1620 – Fábio Jorge mergulha no universo do múltiplo artista Charles Aznavour e apresenta 12 canções de um dos mais populares cantores da França

#MPB #MúsicaFrancesa #França #Paris #Armênia

Cantor franco-brasileiro produziu seu mais novo álbum com interpretações emocionadas e arranjos sofisticados para reavivar sucessos e músicas “alternativas” do ícone parisiense que desafiou críticos, conquistou o mundo e gravou mais de 850 canções, enfocando com audácia entre outros temas que pinçava de notícias em jornais, assuntos como violência, acidentes de trânsito, divórcio e homossexualismo

O cantor Fábio Jorge acaba de lançar Fábio Jorge/Aznavour, com 12 canções do cantor Charles Aznavour, um dos mais populares e longevos cantores da França. “É um prazer celebrar Aznavour. Ele foi o maior ícone masculino da música francesa do século passado, trabalhou por mais de 60 anos. Trata-se de um dos maiores artistas do século passado, não somente da França, mas do mundo, além de ter cantado em muitos idiomas o que mostra sua versatilidade e universalidade”, afirmou Fábio Jorge.

No repertório há canções conhecidas como La Bohème, She, Que C’Est Triste Venise e outras alternativas como Ètre, Le Temps e Trousse Chemise. “O universo de Aznavour é muito rico, ele compôs mais 850 canções e gravou 2 mil. A escolha do repertório não foi fácil, se eu gravasse tudo que gosto, daria uns 6 álbuns pelo menos”, observou Fábio Jorge. “Optei por algumas clássicas, mas também por algumas nem tão conhecidas do grande público, escolhi as mais representativas para mim.”

Neste projeto o intérprete volta ao universo francês, após lançar o disco O Tempo com canções em português em 2021. “Fiz um hiato na música francesa, eu precisava falar para os brasileiros, sobre a situação sociopolítica e econômica durante a pandemia de Covid-19, agora volto ao francês porque é meu universo, é onde sou conhecido e reconhecido”. Embora adentre o universo de Aznavour, Fábio Jorge toma posse e traz sua personalidade às canções. “Eu leio a letra e visto a música. Eu sou um intérprete, muito mais do que um cantor. Tenho um trabalho intuitivo, transporto minha intuição como intérprete para canções já conhecidas”.

O projeto conta com a produção do próprio Fábio Jorge, com direção musical, piano e arranjo de Alexandre Vianna. Já a masterização ficou por conta de Edielson Aureliano, a arte de capa é de Gustavo Gontijo e o projeto gráfico de Leandro Arraes.

GIGANTE” REVOLUCIONÁRIO E GENEROSO

O homem que reinventou a chanson francesa, Charles Aznavour compôs mais de 600 canções e vendeu mais de 100 milhões de discos e ainda é uma estrela e um dos últimos grandes clássicos no estilo. Um dos poucos artistas franceses a fazer sucesso nos dois lados do Atlântico, suas canções não só fizeram parte da trilha sonora de gerações, como ainda influenciam jovens cantores que despontam em seu paí­s e mundo afora; ele apreciava essa juventude que pretende continuar a tradição, mas não gostava dos imitadores. Foi lição que aprendeu com Edith Piaf, durante os anos que passou em sua companhia como bom amigo e gentil secretário.

 “Vivi no séquito de Piaf por 8 anos, seguindo-a por toda parte, e fui seu amigo até o final da vida. Para um jovem cantor e escritor era uma oportunidade fantástica vê-la cantando todas as noites. Eu costumava ajudar com a iluminação, com o microfone…, mas não era exatamente um secretário… Piaf exerceu grande influência sobre mim, com ela aprendi que não devia fingir ser outra pessoa no palco, que devia ser eu mesmo, uma pessoa real.”

