1613 – Louça Fina, um dos discos da consagrada Sueli Costa, embala homenagem no Solar do Barulho

#MPB #CulturaPopular #JuizdeFora #MinasGerais #RioDeJaneiro #CidadeMaravilhosa #EstânciaTurísticadeSãoRoque

Morte de cantora e compositora carioca deixa saudades e colegas do meio musical, ao expressarem pesar, reafirmam sua admiração ao destacarem a importância para o país da obra da autora de sucessos como Jura Secreta, Canção Brasileira e Primeiro Jornal

As tradicionais audições matinais aos sábados no Solar do Barulho, redação do Barulho d’água Música, na Estância Turística de São Roque, no Interior paulista, começaram no dia 11 com Louça Fina, álbum gravado em 1979 por Sueli Costa. Carioca nascida Sueli Correa Costa, em 1943, a autora partiu de causas não reveladas há uma semana, no dia 4 de março, também na cidade do Rio de Janeiro, prestes a completar 80 anos. Sua morte ao ser repercutida em vários meios de comunicação voltou a causar comoção entre amigos, fãs e no meio artístico devido à popularidade que ela alcançou ao vivenciar momentos de estrela de sensível inspiração melódica no cenário musical brasileiro que marcaram a composição e a interpretação de sucessos que incluem Primeiro Jornal, gravada por Elis Regina e Jura Secreta, que Fagner e Simone interpretaram, por exemplo. O cantor cearense também popularizou Canção Brasileira e a baiana Cordilheiras.

A mãe de Sueli Costa tocava piano e ministrava aulas de canto coral e a jovem, estimulada por este ambiente, ainda na adolescência tornou-se autodidata e aprendeu a tocar violão ao lado dos irmãos (Élcio, Lisieux, Telma e Afrânio), que também seguiam os passos da matriarca. Aos 18 anos, Sueli debutou ao compor a bossa nova Balãozinho. Por esta época, conciliava a incipiente carreira musical com a faculdade de Direito, que cursava em Juiz de Fora, localizada na Zona da Mata mineira e próxima à Cidade Maravilhosa. Na terra natal do violeiro Tavinho Moura, dos poetas Murilo Mendes e Pedro Nava, e do jornalista e escritor Fernando Gabeira Sueli Costa compôs e cantou todas as canções da montagem teatral Cancioneiro de Lampião, encenada pelo Grupo Divulgação em 1967. Ela também contribuiu para a trilha da peça Bodas de Sangue, no mesmo ano. Sua produção como compositora atraiu a admiração de intérpretes como a capixaba de Vitória Nara Leão e a levou a participar de variados em festivais, além de lecionar música em colégios cariocas.

Arte da capa de Louça Fina, que em detalhe revela uma lágrima derramada por Sueli Costa na hora da produção da foto de autoria, infelizmente, não descoberta

Seu período de maior projeção ocorreu na década dos anos de 1970. Nesta década a lista de admiradores que despertaram para o talento da compositora aumentou e passou a incluir Ney Matogrosso, Simone, Cauby Peixoto, Pedro Mariano, Joanna, Fagner, Fafá de Belém, Alaíde Costa, Ângela Rô Rô, Elis Regina, Ivan Lins, Zélia Duncan, Zizi Possi, Agnaldo Rayol, Gal Costa e Wanderléa, Ithamara Koorax, entre outros, consagrando-a como nome de elite da MPB. Não demorou muito, a EMI a contratou e, em 1975, Sueli Costa gravou o primeiro bolachão, com produção de Gonzaguinha e arranjos de Paulo Moura e Wagner Tiso. Dois anos depois, o segundo disco, batizado Sueli Costa como o anterior, foi produzido por João Bosco e Aldir Blanc. O time de parceiros de estrada não é menos brilhante e vão de Cacaso a Tite de Lemos a Aldir Blanc, Ana Terra, Paulo César Pinheiro e Abel Silva, com quem formou uma dupla de sucesso e é coautor de Jura Secreta.

A discografia de Sueli Costa ainda inclui Vida Louça fina; Íntimo (1984); Vida de Artista (1994); e Minha arte (2000), além de Sueli Costa -Série Dois em Um, relançamento em formato laser dos vinis Sueli Costa e Vida de artista. Entre os projetos que participou e a lev aos palcos estão em seu currículo Projeto Pixinguinha, Com Paulinho da Viola, Moraes Moreira, Fagner e Terezinha de Jesus (1975); Projeto Pixinguinha, com Simone (1978); Canção Brasileira, com Abel Silva, no Teatro Estação Beira-Mar/ RJ (1997); Sueli Costa no Bar do Tom/RJ (1999) e Minha Arte, Mistura Fina/RJ (2000).

Sueli, Sueli Costa, quantas sublimes melodias você criou e deixou nesse mundo que será sempre mais bonito cada vez que uma canção sua soar nos ares do país e do universo. Talvez entre as melodias mais bonitas do Brasil, as suas sejam as mais ricas e divinas. Quem compôs belezas assim só pode estar num lugar maravilhoso agora, inundado de arte e plenitude. Obrigada.

Consuelo de Paula

Quando tenho arrepios de alma por conta de emocionantes letras ou melodias, agradeço a Deus, à vida, à musa música por me permitir tais presentes nesta passagem chamada vida. E como isso me é comum na ‘Canção Brasileira’ em geral.

