1613 – Louça Fina, um dos discos da consagrada Sueli Costa, embala homenagem no Solar do Barulho

#MPB #CulturaPopular #JuizdeFora #MinasGerais #RioDeJaneiro #CidadeMaravilhosa #EstânciaTurísticadeSãoRoque

Morte de cantora e compositora carioca deixa saudades e colegas do meio musical, ao expressarem pesar, reafirmam sua admiração ao destacarem a importância para o país da obra da autora de sucessos como Jura Secreta, Canção Brasileira e Primeiro Jornal

As tradicionais audições matinais aos sábados no Solar do Barulho, redação do Barulho d’água Música, na Estância Turística de São Roque, no Interior paulista, começaram no dia 11 com Louça Fina, álbum gravado em 1979 por Sueli Costa. Carioca nascida Sueli Correa Costa, em 1943, a autora partiu de causas não reveladas há uma semana, no dia 4 de março, também na cidade do Rio de Janeiro, prestes a completar 80 anos. Sua morte ao ser repercutida em vários meios de comunicação voltou a causar comoção entre amigos, fãs e no meio artístico devido à popularidade que ela alcançou ao vivenciar momentos de estrela de sensível inspiração melódica no cenário musical brasileiro que marcaram a composição e a interpretação de sucessos que incluem Primeiro Jornal, gravada por Elis Regina e Jura Secreta, que Fagner e Simone interpretaram, por exemplo. O cantor cearense também popularizou Canção Brasileira e a baiana Cordilheiras.

A mãe de Sueli Costa tocava piano e ministrava aulas de canto coral e a jovem, estimulada por este ambiente, ainda na adolescência tornou-se autodidata e aprendeu a tocar violão ao lado dos irmãos (Élcio, Lisieux, Telma e Afrânio), que também seguiam os passos da matriarca. Aos 18 anos, Sueli debutou ao compor a bossa nova Balãozinho. Por esta época, conciliava a incipiente carreira musical com a faculdade de Direito, que cursava em Juiz de Fora, localizada na Zona da Mata mineira e próxima à Cidade Maravilhosa. Na terra natal do violeiro Tavinho Moura, dos poetas Murilo Mendes e Pedro Nava, e do jornalista e escritor Fernando Gabeira Sueli Costa compôs e cantou todas as canções da montagem teatral Cancioneiro de Lampião, encenada pelo Grupo Divulgação em 1967. Ela também contribuiu para a trilha da peça Bodas de Sangue, no mesmo ano. Sua produção como compositora atraiu a admiração de intérpretes como a capixaba de Vitória Nara Leão e a levou a participar de variados em festivais, além de lecionar música em colégios cariocas.

Arte da capa de Louça Fina, que em detalhe revela uma lágrima derramada por Sueli Costa na hora da produção da foto de autoria, infelizmente, não descoberta

Seu período de maior projeção ocorreu na década dos anos de 1970. Nesta década a lista de admiradores que despertaram para o talento da compositora aumentou e passou a incluir Ney Matogrosso, Simone, Cauby Peixoto, Pedro Mariano, Joanna, Fagner, Fafá de Belém, Alaíde Costa, Ângela Rô Rô, Elis Regina, Ivan Lins, Zélia Duncan, Zizi Possi, Agnaldo Rayol, Gal Costa e Wanderléa, Ithamara Koorax, entre outros, consagrando-a como nome de elite da MPB. Não demorou muito, a EMI a contratou e, em 1975, Sueli Costa gravou o primeiro bolachão, com produção de Gonzaguinha e arranjos de Paulo Moura e Wagner Tiso. Dois anos depois, o segundo disco, batizado Sueli Costa como o anterior, foi produzido por João Bosco e Aldir Blanc. O time de parceiros de estrada não é menos brilhante e vão de Cacaso a Tite de Lemos a Aldir Blanc, Ana Terra, Paulo César Pinheiro e Abel Silva, com quem formou uma dupla de sucesso e é coautor de Jura Secreta.

