1635 – Sempre inventivo e ousado, em Eternesense Lelo Nazario brinda público com suíte para piano e sons eletrônicos, da Utopia Studio

#MPB #MúsicaInstrumental #MúsicaEletrônica

*Com Irati Antonio (Utopia Studios)

Ícone da vanguarda instrumental  reconhecido em vários países, compositor fundador do lendário Grupo Um traz ao público uma suíte para piano e sons eletrônicos, dividida em quatro partes e e que tem por tema a busca da natureza pela perpetuação da vida.

Já está disponível nas plataformas digitais Eternesense, novo álbum solo do compositor, produtor musical e pianista Lelo Nazario, mais um lançamento do selo paulista independente Utopia Studios. Eternesense reafirma a trajetória de inventividade e ousadia de Lelo Nazario, com mais de 40 anos de carreira individual, e traz música inédita cujo tema é a resiliência dos organismos vivos em busca da perpetuação da vida. Em forma de suíte para piano e sons eletrônicos e dividida em quatro partes (infância, juventude, maturidade, velhice), a música constitui uma trilha imaginária para o grande espetáculo da natureza. A exemplo das modificações vitais que ocorrem ao longo de muito tempo na vida, apresenta um desenvolvimento mais lento que demanda audição mais atenta aos detalhes. A complexidade dos mecanismos naturais aparece na música na forma de timbres dos sintetizadores, na distribuição dos instrumentos no espaço, na maneira como os efeitos são aplicados ao piano.

A composição surgiu entre 2022 e 2023, com sintetizadores analógicos e virtuais, além de samples de vários instrumentos, timbres digitais, vozes, efeitos sonoros e sons da floresta. Em sua maior parte, a música é tonal, mas existem trechos atonais bastante expressivos e sons característicos da música eletroacústica contemporânea. Conhecido entre os principais nomes da cena instrumental brasileira, Lelo Nazario é fundador do Grupo Um, aclamado como um dos mais reverenciados conjuntos instrumentais do país. Reconhecido como ícone da vanguarda, o autor assina mais de 20 álbuns autorais e a experiência de tocar em companhia de Hermeto Pascoal, Edu Lobo, Gilberto Gil, Naná Vasconcelos, John Scofield, Márcio Montarroyos, Toninho Horta, entre muitos outros.

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1621 – Eduardo Machado (SP) homenageia João Donato com composições autorais em novo disco, com versão em vinil e nas plataformas digitais*

Álbum resgata o samba jazz, com marcante harmonia da Bossa Nova e fusão ao jazz, à música latina e caribenha, com participação especial do pianista 

*Com Fernanda Martins, Benu Comunicações

fernanda@benucomunicacao.com.br

O compositor e baixista Eduardo Machado lançou nas plataformas digitais Do Nato Samba Jazz, álbum que homenageia o compositor João Donato, atualmente com 88 anos. Machado é um dos mais respeitados contrabaixistas do país e neste projeto que se tornou o décimo álbum da carreira dedicou-se a resgatar o samba jazz, subgênero do samba que emergiu no âmbito da Bossa Nova, com repertório autoral inédito. A proposta além do tributo a Donato é apresentar a riqueza e pureza da música instrumental brasileira, revelando uma maneira jazzística moderna de tocar o samba. Do Nato Samba Jazz também chega ao público em versão vinil dotada de códigos QR com vídeos exclusivos, mais a participação especial do pianista de Rio Branco, cidade que é a Capital do estado do Acre.

Machado reúne a marcante harmonia da Bossa Nova com músicas que se entretecem com a sensibilidade e o pensamento musical de Donato, além de elementos da fusão entre o jazz, a música latina e uma pitada dos ritmos caribenhos, bem como da reincorporação afro-cubana ao jazz. No álbum toca acompanhado de Daniel D’Alcantara (trompete); Vitor Alcântara (sax tenor); Marcio Bahia (bateria) e Eron Guarnieri (piano/teclado), todos reconhecidos internacionalmente. Juntos, os músicos exploram instrumentos além de sua forma tradicional e criam uma atmosfera com hibridismo de estilos como o samba, porém, com a harmonia da Bossa Nova e a melodia que remete ao blues. O ouvinte desfruta de um jogo dinâmico que só a música brasileira propicia, momentos durante os quais os prazeres de ouvir e fazer música se misturam.

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1620 – Fábio Jorge mergulha no universo do múltiplo artista Charles Aznavour e apresenta 12 canções de um dos mais populares cantores da França

#MPB #MúsicaFrancesa #França #Paris #Armênia

Cantor franco-brasileiro produziu seu mais novo álbum com interpretações emocionadas e arranjos sofisticados para reavivar sucessos e músicas “alternativas” do ícone parisiense que desafiou críticos, conquistou o mundo e gravou mais de 850 canções, enfocando com audácia entre outros temas que pinçava de notícias em jornais, assuntos como violência, acidentes de trânsito, divórcio e homossexualismo

O cantor Fábio Jorge acaba de lançar Fábio Jorge/Aznavour, com 12 canções do cantor Charles Aznavour, um dos mais populares e longevos cantores da França. “É um prazer celebrar Aznavour. Ele foi o maior ícone masculino da música francesa do século passado, trabalhou por mais de 60 anos. Trata-se de um dos maiores artistas do século passado, não somente da França, mas do mundo, além de ter cantado em muitos idiomas o que mostra sua versatilidade e universalidade”, afirmou Fábio Jorge.

