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Álbum Concerto Sentido está disponível nas plataformas digitais e em cedê traz a obra do poeta do interior de São Paulo
Deo Lopes e Victor Mendes apresentam o disco Concerto Sentido, álbum que tem distribuição nas plataformas digitais e em formato físico pela produtora e gravadora Kuarup. Com composições inéditas de Deo Lopes, importante compositor do Vale do Paraíba, do Interior de São Paulo e uma das principais referências da MPB e da música regional do país, o disco é fruto do encontro entre duas gerações.
O trabalho nasceu após a participação de Deo na turnê de Nossa Ciranda, álbum solo de Victor Mendes, que saiu em 2017. Desde então os músicos se aproximaram e passaram a fazer releituras de músicas gravadas nos anos 1980 e 1990 em cinco elepês de Deo Lopes. Aos poucos, novas canções surgiram e tomando corpo com a convivência, os dois artistas deram origem ao projeto. Com a sutileza e a força da presença de Deo Lopes, Concerto Sentido aproxima dois artistas e gerações por meio da música.
O cantor e compositor cearense radicado em São Paulo chega ao quarto álbum e comemora o amadurecimento artístico aos 20 anos de carreira *
* Com Eliane Verbena
Após lançar, em 2015, um disco em homenagem ao “cantor das multidões”, Orlando Silva, o cantor Zé Guilherme deixou de lado o viés confortável de ser “apenas” intérprete para lançar Alumia, seu quarto álbum, com repertório em sua maioria de músicas autorais. Cearense radicado em São Paulo, Zé Guilherme conta:“Nunca tive pretensões de ser um compositor, pois meu ofício maior é o de cantor. A poesia é um exercício que me acompanha desde a adolescência, mas só agora, depois de 20 anos de dedicação à música, eu me sinto mais à vontade para mostrar também o meu lado autoral.”
A mineira Karine Telles cantará nesta sexta-feira, 24, musicas de Flor do Samba, a partir das 21 horas, na unidade Pompeia do Sesc de São Paulo. Durante a apresentação, a uberlandense radicada em São Paulo pretende universalizar temas do estado natal, Minas Gerais, mesclando às canções do primeiro álbum sucessos consagradas da MPB. Flor do Samba, segundo Karine Telles, consumou em 2011 o projeto de ser ponte para novos mercados da produção de compositores da região do Triângulo Mineiro, por meio de uma leitura de músicos paulistas que não conheciam aqueles compositores. Participam do disco Virgílio Azevedo, Sueli Telles, Paulo Cesar Nunes, Renato Braz, Wagner Dias, João do Vale, Consuelo de Paula, Monalisa Lins, Mauro Mendes e Carlin de Almeida. Morro Velho e Canção Amiga, de Milton Nascimento, e Por que Razão, composta por Eduardo Gudin e Toquinho, além da composição autoral, Criança da Rua, também integrarão o repertório preparado para o Sesc Pompeia.
Flor do Samba contará com as participações no palco dos músicos Luizinho 7 Cordas (violão 7 Cordas e direção musical), Renato Braz (violão 6 cordas), João Poleto (flauta e sax), Ricardo Valverde (percussão) e Bré (percussão). O disco saiu com recursos da Lei de Incentivo à Cultura por meio da empresa Sankhya, com participações especiais de Luizinho 7 Cordas, Oswaldinho do Acordeon e Coral de Crianças da Casa do Caminho do bairro Joana Darc, entre outros ilustres convidados. Em show de lançamento em sua cidade natal no dia 1 de dezembro de 2011, véspera do Dia do Samba, Karine Telles contou com direção do diretor teatral Elias Andreato, timoneiro de muitos mares navegados e que já conduziu palcos estrelados por Maria Bethânia, Paulo Autran e Marília Pera.