A discografia de Sueli Costa ainda inclui Vida Louça fina; Íntimo (1984); Vida de Artista (1994); e Minha arte (2000), além de Sueli Costa -Série Dois em Um, relançamento em formato laser dos vinis Sueli Costa e Vida de artista. Entre os projetos que participou e a lev aos palcos estão em seu currículo Projeto Pixinguinha, Com Paulinho da Viola, Moraes Moreira, Fagner e Terezinha de Jesus (1975); Projeto Pixinguinha, com Simone (1978); Canção Brasileira, com Abel Silva, no Teatro Estação Beira-Mar/ RJ (1997); Sueli Costa no Bar do Tom/RJ (1999) e Minha Arte, Mistura Fina/RJ (2000).

Sueli, Sueli Costa, quantas sublimes melodias você criou e deixou nesse mundo que será sempre mais bonito cada vez que uma canção sua soar nos ares do país e do universo. Talvez entre as melodias mais bonitas do Brasil, as suas sejam as mais ricas e divinas. Quem compôs belezas assim só pode estar num lugar maravilhoso agora, inundado de arte e plenitude. Obrigada.

Consuelo de Paula

Quando tenho arrepios de alma por conta de emocionantes letras ou melodias, agradeço a Deus, à vida, à musa música por me permitir tais presentes nesta passagem chamada vida. E como isso me é comum na ‘Canção Brasileira’ em geral.

Sueli Costa, nos presenteou, em parceria com Abel Silva, com uma dessas maravilhas de arrepios em lindeza: Canção Brasileira! Agora, ela se torna uma estrela no céu, a brilhar com os anjos. Muito obrigado, Sueli Costa por teres iluminado nossas vidas, nossos ouvidos, nossas almas.

Tavinho Limma, que gravou Canção Brasileira ao lado de Paulinho Pedra Azul, com arranjos e piano de Salomão Soar em O Mundo de Raimundo, da Kuarup;

“O meu coração ateu quase acreditou

Na sua mão que não passou de um leve adeus

Breve pássaro pousado em minha mão

Bateu asas e voou … “

Ah, Sueli Costa. Sem dúvida uma das maiores! Compositora gigante! Referência total!

Lembro-me de quando gravei meu primeiro CD: tal como uma contracapa de livro, foi ela a assinar o encarte do meu disco. Palavras para lá de carinhosas, que foram de grande importância pra mim.

Obrigada, Sueli, vai em paz

Cristina Saraiva

Sueli Costa: uma das maiores compositoras da música brasileira. Muitas canções em tantas diversas interpretações. Essa nossa gente precisa conhecer mais e entender de Brasil, de sua arte, cultura e poesia.

A bênção @suelicosta1213!

Aplausos em pé para sua eternidade e tudo que nos deu em vida.

Lenir Boldrin

Minha querida Sueli Costa, me perdoe por não poder estar com você nos últimos anos. Um pouco antes da pandemia marcamos um encontro, que infelizmente não aconteceu. Trocamos algumas palavras por mensagem sempre na esperança de nos encontrar. Agora, essa triste notícia.

Durante muitos anos Sueli acalentava um sonho, gravar as composições feitas dos poemas de o Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles, sonho que infelizmente não se concretizou devido às questões entre os herdeiros da poeta.

Gravei os demos no meu estúdio com ela cantando ao piano, um registro emocionado e inesquecível. Tive a sorte e o privilégio de produzir o CD Sueli Costa – Minha Arte, de 1999, com o apoio do querido Mario Rosito. Fomos parceiros de noitadas em torno de uma mesa, regadas a música e poesia, seguimos afastados por um tempo, porém nunca esquecemos um do outro. Não vou dizer que Sueli Costa estará cantando lá no céu porque o lugar dela é aqui. Como grande criadora da música popular brasileira jamais será esquecida.

Suelen, era assim que eu e [Maria] Bethânia a tratávamos, fica a saudade eterna, amada amiga.

Jaime Além

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1479 Renato Teixeira (SP) e Fagner (CE) gravam Naturezas, disco inédito registrado em estúdio inaugurado pela Kuarup

#MPB #Ceará #Ubatuba #Santos #SãoPauloSP #GravadoraKuarup #CulturaPopular

Artistas celebram  amizade de anos com lançamento de álbum e parceria de músicas captadas no porão onde fica o endereço atual da gravadora que, por coincidência, foi residência de Renato nos anos 1970.