No repertório há canções conhecidas como La Bohème, She, Que C’Est Triste Venise e outras alternativas como Ètre, Le Temps e Trousse Chemise. “O universo de Aznavour é muito rico, ele compôs mais 850 canções e gravou 2 mil. A escolha do repertório não foi fácil, se eu gravasse tudo que gosto, daria uns 6 álbuns pelo menos”, observou Fábio Jorge. “Optei por algumas clássicas, mas também por algumas nem tão conhecidas do grande público, escolhi as mais representativas para mim.”

Neste projeto o intérprete volta ao universo francês, após lançar o disco O Tempo com canções em português em 2021. “Fiz um hiato na música francesa, eu precisava falar para os brasileiros, sobre a situação sociopolítica e econômica durante a pandemia de Covid-19, agora volto ao francês porque é meu universo, é onde sou conhecido e reconhecido”. Embora adentre o universo de Aznavour, Fábio Jorge toma posse e traz sua personalidade às canções. “Eu leio a letra e visto a música. Eu sou um intérprete, muito mais do que um cantor. Tenho um trabalho intuitivo, transporto minha intuição como intérprete para canções já conhecidas”.

O projeto conta com a produção do próprio Fábio Jorge, com direção musical, piano e arranjo de Alexandre Vianna. Já a masterização ficou por conta de Edielson Aureliano, a arte de capa é de Gustavo Gontijo e o projeto gráfico de Leandro Arraes.

GIGANTE” REVOLUCIONÁRIO E GENEROSO

O homem que reinventou a chanson francesa, Charles Aznavour compôs mais de 600 canções e vendeu mais de 100 milhões de discos e ainda é uma estrela e um dos últimos grandes clássicos no estilo. Um dos poucos artistas franceses a fazer sucesso nos dois lados do Atlântico, suas canções não só fizeram parte da trilha sonora de gerações, como ainda influenciam jovens cantores que despontam em seu paí­s e mundo afora; ele apreciava essa juventude que pretende continuar a tradição, mas não gostava dos imitadores. Foi lição que aprendeu com Edith Piaf, durante os anos que passou em sua companhia como bom amigo e gentil secretário.

 “Vivi no séquito de Piaf por 8 anos, seguindo-a por toda parte, e fui seu amigo até o final da vida. Para um jovem cantor e escritor era uma oportunidade fantástica vê-la cantando todas as noites. Eu costumava ajudar com a iluminação, com o microfone…, mas não era exatamente um secretário… Piaf exerceu grande influência sobre mim, com ela aprendi que não devia fingir ser outra pessoa no palco, que devia ser eu mesmo, uma pessoa real.”

Aznavour subiu ao palco pela primeira vez em 1933. Filho de imigrantes armênios que escaparam do genocí­dio perpetrado pelos turcos em 1914, nasceu na capital francesa em 22 de maio de 1924. Foi chamado de Charles porque a enfermeira não conseguia pronunciar Varenagh Aznavourian, o nome escolhido por seus pais. Misha e Knar fugiram do paí­s pensando nos Estados Unidos da América, mas tiveram de rumar para a França porque a cota máxima de imigrantes armênios para ser levada à terra do Tio Sam já estava esgotada. Ele era barítono, ela atriz. Para sustentar a famí­lia apresentavam-se em lugares onde havia comunidades armênias populosas: Lyon, Marseille, Valence… Foi numa dessas performances que Charles estreou, aos 3 anos, recitando poemas para sua irmã, Aà¯da. Mas a renda era pouca, por isso o casal abriu um pequeno restaurante na Rue de la Huchette.

aznavour

Aznavour não se intimidou com as críticas e provocações e desafiando preconceitos no início da longeva carreira cantou ao seu modo a canção francesa, além de atuar por causas sociais fora dos palcos que lhe renderam menções e comendas de organismos internacionais. No Brasil foi atração em várias capitais de estados, entre as quais São Paulo, Recife e Curitiba

Os negócios foram bem por algum tempo, apesar da depressão que assolava a Europa; o problema maior era Misha, que, simplesmente, não conseguia cobrar dos imigrantes que jantavam em seu restaurante, o que resultou na primeira falência de outras pelo mesmo motivo: generosidade. Nessa época Charles fazia parte de uma companhia de teatro infantil e passou meses em turnê pela França e pela Bélgica como cantor e dançarino, até seu pai se alistar no exército voluntariamente.

Quando a Segunda Guerra eclodiu, Charles foi vender jornais nas ruas para ganhar o sustento. A situação começou a melhorar quando ele entrou num grupo de artistas e reduziu seu nome para Aznavour, tornando-se a principal atração do Club de la Chanson. Ali, conheceu Pierre Roche, pianista e compositor de quem foi parceiro por quase uma década e, juntos, cantaram onde puderam e viveram boas aventuras, como ir de bicicleta à Normandia, ocupada por tropas alemãs.

Ele descobriu prazer em compor quando se viu entediado com a tradicional chanson, e enquanto Roche colecionava conquistas. Aznavour contava que começou a escrever porque não estava feliz com as canções que interpretava. “E não era só isso, elas não se adequavam à minha figura. Naqueles dias você tinha que ser alto e bonitão, ser o tipo de pessoa que se via em filmes, e eu não era. Eu tinha muito a dizer ao público que não estava acostumado a ouvir em canções, mas podia encontrar nas páginas dos jornais. Então comecei a escrever sobre problemas e a falta de entendimento entre as pessoas, o que se tornou a minha marca. Fui o único a fazer isto durante anos, depois descobri ser bem comum em outros lugares.