Aznavour subiu ao palco pela primeira vez em 1933. Filho de imigrantes armênios que escaparam do genocí­dio perpetrado pelos turcos em 1914, nasceu na capital francesa em 22 de maio de 1924. Foi chamado de Charles porque a enfermeira não conseguia pronunciar Varenagh Aznavourian, o nome escolhido por seus pais. Misha e Knar fugiram do paí­s pensando nos Estados Unidos da América, mas tiveram de rumar para a França porque a cota máxima de imigrantes armênios para ser levada à terra do Tio Sam já estava esgotada. Ele era barítono, ela atriz. Para sustentar a famí­lia apresentavam-se em lugares onde havia comunidades armênias populosas: Lyon, Marseille, Valence… Foi numa dessas performances que Charles estreou, aos 3 anos, recitando poemas para sua irmã, Aà¯da. Mas a renda era pouca, por isso o casal abriu um pequeno restaurante na Rue de la Huchette.

aznavour

Aznavour não se intimidou com as críticas e provocações e desafiando preconceitos no início da longeva carreira cantou ao seu modo a canção francesa, além de atuar por causas sociais fora dos palcos que lhe renderam menções e comendas de organismos internacionais. No Brasil foi atração em várias capitais de estados, entre as quais São Paulo, Recife e Curitiba

Os negócios foram bem por algum tempo, apesar da depressão que assolava a Europa; o problema maior era Misha, que, simplesmente, não conseguia cobrar dos imigrantes que jantavam em seu restaurante, o que resultou na primeira falência de outras pelo mesmo motivo: generosidade. Nessa época Charles fazia parte de uma companhia de teatro infantil e passou meses em turnê pela França e pela Bélgica como cantor e dançarino, até seu pai se alistar no exército voluntariamente.

Quando a Segunda Guerra eclodiu, Charles foi vender jornais nas ruas para ganhar o sustento. A situação começou a melhorar quando ele entrou num grupo de artistas e reduziu seu nome para Aznavour, tornando-se a principal atração do Club de la Chanson. Ali, conheceu Pierre Roche, pianista e compositor de quem foi parceiro por quase uma década e, juntos, cantaram onde puderam e viveram boas aventuras, como ir de bicicleta à Normandia, ocupada por tropas alemãs.

Ele descobriu prazer em compor quando se viu entediado com a tradicional chanson, e enquanto Roche colecionava conquistas. Aznavour contava que começou a escrever porque não estava feliz com as canções que interpretava. “E não era só isso, elas não se adequavam à minha figura. Naqueles dias você tinha que ser alto e bonitão, ser o tipo de pessoa que se via em filmes, e eu não era. Eu tinha muito a dizer ao público que não estava acostumado a ouvir em canções, mas podia encontrar nas páginas dos jornais. Então comecei a escrever sobre problemas e a falta de entendimento entre as pessoas, o que se tornou a minha marca. Fui o único a fazer isto durante anos, depois descobri ser bem comum em outros lugares.

Seus ‘faits de societe’ são recortes que falam de violência, acidentes de trânsito, divórcio, homossexualismo, um apaixonado por uma surda-muda “com apuro nem sempre impecável”. O single La Mamma vendeu 1,5 milhão de cópias, mas demonstra tremendo mau gosto versando sobre uma famí­lia reunida para velar a matriarca morta. Foi escrita em parceria com Robert Gall para um filme televisivo de 1964, seguindo estritas especificações de roteiro: crianças brincam em silêncio perto do corpo; Giorgio, o ‘mau filho’, retorna à casa arrependido; todos cantam ‘Ave Maria’”.

“UM QUEIJO NA GARGANTA”

A primeira canção a repercutir seu nome foi J’ai Bu, que, gravada por Georges Ulmer um dia após a libertação de Paris das mãos nazifascistas, recebeu o Grand Prix du Disque de 1947. Jacques Canetti, descobridor de talentos, sugeriu que Roche e Aznavour gravassem quatro discos 78 RPM. Eles gravaram; em seguida toparam cantar numa rádio pública que alcançou os ouvidos de Charles Trenet, í­dolo de Aznavour, e Edith Piaf, a estrela maior dos períodos pré e pós-guerra.

Encantada com a dupla, Piaf propôs que abrissem os concertos que faria nos Estados Unidos da América e eles foram, por conta própria. Desembarcaram em Nova York sem vistos de entrada e passaram dias na prisão, até Piaf ir resgatá-los. Assim­ nasceu a amizade entre Charles e Edith. Quando ela lhe escrevia assinava “com afeto, sua pequena irmã das ruas”, e por este afeto ele aguentou seus caprichos e arroubos de ira, pacientemente, no tempo em que moraram juntos. Ele aprendia com ela. “Tí­nhamos muito em comum, ela cantou na rua, eu também. Ela veio de uma famí­lia pobre e eu também. Não fui tão pobre quanto ela, mas não era rico.”

