Veículo de divulgação de cantores, duplas, grupos, compositores, projetos, produtores culturais e apresentadores de música independente e de qualidade dos gêneros popular e de raiz. Colabore com nossas atividades: leia, compartilhe e anuncie!
Disco que agradou a crítica, mas não caiu imediatamente no gosto popular, ‘ 46 anos depois do lançamento é apontado entre os cem melhores do país conforme lista elaborada pela revista Rolling Stone Brasil
O Barulho d’água Música, dando sequência à série Clássico do Mês, dedica esta atualização a Pérola Negra, disco de estreia do saudoso Luiz Melodia. O cantor e compositor lançou o álbum em 1973, sob direção musical de Péricles Albuquerque. O convite para a gravação veio após o sucesso das interpretações de Gal Costa e Maria Bethânia, em 1971 e 1972, das canções Pérola Negra e Estácio, Holy Estácio, incluída por Melodia entre as 10 faixas do seu trabalho de estreia.
O quinto álbum de estúdio do tropicalista é considerado um dos mais marcantes da longa carreira e em sua ode futurista traz blues temperado com toques psicodélicos e a Banda de Pífanos de Caruaru botando dendê no rock
*Com Daniel Tozzi (21/7/2017), do blog A Escotilha
O Barulho d’água Música retoma a série Clássico do Mês e nesta que é a 11ª matéria dedica a presente atualização ao quinto álbum da carreira do genial Gilberto Gil, o icônico Expresso 2222, que o baiano de Salvador gravou em abril e lançou em julho do — ainda turbulento — ano de 1972, seis meses depois de regressar do exílio ao qual fora forçado emLondres. Em 1969, ele e seu parceiro musical nas peripécias tropicalistas, Caetano Veloso, foram presos, acusados de subversão pelo regime militar. O local escolhido para se exilar foi a efervescente Inglaterra da virada da década dos anos de 1960 para a dos anos 1970. Por lá, o músico baiano entrou em contato com diversos elementos da cena de rock e do psicodelismo da terra da rainha (de The Beatles a Jimi Hendrix) que foram devidamente incorporados em seus trabalhos lançados aqui no Brasil posteriormente.
Álbum tem 13 faixas, participações especiais de Titane, Bocato, Swami Júnior, Oswaldinho do Acordeon, entre outros, e parcerias com ou interpretações de poemas de Mauro Paes, Artenio Fonseca, Paulo Leminski, Arnaldo Antunes e Itamar Assumpção, mais projeto gráfico de Elifas Andreato
Um dos melhores discos da carreira do cantor e compositor são-miguel-paulistanês, o bardo mouro tupiauiense Edvaldo Santana (entre os oito que ela já lançou na carreira solo, desde 1993, quem se atreveria a dizer qual deles seria o mais-mais?), batizado simplesmente com o nome do artista (veja o tamanho da responsa, na verdade, a confiança no próprio taco, já que, caçapa, a estocada foi de mestre!) está completando vinte anos de lançamento. Por conta desta importante marca, Edvaldo Santana (o disco)foi o escolhido para abrirmos aqui no boteco do Barulho d’água Música neste dia 11 do apressadinho janeiro (para aonde será que ele quer nos levar assim, passando tão veloz?) mais uma rodada das audições matinais que promovemos aos sábados.
Cantor e compositor que já conta com 45 anos de trajetória volta à São Paulo para apresentar com sua banda repertório do seu mais famoso disco, cuja faixa-título é inspirada em um clássico folhetim da literatura de cordel
* Com Eliene Verbena, Verbena Comunicações
A unidade Belenzinho do Sesc da cidade de São Paulo reservou o palco de seu teatro para as apresentações de Ednardo, um dos mais aclamados cantores e compositores do país. Natural de Fortaleza (CE), Ednardo e a banda de sete músicos que o acompanham – entre os quais o violeiro Manassés de Sousa, que participou da gravação do disco e assina trabalhos importantes da música brasileira desde a década dos anos 1970 — serão atração nos dias 1º e 2 de dezembro para relembrarem, na íntegra, as músicas do primeiro e mais famoso disco dele, Romance do Pavão Mysteriozo (veja detalhes na guia Serviços). Os shows integram o projeto Álbum da unidade, pelo qual o Sesc visa a remontar a memória da música brasileira por meio de registros fonográficos.