Seus ‘faits de societe’ são recortes que falam de violência, acidentes de trânsito, divórcio, homossexualismo, um apaixonado por uma surda-muda “com apuro nem sempre impecável”. O single La Mamma vendeu 1,5 milhão de cópias, mas demonstra tremendo mau gosto versando sobre uma famí­lia reunida para velar a matriarca morta. Foi escrita em parceria com Robert Gall para um filme televisivo de 1964, seguindo estritas especificações de roteiro: crianças brincam em silêncio perto do corpo; Giorgio, o ‘mau filho’, retorna à casa arrependido; todos cantam ‘Ave Maria’”.

“UM QUEIJO NA GARGANTA”

A primeira canção a repercutir seu nome foi J’ai Bu, que, gravada por Georges Ulmer um dia após a libertação de Paris das mãos nazifascistas, recebeu o Grand Prix du Disque de 1947. Jacques Canetti, descobridor de talentos, sugeriu que Roche e Aznavour gravassem quatro discos 78 RPM. Eles gravaram; em seguida toparam cantar numa rádio pública que alcançou os ouvidos de Charles Trenet, í­dolo de Aznavour, e Edith Piaf, a estrela maior dos períodos pré e pós-guerra.

Encantada com a dupla, Piaf propôs que abrissem os concertos que faria nos Estados Unidos da América e eles foram, por conta própria. Desembarcaram em Nova York sem vistos de entrada e passaram dias na prisão, até Piaf ir resgatá-los. Assim­ nasceu a amizade entre Charles e Edith. Quando ela lhe escrevia assinava “com afeto, sua pequena irmã das ruas”, e por este afeto ele aguentou seus caprichos e arroubos de ira, pacientemente, no tempo em que moraram juntos. Ele aprendia com ela. “Tí­nhamos muito em comum, ela cantou na rua, eu também. Ela veio de uma famí­lia pobre e eu também. Não fui tão pobre quanto ela, mas não era rico.”

“Escrevi sete canções para ela. Eu não era o tipo de compositor para Piaf, mas ela gostava do meu jeito de escrever, razão por que gravou algumas de minhas canções”, emendou. Entre elas, Plus bleu que tes Yeux e Jezabel, ambas sucessos, mas nenhuma como Je Hais les Dimanches, que ela recusou e acabou sendo gravada por Juliette Gréco, num estilo muito diferente do que o público estava habituado. A canção impulsionou a carreira de Gréco e recebeu prêmio da SACD (a associação francesa de Autores e Compositores).

A partir disso, Aznavour se transformou em criador de estilo, com diversos artistas solicitando canções, embora ainda não tivesse sucesso como performer. Seu porte fí­sico e sua voz não eram bem aceitos pelo público, e ainda havia a crí­tica, que se esmerava em comentários sarcásticos, às vezes cruéis, como “o homem feio que não sabe cantar”. Mesmo assim, ele continuou a fazer apresentações em casas noturnas parisienses, com o produtor Raoul Breton entre os poucos a encorajá-lo. Mais tarde zombava de si mesmo, dizendo que soava “como [se tivesse] um queijo Gruyere cheio de buracos entalado na garganta”.

Ironicamente, a popularidade de Aznavour deve-se principalmente ao desempenho de palco, desenvoltura que atraiu muitos produtores de cinema antes de agradar à audiência. Sua carreira cinematográfica começou em 1938, mas foi La Tête Contre les Murs (1959), de Georges Franju, que lhe deu o L’étoile de Cristal de melhor ator. Ao todo foram 73 filmes, sem contar autoria de roteiro ou trilha sonora, que somam mais 45 produções. Entre os filmes mais citados estão Ararat, do diretor canadense de origem armênia Atom Egoyan, e Tirez sur le Pianiste, de François Truffaut, que virou um amigo. “Na primeira vez que Truffaut veio me ver quase não nos falamos. Ele era tímido, eu também. Foi um bom começo.”

Piaf e Aznavour tiveram estreita relação, por oito anos. Ela abriu para o amigo as portas da “América” e ele gravou sete canções para sua companheira de estrada

A reputação de Aznavour se espalhou pelo mundo gradualmente. Ator, cantor, compositor, escritor. Ele aprendeu inglês sozinho para gravar versões de suas músicas, fez o mesmo em espanhol, italiano e alemão e extraiu o máximo de todas as fontes, incluindo a música pop francesa dos anos 1960, muito criticada pela imprensa. Empolgado com esses novos artistas, compôs para eles ficando indiretamente no topo das paradas, enquanto ele próprio estava nas rádios com o hit Que C’est Triste Venise [que abre o álbum interpretado por Fábio Jorge]. “Basicamente, sou letrista”, dizia Aznavour. “Poemas e letras encerram música própria, têm ritmo próprio, por isso me tornei melodista. Escrevo melodias, não sou compositor, não sei escrever partituras.”