Sueli Costa, nos presenteou, em parceria com Abel Silva, com uma dessas maravilhas de arrepios em lindeza: Canção Brasileira! Agora, ela se torna uma estrela no céu, a brilhar com os anjos. Muito obrigado, Sueli Costa por teres iluminado nossas vidas, nossos ouvidos, nossas almas.

Tavinho Limma, que gravou Canção Brasileira ao lado de Paulinho Pedra Azul, com arranjos e piano de Salomão Soar em O Mundo de Raimundo, da Kuarup;

“O meu coração ateu quase acreditou

Na sua mão que não passou de um leve adeus

Breve pássaro pousado em minha mão

Bateu asas e voou … “

Ah, Sueli Costa. Sem dúvida uma das maiores! Compositora gigante! Referência total!

Lembro-me de quando gravei meu primeiro CD: tal como uma contracapa de livro, foi ela a assinar o encarte do meu disco. Palavras para lá de carinhosas, que foram de grande importância pra mim.

Obrigada, Sueli, vai em paz

Cristina Saraiva

Sueli Costa: uma das maiores compositoras da música brasileira. Muitas canções em tantas diversas interpretações. Essa nossa gente precisa conhecer mais e entender de Brasil, de sua arte, cultura e poesia.

A bênção @suelicosta1213!

Aplausos em pé para sua eternidade e tudo que nos deu em vida.

Lenir Boldrin

Minha querida Sueli Costa, me perdoe por não poder estar com você nos últimos anos. Um pouco antes da pandemia marcamos um encontro, que infelizmente não aconteceu. Trocamos algumas palavras por mensagem sempre na esperança de nos encontrar. Agora, essa triste notícia.

Durante muitos anos Sueli acalentava um sonho, gravar as composições feitas dos poemas de o Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles, sonho que infelizmente não se concretizou devido às questões entre os herdeiros da poeta.

Gravei os demos no meu estúdio com ela cantando ao piano, um registro emocionado e inesquecível. Tive a sorte e o privilégio de produzir o CD Sueli Costa – Minha Arte, de 1999, com o apoio do querido Mario Rosito. Fomos parceiros de noitadas em torno de uma mesa, regadas a música e poesia, seguimos afastados por um tempo, porém nunca esquecemos um do outro. Não vou dizer que Sueli Costa estará cantando lá no céu porque o lugar dela é aqui. Como grande criadora da música popular brasileira jamais será esquecida.

Suelen, era assim que eu e [Maria] Bethânia a tratávamos, fica a saudade eterna, amada amiga.

Jaime Além

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1605 – Apoie a campanha de assinaturas do Barulho d’água Música lançada pela Catarse

#MPB #CulturaPopular #VaquinhaVirtual #Crowdfunding #JornalismoIndependente

O Barulho d’água Música conta com seu apoio para seguir divulgando a produção e os projetos do segmento independente da música brasileira que revelam o Brasil profundo, mas são historicamente ignorados pela mídia!

O Barulho de Água Música (BaM) completará em junho deste ano nove anos de atividade ininterrupta, autônoma e imparcial, com um trabalho que já soma mais de 1.600 matérias (atualizações) produzidas com o rigor e o zelo profissionais que pautam o bom jornalismo na construção de um veículo de comunicação ético e que seja referência para seu público, seguidores e leitores. Desde a apuração das informações até a redação do texto que é publicado, nunca deixando de observar regras e critérios previstos nos melhores escolas e manuais da categoria — como, por exemplo, atribuição de créditos a fotógrafos e colaboradores –, este trabalho tem sido exercido sem concessões, com dedicação em período quase integral e sem remuneração, contando apenas com apoios eventuais de parceiros e de amigos.

Parafraseando o saudoso mestre Rolando Boldrin e guardadas as devidas proporções, o que nos deixa feliz é ajudar “a tirar o Brasil da gaveta”. Nosso trabalho abre espaço para apresentação de obras valiosas, diversas e plurais por conterem elementos que preservam nossas raízes e tradições populares, mas são pouco divulgadas. Esta nossa apaixonante causa, no entanto, sempre demandou recursos que ora se tornam ainda mais difíceis de se obter, colocando em risco a manutenção desta tarefa.

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Porque o Jornalismo que exercemos, a Comunicação como pensamos, com qualidade inquestionável, plural, diversa e abrangente, para ser de fato independente (nossa mais cara bandeira e exigência) provoca consequências que incluem, paradoxalmente, dependência em juntar recursos que permitam suprir gastos na sua maioria permanentes e crescentes. Captar e transmitir dados à medida que se quer e se busca crescer, custa alto! Recolher, conferir, checar, pesquisar, locomover-se, entrevistar e cobrir eventos para registrar e redigir dados geram despesas e investimentos! E nesta conta se incluem remunerar o profissional, ter e manter os serviços de tecnologia de informação e divulgação, como um domínio registrado, para que o texto e a imagem cheguem até você!