Em Sampa, entre outros eventos e atividades, Karine Telles já se apresentou ao lado de Adriana Moreira, Ilana Volcov, e Karina Ninni em show de tributo ao compositor Nelson Cavaquinho, cujo nascimento completava 100 anos, no Centro Cultural São Paulo. Em Notícias dum Brasil 4, de Eduardo Gudin, interpreta Tempo de Espera mostrando, enfim, ao público o samba que Gudin e Paulo César Pinheiro tinham na gaveta desde a década de 1980 e era inédito em disco. Karine Telles forma Notícias dum Brasil com Cezinha Oliveira, Ilana Volcov, Karine Telles, Mauríciso Sant’Anna, Ewerton de Almeida, Jorginho Cebion, Osvaldo Reis e Raphael Moreira, além de cantar com Renato Braz, outro egresso das fileiras de Gudin, Água de Minha Sede (Dudu Nobre/ Roque Ferreira), entre outras.
Orlando Silva, nascido no Engenho de Dentro, bairro do Rio de Janeiro a 3 de outubro de 1915, na rua que hoje recebe o nome de Augusta (era General Clarindo outrora), é um daqueles artistas de quem recorrendo às palavras de Rolando Boldrin “viajou antes do combinado”, com apenas 62 anos, vítima de um ataque do coração. O curto período de vida, entretanto, não impediu que Orlando Silva ficasse eternizado como “O cantor das multidões”, título ao qual faz jus por em seu ofício de intérprete primoroso transformar em marcantes sucessos com aquela que até hoje vem sendo considerada a mais bela voz do Brasil obras de Assis Valente, Noel Rosa, Pixinguinha, Wilson Batista, Ataulfo Alves, Nássara, entre tantos outros compositores.
Artista cearense radicado em São Paulo, Zé Guilherme coordenou um árduo e minucioso trabalho de pesquisas do repertório que Orlando Silva apresentava e desta tarefa selecionou 18 canções para gravação do memorável álbum Abre a Janela – Zé Guilherme Canta Orlando Silva no qual homenageia o centenário de nascimento do carioca. Nesta delicada releitura estão, por exemplo, a canção que batiza o disco, a qual se tornou sucesso do Carnaval em 1938 e que lança o convite de Zé Guilherme para o público com ele apreciar o legado de Orlando Silva.
“Abri a janela do meu coração para me apossar, com respeito e reverência, dos sucessos de Orlando Silva e reapresentá-los ao público pela minha voz, pela minha forma de cantar”, afirmou Zé Guilherme, tornando realidade um projeto sobre o qual e para o qual se debruçou por dez anos. “Estava ansioso por resgatar e reler a obra desse artista que foi, desde a minha infância, o combustível para a chama do desejo de ser cantor”, observou. “Minha principal diversão era ouvir no rádio a voz majestosa e brejeira do cantor, considerado a maior voz masculina do Brasil”, finalizou comunicando aos fãs e amigos que agora vive “momento ímpar na minha carreira”.
Abre a Janela– Zé Guilherme Canta Orlando Silva será lançado em show programado para 11 de dezembro, a partir das 21 horas, na unidade do Sesc Belenzinho, em São Paulo. Além da faixa título, a plateia ouvira Zé Guilherme recordar joias que Orlando Silva interpretava tais quais Cidade Brinquedo, Malmequer, A Jardineira, A Primeira Vez, Pela Primeira Vez, Curare, Dama do Cabaré, Lábios Que Beijei, Preconceito, Aos Pés da Cruz, O Homem Sem Mulher Não Vale Nada, Meu Consolo É Você, Lealdade, Meu Romance, Cidade do Arranha-céu, Faixa de Cetim e Alegria.
Foto: Alessandra Fratus
Zé Guilherme também tecerá entre as canções comentários a respeito da vida e da obra de Orlando Silva, bem como sobre o contexto social da época e as razões que nortearam sua escolha do repertório. Com ele estarão Adriano Busko (percussão), Bré Rosário (percussão), Cezinha Oliveira (direção musical, violão, baixo e vocal), Luque Barros (violão de 7 cordas, baixo e vocal), Maik Oliveira (cavaquinho e bandolim) e Pratinha Saraiva (flautas e bandolim). O espetáculo musical terádireção de cena assinada por Mario Tommaso, figurino de Elísio Kamers e iluminação de Silvestre Júnior.
