Veículo de divulgação de cantores, duplas, grupos, compositores, projetos, produtores culturais e apresentadores de música independente e de qualidade dos gêneros popular e de raiz. Colabore com nossas atividades: leia, compartilhe e anuncie!
Selma Reis participou de grandes musicais e novelas na TV Globo. O atual CD, Poeta da voz, tem apenas canções de Paulo César Pinheiro. (Foto: Vinícius Campos)
O Chorinho Bom, projeto que teve início para marcar 40 anos de falecimento de Pixinguinha, em 2013, vem conseguindo lotação máxima em todas as apresentações. As estrelas deste tributo ao “Mestre do Choro” são as grandes cantoras Vânia BastoseSelma Reis, que interpretam clássicos da obra única de Pixinguinha. Muita emoção na plateia e no palco. É espetáculo para todas as idades e que terá mais uma sessão no sábado, 28 de março, às 21 horas, no teatro Anchieta, do Sesc Consolação (SP). Ambas serão acompanhadas por Marcos Paiva(baixo acústico), um dos melhores artistas da nova safra da música instrumental brasileira, que reencontra o Choro neste show e com arranjos lúdicos e criativos mostra a beleza da obra de Pixinguinha de forma bem particular.
Cena de Léo e Bia, na versão em filme, com Paloma Duarte ao centro: estreia de Montenegro como diretor e roteirista de cinema; em fevereiro, a obra volta ao teatro, em SP
O horário das três sessões ainda não está divulgado. Mas o cantor, compositor, cineasta e diretor teatralOswaldo Montenegrojá soltou que para o primeiro final de semana de fevereiro retornará ao palco, do Teatro Dias Gomes (SP), o musicalLéo e Bia. O público poderá ver nos dias 6, 7 e 8 o sucesso dos anos 1980 que, na ocasião, teve plateia superior a 500 mil pessoas e, recentemente, ganhou uma versão para o cinema.
Oswaldo Montenegro grava discos desde 1975 e também compõem musicais consagrados pela crítica e filmes para o cinema (Fotos do acervo pessoal)
Os admiradores de Oswaldo Montenegro terão um bom motivo para não saírem de casa na noite de sábado, 15, data reservada pela rádio USP FM, de São Paulo, para apresentação a partir das 20 horas de programa especial dedicado a relembrar a trajetória de sucessos do cantor, compositor, e cineasta carioca. A emissora, sintonizada em 93,7 no dial paulistano, poder[a ser captada também por vários canais disponíveis na internet mediante download de um plugin instalado na hora, como ohttp://www.radios.redecol.com.br/2012/02/ouvir-radio-usp-fm-937-de-sao-paulo-ao.html.
O cantor Xangai é um dos ícones da cultura do Nordeste brasileiro e, além de uma ampla discografia, é considerado o melhor intérprete da obra do amigo menestrel Elomar
Como Eugênio Avelino apenas alguns admiradores o conhecem. Mas se o tratam por Xangai, então, uma legião de fãs sabe que a referência é ao cantor, ator e violeiro de Itapebi, cidade do extremo sul da Bahia, às margens de um dos afluentes do rio Jequitinhonha, o Jundiá. Dono de uma ampla discografia própria, que começou em 1976 com Acontecivento, Xangai é parceiro entre outros do mestre Elomar Figueira de Melo, com o qua gravou os célebres Cantoria 1 e 2, com participações ainda de Vital Farias e Geraldo Azevedo. Todo este talento e carisma para a produção de xotes, baiões, forrós e outras vertentes por meio das quais exprime em suas letras e interpretações o que o Brasil tem de mais peculiar e belo entre os povos do Norte e do Nordeste, estará neste domingo, 12, a partir das 10 horas, no banco do apresentador Rolando Boldrin, em mais uma edição do programa Sr.Brasil, há nove anos levado ao ar pela TV Cultura. Na quarta-feira, 15, a partir das 22 horas, haverá reprise.