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Temos consciência de que o mar não está para peixe e que na imensa comunidade musical com a qual interagimos todo mundo rala, e muito, para não perder a corrida contra os boletos, as contas de consumo, as despesas domésticas e pessoais – para enfim, manter a dignidade sem apertos ou, no mínimo, receber para o gasto do dia a dia -, prova que nem sempre se consegue vencer sem malabarismos, endividamentos ou renúncias e sem ser ultrapassado por um estouro qualquer não previsto no orçamento, por exemplo. Entretanto, a economia colaborativa e solidária e dentro dela a categoria do financiamento coletivo (vaquinha virtual/crowdfunding), sem se falar nos editais públicos de fomento às manifestações artístico culturais, têm se tornado em âmbito global não apenas um modelo de negócios cada vez mais aceito e em voga, mas, e sobretudo, uma saída honrosa e legal para, justamente, fazer frente às dificuldades que se agravaram neste momento de recessão e pós pandemia de Covid-19 e que impedem vários projetos de inegável valor e importância decolarem e se sustentarem!

Participe deste projeto, colabore com o mínimo ou com o que lhe for possível! Ajude este trabalho dedicado de tirar o Brasil da gaveta, ampliar o público que ama, respeita e preserva as tradições da nossa cultura popular e revelar trabalhos de excelência dos mais diversos gêneros e ritmos ignorados pela mídia comercial!

O trabalho do Sr. Brasil Rolando Boldrin para tirar o Brasil da gaveta e revelar suas joias culturais é um dos inspiradores do Barulho d’água Música (Foto: Marcelino Lima/Acervo BaM)

“JOGA ÁGUA NELE…!”

Marcelino Jesus de Lima, produtor do Barulho d’água Música, é natural de Bela Vista do Paraíso (PR) e reside na Estância Turística de São Roque, no Interior paulista. Formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), começou o curso em 1986. Exerce a profissão desde 1984 e depois de passar por redações como as dos jornais Primeira Hora, Diário de Osasco, Terça-Feira e Página Zero, para o qual ainda é redator freela da editoria de Esportes, criou o Barulho d’água Música em junho de 2014. Nos citados veículos de imprensa, foi revisor, repórter, editor, e fotógrafo.

Antes de se tornar blogueiro atuou, ainda, como assessor de imprensa em órgãos públicos e entidades como sindicatos e a 56ª Subsecção Osasco da Ordem dos Advogados do Brasil. Em 2014 ouviu o coração: afastou-se da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Jandira, na Grande São Paulo, e lançou o Barulho d’água Música movido pela paixão por música popular brasileira, em especial a caipira e as modas de viola/regionais que o arrebataram ainda na infância, quando ouvia ao amanhecer em rádios de pilha e aos pés da cama do pai, Geraldo Lima, programas como o comandado por Zé Béttio e, mais tarde, já na adolescência, Viola Minha Viola (com Inezita Barroso e Moraes Sarmento) e Empório Brasil e Sr. Brasil, com Rolando Boldrin. Foram os icônicos locutor e apresentadores de emissoras de rádio e de televisão o inseriram no apaixonante universo campesino e das tradições devocionais e populares brasileiras cantadas por Cascatinha & Inhana, Lio e Léu, Duo Glacial, Zilo e Zalo, Irmãs Galvão, Pedro Bento e Zé da Estrada, Milionário & José Rico, Belmonte e Amaraí, Angelino de Oliveira, Raul Torres, Léo Canhoto & Robertinho, Pena Branca e Xavantinho, José Fortuna, Dércio Marques, Diana Pequeno, João Bá, Ivan Vilela, Levi Ramiro, Paulo Freire e Katya Teixeira, entre outros.

Casado com a advogada Andreia Regina Beillo, é pai de Jorge Henrique Barna de Lima.

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1586- Regina Machado convida Mário Manga, grava Enquanto o Tempo Para e faz três apresentações em São Paulo

#MPB #CulturaPopular

Disco  gravado “ao vivo” no estúdio, com a autora munida do seu violão e cantando simultaneamente enquanto tocava, traz parcerias com as mineiras Consuelo de Paula e Déa Trancoso. Shows serão em três domingos de novembro, todos no Teatro Maria Dudé, situado no Itaim Bibi

A cantora, compositora e violonista Regina Machado gravou e já lançou nas plataformas digitais Enquanto o Tempo Para (Canto Discos e plataformas digitais), álbum com distribuição pela Tratore para o qual convidou o multi-instrumentista Mário Manga. De modo diferente do seu trabalho anterior, Regina Machado entrou no estúdio e, com o violão e a voz, gravou, na hora, algumas de suas parcerias com as mineiras Consuelo de Paula e Déa Trancoso. Um detalhe é que o violão, sempre presente em sua trajetória, dessa vez protagonizou o processo. A partir do resultado, Manga entrou com violoncelo, guitarra e violão de aço e deu singularidade ao álbum, de cinco faixas.

A cooperação entre Regina e Manga é antiga e se apoia em ideias que se complementam. Ele propõe soluções originais para arranjos das composições dela – que, observa ele, já vêm bem prontas. Por sua vez, Regina enfatizou que entre ambos “há aquela química que funciona” e gera “musicalidade e diversão”. E ainda destacou que “trabalhar com Manga é um acontecimento sempre alimentado pela alegria, e isso é necessário, principalmente no momento que estamos vivendo no Brasil. E preciso graça e coragem para transformar, com nossa força criativa, o estado de coisas.