A amizade entre Renato Teixeira e Raimundo Fagner vem de longa data. Os músicos compõem juntos há alguns anos e resolveram colocar como prioridade o desejo de lançar um álbum em dupla, ideia que surgiu com a troca de mensagens (e-mails) e tomou forma com o surgimento dos aplicativos de áudios e de textos que permitem e facilitam a troca de músicas e de letras. O projeto ganhou vida na Kuarup, gravadora com mais de 40 anos de estrada, que tem seis álbuns de Renato Teixeira em seu catálogo e que ele costuma chamar com carinho de sua casa fonográfica e sua antiga casa por uma inexplicável coincidência de endereços. Outro evento que tornou possível a realização de Naturezas, as gravações, ensaios e o lançamento do trabalho foi a inauguração do estúdio da Kuarup, espaço para atender artistas contratados e parceiros da gravadora.

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1400 – Tavinho Limma (PE/SP) mergulha na obra de Fagner e lança homenagem em treze faixas ao cearense

#MPB #MúsicaBrasileira #Fagner #RaimundoFagner #CulturaPopular #MúsicaNordestina

Com participação de Paulinho Pedra Azul, treze perolas do repertório do controvertido músico nordestino fazem parte do nono álbum do ex-integrante da Banda Pau e Corda

As audições matinais aos sábados aqui no Solar do Barulho, onde fica a redação do Barulho d’água Música, na Estância Turística de São Roque (SP), começaram neste dia 5 de junho com O Mundo de Raimundo, disco lançado em 2020 por Tavinho Limma e disponibilizado em plataformas digitais pela produtora e gravadora Kuarup. O álbum em homenagem ao cantor e compositor cearense que com voz rascante e timbre árabe tanto embalou este jornalista na juventude (e até hoje o admira) traz 13 canções do eclético repertório de Raimundo Fagner. Se hoje muitos na crítica torcem o nariz para Fagner e o riscaram do caderninho por conta de posições artísticas e políticas mais recentes, outros tantos zeram tais observações e, deixando de lado a patrulha ideológica, reconhecem com justiça — como este blogueiro — a inegável qualidade da sua contribuição à música e à cultura populares brasileiras, fazendo dele um dos mais luminosos astros entre os quais podem se citar, ainda, Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e, para ficarmos apenas nas vozes masculinas, já fora deste plano Gonzaguinha, Dominguinhos e Belchior.

Desde 1971 até 2020, Fagner já brindou os inúmeros fãs de ao menos três gerações com cerca de 40 álbuns solo — sem contar aqueles nos quais participa, por exemplo, ao lado de outras referências luminares como Ney Matogrosso, Zé Ramalho, Luiz Gonzaga, Zeca Baleiro e até o craque Zico, entre outros trabalhos que mesclam em uma primeira e inventiva fase desde a poesia e composições de Ferreira Gullar, Garcia Lorca, Pablo Milañes, Antonio Machado, Fernando Pessoa, Patativa do Assaré e Florbela Espanca ao rock rural e ritmos latinos e mouros às raízes nordestinas; duetos icônicos com Mercedes Sosa, Joan Manoel Serrat e Rafael Alberti, por exemplo, antes da bem sucedida guinada na década dos anos 1980, quando, para agradar um público menos intelectual e exigente, plateia pouco afeita a estéticas e linguagens inovadoras, assumiu perfil romântico, até explodir em trilhas sonoras de novelas da Rede Globo.  Muito mais do que uma borbulha de sabão que o vento dissolve como espuma, continua firme e dentro do seu atual estilo, formando o time daqueles que já emplacaram a casa dos 70 anos de vida nesta estrada que, atualmente, ninguém sabe onde nos levará, seja pela perseguição e pelo esvaziamento da cultura, seja pelo negacionismo da pandemia da Covid-19 em meio a retrocessos  de todas as ordens que, como cebola cortada, tanto nos fazem chorar.   