“Escrevi sete canções para ela. Eu não era o tipo de compositor para Piaf, mas ela gostava do meu jeito de escrever, razão por que gravou algumas de minhas canções”, emendou. Entre elas, Plus bleu que tes Yeux e Jezabel, ambas sucessos, mas nenhuma como Je Hais les Dimanches, que ela recusou e acabou sendo gravada por Juliette Gréco, num estilo muito diferente do que o público estava habituado. A canção impulsionou a carreira de Gréco e recebeu prêmio da SACD (a associação francesa de Autores e Compositores).

A partir disso, Aznavour se transformou em criador de estilo, com diversos artistas solicitando canções, embora ainda não tivesse sucesso como performer. Seu porte fí­sico e sua voz não eram bem aceitos pelo público, e ainda havia a crí­tica, que se esmerava em comentários sarcásticos, às vezes cruéis, como “o homem feio que não sabe cantar”. Mesmo assim, ele continuou a fazer apresentações em casas noturnas parisienses, com o produtor Raoul Breton entre os poucos a encorajá-lo. Mais tarde zombava de si mesmo, dizendo que soava “como [se tivesse] um queijo Gruyere cheio de buracos entalado na garganta”.

Ironicamente, a popularidade de Aznavour deve-se principalmente ao desempenho de palco, desenvoltura que atraiu muitos produtores de cinema antes de agradar à audiência. Sua carreira cinematográfica começou em 1938, mas foi La Tête Contre les Murs (1959), de Georges Franju, que lhe deu o L’étoile de Cristal de melhor ator. Ao todo foram 73 filmes, sem contar autoria de roteiro ou trilha sonora, que somam mais 45 produções. Entre os filmes mais citados estão Ararat, do diretor canadense de origem armênia Atom Egoyan, e Tirez sur le Pianiste, de François Truffaut, que virou um amigo. “Na primeira vez que Truffaut veio me ver quase não nos falamos. Ele era tímido, eu também. Foi um bom começo.”

Piaf e Aznavour tiveram estreita relação, por oito anos. Ela abriu para o amigo as portas da “América” e ele gravou sete canções para sua companheira de estrada

A reputação de Aznavour se espalhou pelo mundo gradualmente. Ator, cantor, compositor, escritor. Ele aprendeu inglês sozinho para gravar versões de suas músicas, fez o mesmo em espanhol, italiano e alemão e extraiu o máximo de todas as fontes, incluindo a música pop francesa dos anos 1960, muito criticada pela imprensa. Empolgado com esses novos artistas, compôs para eles ficando indiretamente no topo das paradas, enquanto ele próprio estava nas rádios com o hit Que C’est Triste Venise [que abre o álbum interpretado por Fábio Jorge]. “Basicamente, sou letrista”, dizia Aznavour. “Poemas e letras encerram música própria, têm ritmo próprio, por isso me tornei melodista. Escrevo melodias, não sou compositor, não sei escrever partituras.”

Em meados da década de 1960, ele vendia milhões de discos pelo mundo e já havia grandes nomes, de Ray Charles a Liza Minelli, interpretando suas canções. “Foi em 1962 que decidi ir cantar no exterior”, recordava. “Eu tinha guardado dinheiro para alugar o Carnegie Hall, coloquei 150 jornalistas em um avião particular e lotei a sala: 3.400 lugares! Como não falava inglês, usei um púlpito para dispor as letras e os norte-americanos acharam perfeitamente natural. Eu fazia sucesso na França, tinha repercussão no Exterior. Mais tarde aprendi inglês e até hoje, em todos os paí­ses por onde me apresento, canto boa parte de minhas canções no idioma local.”

ARTISTA DO SÉCULO

Por muitos anos Aznavour alternou concertos no Exterior e performances na França, com o mesmo prazer dos primeiros anos, talvez mais. Mas, às vezes, perguntava-se: “se eu não cantasse o que iria fazer em casa?”. E concluía que uma aposentadoria seria o mesmo que morrer de tédio. Com orgulho afirmava nunca ter trabalhado para vender discos, mas para cantar no palco. “Esta é minha verdadeira profissão. Diante de uma nova canção, eu só penso em uma coisa: será que vai acontecer algo novo no palco?”