A trajetória de Orlando Silva é marcada por apurado critério, pois ele mesmo deixou registrado que apenas escolhia para o repertório canções que tocavam a alma dele. Zé Guilherme apontou entre outros critérios que a brasilidade da obra norteou a escolha das 18 faixas e que ele optou por contemplar “um perfil mais leve e alegre do cantor” como na maioria dos sambas que trazem sempre um toque de humor nas letras. Já o diretor Cezinha Oliveira inseriu elementos clássicos nos arranjos como piano, baixo acústico, acordeon, trombone e violão de sete cordas, entre outros, conferindo desta forma requinte sonoro ao disco, sem cair no mero saudosismo.
Zé Guilherme e Cezinha buscaram conceber um álbum com base no tripé interpretação, arranjos e composições, mostrar que a chamada “música antiga” do Brasil pode se manter clássica em sua origem, popular em sua apresentação e sofisticada em sua concepção. “Para todos os sambas, busquei inspiração nos conjuntos regionais da época e nas orquestras que acompanhavam os artistas nas rádios”, explicou Cezinha. “O instrumental era, geralmente, formado por acordeon, violão, percussão e instrumento solo de sopro”, ponderou o produtor. “Apenas as marchinhas A Jardineira e Malmequer seguem outro caminho: a primeira tem introdução influenciada pela música barroca e a segunda ganhou um andamento mais jazzístico”
Zé Guilherme é de Juazeiro do Norte, e lá cresceu ouvindo além de Orlando Silva expoentes como Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, entre outros. Cantadores, repentistas e violeiros e ritmos tais quais maracatu, frevo e boi-bumbá também influenciaram seu sonho de ser cantor. Em São Paulo desde 1982, cantou no circuito de casas noturnas da cidade e participou de inúmeros shows ao lado de amigos e parceiros musicais como Maurício Pereira, Cris Aflalo, Madan, Cezinha Oliveira, Marcelo Quintanilha, Péri, entre outros. Em 2004, estreou Canto Geral, com canções do primeiro disco e músicas inéditas de Marcelo Quintanilha, Carlos Careqa, Péri, Alexandre Leão. Em 2006, saiu Tempo ao Tempo, com produção e arranjos de Serginho R., direção artística do próprio Zé Guilherme, que assina também a coprodução em parceria com Marcelo Quintanilha. Já em 2007, gravou participação no disco ao vivo Com os Dentes – Poesias Musicadas, de Reynaldo Bessa.
Orlando Silva foi filho de José Celestino da Silva, violonista parceiro de Pixinguinha no grupo Os Oito Batutas. José Celestino morreu vítima da gripe espanhola quando o garoto tinha três anos, mas a inclinação à música não se perdeu com a perda do pai. Na adolescência, Orlando Silva já curtia Carlos Galhardo e Francisco Alves, o “Rei da Voz”, este um dos responsáveis por seu sucesso depois de ser a ele apresentado pelo compositor Bororó.
Francisco Alves imediatamente decidiu lançar o novo amigo em programa que mantinha na rádio Cajuti e em menos de dez anos o afilhado já se tornara o intérprete cuja voz ainda encanta pela naturalidade mesmo nos agudos mais vigorosos, os quais não pareciam requerer dele qualquer esforço. Orlando Silva ainda tocou artistas como João Gilberto, seu admirador confesso, e a quem confere sua paternidade vocal e estética. Entre 1935 e 1942, vivendo o auge, Orlando Silva atraía os fãs de tal forma que o radialista Oduvaldo Cozzi resolveu passar a apresentá-lo como “o cantor das multidões”. Com tamanho carisma, Orlando Silva chegou no final da década dos anos 1930 a ser literalmente “atacado” por fãs alucinadas durante passagem por São Paulo.
Imagens do álbum de Karine Telles e, no destaque, foto de Daniel Kersys/SP
O Barulho d’água Música recebeu da própria cantora uma joia, lapidada com sambas da melhor qualidade e interpretação, todos de autores do Triângulo Mineiro, região na qual estão Uberlândia e Uberaba, cidades mais afamadas pelas criações dos seus violeiros e expoentes da música de raiz e regional, entre os quais São Dércio Marques. Pois é, mas naquelas bandas a cuíca também ronca, uai! Graças a Deus, e mescladas com outros instrumentos que fazem balançar as cadeiras e colocam na roda de bambas Karine Telles, uberlandense que gravou, em 2011, Flor do Samba, seu primeiro disco autoral.