Músico atuou em discos e em shows de Ivan Lins, Fagner, Leila Pinheiro e Kid Abelha, e produziu trilhas sonoras para novelas e séries da TV Globo, som que une música brasileira e jazz
Para manter a tradição de todo sábado começar o dia ouvindo um álbum novo aqui na redação do Barulho d’água Música , botamos para tocar na vitrolinha Trips, novidade da discografia do trompetista carioca Guilherme Dias Gomes, que recebemos enviado pelo colega Beto Previero, da Tambores Comunicações, ao qual somos gratos. Para quem está achando o nome do músico familiar, sim: Guilherme é filho de Dias Gomes (1922-1999) e de Janete Clair (1925-1983), que formaram o casal de autores de novela mais bem sucedido da dramaturgia brasileira. E foram os próprios pais que incentivaram Guilherme à música, como ele contou, observando que Dias Gomes adorava música erudita. O escritor e Janete tinham vários amigos músicos, como os maestros Claudio Santoro, Alceu Bochinno e Guerra Peixe, por exemplo, e incentivaram o filho a estudar música ainda criança. “No princípio eu não gostava muito, mas hoje eu agradeço”, afirmou Guilherme. “O trompete veio aos 12 anos, quando quis entrar na banda do colégio e só tinha vaga para esse instrumento”
Disco lançado em São Paulo traz 12 composições do mineiro que ajudou a projetar o cantor e compositor Elomar — que o define como “o último menestrel” –, é seguido por vozes marcantes da música regional e tem destacada importância para a cultura popular latino-americana
A cantora Dani Lasalvia e os violonistas Cao Alvese João Omar lançaram na noite de sábado, 20 de outubro, Recantos – ao Apanhador de Cantigas, com o qual reverenciam a memória e a obra do mineiro de UberabaDércio Marques, violeiro, cantor, compositor e pesquisador dos mais emblemáticos e representativos da música brasileira. O trio recebeu amigos e admiradores no palco da galeria Itaú Cultural, em São Paulo, para o tributo a Marques, falecido em 2012, em Salvador (BA).
Músico natural de Mairinque fez parte do grupo Catavento e também se destaca por premiadas obras na literatura e pela montagem de peças teatrais
O acervo do Barulho d’água Músicaagora conta com Ensaio sobre nossas coisas, segundo álbum solo do cantor e compositorJoão Bid, de Mairinque ¹ — cidade situada a cerca de 70 quilômetros da capital de São Paulo, com entrada na altura do Km 67 da rodovia Raposo Tavares, no sentido Sorocabae que em 27 de outubro completará 128 anos. Ensaio sobre nossas coisasmarca o aniversário de 60 anos de Bid, que ele comemorou em 2016, quando lançou o álbum gravado em casa e produzido de maneira independente, reunindo 14 músicas inéditas compostas com 13 parceiros ao longo de quase 40 anos de carreira. “A ideia do disco é celebrar as parcerias musicais que a vida me deu“, comentou o artista, que é acompanhado pelo violão de Matheus Pezzotta, jovem talento da vizinha São Roque e filho do também cantor e compositor Edson d’aisa. O disco pode ser encomendado pelo endereço virtual daisaprodcult@bol.com.br.
Fábula escrita há quase 40 anos, que estava na gaveta do consagrado capista, é lançada por editora premiada no segmento de obras didáticas; antes de chegar às prateleiras das livrarias virou disco na voz do baiano tropicalista
O jornalista, artista gráfico e cenógrafo paranaense de Rolândia radicado em São Paulo Elifas Andreato, conhecido por conceber algumas das mais belas capas de discos de todos os tempos da música brasileira, muitas premiadas e expostas em mostras até fora do país ¹, acaba de estrear na literatura também como escritor de histórias infantis. Em 6 de outubro, em uma concorrida livraria da rua Fradique Coutinho, em São Paulo, seus amigos e fãs mais uma vez o prestigiaram, desta vez para o lançamento de A Maior Palavra do Mundo, uma Fábula Alfabética, que conta com 56 páginas ilustradas por Fê, considerado uma dos mais criativos ilustradores da atualidade.
A Maior Palavra do Mundo… é o abre-alas da nova fase da Palavras Projetos Editorias, liderada pelo editor Cândido Grangeiro e formada no segmento de didáticos, destacada por inúmeros títulos aprovados pelo Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD), e que, agora, aposta fichas também no segmento infanto-juvenil. Para Elifas Andreato levar o livro ao prelo, entretanto, demorou 37 anos, tempo no qual os originais ficaram na gaveta do autor. O trabalho teve origem a partir de uma das muitas histórias que Elifas contava para seus filhos quando eram pequenos: contos envolvendo as letras do abecedário.
Depois de pronta, Elifas Andreato enviou a obra para que um amigo especial a musicasse: Tom Zé. “Para mim, uma boa narrativa sempre vem acompanhada de música”, explicou o artista gráfico. Na época, Andreato gravou as composições feitas por Tom Zé em uma fita cassete, que os filhos acabaram levando à escola, fazendo com que toda a turma decorasse as canções e “cansassem” de brincar com as cantigas.