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1584 – Contrabaixista premiado na cena do choro, Marcos Paiva (SP) inova com Slamousike, que une hip-hop a samba e jazz

#MPB #Hiphop #Bebop #Rap #Slam #Samba #Jazz #PPM #Choro #Maracatu #Jongo #Maracatu #CulturaPopular

O contrabaixista, compositor, maestro, autor, educador, produtor musical e arranjador Marcos Paiva, nome de ponta da cena da música instrumental brasileira, lançou recentemente Slamousike, álbum de oito faixas inéditas no qual ele trabalhava desde 2017 e que une ritmos do hip hop como o rap ao samba e ao jazz, com pitadas de saborosas improvisações e letras de cunho social e político. Slamousike chegou às plataformas digitais em agosto, está disponível no sítio Cenaindie para ser baixado na íntegra em formato MP3 e conta com as participações do MP6, o sexteto do maestro, além dos rappers Max B.O., Kivitz, Killa Bi e com a slammer e performer Juliana Jesus.

Slamousike abriu neste dia 22 de outubro as audições matinais que promovemos no Solar do Barulho aos sábados, aqui na Estância Turística de São Roque, no Interior paulista, onde fica a redação do Barulho d’água Música. O álbum é o sétimo disco de Paiva, paulista de Tupã, e valoriza ainda mais o troféu que o contrabaixista arrebatou em 2017: naquele ano, Paiva conquistou o Prêmio Profissionais da Música (PPM) de melhor álbum com Concerto para Pixinguinha, que gravou ao lado da cantora Vânia Bastos, mais César Roversi (sopros), Nelton Esse (vibrafone) e Jônatas Sansão (bateria). Concerto para Pixinguinha deriva de projeto concebido em 2013 e que, antes do disco, estreara na cidade de São Paulo como show em 2016, com produção impecável de Fran Carlo e Petterson Mello, depois virou atração em turnês das mais concorridas em vários teatros pelo Brasil por cinco anos.

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1581 – Cantos sagrados entoados por Mestre Sapopemba (AL) evocam forças ancestrais dos povos pretos e suas contribuições que enriquecem a cultura e a fé brasileiras

#MPB #Coco #SambadeRoda #PovosPretos #Candomblé #NaçãoKetu #NaçãoAngola #NaçãoIjexá #NaçãoJêje #CantosAfros #Yorubá #SeloSesc #Sapopemba #Penedo(AL) #Cuba #SeloSesc #CulturaPopular

A energia dos terreiros de Candomblé e a vibração dos atabaques em Gbó, disco do Selo SESC, convidam a um mergulho nas raízes espirituais que unem o Brasil à África das nações Angola, Ketu, Jêje e Ijexá, em 15 faixas que incluem clássico de Dorival Caymmi

Hoje, 8 de outubro, abrimos as tradicionais audições matinais dos sábados aqui na redação do Barulho d’água Música, no Solar do Barulho, na Estância Turística de São Roque (SP), com Gbó, palavra em yorubá que o autor escolheu para dar nome ao seu primeiro álbum solo. Ele é Sapopemba, cantor, compositor e percussionista e selecionou como repertório a musicalidade das tradições culturais afro-brasileiras. Lançado em 2020 pelo Selo Sesc, Gbó conta com a produção musical de André Magalhães, especialista na gravação audiovisual das culturas populares. Ari Colares, Leo Mendes, João Taubkin, Lula Alencar e Waldemar Pereira acompanham Sapopemba em 13 das 15 faixas do álbum que ainda tem a participação especial de Benjamin Taubkin, da cantora amapaense Patrícia Bastos e do cantor e violonista baiano Roberto Mendes

É impossível compreender a música popular brasileira sem passar pelo terreiro.” Ao abrir o encarte de Gbọ́ – termo em yorubá que significa ouça, logo de cara será possível dar com os olhos nessa frase, informa o texto de apresentação que consta na página virtual do Selo Sesc, que assim prossegue: “É nas batidas do candomblé que somos herdeiros de múltiplas áfricas, reelaboradas pelas pessoas escravizadas em solo nacional.” 

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1559 – Maria Marcella (RJ) lança álbum em homenagem aos João Bosco, Donato e Gilberto

#MPB #Literatura #ContosdeFadas #CulturaPopular

Maria Canta João é o segundo epê da jovem intérprete carioca pela gravadora Kuarup e já se encontra nas plataformas digitais

As tradicionais audições aos sábados pela manhã na redação do Barulho d’água Música, aqui no Solar do Barulho, na Estância Turística de São Roque (SP), começaram neste dia 23 de julho com Maria Canta João,  epê da intérprete carioca Maria Marcella que já está disponível desde maio nas plataformas digitais. O belo álbum de seis faixas, lançado pela gravadora Kuarup, revisita parte da obra de João Bosco, João Donato e João Gilberto. Marcella vem conquistando seu merecido espaço no cenário nacional desde a parceria com músicos renomados como Dori Caymmi em Dentro D’Água (2020) e Gilson Peranzzetta no epê anterior, Mudanças do Amor (2021). Marcella, agora, brinca com o conto clássico João e Maria para prestar a reverência aos três grandes Joões da música brasileira, conforme ela declarou.