Em 7 de dezembro de 1988, o terrí­vel terremoto de Erevan matou 50 mil pessoas e deixou 500 mil desabrigados, na Armênia. Profundamente abalado, o cantor fundou a Associação Aznavour para a Armênia e reuniu noventa cantores e atores franceses para o videoclipe da música Pour toi Arménie; no país também há um time de futebol com o nome dele, o Aznavour FC. O disco vendeu mais de 1,5 milhão de cópias e permaneceu no topo das 50 mais por 13 semanas. “Descobri a Armênia em 1963, durante uma turnê pela União Soviética. Eu conhecia a história do genocí­dio, mas nunca fui um militante. Foi depois do tremor de terra e dos massacres do Alto Karabakh que me senti realmente envolvido.” Todo o dinheiro foi encaminhado ao paí­s.

 Pela iniciativa, Aznavour foi nomeado Embaixador Permanente da Unesco e Embaixador Itinerante da República Armênia pelo presidente Lévon Ter Petrossian. Dez anos mais tarde, recebeu a comenda da Legião de Honra pelo ex-presidente da França Jacques Chirac, que sublinhou sua ação humanitária com uma elogiosa saudação: “Charles Aznavour é um homem extremamente generoso, um artista incomparável e incontestado, um maravilhoso embaixador da canção e da lí­ngua francesa, provavelmente admirado no mundo inteiro.”

De fato, no ano seguinte, aos 74 anos, ele foi eleito o Artista do Século na pesquisa online realizada pela CNN e pela revista Time. Recebeu cerca de 18% do total de votos, concorrendo com Elvis Presley, John Lennon e Bob Dylan, este admirador confesso, que regravou The Times We’ve Known. Quando perguntado se sempre teve certeza de possuir talento, Aznavour sorria complacente, e arrematava: “Minha vida deve ser uma lição de esperança para as pessoas que não são atraentes e vieram de lugar nenhum”.

 O cantor francês Charles Aznavour morreu aos 94 anos, em 1º de outubro de 2018, em Mouriès, na França. Chamado de “Frank Sinatra da França”, o artista de ascendência armênia chamava-se Shanour Vaginagh Aznavourian. Rebatizado Charles Aznavour, tornou-se o cantor e compositor do amor. Sua amizade com outros artistas rendeu parcerias. Elvis Costello fez uma versão de She para a comédia romântica Um Lugar Chamado Nothing Hill. Plácido Domingo gravou a versão de Aznavour para Ave Maria. E cantaram com ele Fred Astaire, Bing Crosby, Ray Charles e Liza Minnelli. Apesar da pequena estatura (1,6 metro), era gigante no palco. O mito ultrapassou-o e, no Japão, como Char Aznable, virou personagem de uma famosa animé de ficção científica, Mobile Suit Guindam. Aznavour também foi ligado ao Canadá e à causa de Quebec Livre, por conta de sua origem armênia.

Entre seus prêmios recebeu a Legion d’Honneur na França, o título de Herói Honorário da Armênia, e o MIDEM Lifetime Achievement Award. Arrebatou, ainda, o Leão de Ouro honorário em Veneza pela trilha de Morrer de Amor (de André Cayatte), um César (Oscar francês) honorário e o prêmio de carreira do Festival do Cairo. Apresentou-se diversas vezes no Brasil, como em 25 de maio de 2013, em Recife. Esteve ainda em outras capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza, Goiânia, e Belo Horizonte.

Pai de seis filhos, Aznavour se casou três vezes. “Na primeira eu era muito jovem; na segunda, muito estúpido; e na terceira me casei com uma mulher de uma cultura diferente e aprendi a tolerância“, afirmou.

O atual presidente da França, Emmanuel Macron, que também estava no posto em 2018, lamentou a morte do artista que julgava ter um brilho único. “Orgulhosamente francês, visceralmente ligado às suas raízes armênias, conhecido no mundo todo. Charles Aznavour acompanhou as dores e alegrias de três gerações.”

fabio-jorge-aznavour-plataformas-digitais

Capa do disco que Fábio Jorge dedica-se de modo emocionado parte da copiosa obra do francês de ascendência armênia

GRITO DE RESISTÊNCIA (por Thiago Marques Luiz)

Fábio Jorge é um apaixonado obstinado

Entusiasta da música francesa por influência da sua saudosa e divertida mãezinha, Dona Renné, teve desde muito cedo paixão pelo idioma, as vozes e os sons da França, herança da família materna.