Em meados da década de 1960, ele vendia milhões de discos pelo mundo e já havia grandes nomes, de Ray Charles a Liza Minelli, interpretando suas canções. “Foi em 1962 que decidi ir cantar no exterior”, recordava. “Eu tinha guardado dinheiro para alugar o Carnegie Hall, coloquei 150 jornalistas em um avião particular e lotei a sala: 3.400 lugares! Como não falava inglês, usei um púlpito para dispor as letras e os norte-americanos acharam perfeitamente natural. Eu fazia sucesso na França, tinha repercussão no Exterior. Mais tarde aprendi inglês e até hoje, em todos os paí­ses por onde me apresento, canto boa parte de minhas canções no idioma local.”

ARTISTA DO SÉCULO

Por muitos anos Aznavour alternou concertos no Exterior e performances na França, com o mesmo prazer dos primeiros anos, talvez mais. Mas, às vezes, perguntava-se: “se eu não cantasse o que iria fazer em casa?”. E concluía que uma aposentadoria seria o mesmo que morrer de tédio. Com orgulho afirmava nunca ter trabalhado para vender discos, mas para cantar no palco. “Esta é minha verdadeira profissão. Diante de uma nova canção, eu só penso em uma coisa: será que vai acontecer algo novo no palco?”

Em 7 de dezembro de 1988, o terrí­vel terremoto de Erevan matou 50 mil pessoas e deixou 500 mil desabrigados, na Armênia. Profundamente abalado, o cantor fundou a Associação Aznavour para a Armênia e reuniu noventa cantores e atores franceses para o videoclipe da música Pour toi Arménie; no país também há um time de futebol com o nome dele, o Aznavour FC. O disco vendeu mais de 1,5 milhão de cópias e permaneceu no topo das 50 mais por 13 semanas. “Descobri a Armênia em 1963, durante uma turnê pela União Soviética. Eu conhecia a história do genocí­dio, mas nunca fui um militante. Foi depois do tremor de terra e dos massacres do Alto Karabakh que me senti realmente envolvido.” Todo o dinheiro foi encaminhado ao paí­s.

 Pela iniciativa, Aznavour foi nomeado Embaixador Permanente da Unesco e Embaixador Itinerante da República Armênia pelo presidente Lévon Ter Petrossian. Dez anos mais tarde, recebeu a comenda da Legião de Honra pelo ex-presidente da França Jacques Chirac, que sublinhou sua ação humanitária com uma elogiosa saudação: “Charles Aznavour é um homem extremamente generoso, um artista incomparável e incontestado, um maravilhoso embaixador da canção e da lí­ngua francesa, provavelmente admirado no mundo inteiro.”

De fato, no ano seguinte, aos 74 anos, ele foi eleito o Artista do Século na pesquisa online realizada pela CNN e pela revista Time. Recebeu cerca de 18% do total de votos, concorrendo com Elvis Presley, John Lennon e Bob Dylan, este admirador confesso, que regravou The Times We’ve Known. Quando perguntado se sempre teve certeza de possuir talento, Aznavour sorria complacente, e arrematava: “Minha vida deve ser uma lição de esperança para as pessoas que não são atraentes e vieram de lugar nenhum”.

 O cantor francês Charles Aznavour morreu aos 94 anos, em 1º de outubro de 2018, em Mouriès, na França. Chamado de “Frank Sinatra da França”, o artista de ascendência armênia chamava-se Shanour Vaginagh Aznavourian. Rebatizado Charles Aznavour, tornou-se o cantor e compositor do amor. Sua amizade com outros artistas rendeu parcerias. Elvis Costello fez uma versão de She para a comédia romântica Um Lugar Chamado Nothing Hill. Plácido Domingo gravou a versão de Aznavour para Ave Maria. E cantaram com ele Fred Astaire, Bing Crosby, Ray Charles e Liza Minnelli. Apesar da pequena estatura (1,6 metro), era gigante no palco. O mito ultrapassou-o e, no Japão, como Char Aznable, virou personagem de uma famosa animé de ficção científica, Mobile Suit Guindam. Aznavour também foi ligado ao Canadá e à causa de Quebec Livre, por conta de sua origem armênia.

Entre seus prêmios recebeu a Legion d’Honneur na França, o título de Herói Honorário da Armênia, e o MIDEM Lifetime Achievement Award. Arrebatou, ainda, o Leão de Ouro honorário em Veneza pela trilha de Morrer de Amor (de André Cayatte), um César (Oscar francês) honorário e o prêmio de carreira do Festival do Cairo. Apresentou-se diversas vezes no Brasil, como em 25 de maio de 2013, em Recife. Esteve ainda em outras capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza, Goiânia, e Belo Horizonte.

Pai de seis filhos, Aznavour se casou três vezes. “Na primeira eu era muito jovem; na segunda, muito estúpido; e na terceira me casei com uma mulher de uma cultura diferente e aprendi a tolerância“, afirmou.

O atual presidente da França, Emmanuel Macron, que também estava no posto em 2018, lamentou a morte do artista que julgava ter um brilho único. “Orgulhosamente francês, visceralmente ligado às suas raízes armênias, conhecido no mundo todo. Charles Aznavour acompanhou as dores e alegrias de três gerações.”

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Capa do disco que Fábio Jorge dedica-se de modo emocionado parte da copiosa obra do francês de ascendência armênia

GRITO DE RESISTÊNCIA (por Thiago Marques Luiz)

Fábio Jorge é um apaixonado obstinado

Entusiasta da música francesa por influência da sua saudosa e divertida mãezinha, Dona Renné, teve desde muito cedo paixão pelo idioma, as vozes e os sons da França, herança da família materna.