Nesta esteira que já chega aos 50 anos de história, Fagner perdeu a unanimidade entre quem lá atrás foi bicho-grilo, mas os “bregaldos” os amam e consagrou compositores como Abel Silva, Petrúcio Maia, Manassés, Sueli Costa, Clodo, Climério & Clésio e Fausto Nilo, mostrando que somos um celeiro inesgotável quando o assunto é música. E parte de seus álbuns arrebataram sucessivamente discos de ouro (vendas acima de 100 mil cópias) e platina (acima de 500 mil), superando em 1987, com Romance no Deserto (“eu tenho a boca que arde como sol, o rosto e a cabeça quente”…) mais de 1 milhão!. Joia rara, seu primeiro filho solo, Manera Fru Fru Manera (1973), incluiu em sua primeira versão Canteiros, sucesso baseado no poema A Marcha, de Cecilia Meireles, com música de Fagner, até hoje cantado em rodas de violões depois de ecoar por todo o Brasil — um verdadeiro “balaço” que vem riscando o tempo saído do disco produzido por Roberto Menescal e pelo próprio cantor, com arranjos de Ivan Lins e participações especiais de Nara Leão, Naná Vasconcelos e Bruce Henry. Dois anos depois, Fagner foi eleito por jornalistas paulistas o Cantor do Ano. Em 1990, o Prêmio Sharp de Música Popular o reconheceu como Melhor Cantor, autor do Melhor álbum (O Quinze), da Melhor canção (Amor Escondido, parceria com Abel Silva) e, de quebra, o quarto troféu: Melhor disco regional (Gonzagão e Fagner Vol. 2.)

Tavinho Limma pinçou cuidadosamente deste baú as pedras que resolveu polir e, apesar de um disco sintético/enxuto diante de tão copioso tesouro, conseguiu alinhavar as duas facetas do polêmico Fagner, deixando na boca de quem ouve um gosto de quero mais. Zeca Baleiro, junto com o mineiro Chico Lobo, tornou-se um dos padrinhos de O Mundo de Raimundo: ambos demonstraram que ao mirar, sabiam no que apostavam, que não errariam, que seria mesmo um tiro bem dado. O projeto que Tavinho Limma primeiro concretizou por meio de uma concorrida vaquinha virtual para produção dos discos físicos não deu nem para o cheiro: virou ouro em pó! Por sorte, a Kuarup topou disponibilizá-lo em versão eletrônica, já que as tiragens do cedê se esgotaram rapidamente e acessando ao linque logo abaixo desta linha será possível ouvir o disco na íntegra.

As 13 faixas começam com A canção brasileira, com participação do mineiro Paulinho Pedra Azul, depois rememoram clássicos como Mucuripe, parceria entre Fagner e o conterrâneo Belchior, que Roberto Carlos, Elis Regina e Amelinha também interpretam; Noturno e Pedras que Cantam, temas das novelas Coração Alado (1980) e Pedra Sobre Pedra (1992); Guerreiro Menino, de Gonzaguinha, também tocada em Voltei Pra Você (1983), todas da Rede Globo; mais perolas tais como Espumas ao Vento, Astro Vagabundo, Cebola Cortada, Ave Coração e Revelação.

Natural de Recife (PE), radicado em Ilha Solteira (SP), Tavinho Limma é cantor, compositor e produtor de eventos. Ex-integrante da Banda de Pau e Corda, apresentou-se em vários eventos tradicionais pernambucanos como carnavais (em O Galo da Madrugada) e Festas Juninas de Caruaru e Recife. Sua discografia possui nove discos solos, lançados desde o primeiro elepê em 1989 — Intenções, da Gravadora Continental/Colibri, em cujas faixas Tavinho Limma interpreta canções de Oswaldo Montenegro, Fátima Guedes e Beto Mi. Entre os parceiros musicais e artísticos ao longo da carreira, destacam-se nomes como Jane Duboc, Tetê Espíndola, Antonio Calonni, Martha Medeiros, Paulinho Pedra Azul, Chico Lobo, Oswaldinho do Acordeon e Ivan Vilela. Como produtor de shows, esteve também com Tetê Espíndola, além de Dani Black e Grupo Voz.