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1537 -Reitor da Univali (SC) publica livro sobre Zé Geraldo, um dos mais queridos poetas e cantores populares do Brasil

#MPB #Literatura #Futebol #CulturaPopular #Univali #Itajaí #RodeiroMG #SãoRoqueSP

Mineiro de Rodeiro, o autor da clássica canção Cidadão, entre tantos outros sucessos, tornou-se amigo pessoal de Valdir Cechinel Filho, que lhe dedicou a obra de 250 páginas, com prefácio de Renato Teixeira

O reitor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), situada em Santa Catarina, Valdir Cechinel Filho, lançou em março Cidadão Zé Geraldo: 40 e Poucos Anos de História e Estradas, livro no qual narra a trajetória de um dos principais nomes da Música Popular Brasileira, o mineiro Zé Geraldo. A obra, repleta de fotos e ilustrações, tem prefácio assinado por Renato Teixeira e um dos seus exemplares Cechinel enviou, gentilmente, à redação do Barulho d’água Música, situada no Solar do Barulho, na Estância Turística de São Roque (SP). Dividida em 11 capítulos, revela história e causos sobre Zé Geraldo desde a infância na cidade natal de Rodeiro (MG), alguns narrados pelo próprio biografado e compartilhados na vivência com o autor.

A rica discografia também pode ser encontrada nas 250 páginas do livro, relacionada pelos álbuns próprios e dos quais Zé Geraldo participa (com as respectivas capas, incluindo-se as coletâneas) e nelas há depoimentos de amigos, fãs e músicos como João Carreiro, Zeca Baleiro, Kleiton Ramil, Chico Teixeira, Chico Lobo e Luiz Vicentini. O leitor ainda encontrará 20 músicas de Zé Geraldo cifradas pelo cantor e compositor capixaba Max Gasperazzo, mais a transcrição de entrevista para a comunicadora Katyanne Krull ao programa Violas, Versos & Prosas, da Rádio Educativa Univali FM e TV Univali.

Este era um projeto que eu já acalentava há alguns anos e que foi possível tirar da gaveta durante a pandemia [de Covid-19]”, contou Cechinel. “Escrevi essa obra com o aval do próprio Zé Geraldo, de quem virei fã imediatamente após escutar pela primeira vez a canção Cidadão, em 1979. Durante muito tempo sonhei em conhecê-lo e a vida permitiu que pudéssemos ser amigos pessoais e até compor músicas em parceria”, emendou. “O livro traz causos, histórias e destaca a generosidade de Zé Geraldo como artista e como ser humano único que ele é”, frisou Cechinel.

Carinhosamente conhecido por Biá, além das atividades acadêmicas, Valdir Cechinel é compositor e assina parcerias com o próprio Zé Geraldo e diversos outros autores como o cantor e compositor itajaiense Luiz Vicentini. Uma das facetas de Zé Geraldo que Cechinel destacou, a generosidade, é descrita como característica peculiar do Zé pois o mineiro sempre procura “dar ênfase aos novos talentos e difundir seus versos e prosas, emprestando seu nome e voz aos cantores e compositores de nosso imenso país”. O próprio reitor é um desses compositores parceiros em Enquanto a Cidade Dorme, que ganhou clipe gravado em Itajaí, com autoria e interpretação de Gasperazzo.

O livro está disponível para venda na Editora da Univali e pelo portal da Amazon.

De rica trajetória acadêmica e científica, Cechinel atualmente é Reitor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), professor do mestrado e doutorado em Ciências Farmacêuticas e pesquisador 1C do CNPq, além do pé que de longa data mantém na arte e na cultura, ligação acentuada a partir ­de 2002, quando ficou responsável pela área cultural na Univali, como Pró-Reitor de pesquisas, pós-graduação, extensão e cultura, atuando por 16 anos à frente de ações culturais na instituição. Essa função possibilitou contato direto e mais intenso com muitos artistas, incluindo seus ídolos Zé Geraldo e Renato Teixeira, entre outros. Organizou inúmeros shows no Teatro da Univali com artistas nacionais e foi responsável pela seleção do repertório dos álbuns e DVD do Coral da Univali, Simplesmente Simples 1 (2011) e Simplesmente Simples 2 (2014). Escreveu sua primeira composição musical em 2008, Vida Rural, com Luiz Vicentini, que gravou a canção.

 

O reitor Valdir Cechinel Filho também é compositor. Tem três discos lançados e organizou inúmeros shows no Teatro da Univali com artistas nacionais.

 

Até o presente, Cechinel possui mais de 60 canções em parceria e lançou três álbuns: Valdir Cechinel Filho e Amigos: Pedaço de Mim (2018); Urbano e Rural (2019); e Eu Nunca Chegarei Só (2021), todos disponíveis nas plataformas digitais Nessa sua segunda incursão literária (a primeira foi escrever três versões do livro Casos, Causos e Algumas Mentirinhas), aborda os passos do ídolo, amigo e parceiro musical José Geraldo Juste, o Zé Geraldo, cuja importância ele resume na apresentação: “Quando Deus interrompeu a carreira de jogador de futebol do Zé Geraldo, certamente o Brasil já estava repleto de moleques bons de bola, mas carecia de cantores e compositores de canções que dissessem a verdade sobre a vida e atingissem os corações dos cidadãos!