Claro que por isso, o icônico cantor Charles Aznavour é para ele uma grande referência, tal qual Edith Piaf.

Meados dos anos 2000 e Fábio Jorge era aquele amigo da música que trocava figurinhas, ia a shows, comprava cds, de Bethânia, Alcione, Edith Veiga, Shirley Bassey e muitas vozes que mexiam com o nosso imaginário jovem e ao mesmo tempo antigo.

Ele gostava de cantar e me mostrou uma demo sua cantando Brigas. Sugeri, então, que fizesse um show em sua festa de aniversário com seu amigo pianista Marcelo Manzano numa casa pequena e simpática chamada Villagio Café, que ficava na praça Dom Orione, no Bixiga.

Assim foi feito. Naquele dia a música entrou por todas as suas veias e tomou conta do seu corpo e da sua mente. Um caso de paixão à primeira vista pelo palco.

Algum tempo depois, veio o teatro ópera buffa, na Praça Roosevelt, incentivado e dirigido pelo diretor teatral Heron Coelho. Gravar um disco naquela altura virou necessidade e assim produzimos “Chanson Française”. Dali a pouco mais shows, mais discos, programas de tv, rádio, e uma carreira feliz, porém difícil, com pouca abertura, mas muita vontade. Fábio não se tratava de um jovem galã cantando música da moda pra agradar nem o grande público e nem a mídia lobista. Era um artista de trabalho bem específico, sem patrocínio e gravadora, portanto 100% independente.

Fábio Jorge se tornou um batalhador da canção francesa, persistente e convicto. Um artista que precisava (e precisa!) estar na música de alguma forma, sobretudo gravando discos bem feitos e caprichados com começo, meio e fim, como se fazia antigamente.

Este Aznavour é exatamente assim. É mais um grito de resistência. Ele se divide entre o orgulho de saber e poder fazer o que quer e a tristeza de saber que canta para poucos e que o mercado não abraça o seu trabalho como deveria.

Eu aplaudo Fábio Jorge. Aplaudo a audácia. Aplaudo a paixão. Aplaudo a vontade de fazer bem feito e com amor. E tenho certeza: ele quer sempre mais porque sabe que pode oferecer mais. Sorte de quem pode ouvi-lo com atenção e perceber o grande chansonier que ele é. Siga em frente, meu amigo, e faça mais porque você pode! 

Saiba mais sobre Fábio Jorge e leia conteúdos a ele relacionados aqui no Barulho d’água Música ao visitar o link:

https://barulhodeagua.com/tag/fabio-jorge/

A biografia de Charles Aznavour aqui publicada baseia-se em textos extraídos das seguintes fontes:

https://trivela.com.br/franca/aznavour-fc-o-time-da-elite-armenia-que-homenageava-charles-aznavour-lenda-da-musica-francesa/

https://www.antena1.com.br/artistas/charles-aznavour    

https://www.dw.com/pt-br/morre-o-%C3%ADcone-franc%C3%AAs-charles-aznavour/a-45714852

https://revistaogrito.com/definidos-os-valores-dos-ingressos-para-show-de-charles-aznavour-no-recife/

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1612 -Blas Rivera e David Chew lançam pela Kuarup álbum dedicado a Johann Sebastian Bach*

#MPB #MúsicaClássica #Jazz #Tango #JohanSebastianBach #RiodeJaneiro #Córdoba #Argentina #Londres #Inglaterra

Back To Bach já está disponível nas plataformas digitais com melodias criadas pelos premiados músicos que vivem no Brasil: um saxofonista argentino e um violoncelista britânico

* Texto baseado em original da Produtora e Gravadora Kuarup

Jazz, tango e clássico. Os três estilos juntos, misturados, vivos, eternos, rebeldes, conversando constantemente, reverenciam o mestre dos mestres, o compositor Johan Sebastian Bach. Nada mais “carioca” que dois estrangeiros se apaixonarem pelo Brasil e ficarem por aqui para sempre, abraçados na própria música: o impecável e profundo violoncelo do músico britânico David Chew e os irreverentes sax tenor e piano do instrumentista argentino Blas Rivera. A dupla vive no país e se emociona, há tempos, com uma música única, delicada e exultante. Conversa, cala, improvisa, chora e nos envolve com composições de Astor Piazzolla, Bach, Carlos Gardel, Tom Jobim e de Rivera.

Silencio, preparem os corações: o show vai começar. O disco Back to Bach foi gravado e produzido em Araras, nas montanhas do Rio de Janeiro, pelo produtor Sergio Lima Netto e conta com participações especiais do músico e produtor Ricardo Gomes (baixo) e César Ehmann (violão). David Chew e Blas Rivera já assinaram quatro álbuns: Ojala Que me Escuche (Tributo a Astor Piazzolla), Two Faces (Tributo a David Chew), Entre as Cordas, Jaque Mate e, agora Back to Bach, lançado e distribuído pela gravadora e produtora Kuarup. Back to Bach permite ao ouvinte uma turnê pela Europa, finalizando a grande viagem que começa em nossos trópicos.