Por diversas vezes, Tavinho Limma se apresentou na Capital bandeirante, cidades da Grande São Paulo e do Interior paulista, seja como atração de edições da Virada Cultural, festivais, projetos culturais ou em concertos solo, passando por Osasco, Cunha (Festa do Pinhão), Concurso de Marchinhas de São Luiz do Paraitinga, Festival de Música de Avaré (Fampop), Festival de Música de Tatuí, Festival de MPB de Ilha Solteira, entre outros eventos. Em 2012, participou da trilha sonora da novela Carrossel, do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), com a canção Malfeito, dele e de Rita Altério, tema do personagem Firmino. Também esteve no palco do Bar Brahma para o Projeto Talento MPB, dirigido por Lenir Boldrin.

1221- Forte, mas sem perder a ternura: Com “Maryákoré”, Consuelo de Paula (MG/SP) volta a erguer a voz frente aos desafios dos nossos tempos*

Sétimo álbum autoral inaugura uma nova assinatura para a cantora, compositora e escritora mineira por meio de dois movimentos que, expressos em dez faixas, traduzem uma arte guerreira e simultaneamente amorosa, que se alimenta da força das brisas e das tempestades em meio às batalhas cotidianas pela vida e pela arte

*Com Verbena Comunicação (Eliane Verbena/João Pedro)

A cantora e compositora Consuelo de Paula está lançando o sétimo disco da carreira, Maryákoré: uma obra provocadora naquilo que tem de mais feminina, mais negra, mais indígena e mais reveladora de nós mesmos. O título pode ser entendido como uma nova assinatura de Consuelo de Paula: maryá (Maria é o primeiro nome de Consuelo), koré (flecha na língua paresi-haliti, família Aruak), oré (nós em tupi-guarani), yakoré (nome próprio africano). Um exemplar do disco de 10 faixas já está rolando aqui na vitrolinha do boteco do Barulho d’água Música, em São Roque, cidade do Interior de São Paulo, pelo qual agradecemos às queridas amigas Consuelo e Eliane Verbena, da Verbena Comunicação, estabelecida na cidade de São Paulo (SP).

Além de assinar letras e músicas – tendo apenas duas parcerias, uma com Déa Trancoso e outra com Rafael Altério -, Consuelo é responsável pela direção, pelos arranjos, por todos os violões e por algumas percussões de Maryákoré (caixa do divino, cincerro, unhas de lhama, entre outros). A harmonia entre Consuelo e sua música, sua poesia, sua expressão e a estética apresentada é nítida nesse novo trabalho. Ao interpretar letras carregadas de imagens e sensações, ao dedilhar os ritmos que passam por Minas Gerais e pelos sons dos diversos “brasis”, notamos a artista imersa em sua história: ela traz a vida e a arte integrada às canções.

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1030 – Consuelo de Paula homenageia Dia Internacional da Mulher com Bibianas, no Teatro da Rotina (SP)

A cantora, compositora e poetisa Consuelo de Paula (MG) estará de volta ao aconchegante Teatro da Rotina em 9 de março, quando, a partir das 21 horas, apresentará Bibianas, show com o qual marcará a passagem do mês dedicado ao gênero e o Dia Internacional da Mulher, que transcorrerá na véspera, em 8 de março. Bibianas será, ainda, o terceiro concerto da série que Consuelo batizou como Movimentos do amor e de lutaO primeiro ato, Movimentos do amor e da luta, e o segundo, Chamamento, também tiveram como palco o teatro paulistano situado na rua Augusta, 912 (veja Serviço).

Bibianas é um encontro entre Consuelo de Paula e parceiras de composição, algumas das quais convidará para acompanhá-la. Voz, violão e instrumentos de percussão compõem a tríade mágica e completam o canto pleno, personalizado e profundo que possibilitam à mineira de Pratápolis envolver o público a cada nova canção. Neste show, além de canções autorais e algumas interpretações de outros autores que farão a ponte entre uma parceria e outra – incluindo a recente Valsa para Mathilde, com Adoniran Barbosa e Copinha — estarão em destaque muitos ritmos brasileiros.