O livro Cidadão Zé Geraldo: 40 e Poucos Anos de História e Estradas que Cechinel enviou ao blogue chegou acompanhado pelos álbuns Simplesmente Simples e Eu Nunca Chegarei Só; a faixa 7, Simplicidade, do segundo disco, ele compôs com Vicentini, cantor que a interpreta acompanhado por Renato Teixeira. Já ultrapassou 86 mil visualizações em postagens e se tornou trilha sonora de mais de 17 mil vídeos rápidos nas redes sociais, conhecidos como Reels.Nos surpreendemos, Valdir e eu, quando soubemos que Simplicidade vem sendo postada mais de 150 vezes por dia nos Reels do Instagram, aparecendo em mais de 17 mil postagens de vídeos usando a música, com média de 5 mil visualizações em cada postagem, somando 86 milhões de visualizações”, celebrou Vicentini. “Considerando que não fizemos nenhum impulsionamento pago, vemos isso como uma possível viralização da canção, o que nos deixa muito felizes.”

Simplicidade também faz parte do álbum de Vicentini Os Passos do Poeta (2019), que tem a participação de Renato Teixeira. Em Eu Nunca Chegarei Só ela integra uma seleta lista que inclui interpretações e parcerias de Cechinel com Cleiton Marques de Oliveira, Francis Rosa, Luciano Guarise, Zé Geraldo, Zé Grande, Samuel & Grace, Chico Lobo, Carlos Magrão, Carlos Bona, Sunny Dolga, Carol Hands e Gasperazzo. Francis Rosa, Zé Geraldo e Chico Lobo também cantam na canção O Homem de Taubaté, que Cechinel recentemente compôs para homenagear Renato Teixeira.

O mato-grossense de Arenápolis radicado em Jundiaí (SP), João Ormond também é parceiro de estradas de Zé Geraldo. Ambos já têm músicas gravadas e agora programaram lançar em 27 de maio um novo single, Revivendo, que além da dupla conta com a participação de Clemente Manoel. Esta canção retrata a vida interiorana que os três que criaram a letra tiveram, promovendo a junção das experiências vividas individualmente e que culminou na bela história.

Essa foi a primeira composição com parceria selada com Zé Geraldo, pois gravamos anteriormente Eu Nasci com Asas e gostamos muito dessa mistura da viola com a música Folk”, disse Ormond. “O Zé Geraldo é de uma simplicidade enorme, veio aqui para casa para botar a voz na música, e o Clemente veio para nos rever e prosearmos após a gravação”, prosseguiu Ormond. “Passamos um dia agradável. Além do trabalho, emplacamos um bom bate papo. Eu assino a produção da música e contei com apoio dos amigos e músicos Paulinho de Jesus, Cássio Soares, Rafael Virgulino.” Zé Geraldo

SÓ ENTRA NA MISSA DE AZUL E AMARELO

Zé Geraldo, todo fã sabe, é apaixonado por futebol e um dos beneméritos do Spartano Futebol Clube, equipe amadora de Rodeiro com mais de 90 anos e muito tradicional na Zona da Mata Mineira. Veste azul e amarelo, tem estádio próprio, o Alfredo Nicolato, e uma torcida entusiasmada entre os, com muito esforço na contagem, 8 mil habitantes; aos domingos, contam, se houver jogo do Spartano na cidade, o padre não deixa fiel entrar na igreja se não estiver vestindo roupas com as cores da equipe. O nome do clube é uma referência aos guerreiros de uma das cidades mais antigas da humanidade Esparta, da Grécia. O Spartano também tem expressiva carteira de sócios e dependendo de quem enfrenta em casa, o público supera as médias de todos os times do interior do Campeonato Mineiro.

Quando escrevíamos esta atualização, o Spartano estava disputando a 8ª Copa dos Campeões Regionais (Champions LEC) e ocupava a segunda colocação do grupo C, com 6 pontos ganhos, metade dos 12 do líder, Pombense, tricolor de Rio Pomba, após quatro rodadas. O onze rodeirense vinha de vitória fora de casa por 2×0 sobre o União Esporte Clube, de Piraúba (MG); na classificação geral aparecia em sétimo.

A Champions LEC é rivalizada e acirrada competição que reúne 16 times da Zona da Mata mineira e da porção Noroeste do estado do Rio de Janeiro, divididas em quatro grupos de 4. É  promovida pela Liga Esportiva de Cataguases (LEC), munícipio a cerca de 40 quilômetros do berço de Zé Geraldo. A sequência do torneio para o Spartano marcava para o domingo, 22 de maio, um jogo no qual o bicho deverá pegar: o clássico contra o Pombense, a partir das 16 horas, no alçapão do Alfredo Nicolato. Detalhe: o ingresso custava 15 paus, antecipado (20 pilas para o dia do duelo). E a carga de cerca de 3 mil entradas já estava quase esgotada!

CAMPEÃO BRASILEIRO, SEM GOLEIRO

O futebol também é tema do causo que o Barulho d’água Música pinçou do livro e que, pedindo licença do espoiler ao autor, compartilharemos abaixo:

Numa das idas à casa do Zé Geraldo, na Serra da Cantareira [em São Paulo], levei como presente um quadro que preparei com muito carinho, do Santos Futebol Clube, seu time do coração, campeão brasileiro de 1962”, escreveu Cechinel em “3. Meu presente ao Zé bateu na trave”. “Inseri sua foto entre a dos jogadores e ficou um quadro muito bacana, conforme a foto abaixo. O Zé olhou e disse: ‘Bicho, gostei, mas você inventou um time novo. Sem goleiro, uai…’”

O arqueiro esquecido por Cechinel era ninguém menos que Gylmar dos Santos Neves, o Gilmar, campeão mundial de 1958 e 1962 pelo Brasil.

