado por Adriana Couto, do programa Metrópolis, e reuniu mais de 50 artistas. A intenção era contemplar as diversas facetas do legado de Inezita Barroso, que nasceu Ignez Magdalena Aranha de Lima em um domingo de Carnaval, na rua Lopes Chaves, logradouro do bairro paulistano Barra Funda no qual morou também o modernista Mário de Andrade. Filha de família tradicional paulistana, passou a infância cercada por influências musicais diversas ao crescer em fazendas, nas quais teve contato com o universo caipira em várias rodas de viola.  

Para assumir a paixão pela viola e pelo violão, entretanto, teve de bater de frente com as tradições que impediam mulheres de tocar outro instrumento que não fosse o recatado piano — restrito ao ambiente familiar ou de grandes salas, a salvo do universo profano e boêmio evocado por ambos. Inezita ainda remou contra a maré escolhendo ser porta-bandeira da e valorizar a música caipira quando o Brasil vivia os anos desenvolvimentistas e dava as costas para o secular modelo agrário, em detrimento da industrialização que modificou o perfil da sociedade nacional de rural para urbana.

 

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Bia Góes, acompanhada por Léa Freire (flauta) e Arismar do Espírito Santo (violão) abriu o tributo com Azulão

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Neymar Dias, Ivan Lins e Rafael Altério relembraram A Bandeira do Divino

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Renato Borgetthi

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Roberto Corrêa, Pereira da Viola, Neymar Dias

 
Inezita, além da carreira musical, formou-se em Biblioteconomia pela Universidade de São Paulo e fez cinema. Como pesquisadora do gênero musical, por conta própria, sua maior identidade, percorreu o Brasil resgatando histórias e canções. Uma destas etapas a fez musa da música folclórica, na década de 1950 e 1960, período no qual ainda precisou atuar como professora de canto e de violão para fazer frente ao ostracismo que a música caipira começou a amargar com a ascensão da bossa nova e da Tropicália. Inezita, entretanto, era daquelas que, antes de tudo,  tem o DNA dos fortes: bancou sua  persistência em gravar a música raiz de todas as regiões brasileiras, sobretudo a do caipira paulista, mas com dedicado olhar, ainda, para os ritmos da dança gaúcha, influenciada pelo amigo Barbosa Lessa, entre outras.

Plateia participativa

Na lista de artistas que a homenagearam na Sala São Paulo (onde a animada plateia parecia se sentir no auditório do Sesc do Bom Retiro, um dos palcos local onde Inezita esteve à frente do Viola, Minha Viola) estiveram Ivan Lins, Renato Teixeira, Renato Borghetti, Rick Sollo, Mococa e Paraíso, Lourenço e Lourival, Irmãs Barbosa, Divino e Donizeti, João Mulato e Douradinho, Léo, Pereira da Viola, Roberto Corrêa, Braz da Viola, Paulo Freire, Neymar Dias, Toninho Ferragutti, Bia Goes, Arismar Espírito Santo, Léa Freire e o CoralUSP, além do regional Viola, Minha Viola, integrado por Joãozinho (violão), Arnaldo Freitas (viola caipira), Leandro Madeira (baixo), Escurinho (percussão). O CoralUSP tinha entre seus membros a cantora Sarah Abreu.

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Paulo Freire, autor da vinheta “eta programa que eu gosto”, que é uma das marcas do Viola, Minha Viola

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Regional Viola, Minha Viola

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Mococa e Paraíso interpretaram O ipê e o prisioneiro

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O tributo, inteiramente gravado pela emissora, irá ao ar em breve, mas a data ainda não foi divulgada. O repertório reflete a vasta obra de Inezita Barroso, canções que ela considerava prediletas ou clássicos do cancioneiro. Ivan Lins, por exemplo,  interpretou com o parceiro Rafael Altério Bandeira do Divino (Ivan Lins/Vitor Martins), usada como referência por Inezita em suas aulas de violão e canto. Renato Teixeira relembrou De Papo Pro Ar (Joubert de Carvalho/Olegário Mariano), enquanto o cantor Rick  João de Barro (Teddy Vieira/Muybo Cury), um clássico gravado pela musa.  A dupla Mococa e Paraíso fizeram emocionada interpretação de O ipê e o prisioneiro (Liu e Léo) e Roberto Corrêa de Luar do Sertão (Catulo da Paixão Cearense). 

As pesquisas para a produção do espetáculo junto ao acervo de Inezita Barroso permitiram recuperar e digitalizar documentos manuscritos por ela mesma para ajuda a contar sua história. O material, animado com recursos de computação gráfica, foi projetado no telão da Sala São Paulo com a narração da voz da neta de Inezita, Paula Maia, ajudando a dar ainda mais brilho à celebração que enfocou um conteúdo que deverá (assim esperamos) tornar-se indispensável, imperecível e sempre acessível para a compreensão da cultura popular do país, uma das espinhas dorsais da música brasileira, folclórica, de raiz e regional. A estrela de Inezita Barroso está mais cintilante do que nunca.

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Neymar Dias e Toninho Ferraguti

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Léo, da dupla com o irmão Liu