Capa e contracapa do disco de Tom Zé sobre as fábulas de Elifas Andreato
O projeto da fábula musical foi retomado no ano passado, dando origem, primeiramente, ao álbum para o público infantil Sem você não A, que Tom Zé lançou na semana do Dia das Crianças, em outubro de 2017. O livro e o CD, portanto, estão prontos, mas o projeto poderá ganhar, ainda um novo formato, agora como musical.
A Maior Palavra do Mundo, uma Fábula Alfabética envolve um mistério, que se inicia quando o ressentido Silêncio, habitante mais antigo daquelas terras, resolve sequestrar a Curiosidade, a regente de todas as letras. Para libertá-la, Silêncio propõe um enigma: descobrir qual a maior palavra do mundo: “Ela começa com E, tem pelo meio Amor, Alegria, Vontade, Amizade, Felicidade, Solidariedade, Respeito e acaba com as últimas das vogais”.
Antes de gravar o álbum Sem Você não A, Tom Zé ainda estava às voltas com a repercussão do disco de 2016, com temática sexual, Canções Eróticas de Ninar(2016). Guinou de um universo ao outro mostrando o quanto é eclético e sua obra abrangente em apenas 30 dias, após receber um convite do Sesc para apresentar algo novo como parte da programação da entidade para o Dia das Crianças de 2017, da qual ele seria atração. O baiano tropicalista tinha em seus armários a fita cassete que Elifas enviar e sacou que chegara a hora de , enfim, musicá-la. Recorreu a alguns amigos e na empreitada que arremataram em 30 dias buscou colocar elementos que são marcantes para a petizada, deixando com cara de gente miúda o disco que tem participações de Leandro Paccagnella (bateria), Daniel Maia (violões), Paulo Lepetit (baixo, guitarras), Jarbas Mariz (percussões), Adriano Magoo (sanfona, teclados), Luanda, Andreia Dias, Daniel Maia e Jarbas Mariz (coro).
“As repetições, por exemplo. Crianças gostam muito de repetições, por isso eu fiz algumas poucas alterações nas letras do Elifas para colocar um pouco mais desse recurso“, disse Tom, complementando: as letras seguiram a ideia central da fábula criada por Elifas Andreato, explicada minuciosamente no encarte. “Esta fábula não começa com ‘era uma vez…’ porque acontece no abecedário, terra onde vivem os habitantes do alfabeto”, explicou Elifas. A história em que “não há reis nem rainhas, nem princesas, sapos ou fadas” tem as letras como protagonistas. As maiúsculas precisam das minúsculas e as vogais, das consoantes. “Elas bem entendem que letra nenhuma escreve nada de fundamental sozinha.”
A música de Tom Zé para o episódio do enigma proposto pelo Silêncio (lembram dele?) mata a charada: “A maior palavra do mundo é eu / Eu, eu, eu, eu, digo eu / Simplesmente Eu / Eu, eu, eu, eu digo eu / Simplesmente eu.” A música continua: “O Eu é tão gorduchão / É tão gigante grandão / Que o mundo é um pigmeu / Diante de um simples Eu / E como, não se sabe como”.
Tom Zé recordou que em shows de lançamento do disco no ano passado, no Sesc Pinheiros, e a reação das crianças a músicas como esta foi das mais gratas, conforme disse em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. “Resolvemos usar elementos que usamos em shows, mas trocando símbolos para o universo infantil”, contou Tom. O capacete dos integrantes da banda, um artifício incorporado em outros shows de Tom Zé, era golpeado por um martelo. “Mas, se eu colocasse isso no show de agora e elas fizessem isso em casa, iriam parar no hospital. Trocamos então o martelo por frutas”.
Mas e o Silêncio, esse esperto que cria o conflito na história ao sequestrar a Curiosidade? Tom Zé fala sobre ele na música A Praga do Silêncio, valendo-se à vontade das repetições. “Eu vou te rogar uma praga / Praga, praga / Abracadabra te pega / pega, pega / Assim como flor arrancada do chão / Murcha, murcha, ah ah ah / Estrela tirada do céu / Apaga, apaga, apaga, apaga, apaga.” “Isso (no show) foi uma grande felicidade. As crianças subiram no palco, contra a orientação do próprio Sesc. Olha, quando eu fui fazer esse disco, pedi ao espírito que ele fizesse uma música interessante, e ele respondeu. As crianças, como escreveu alguém, são o mundo a começar de novo.”