O fac-símile do quadro que Cechinel criou para Zé Geraldo (página 69 do livro) não está lá estas coisas, mas dá para ver que o camisa 7 santista foi companheiro de Zito, Coutinho, Pelé e Pepé na volta olímpica..

Ouça entrevista de Valdir Cechinel Filho sobre o livro:

https://radiomarconi.net/2022/02/14/livro-narra-a-trajetoria-do-cantor-e-compositor-ze-geraldo/

Leia mais sobre Zé Geraldo ou conteúdos a ele relacionados aqui no Barulho d’água Música ao clicar no link abaixo:

https://barulhodeagua.com/tag/ze-geraldo/

1417 – Nego Nelson (PA) completa 50 anos de carreira com Tiquinho de Céu, álbum instrumental lançado nas plataformas digitais

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Tiquinho de Céu, novo álbum do paraense Nego Nelson, foi o escolhido para abrir neste dia 24 as edições matinais que promovemos aos sábados aqui no Solar do Barulho, redação do Barulho d’água Música na Estância Turística de São Roque, Interior de São Paulo. Nego Nelson é o nome artístico de Nelson Batista Ferreira, violonista e compositor residente em Belém que em 2021 completa 50 anos de carreira com o lançamento do disco de nove faixas, instrumentais e todas de sua autoria, disponível em todas as plataformas digitais desde março. A faixa título homenageia o carioca do cavaquinho Waldir Azevedo e faz alusão à música Pedacinho de Céu, um dos sucessos do mestre do cavaquinho ao lado dos choros Brasileirinho e Delicado. Outro destaque, Quarto n°5, segunda da lista, composta em 1975 nunca antes fora gravada.

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1402 – Conheça Mateus Aleluia (BA), voz que une a ancestralidade afro e a identidade cultural da Bahia à música brasileira

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As tradicionais audições matinais aqui na redação do Barulho d’água Música, no Solar do Barulho, na Estância Turística de São Roque (SP) começaram neste dia 12 de junho com Olorum, terceiro disco solo do baiano de Cachoeira Mateus Aleluia, disponibilizado apenas em versão digital pelo Selo Sesc no ano passado. O disco, que sucede Cinco Sentidos (2010) e Fogueira Doce (2017), traz em 13 faixas um tributo à divindade Olorum (Dono Além do Céu) que, na mitologia Yorubá e em algumas religiões de matriz africana é o ser supremo, responsável pela existência da humanidade e dos orixás. É o criador de tudo e de todos.

Como é o deus supremo, Olorum significa o Dono do Céu. Foi ele o responsável por criar todos os deuses – ou orixás – e também por dividir o universo sobrenatural, o Orum, do mundo em que os homens vivem – Aiê. Por fim, ele também pode ser reconhecido como Olodumare. .

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1400 – Tavinho Limma (PE/SP) mergulha na obra de Fagner e lança homenagem em treze faixas ao cearense

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Com participação de Paulinho Pedra Azul, treze perolas do repertório do controvertido músico nordestino fazem parte do nono álbum do ex-integrante da Banda Pau e Corda

As audições matinais aos sábados aqui no Solar do Barulho, onde fica a redação do Barulho d’água Música, na Estância Turística de São Roque (SP), começaram neste dia 5 de junho com O Mundo de Raimundo, disco lançado em 2020 por Tavinho Limma e disponibilizado em plataformas digitais pela produtora e gravadora Kuarup. O álbum em homenagem ao cantor e compositor cearense que com voz rascante e timbre árabe tanto embalou este jornalista na juventude (e até hoje o admira) traz 13 canções do eclético repertório de Raimundo Fagner. Se hoje muitos na crítica torcem o nariz para Fagner e o riscaram do caderninho por conta de posições artísticas e políticas mais recentes, outros tantos zeram tais observações e, deixando de lado a patrulha ideológica, reconhecem com justiça — como este blogueiro — a inegável qualidade da sua contribuição à música e à cultura populares brasileiras, fazendo dele um dos mais luminosos astros entre os quais podem se citar, ainda, Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e, para ficarmos apenas nas vozes masculinas, já fora deste plano Gonzaguinha, Dominguinhos e Belchior.

Desde 1971 até 2020, Fagner já brindou os inúmeros fãs de ao menos três gerações com cerca de 40 álbuns solo — sem contar aqueles nos quais participa, por exemplo, ao lado de outras referências luminares como Ney Matogrosso, Zé Ramalho, Luiz Gonzaga, Zeca Baleiro e até o craque Zico, entre outros trabalhos que mesclam em uma primeira e inventiva fase desde a poesia e composições de Ferreira Gullar, Garcia Lorca, Pablo Milañes, Antonio Machado, Fernando Pessoa, Patativa do Assaré e Florbela Espanca ao rock rural e ritmos latinos e mouros às raízes nordestinas; duetos icônicos com Mercedes Sosa, Joan Manoel Serrat e Rafael Alberti, por exemplo, antes da bem sucedida guinada na década dos anos 1980, quando, para agradar um público menos intelectual e exigente, plateia pouco afeita a estéticas e linguagens inovadoras, assumiu perfil romântico, até explodir em trilhas sonoras de novelas da Rede Globo.  Muito mais do que uma borbulha de sabão que o vento dissolve como espuma, continua firme e dentro do seu atual estilo, formando o time daqueles que já emplacaram a casa dos 70 anos de vida nesta estrada que, atualmente, ninguém sabe onde nos levará, seja pela perseguição e pelo esvaziamento da cultura, seja pelo negacionismo da pandemia da Covid-19 em meio a retrocessos  de todas as ordens que, como cebola cortada, tanto nos fazem chorar.   