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923 – Consuelo de Paula estreia projetos em Sampa e leva o Tempo e o Branco ao Rio

A primeira de três apresentação está marcada para 1º de abril, quando dividirá o palco do Centro Cultural Casarão, situado no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, com o violeiro João Arruda

O público que prestigia e admira a cantora, compositora e poetisa Consuelo de Paula (Pratápolis/MG) terá no próximo mês três oportunidades para vê-la tocar e (en) cantar. As apresentações em Campinas (SP), Rio de Janeiro e São Paulo promoverão espetáculos diferentes, um dos quais marcará, em 1º de abril, a estreia de Arvoredo – Os primeiros gestos da obra na Beira da Folha, projeto que Consuelo de Paula dividirá com o parceiro de estrada, violeiro, compositor e multi-instrumentista João Arruda. Ela e o anfitrião puxarão a cantoria a partir das 20 horas e prometem embalar amigos e admiradores da plateia do Centro Cultural Casarão de Barão Geraldo com o resultado do processo criativo que ambos estão vivenciando, construído pelo diálogo entre diferentes linguagens – imagem, texto, e melodia – em um movimento por meio do qual fotografias e vídeos despertaram poemas, que despertaram melodias, que despertaram canções.

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708 – Banda Estralo (SP) lança disco para público infantil com versões de clássicos como “Aquarela” e “País Tropical”

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Banda Estralo (Fotos Italo Cardoso)

Para comemorar seis anos de estrada, a Banda Estralo lançou no sábado, 31 o primeiro álbum desta trajetória, Estórias de Cantar, que também dá nome do show que apresentou no Teatro Anchieta do Sesc Consolação, em São Paulo, oferecendo o público um  caprichado repertório de música popular brasileira recheado de poesias, histórias e números teatrais. 

Estórias de Cantar reúne onze faixas com novos arranjos para canções clássicas como Ciranda da Bailarina (de Chico Buarque e Edu Lobo), Aquarela (Vinícius de Moraes e Toquinho) País Tropical  (Jorge Ben Jor) Bola de Meia, Bola de Gude (Milton Nascimento e Fernando Brant) e Negro Gato (Getúlio Cortês), além de contemporâneas como Não é Proibido (Marisa Monte), O Silêncio (Arnaldo Antunes), Criança não Trabalha (Palavra Cantada) e a música preferida do público, Caprichos do Tatu, de Gustavo Kurlat. O  disco ainda conta com duas poesias que são interpretadas pelo grupo:  O Relógio (Vinícius de Moraes) e A Bailarina (Cecília Meireles).

Com formação erudita, o maestro e músico da Banda Estralo, Marcos Lucatelli, acredita que a música infantil brasileira vem avançando em som e  em qualidade. “É preciso buscar opções para agradar e educar os ouvidos das crianças”, observou. “Com bons arranjos, timbres e instrumentação, a música expande os horizontes sonoros dos pequenos ouvintes”.

Além de Marcos Lucatelli (voz e violão), a Banda Estralo reúne Mauricio Damasceno (percussão), Ricardo “Batata” (baixo) e as cantoras Luanda Eliza (voz e performance), Lilyan Teles (voz, performance e escaleta). O show de lançamento contou com convidados de referência na composição musical infantil como a cantora e compositora Tata Fernandes, parceira musical, entre outros, de Chico Cesar e Zeca Baleiro, mais o premiado músico e compositor Gustavo Kurlat, que dirigiu shows do Palavra Cantada. O projeto gráfico do disco e o encarte são da ilustradora Mônica Crema, que levou para o papel toda a delicadeza e a poesia presentes no repertório. À frente da produção do álbum e do show está a Laje Produtora.