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1597- Blas Rivera, Chico Lobo e Ricardo Gomes lançam Vertentes, mais um álbum da eclética grife Kuarup

#MPB #MusicaInstrumental #Jazz #ViolaCaipira #ViolaInstrumental #ViolaBrasileira #Córdoba #BeloHorizonte #SãoJoãoDelRei #MinasGerais #Argentina #Portugal #EncontrodeViolasdeArame

Já disponível nas plataformas digitais, disco instrumental de composições autorais e clássicos da MPB forma caldeirão de sons e arranjos

Águas que transbordam, jorram, vertem pelas encostas, pelos declives. Assim três artistas com suas histórias, seus instrumentos, suas raízes e seus estilos formam, cada um, uma nascente de águas musicais que, ao escorrer, gera riachos de arranjos e de sons e dá vida a um rio fértil, de leito profundo. Essa é a descrição que mais bem pode definir o encontro de Chico Lobo (mineiro, natural de São João Del Rei), com Blas Rivera (natural de Córdoba, Argentina, radicado na cidade do Rio de Janeiro) e Ricardo Gomes (mineiro, de Belo Horizonte), um “power trio” universal que une viola caipira, sax e piano, e baixo elétrico, respectivamente. Formação inusitada, o talento do triunvirato ganhou liga e força com a presença do produtor musical Sérgio Lima Netto e resultou em Vertentes, disco gravado em parte no Estúdio Araras (encravado nas montanhas da região serrana da capital fluminense) e parte no estúdio RG, em Belo Horizonte) que apresenta composições de Rivera e de Chico Lobo mescladas a releituras de clássicos nacionais. São sons que têm raízes nas milongas argentinas, nos toques mágicos da viola dos sertões de Guimarães Rosa e também passam pela linha jazzística da fina flor da música popular brasileira e constituem o eclético mosaico de mais um ótimo disco lançado e distribuído pela Produtora e Gravadora Kuarup, estabelecida na cidade de São Paulo .

Vertentes é um caldeirão de músicas instrumentais e arranjos que emociona. Milonga Sudaca, Vazante, Réquiem, Agreste, O Mundo é Um Moinho vão se misturando às demais faixas executadas com a precisão comum aos três artistas. Cada qual com seu estilo, eles se juntaram e conseguiram produzir tons de cores sonoras mais quentes em músicas instrumentais que deslizam de forma leve. E os ouvintes ainda são brindados com as participações especiais de Walther Castro (bandoneon) e do inglês David Chew, ao violoncelo. O resultado é mesmo belíssimo, com alma tanto regional, quanto universal, tradicional e contemporânea.

1) Milonga Sudaca é uma composição de Blas Rivera, que tem forte rítmica e execução, reforçada pela participação de Walther Castro ao bandoneon, junção que confere ao álbum um início vigoroso;

2) Vazante: um dos principais temas instrumentais de Chico Lobo e que simboliza a vida, pois a vazante ocorre quando há cheia nos rios e formam-se lagoas adjacentes, nas quais os peixes procriam e a terra se torna mais fértil para o plantio;

3- Ave Maria no morro: um dos maiores sucessos do compositor e cantor Herivelto Martins em Vertentes ganhou versão inédita e inusitada, releitura que permitiu o encontro poético entre sax, viola caipira e baixo, um conjunto perfeito para emocionar e homenagear a música popular brasileira;

4- Córdoba: composição de Chico Lobo para o álbum, esta música homenageia a cidade natal de Blas Rivera. Com ares de guarânia e de milonga, nasceu a partir da vivência do violeiro mineiro com a música da América do Sul e de sua aproximação com o argentino. O baixo bem marcado de Ricardo Gomes contribui para criar o belo chão para o diálogo afinado entre viola caipira e sax;

5- Réquiem: Blas Rivera compôs para Osvaldo Bayer, querido, admirado, respeitado historiador, jornalista, pesquisador e escritor. O réquiem é uma missa com música e texto que celebra a memória de um falecido, mas aqui não existe luto, só emoção. Réquiem tem ritmo de milonga. Embora seja para a memória de Dom Osvaldo, mais que tudo, tem a intenção de fazer muito barulho para ele voltar, acordar ao invés de descansar! Por isso Rivera optou pela Milonga, não pelo Sanctus;

6- O mundo é um moinho é uma das mais clássicas composições do mestre carioca Cartola, apontado como o maior sambista que o Brasil já conheceu e ganha agora versão instrumental, com levada de jazz;

7- Alma perdida: balada em ritmo de zamba, uma dança (danza) folclórica argentina, composta por Rivera para recordar um ser querido. O lamento é completamente acolhido pelo trio para poder assim passear junto a uma alma que se foi;

8- Luar do sertão: joia de Catulo da Paixão Cearense vertida para violas e baixo que promove um diálogo de cordas em tributo ao sertão brasileiro;

9- Até a sua volta: mais uma música de Rivera, especialmente para o violoncelista inglês David Chew. No álbum promove conversa mágica entre os quatro instrumentos; além do ritmo, do tempo, do espaço e dos limites formais do som;

10- Agreste: assinada por Chico Lobo em uma de suas idas a Portugal. Ao ver o Alentejo amarelo seco, o mineiro fez um contraponto com o agreste brasileiro. É um tema dramático, que flerta com a música armorial nordestina.