A pernambucanaAlessandra Leão e o paulistano Rafa Barreto mergulharam em quatro consagrados discos de Alceu Valença lançados na década dos anos 1970 para a produção de um projeto intitulado “Punhal de Prata” em que promovem shows e apresentam dois vídeos produzidos por Thiago Duarte (PE). A ideia é resgatar a psicodelia do cenário que há quarenta anos inspirou Valença a lançar “Quadrafônico”, em parceria com Geraldo Azevedo (1972), “Molhado de Suor”(1974), “Vivo!”(1976) e “Espelho Cristalino”(1977). Alessandra e Barreto montaram a partir da audição destes álbuns um apurado repertório que traz novas leituras das faixas originais, já apresentado, por exemplo, na Casa de Francisca (SP), no mês de julho.
O paraibano Vital Farias gravou no disco em homenagem a Taperoá música censurada pela ditadura militar e consagrou-se nacionalmente com o projeto Cantoria, ao lado de Elomar, de Xangai e de Geraldo Azevedo
O público que curte o cantor Vital Farias é um dos primeiros que serão agraciados por um novo projeto da Kuarup. A gravadora carioca planeja recolocar no mercado neste segundo semestre obras importantes e raras da música brasileira das vertentes popular e regional, algumas já fora de catálogo, que nunca mereceram gravações digitais ou que não são encontrados mais pelas estantes de nenhuma loja. De acordo com matéria disponibilizada no sítio da Kuarup, hoje, 18 de agosto, abrirá a série “Taperoá”, segundo trabalho de Vital Farias, lançado em 1980, dedicado à mãe (Olívia) e cujo título remete à terra natal do paraibano. Com arranjos do próprio Vital Farias, em “Taperoá” destacam-se as canções “Pra Você Gostar de Mim”, “Repente Paulista” e “Veja (Margarida)”, regravada por Elba Ramalho; “Tudo Vai Bem (Nós Sofre Mas Nós Goza)”foi censurada pela ditadura militar.
Vital Farias ficou conhecido nacionalmente pelas gravações de “Saga da Amazônia”, “Era casa, era jardim”, “Saga de Severinin” e “Cantilena da Lua Cheia”, entre outras presentes nos álbuns “Cantoria 1 e 2”, projeto que marcou época e que reuniu ainda Elomar, Xangaie Geraldo Azevedo, entre 1984 e 1985 . A discografia da carreira, entretanto, começara em 1978, ano em que saiu “Vital Farias”, em cujo repertório há as faixas “Alice no Curral das Maravilhas”, “Caso Você Case” e sua primeira composição gravada, “Ê mãe”, em parceria com Livardo Alves e gravada por Ari Toledo.
Alfabetizado pelas irmãs por meio da Literatura de Cordel, aos 18 anos começou a estudar violão por conta própria. Integrou conjuntos musicais como “Os quatro loucos”, com o qual parodiava o “The Beatles”, e, em 1975, trocou o Nordeste pelo Rio de Janeiro. Lá cursou Faculdade de Música. Na Cidade Maravilhosa encontrou o ambiente ideal para participar de shows e outros eventos artísticos, como a peça “Gota d’água” (1976), de Chico Buarque de Hollanda. Suas composições destacam-se pelo humor e inventividade,mesclam canções nordestinas, sambas de breque, modinhas, xaxados e outros ritmos.
Há muitos anos sem gravar, Vital Farias produziu já no longínquo 2002 o disco de estreia da filha Giovanna, no qual estão presentes 15 composições de sua autoria, pelo selo Discos Vital Farias. No mesmo ano lançou “Vital Farias ao vivo e aos mortos vivos”. Os três primeiros álbuns da carreira (1978, 1980, e 1982) podem ser baixados em formato MP.3 do blog “Forró em Vinil”, por meio do linque que segue abaixo.