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Repertório do disco Estórias de Cantar:      

Não é Proibido – Marisa Monte, Dadi e Seu Jorge
Caprichos do Tatu – Gustavo Kurlat
O Silêncio Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes
Criança Não Trabalha – Paulo Tatit e Arnaldo Antunes
País Tropical Jorge Ben Jor
Negro Gato – Getúlio Cortez
Sou uma criança, não entendo nada –  Erasmo Carlos
Num Dia Arnaldo Antunes, Helder Gonçalves, Manuela Azevedo e Chico Salem 
Ciranda da Bailarina – Edu Lobo e Chico Buarque 
Aquarela – Toquinho, Vinicius de Moraes, M. Fabrizio e G. Morra
Bola de Meia, bola de Gude – Milton Nascimento e Fernando Brant   
O Relógio Vinicius de Moraes  
A Bailarina – Cecília Meireles

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685 – Diana Pequeno faz apresentação única no Sesc Belenzinho

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Detalhe da capa de Eterno como areia, que tem musicas de João Bá e Vidal França, Elomar e Hilton Acioli

A unidade Belenzinho do Sesc de São Paulo reservou o palco para a cantora e compositora Diana Pequeno (BA) a partir das 21 horas desta sexta-feira, 16 de outubro, que está de volta ao cenário da música e em junho encerrou a Virada Cultural Paulistana, com direito à concorrida apresentação no Theatro Municipal. Neste novo show, que envolve o trabalho da produtora Charrua Charrua, do violeiro Noel Andrade (SP), os amigos e admiradores de Diana Pequeno deverão ouvir sucessos que ela consagrou e a transformaram em uma das mais cultuadas artistas populares a partir do início da década dos anos 1970 como a elogiada interpretação da versão Blowin’ In The Wind, de Bob Dylan.

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A grandiosidade do Ibirapuera terá um show à altura com Consuelo de Paula. Mas deverá ficar pequeno para o público!

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A cantora e compositora  Consuelo de Paula , mineira de Pratápolis, fará show de lançamento de seu sexto álbum, O Tempo E O Branco,  em  1º de fevereiro, a partir das 19 horas, no Auditório Ibirapuera, no bairro Ibirapuera, situado na zona Sul de São Paulo.

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Consuelo de Paula dialoga com Cecília Meireles em novo CD cheio de asas e um ramo de acácia

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O Barulho d’Água Música recebeu hoje mais uma rica contribuição para o acervo do blog: o novo álbum da cantora, compositora e poetisa Consuelo de Paula.

O “Tempo e o Branco” é o sexto trabalho autoral de Consuelo, artista completa que vem recebendo as mais elogiosas palavras e definições da crítica desde que surgiu no cenário musical brasileiro. Desta vez, motivada — ou, na verdade, provocada pela jornalista Fátima Cabral, para utilizar uma palavra a qual ela mesma recorreu –, Consuelo teceu 13 canções que mergulham no universo poético de Cecília Meirelles, 12 das quais em parceria com o inesquecível Rubens Nogueira, responsável por onze das melodias. Gravadas no estúdio do amigo Mario Gil (Dançapé), todas têm os delicados acompanhamentos do acordeom de Toninho Ferraguti e das cordas da viola caipira e do violão de Neymar Dias.

Que ninguém morra de tanto ouvi-lo, e que nem ela morra de tanto cantar, já que Consuelo é imprescindível, tem o dom de nos brindar com antídotos num mundo que, se já não caminha entre desertos, parece cada vez mais ensimesmado, pouco gentil, avesso à poesia ou ao ato de parar tudo no instante em que deparamos com um ramo de acácia e seguimos em correria sem apreciá-lo. Mas se tudo hoje em dia parece fugaz, a paixão ainda existe e que nos nutre de vontade de passar dias e dias sem interromper a audição, ah, isto dá!  E para apoiar a divulgação de “O Tempo e o Branco”, Consuelo de Paula também caprichou no sítio virtual no qual apresenta o novo álbum. Os fãs poderão acessá-lo em http://www.consuelodepaula.com.br/otempoeobranco/#! e, ao navegar, encontrarão, por exemplo, detalhes do encarte contendo as letras de cada uma das canções, vídeos e a ficha técnica da obra e fotos de Alessandra Fratus.