Claro que por isso, o icônico cantor Charles Aznavour é para ele uma grande referência, tal qual Edith Piaf.

Meados dos anos 2000 e Fábio Jorge era aquele amigo da música que trocava figurinhas, ia a shows, comprava cds, de Bethânia, Alcione, Edith Veiga, Shirley Bassey e muitas vozes que mexiam com o nosso imaginário jovem e ao mesmo tempo antigo.

Ele gostava de cantar e me mostrou uma demo sua cantando Brigas. Sugeri, então, que fizesse um show em sua festa de aniversário com seu amigo pianista Marcelo Manzano numa casa pequena e simpática chamada Villagio Café, que ficava na praça Dom Orione, no Bixiga.

Assim foi feito. Naquele dia a música entrou por todas as suas veias e tomou conta do seu corpo e da sua mente. Um caso de paixão à primeira vista pelo palco.

Algum tempo depois, veio o teatro ópera buffa, na Praça Roosevelt, incentivado e dirigido pelo diretor teatral Heron Coelho. Gravar um disco naquela altura virou necessidade e assim produzimos “Chanson Française”. Dali a pouco mais shows, mais discos, programas de tv, rádio, e uma carreira feliz, porém difícil, com pouca abertura, mas muita vontade. Fábio não se tratava de um jovem galã cantando música da moda pra agradar nem o grande público e nem a mídia lobista. Era um artista de trabalho bem específico, sem patrocínio e gravadora, portanto 100% independente.

Fábio Jorge se tornou um batalhador da canção francesa, persistente e convicto. Um artista que precisava (e precisa!) estar na música de alguma forma, sobretudo gravando discos bem feitos e caprichados com começo, meio e fim, como se fazia antigamente.

Este Aznavour é exatamente assim. É mais um grito de resistência. Ele se divide entre o orgulho de saber e poder fazer o que quer e a tristeza de saber que canta para poucos e que o mercado não abraça o seu trabalho como deveria.

Eu aplaudo Fábio Jorge. Aplaudo a audácia. Aplaudo a paixão. Aplaudo a vontade de fazer bem feito e com amor. E tenho certeza: ele quer sempre mais porque sabe que pode oferecer mais. Sorte de quem pode ouvi-lo com atenção e perceber o grande chansonier que ele é. Siga em frente, meu amigo, e faça mais porque você pode! 

Saiba mais sobre Fábio Jorge e leia conteúdos a ele relacionados aqui no Barulho d’água Música ao visitar o link:

https://barulhodeagua.com/tag/fabio-jorge/

A biografia de Charles Aznavour aqui publicada baseia-se em textos extraídos das seguintes fontes:

https://trivela.com.br/franca/aznavour-fc-o-time-da-elite-armenia-que-homenageava-charles-aznavour-lenda-da-musica-francesa/

https://www.antena1.com.br/artistas/charles-aznavour    

https://www.dw.com/pt-br/morre-o-%C3%ADcone-franc%C3%AAs-charles-aznavour/a-45714852

https://revistaogrito.com/definidos-os-valores-dos-ingressos-para-show-de-charles-aznavour-no-recife/

SANTA AJUDA! Ajude o Barulho d’agua Música a se manter ativo: colabore, a partir de R$ 20, com nossa campanha pela Catarse em busca de assinantes! Ou envie um PIX de acordo com suas possibilidades!

Link da campanha:

https://www.catarse.me/barulhodeaguamusica

1181 – Série “Clássico do Mês” volta a Pernambuco, berço do Ave Sangria

Passados 45 anos do emblemático álbum de estreia, grupo está de novo na estrada para lançar Vendavais, para o qual está promovendo uma vaquinha virtual e será atração em três shows em unidades paulistanas do Sesc, já disponível em plataformas de streaming

O Barulho d’água Música retoma nesta atualização a série Clássico do Mês dedicando-o ao disco Ave Sangria, único por enquanto gravado comercialmente pela homônima banda pernambucana, do Recife, em 1974. O grupo  Ave Sangria à época reunia por Marco Polo (vocais), Ivson Wanderley, o Ivinho, (guitarra solo e violão), Paulo Raphael (guitarra base, sintetizador, violão, vocal), Almir de Oliveira (baixo), Israel Semente (bateria) e Agrício Noya (percussão) e para este lendário álbum de 12 faixas levou ainda aos estúdios Zé Rodrix (Cidade Grande, com sintetizador) e Márcio Vip (Momento na praça, ao piano; Por que?, ao órgão; e Dois Navegantes, ao sintetizador).