Nesta esteira que já chega aos 50 anos de história, Fagner perdeu a unanimidade entre quem lá atrás foi bicho-grilo, mas os “bregaldos” os amam e consagrou compositores como Abel Silva, Petrúcio Maia, Manassés, Sueli Costa, Clodo, Climério & Clésio e Fausto Nilo, mostrando que somos um celeiro inesgotável quando o assunto é música. E parte de seus álbuns arrebataram sucessivamente discos de ouro (vendas acima de 100 mil cópias) e platina (acima de 500 mil), superando em 1987, com Romance no Deserto (“eu tenho a boca que arde como sol, o rosto e a cabeça quente”…) mais de 1 milhão!. Joia rara, seu primeiro filho solo, Manera Fru Fru Manera (1973), incluiu em sua primeira versão Canteiros, sucesso baseado no poema A Marcha, de Cecilia Meireles, com música de Fagner, até hoje cantado em rodas de violões depois de ecoar por todo o Brasil — um verdadeiro “balaço” que vem riscando o tempo saído do disco produzido por Roberto Menescal e pelo próprio cantor, com arranjos de Ivan Lins e participações especiais de Nara Leão, Naná Vasconcelos e Bruce Henry. Dois anos depois, Fagner foi eleito por jornalistas paulistas o Cantor do Ano. Em 1990, o Prêmio Sharp de Música Popular o reconheceu como Melhor Cantor, autor do Melhor álbum (O Quinze), da Melhor canção (Amor Escondido, parceria com Abel Silva) e, de quebra, o quarto troféu: Melhor disco regional (Gonzagão e Fagner Vol. 2.)

Tavinho Limma pinçou cuidadosamente deste baú as pedras que resolveu polir e, apesar de um disco sintético/enxuto diante de tão copioso tesouro, conseguiu alinhavar as duas facetas do polêmico Fagner, deixando na boca de quem ouve um gosto de quero mais. Zeca Baleiro, junto com o mineiro Chico Lobo, tornou-se um dos padrinhos de O Mundo de Raimundo: ambos demonstraram que ao mirar, sabiam no que apostavam, que não errariam, que seria mesmo um tiro bem dado. O projeto que Tavinho Limma primeiro concretizou por meio de uma concorrida vaquinha virtual para produção dos discos físicos não deu nem para o cheiro: virou ouro em pó! Por sorte, a Kuarup topou disponibilizá-lo em versão eletrônica, já que as tiragens do cedê se esgotaram rapidamente e acessando ao linque logo abaixo desta linha será possível ouvir o disco na íntegra.

As 13 faixas começam com A canção brasileira, com participação do mineiro Paulinho Pedra Azul, depois rememoram clássicos como Mucuripe, parceria entre Fagner e o conterrâneo Belchior, que Roberto Carlos, Elis Regina e Amelinha também interpretam; Noturno e Pedras que Cantam, temas das novelas Coração Alado (1980) e Pedra Sobre Pedra (1992); Guerreiro Menino, de Gonzaguinha, também tocada em Voltei Pra Você (1983), todas da Rede Globo; mais perolas tais como Espumas ao Vento, Astro Vagabundo, Cebola Cortada, Ave Coração e Revelação.

Natural de Recife (PE), radicado em Ilha Solteira (SP), Tavinho Limma é cantor, compositor e produtor de eventos. Ex-integrante da Banda de Pau e Corda, apresentou-se em vários eventos tradicionais pernambucanos como carnavais (em O Galo da Madrugada) e Festas Juninas de Caruaru e Recife. Sua discografia possui nove discos solos, lançados desde o primeiro elepê em 1989 — Intenções, da Gravadora Continental/Colibri, em cujas faixas Tavinho Limma interpreta canções de Oswaldo Montenegro, Fátima Guedes e Beto Mi. Entre os parceiros musicais e artísticos ao longo da carreira, destacam-se nomes como Jane Duboc, Tetê Espíndola, Antonio Calonni, Martha Medeiros, Paulinho Pedra Azul, Chico Lobo, Oswaldinho do Acordeon e Ivan Vilela. Como produtor de shows, esteve também com Tetê Espíndola, além de Dani Black e Grupo Voz.

Por diversas vezes, Tavinho Limma se apresentou na Capital bandeirante, cidades da Grande São Paulo e do Interior paulista, seja como atração de edições da Virada Cultural, festivais, projetos culturais ou em concertos solo, passando por Osasco, Cunha (Festa do Pinhão), Concurso de Marchinhas de São Luiz do Paraitinga, Festival de Música de Avaré (Fampop), Festival de Música de Tatuí, Festival de MPB de Ilha Solteira, entre outros eventos. Em 2012, participou da trilha sonora da novela Carrossel, do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), com a canção Malfeito, dele e de Rita Altério, tema do personagem Firmino. Também esteve no palco do Bar Brahma para o Projeto Talento MPB, dirigido por Lenir Boldrin.