Como o disco ainda não está nas lojas, tarefa que em breve será assumida pela Tratore, o internauta também poderá encomendar neste passeio on-line seu exemplar, além dos demais discos da mineira de Pratápolis. A lojinha virtual inclui o DVD “Negra” e o livro “A Poesia dos Descuidos”, que ela escreveu em 2011 com Lúcia Arrais Morales.

Abaixo, na integra, segue o texto de apresentação de “O Tempo e o Branco”, produzido pelas jornalistas Eliane Verbena e Deborah Zanette.

O Tempo E O Branco: uma dança rara no colo da poesia.

Em novo CD Consuelo de Paula visita o universo poético de Cecília Meireles.

Como quem cria um pássaro inquieto, Consuelo sabe que as canções têm destino de mundo, têm sina de rio, de vento, de coisas que não param, que saem de casa para abraçar outras fronteiras e gerar novas sinfonias.

Com seu novo trabalho, O Tempo E O Branco, Consuelo de Paula conclui mais uma fase de sua obra autoral. Este é seu sexto registro fonográfico, mas pode ser considerado outro momento de uma única obra, uma obra que conversa entre si e com o mundo. Aqui a poesia se revela ainda mais generosa e ousada, inaugura outros ares, propõe um novo baile.

Provocada pelo universo poético de Cecília Meireles – que aqui entra como inspiração livre – Consuelo constrói canções que mais uma vez surpreendem o ouvinte pela leveza quase insondável de seu lirismo; coloca sua sensibilidade própria, livre, a serviço da arte, o que acaba por lhe exigir rigoroso apuro interno para descobrir as palavras certas no momento de articular sentimentos, ritmos, tons, o claro e o escuro, a ave e o vento, a pedra e o rio, o espaço e o tempo. Cecília e Consuelo, duas experiências distintas, e em cada uma delas se detecta a mesma obsessão: a de escavar o verso e, com ele, incitar o vício sadio e necessário da emoção.

O CD O Tempo E O Branco traz treze letras, duas melodias de Consuelo e onze melodias de Rubens Nogueira (1959-2012) e encerra a rica parceria entre esses dois artistas, parceria essa que marca a música contemporânea brasileira. O equilíbrio perfeito desse CD chega com a escolha dos instrumentos: acordeom e viola. Versos cheios de asas encontram pouso nas teclas pretas e brancas do acordeom; melodias que parecem rios encontram terra no som da viola; a voz precisa, plena e inexplicável de Consuelo passeia pelos arranjos com as belas harmonias assinadas por Toninho Ferragutti e Neymar Dias. O resultado é uma obra impecável. Os ritmos parecem soar de um baile iniciado no centro do Brasil rumo às fronteiras, passando por terras, serras, cordilheiras, rios, atravessando mares, fazendo árvores e tecendo um bordado que é único, iniciado em Samba, Seresta e Baião, seguido por Tambor e Flor, Dança das Rosas, Casa e Negra.

Em O Tempo E O Branco seu estilo e sua forma de expressão são mais uma vez reveladores da sua exigência e despojamento humanos: deixarei poesia pra antonio e maria/ testamento de artista escrito com sonhos/ deixarei passagens pra becos e lagos […] e vou morrer de cantar/ morrer de cantar! Esse é o legado de alguém que se dedica com orgulho e paixão à sua sina de artista, mesmo quando esta se apresenta com a aspereza de uma fruta agreste/ [como uma] palavra amarga, pois Consuelo não faz da arte mera profissão, ao contrário, a traz estampada no rosto, nas marcas do corpo, na excepcional consciência de si. E é como uma prisioneira da arte que ela traduz vivências, lembranças, acontecimentos, sensações, e transforma a banalidade da vida em extraordinária experiência: um barco eu fiz/ um barco em flor/ no meio da imensidão/ […] há tanto mar desconhecido em meu coração/ essa canção é só pra gente sempre se encontrar. O Tempo E O Branco: um CD para se ouvir um milhão de vezes e ainda descobrir novos mistérios a cada audição. O Tempo E O Branco: o poema-canção como um antídoto num mundo que caminha entre desertos.