Continuar lendo

1128- Mesclando tradição e experimentalismo, “Expresso 2222” crava o nome de Gilberto Gil na MPB*

O quinto álbum de estúdio do tropicalista é considerado um dos mais marcantes da longa carreira e em sua ode futurista traz blues temperado com toques psicodélicos e a Banda de Pífanos de Caruaru botando dendê no rock
*Com Daniel Tozzi (21/7/2017), do blog A Escotilha

O Barulho d’água Música retoma a série Clássico do Mês e nesta que é a 11ª matéria dedica a presente atualização ao quinto álbum da carreira do genial Gilberto Gil, o icônico Expresso 2222, que o baiano de Salvador gravou em abril e lançou em julho do — ainda turbulento — ano de 1972, seis meses depois de regressar do exílio ao qual fora forçado em  Londres. Em 1969, ele e seu  parceiro musical nas peripécias tropicalistasCaetano Veloso, foram presos, acusados de subversão pelo regime militar. O local escolhido para se exilar foi a efervescente Inglaterra da virada da década dos anos de 1960 para a dos anos 1970. Por lá, o músico baiano entrou em contato com diversos elementos da cena de rock e do psicodelismo da terra da rainha (de The Beatles a Jimi Hendrix) que foram devidamente incorporados em seus trabalhos lançados aqui no Brasil posteriormente.

Continuar lendo

1282 – Do concreto armado ao horário nobre: como, após ser apresentado a Elis, Tunai ganhou notoriedade na MPB

Cantor e compositor que emplacou vários sucessos em trilhas de telenovelas e a exemplo de Belchior morreu dormindo, resolveu trocar o diploma de Engenheiro Civil pelo microfone e pelo violão depois de a Pimentinha gravar As aparências enganam, uma das mais de 200 criações da obra do autor de Frisson. E o projeto de um DVD, com algumas inéditas, pode, em breve, chegar para amenizar a dor dos amigos e fãs

O feeling de Elis Regina para sacar músicas de outros autores que ela podia interpretar com a graça e o talento que possuía se não ajudaram Belchior, Renato Teixeira, Adoniran Barbosa e Ivan Lins a chegarem aonde chegaram após ela dar voz a Como Nossos Pais, Romaria, Tiro ao Álvaro e Madalena, entre outros compositores e canções, no mínimo, deu um empurrãozinho. Entre eles os que por ventura já não estavam depois caíram no gosto do público, e pelos próprios méritos se tornaram ícones incontestáveis da MPB, construindo trajetórias de tamanha grandeza que as canções deles interpretadas pela Pimentinha hoje são “apenas” uma das pulsantes estrelas das próprias constelações que iluminam as respectivas carreiras. Para o mineiro Tunai, a influência de Elis Regina não foi menor; na verdade talvez, conforme ele mesmo chegara a declarar aos dar os primeiros passos rumo á fama, tenha sido decisiva, levando-o a trocar sem pestanejar projetos de engenharia civil pelos palcos, microfones e seu violão.

Para tristeza dos que gostam do perfil da música do qual estamos tratando aqui, na manhã do domingo, 26, Tunai foi encontrado pela esposa, morto, em sua casa, no bairro carioca de Santa Tereza. O atestado de óbito indica que ele sofreu parada cardíaca enquanto dormia — assim como Belchior em abril de 2016, entretanto no caso do cearense autor de Como Nossos Pais devido ao rompimento de uma parede da artéria aorta, conforme foi confirmado mais tarde pela autópsia. Tunai era José Antônio de Freitas Mucci, e estava com 69 anos, foi cremado na tarde da segunda-feira, 27, depois do velório no Memorial do Carmo, no bairro carioca do Caju, situado na zona portuária do Rio de Janeiro, para onde acorreram à despedida amigos, admiradores e familiares, dentre os quais o irmão, o sambista João Bosco, também natural de Ponte Nova, município da Zona da Mata mineira, mas quatro anos mais velho.