Argentino de Córdoba, as origens de Rivera misturam ainda raízes francesas, italianas e espanholas e, atualmente, o multi-instrumentista mora na cidade do Rio de Janeiro (Foto: Arquivo do Facebook de Rivera)

Blas Rivera é saxofonista, pianista, compositor e arranjador nascido em Córdoba, na Argentina, cidade na qual estudou piano, sax e composição. Rivera cresceu sob a influência do rock e da música clássica, mas se apaixonou pelo jazz e pela bossa nova. Nos Estados Unidos da América estudou jazz, música para cinema e música étnica como aluno do conceituado Berklee College of Music e também no New England Conservatory. Depois de viver durante 15 anos no Brasil, mudou-se para a Espanha, mas já regressou ao nosso país.

As origens de Rivera misturam raízes francesas, italianas e espanholas. O multi-instrumentista levou seu tango-jazz por todo o continente americano, além da Nova Zelândia, da Indonésia e por vários países da Europa tais quais: França, Alemanha, Dinamarca, Inglaterra, Itália, Espanha, Grécia, Islândia e Suíça, onde, em 1999, foi reconhecido como músico revelação no Festival de Jazz de Montreux. Desde então já lançou oito álbuns, o mais recente em 2018, Jaque Mate, produzido entre as cidades do Rio de Janeiro, Buenos Aires, Córdoba, Madrid e Paris.

Suas apresentações variam desde solo (em sax tenor e piano), a duetos, passando por trios, quartetos (inclusive de cordas), quintetos e orquestra de cordas, entre outras formações. Rivera sempre turbina suas turnês com seminários e workshops não só para instrumentistas e compositores, mas também para bailarinos e coreógrafos. Na capital fluminense participa de projetos sociais de musicalização para jovens de comunidades carentes; já dividiu o palco com mestres como Fernando Suarez Paz e Pablo Ziegler, músicos do Quinteto de Astor Piazzolla, Paulo Moura, Marcos Suzano, Yamandu Costa, David Chew, Vitor Biglione e Carmen Paris, entre outros.

Apresentador de televisão, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira (Foto: Ricardo Gomes)

Chico Lobo é natural de São João Del Rey e já completou mais de 40 anos de carreira. É considerado pela crítica um dos artistas mais atuantes no cenário nacional pela divulgação e valorização da cultura de raiz brasileira. Com 27 discos, dois DVDs e um livro lançados protagoniza shows por todo o Brasil e já encantou plateias em Portugal, Itália, China, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia cantando suas raízes, mas sempre conectado à contemporaneidade.

Folias, catiras, modas, batuques, causos e toques de viola desfilam com alegria em seus concertos. Chico Lobo é tetracampeão (2015, 2016, 2017 e 2021) do Prêmio Profissionais da Música (PPM) como Melhor Artista Regional, troféus que recebeu em Brasília (DF). O violeiro mantém na cidade natal o Instituto Chico Lobo e por meio dele desenvolve projetos de ensino de viola e da cultura raiz para crianças das zonas rurais.

Desde 2006, Chico Lobo mantém relação artística com Portugal por meio do Encontro de Violas de Arame, em parceria com o músico e parceiro português Pedro Mestre, representante maior da viola campaniça da região do Alentejo. Esses encontros geraram o álbum Encontro de Violas e o DVD De Minas ao Alentejo e deu vida ao congraçamento de um projeto que caminha para o 11° Encontro de Violas de Arame. Chico Lobo já trouxe duas edições presenciais ao Brasil, além de uma virtual, fortalecendo a amizade e a partilha pelas cordas da viola que unem Brasil e Portugal. Em 2015 Maria Bethânia escolheu Criação, de autoria de Lobo, para compor o repertório do show e do DVD Abraçar e Agradecer, em comemoração aos 50 anos de sua carreira. Depois Bethânia gravou participação no álbum Viola de Mutirão, no qual canta a moda de viola Maria, que Chico Lobo fez em homenagem à baiana. Apresentador de televisão, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira.

Autodidata e amante de MPB e jazz , Ricardo Gomes estreou na cena musical, em Belo Horizonte, há 30 anos (Foto: Ayra Mendes)

Ricardo Gomes é produtor musical e baixista de carreira e está em atividade desde 1992. Iniciou a carreira tocando em casas noturnas de Belo Horizonte, acompanhando cantores sertanejos e de música popular brasileira. Autodidata, sempre curtiu jazz e música brasileira até que em 1992 estreou no mercado de produções e gravações atuando em centenas de criações de músicas. Já trabalhou como produtor para Chico Lobo, Luiz Carlos Sá (parceiro de Guarabyra), Luís Kiari, Marcelo Kamargo e João de Ana, entre outros. Atualmente, mantém o Estúdio RG na capital mineira.

Especializada em música brasileira de alta qualidade, o acervo da Kuarup, que está prestes a alcançar a marca de 45 anos no mercado, concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral. Em seus discos pode-se encontrar o melhor de Baden Powell, Renato Teixeira, Ney Matogrosso, Wagner Tiso, Rolando Boldrin, Paulo Moura, Raphael Rabello, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar, Pena Branca & Xavantinho e Arthur Moreira Lima, entre outros.