Curiosidade fica presa para sempre, mas as letras começam a se solidarizar. Elas se juntam e começam a pensar no enigma, até que o A se desespera e foge para tentar resolver o caso sozinho. E quem se desespera agora são as outras letras, que sentem a falta que um A faz no alfabeto. O mágico G dá uma solução para o problema, quando faz descer do céu algumas de suas amigas estrelas. Elas ocupam as lacunas deixadas pelo A e fazem a leitura ainda possível. Alivia, mas não cura. “Sem você não haverá luas / Nem teremos o azul do mar pra navegar / Ai ai, hum hum / Sem você não A / Sem você não haverá canção”, canta Tom Zé na faixa-título Sem Você Não A.
As letras e as palavras passam por uma revolução desde a chegada das novas tecnologias. Ao mesmo tempo em que as pessoas começaram a escrever mais, o tempo todo, nunca a língua portuguesa foi tão maltratada em abreviações de postagens em Twitter, Facebook e WhatsApp. Tom Zé acredita que o buraco é mais fundo. “Há mais de 20 anos que a universidade forma pessoas que não sabem ler, nem escrever. Antes da internet, a língua portuguesa já estava depreciada pelas autoridades públicas.”
O traço das ilustrações de Elifas Andreato não é conhecido apenas das capas de discos, como a antológica de Bebadosamba, de Paulinho da Viola: ele também é autor de cartazes que marcaram época como o da imagem central
¹Elifas Andreato nasceu em 1946. É jornalista, artista gráfico, capista e cenógrafo com carreira permeada de trabalhos artísticos e jornalísticos; às vezes, simultâneos. Como mostra do reconhecimento pela qualidade de sua obra, recebeu diversos prêmios, entre eles: em 1997, o Prêmio Sharp de Música pela capa do CD Bebadosamba, de Paulinho da Viola; em 1999, o Prêmio Aberje (Nacional e Regional) pela exposição itinerante O Brasil Encantado de Monteiro Lobato; em 2011, o Prêmio Especial Vladimir Herzog, concedido pelo Instituto Vladimir Herzog e outras entidades a pessoas que se destacam na defesa de valores éticos e democráticos e na luta pelos direitos humanos. Entre seus trabalhos mais conhecidos, vale mencionar o musical infantil Canção dos Direitos da Criança, em parceria com Toquinho, que ganhou os palcos em 2017.
Clique no linque abaixo para ler o livro de Elifas Andreato:
Cantora que marcou a era de ouro do rádio brasileiro, meio no qual foi Princesa, depois eleita Rainha, e deixou obra com mais de 170 álbuns vai ser tema de minissérie da Globo, possivelmente interpretada por Cláudia Abreu
Angela Maria, ou Sapoti, como a chamou certa vez Getúlio Vargas, ou a Rainha do Rádio, como durante décadas seus fãs a trataram, era Abelim Maria da Cunha, nascida em Macaé, no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1929. Estava com 89 anos quando expirou vítima de uma infecção generalizada, em um hospital da cidade de São Paulo, após internação de 34 dias. “É com meu coração partido que eu comunico a vocês que a nossa Angela Maria, partiu, foi morar com Jesus”, disse emocionado o empresário Daniel D’Angelo, marido da cantora. “O céu hoje está maravilhoso!”
“Sendo a soma de tudo me aceito humana e divina e numa espécie de mágica a música nunca termina” Luhli
Ainda mal digerindo a perda neste mundo terreno do “capitão” Antonio Roberto Espinosa, que ocorreu na terça-feira, 25/9, em Osasco— emblemática cidade da Grande São Paulo onde eu o conheci, pelas mãos dele ingressei no Jornalismo e me tornei o profissional que conforme dizem hoje eu seria –, recebi na noite de quarta-feira, 26, e novamente pela voz de minha companheira Andreia Regina Beillo, a notícia de que cantoras e amigas queridas como Consuelo de Paula e Socorro Lira estavam lamentando a morte de Luhli. Um pouco perturbado pela morte do Espina, puxei pela memória, mas não consegui, no ato da conversa com Andreia, recordar quem fora Luhli; momentos depois, entretanto, outro golpe: constatei que perdíamos nada mais, nada menos, que uma das mais inovadoras, revolucionárias e férteis cantoras e compositoras de todos os tempos da música brasileira, que em minha juventude amei tanto quanto os Beatles, os Rolling Stones, o Pink Floyd, o Iron Maiden, a moçada da Vanguarda Paulista, o 14 Bis, o Chico, o Fagner, o Milton, o Belchior, o Ednardo, a Elis, a Rita Lee, a Lucia Turnbull, a Dulce Quental, o Tarancón, as duplas Tião Carreiro e Pardinho e Tonico e Tinoco; artista que cantando em dupla com Lucina, àquela época ainda Luli, embalou meus anos de utopia durante os quais sonhávamos com o país que o Espinosa defendeu quase que com a vida (aos 20 e poucos anos!) e nos impelia a construir (“ousar sonhar, ousar lutar!”).