Continuar lendo

1221- Forte, mas sem perder a ternura: Com “Maryákoré”, Consuelo de Paula (MG/SP) volta a erguer a voz frente aos desafios dos nossos tempos*

Sétimo álbum autoral inaugura uma nova assinatura para a cantora, compositora e escritora mineira por meio de dois movimentos que, expressos em dez faixas, traduzem uma arte guerreira e simultaneamente amorosa, que se alimenta da força das brisas e das tempestades em meio às batalhas cotidianas pela vida e pela arte

*Com Verbena Comunicação (Eliane Verbena/João Pedro)

A cantora e compositora Consuelo de Paula está lançando o sétimo disco da carreira, Maryákoré: uma obra provocadora naquilo que tem de mais feminina, mais negra, mais indígena e mais reveladora de nós mesmos. O título pode ser entendido como uma nova assinatura de Consuelo de Paula: maryá (Maria é o primeiro nome de Consuelo), koré (flecha na língua paresi-haliti, família Aruak), oré (nós em tupi-guarani), yakoré (nome próprio africano). Um exemplar do disco de 10 faixas já está rolando aqui na vitrolinha do boteco do Barulho d’água Música, em São Roque, cidade do Interior de São Paulo, pelo qual agradecemos às queridas amigas Consuelo e Eliane Verbena, da Verbena Comunicação, estabelecida na cidade de São Paulo (SP).

Além de assinar letras e músicas – tendo apenas duas parcerias, uma com Déa Trancoso e outra com Rafael Altério -, Consuelo é responsável pela direção, pelos arranjos, por todos os violões e por algumas percussões de Maryákoré (caixa do divino, cincerro, unhas de lhama, entre outros). A harmonia entre Consuelo e sua música, sua poesia, sua expressão e a estética apresentada é nítida nesse novo trabalho. Ao interpretar letras carregadas de imagens e sensações, ao dedilhar os ritmos que passam por Minas Gerais e pelos sons dos diversos “brasis”, notamos a artista imersa em sua história: ela traz a vida e a arte integrada às canções.

Continuar lendo

1179 – Fabrício Conde (MG), autor de Fronteiras, representa Brasil em encontro de tiples na Colômbia

As audições que promovemos aos sábados aqui no boteco do Barulho d’água Música, neste 20/4 que é de Aleluia e véspera da Páscoa, começaram com Fronteira, álbum do compositor, escritor e violeiro Fabrício Conde, de Juiz de Fora (MG) lançado em 2015. Conde será um dos destaques entre as atrações e eventos que serão promovidos durante o X Encontro Nacional de Tiple (Encuentro Nacional del Tiple), entre 25 e 28 de abril, em Bogotá, capital da Colômbia, país vizinho ao Brasil, na América do Sul. Conde está confirmado para abrilhantar painéis, oficinas e apresentações, incluindo o concerto da noite de encerramento (veja a programação, conforme divulgada pelos organizadores, ao final desta atualização).

Continuar lendo

1170 – Rock, baião e psicodelia fervem no caldeirão de “Paêbiru”, bolachão mais caro da MPB

Quase todo o lote da única prensagem do disco lançado em 1975 por Lula Cortês e Zé Ramalho, tema de março da série  Clássico do Mês, além da fita master, foi destruída por uma enchente em Recife. Os álbuns que sobraram estão em poder de colecionadores ou fora do pais a preço de ouro, por não menos de R$ 4 mil

O Barulho d’água Música retoma neste final de março a série Clássico do Mês, dedicada a um álbum que marcou época na música brasileira. Nesta atualização o disco escolhido é Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol¹ também conhecido simplesmente por Paêbirú ou Peabiru, bolachão duplo de Lula Côrtes Zé Ramalho lançado em 1975 pela extinta gravadora Rozenblit. Paêbiru é o único trabalho lançado em parceria entre os dois, o segundo de Lula Côrtes e o primeiro de Zé Ramalho. Contém uma miscelânea de gêneros musicais como o rock psicodélicojazz, e ritmos regionais do Nordeste e é considerado um dos primeiros discos não declarados da psicodelia brasileira. Chegou a ser o vinil com maior valor comercial no Brasil: bem conservado, um disco da edição original na mão de colecionadores não custaria menos que R$ 4 mil ou até mais. Paêbiru vem acompanhado de um livro que traz estudos sobre a região e informações sobre a lenda do Caminho da Montanha do Sol.