1581 – Cantos sagrados entoados por Mestre Sapopemba (AL) evocam forças ancestrais dos povos pretos e suas contribuições que enriquecem a cultura e a fé brasileiras

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A energia dos terreiros de Candomblé e a vibração dos atabaques em Gbó, disco do Selo SESC, convidam a um mergulho nas raízes espirituais que unem o Brasil à África das nações Angola, Ketu, Jêje e Ijexá, em 15 faixas que incluem clássico de Dorival Caymmi

Hoje, 8 de outubro, abrimos as tradicionais audições matinais dos sábados aqui na redação do Barulho d’água Música, no Solar do Barulho, na Estância Turística de São Roque (SP), com Gbó, palavra em yorubá que o autor escolheu para dar nome ao seu primeiro álbum solo. Ele é Sapopemba, cantor, compositor e percussionista e selecionou como repertório a musicalidade das tradições culturais afro-brasileiras. Lançado em 2020 pelo Selo Sesc, Gbó conta com a produção musical de André Magalhães, especialista na gravação audiovisual das culturas populares. Ari Colares, Leo Mendes, João Taubkin, Lula Alencar e Waldemar Pereira acompanham Sapopemba em 13 das 15 faixas do álbum que ainda tem a participação especial de Benjamin Taubkin, da cantora amapaense Patrícia Bastos e do cantor e violonista baiano Roberto Mendes

É impossível compreender a música popular brasileira sem passar pelo terreiro.” Ao abrir o encarte de Gbọ́ – termo em yorubá que significa ouça, logo de cara será possível dar com os olhos nessa frase, informa o texto de apresentação que consta na página virtual do Selo Sesc, que assim prossegue: “É nas batidas do candomblé que somos herdeiros de múltiplas áfricas, reelaboradas pelas pessoas escravizadas em solo nacional.” 

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1569 – Lúcia Carvalho e Som Brasil lançam Pwanga, terceiro álbum da angolana

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Uma das cinco filhas para as quais a mãe entoava cantigas como forma de tentar amainar a barra de criá-las sozinha, cantora africana com passagem por Portugal e por Salvador (hoje radicada na França, ao lado do parceiro Edouard Heilbronn, também músico), traz em seu novo álbum um grito de resistência que reafirma sua ancestralidade e mestiçagem

O Barulho d’água Música volta a navegar por águas fora do Brasil para trazer de além-mar e apresentar aos amigos e seguidores o Pwanga, terceiro disco da carreira de Lúcia Carvalho, angolana de Luanda, maior cidade e capital do país lusófono da África Central. Com 13 faixas e participação do paraibano Chico César em Desperta (#2), Pwanga está disponível nas plataformas digitais e saiu em formato laser e vinil no final de 2021, pela produtora francesa Zamora. O B’aM o encontrou disponível para ser baixado em formato MP3 pelo blogue La Uva y La Parra, cujo endereço estará ao final desta atualização, mas fica a dica para que a equipe de Lúcia seja contada por suas redes sociais e o álbum comprado diretamente dos produtores, não apenas pelas composições e para apoiar o trabalho dos artistas, mas ainda porque tem um encarte de belíssima identidade visual.

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1568 – Gilson Peranzzetta e Marcel Powell lançam Pro Tião, com participação de Alaíde Costa, no Blue Note,

#MPB #Violão #Piano #MúsicaInstrumental #CulturaPopular #ProdutoraeGravadoraKuarup

Disco pelo selo Kuarup homenageia o violonista paraense Sebastião Tapajós, com músicas inéditas dos autores e clássicos instrumentais do gênero

Texturas, entrelaçamento de cordas, cores, suavidades, sonoridades, timbres, vigor, emoção pura. Estas são as imagens sugeridas pelo encontro do pianista e maestro Gilson Peranzzetta com o violinista Marcel Powell em Pro Tião, álbum lançado e distribuído pela gravadora Kuarup e que ganhará concerto na casa noturna Blue Note, situada na cidade de São Paulo. A dupla estará no palco na sexta-feira, 9 de setembro, a partir das 20 horas, em encontro cujo disco homenageia o violonista paraense Sebastião Tapajós, falecido em outubro do ano passado.

A arte dos dois instrumentistas imprime à formação de duo dimensão nova e surpreendente, foge dos sotaques conhecidos para formular uma sonoridade peculiar. Nas 11 faixas estão contidos sedimentos culturais do Brasil, retratados pela diversidade de ritmos e gêneros. Peranzzetta e Powell protagonizam solos e ao tocarem juntos trocam funções e sensações em busca de inéditas dinâmicas. Ora com a mão esquerda ao piano, Peranzetta busca os baixos e desenha a harmonia para que Powell evolua ao violão, ora o violão serve de apoio para o piano, o que brinda o público com um espetáculo mágico.

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1545- Eduardo Sueitt e convidados tocam de graça no Parque Antonio Molinari

#MPB #MusicaInstrumental #MinasGerais #SuldeMinas  #PoçosdeCaldas 

O baterista paulista Eduardo Sueitt estará à frente neste sábado, 11 de junho, das apresentações que serão atrações da primeira edição neste ano do projeto Música Instrumental no Parque, prevista para começar a partir das 14h30, no Parque Antonio Molinari, sem cobrança de ingresso, com discotecagem de Paulo Tothy. Sueitt convidou para os concertos Albano Sales, Flávio Corilow e Henrique Simas, músicos que deverão oferecer ao público composições autorais e releituras de clássicos de Tom Jobim, Moacyr Santos, Ivan Lins, Milton Nascimento, Edu Lobo, Luiz Eça, Toninho Horta. Está prevista, ainda, a participação do violonista poços-caldense André Batiston. 

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