Continuar lendo

1031 – Visite o blogue Eu Ovo, baixe grátis cem discos e conheça os dois ótimos trabalhos do Sertanília (BA)

Grupo de Salvador fundado há oito anos é um dos destaques do Barulho d’água entre os álbuns disponibilizados para downloads no site que traz expoentes da música nacional e muita gente boa “fora da caixinha” 

Marcelino Lima

O blogue Eu Ovo publicou em fevereiro uma retrospectiva de 100 álbuns disponibilizados para serem baixados “no vasco” por cantores, duplas e bandas, a maioria situada fora do quadradinho e se criando pelas próprias pernas, longe dos palcos que formam o circuito considerado top — o que poderíamos aqui tratar por jet set, aquele meiozinho calhorda e sacana no qual distribuir e receber jabá é mais antigo que a Ave Maria. A sexta lista anual do veículo que resiste na blogosfera desde 2006, traz, também, entre tantas e ótimas opções, nomes que já começam a merecer mais atenção e estão saindo do ostracismo como Juçara Marçal, que contribui com Sambas do Absurdo, coproduzido com o compositor Rodrigo Campos e o produtor Gui Amabis. Com canções de Campos a partir de letras de Nuno Ramos, o coordenador do Eu Ovo destaca que Sambas do Absurdo “já pode ser considerado como novo clássico da música brasileira”. Alberto Salgado, vencedor no ano passado do 28º Prêmio da Música Brasileira com Cabaça d’água (melhor disco da categoria Regional) também está presente, ao lado de outros candangos da hora como Túlio Borges (Cutuca Meu Peito Incutucável) e Nathália Lima (Flor do Tempo). Continuar lendo

1030 – Consuelo de Paula homenageia Dia Internacional da Mulher com Bibianas, no Teatro da Rotina (SP)

A cantora, compositora e poetisa Consuelo de Paula (MG) estará de volta ao aconchegante Teatro da Rotina em 9 de março, quando, a partir das 21 horas, apresentará Bibianas, show com o qual marcará a passagem do mês dedicado ao gênero e o Dia Internacional da Mulher, que transcorrerá na véspera, em 8 de março. Bibianas será, ainda, o terceiro concerto da série que Consuelo batizou como Movimentos do amor e de lutaO primeiro ato, Movimentos do amor e da luta, e o segundo, Chamamento, também tiveram como palco o teatro paulistano situado na rua Augusta, 912 (veja Serviço).

Bibianas é um encontro entre Consuelo de Paula e parceiras de composição, algumas das quais convidará para acompanhá-la. Voz, violão e instrumentos de percussão compõem a tríade mágica e completam o canto pleno, personalizado e profundo que possibilitam à mineira de Pratápolis envolver o público a cada nova canção. Neste show, além de canções autorais e algumas interpretações de outros autores que farão a ponte entre uma parceria e outra – incluindo a recente Valsa para Mathilde, com Adoniran Barbosa e Copinha — estarão em destaque muitos ritmos brasileiros.

Continuar lendo

982 – Tunai e Wagner Tiso apresentam “Saudades da Elis” na estação ferroviária de Poços de Caldas (MG)

Em mais uma rodada do projeto Composição Ferroviária, moradores de Poços de Caldas e região e turistas que estiverem aproveitando o inverno passeando pelo município sul mineiro poderão curtir, gratuitamente, na manhã de domingo, 30 de julho, apresentação dos músicos Tunai e Wagner Tiso, protagonistas do show Saudades da Elis. Antes de eles subirem ao palco do pátio da estação ferroviária, o público terá a oportunidade de matar saudades de músicas que embalam a memória afetiva de várias gerações, recordadas a partir das 10 horas pelo Choro a Dois. O duo é formado por Gabriel Carbonari (violão) e Jéssica Rosado (bandolim), novos talentos que têm encantado a cidade.

Continuar lendo