Pereira da Viola, Célio Sene, Levi Ramiro, Paulo Freire (fileira de trás), João Arruda, Tião Mineiro, João Bá e Wilson Dias: oito batutas no palco de Campinas (Fotos: Marcelino Lima)
A edição do “Arreuni” de agosto, promovida no domingo, 10, Dia dos Pais, tinha tudo para ser e já estava sendo inesquecível apenas com a presença das quatro principais atrações no palco do Centro Cultural Casarão do Barão Geraldo, em Campinas. Os violeiros de Minas Gerais Pereira da Viola (Vale do Mucuri) e Wilson Dias (Olhos d´Água), acompanhados pelo anfitrião João Arruda, até já haviam cantado com total interação do público uma música cujo refrão diz “se melhorar, vira rapadura”. Era, quem sabe, um prenúncio da apoteose que estaria por vir.
Pereira da Viola, mineiro do Vale do Mucuri, cantou com devoção canções como a homenagem a Dércio Marques, “Tributo”, do disco “Pote, a melodia do chão”Célio Sene deu um toque de docilidade ao “Arreuni” com sua flauta
Já com Tião Mineiro (um dos “pais” de Arruda e que recentemente atingiu 50 anos de carreira) entre os três da formação inicial, o irrequieto coordenador da cantoria — que até com uma caneta já tinha demonstrado sua inesgotável capacidade de tocar entre tantos outros instrumentos um violão de doze cordas –, chamou para entrarem na roda, antes do encerramento e do “bis”, mais três ilustres músicos que figuravam na plateia.
Eles eram, vai ouvindo, vai ouvindo, simplesmente os violeiros Levi Ramiro e Paulo Freire, duas das mais respeitadas referências do meio, e o cantor e compositor João Bá — este no auge dos 80 anos, mas ainda demonstrando possuir a alegria de um menino. A convocação também reconduziu para a reunião Célio Sene. O flautista havia acompanhado Pereira da Viola na execução das primeiras músicas.
Wilson Dias, de Olhos d’Água (MG) deixou a plateia paralisada para o acompanhar durante a música “Canção de Siruiz”, poema do escritor João Guimarães Rosa
Arruda, Pereira da Viola, Wilson Dias e Tião Mineiro, antes das músicas de despedida, já haviam mostrado caprichado repertório. A lista incluía entre as canções uma ode a São Dércio Marques, “Tributo”, presente no álbum “Pote, A Melodia do Chão”, gravado por Pereira e por Dias, em parceria com o compositor João Evangelista Rodrigues. Natural de Uberlândia (MG), Dércio Marques desencarnou há dois anos, em Salvador (BA). Em vida terrena, Dércio teve João Bá entre os vários companheiros de criação. João Bá é autor de “Cavaleiro Macunaíma” e “Carrancas”, entre tantos discos que marcaram época e influenciam até hoje novos valores do regionalismo. E foi tratado por “pai” pelo pupilo Arruda, condição respeitosa e de gratidão a qual alçou ainda Dércio, Levi Ramiro e Tião Mineiro.
João Arruda, anfitrião da festa em Barão Geraldo, com Tião Mineiro, cantador de modas de viola que já atingiu 50 anos de carreira e no dia 10 apresentou “Acordar com os passarinhos”O músico João Arruda, inventivo pupilo de Dércio Marques e de João Bá, toca as cordas de seu instrumento com uma caneta emprestada na hora pelo público
Arruda, por sinal, é João, como Bá. É João, como Evangelista Rodrigues. É João, como Guimarães Rosa, este sempre lembrado e grandiosamente homenageado na ocasião por Wilson Dias ao entoar “Canção de Siruiz” — épico poema do consagrado escritor de “Sagarana” e de “Grande Sertão: Veredas” que, no momento da interpretação do mineiro, mergulhou o Centro Cultural Casarão em profundo silêncio de admiração; quem fechou os olhos talvez tenha avistado Diadorim e Riobaldo juntos à terceira margem do rio debatendo se teria ou não, de fato, sido fechado o “pacto”, os códigos de honra dos jagunços e certos procedimentos do sertão cujas bases não poderiam ser jamais afrontadas, apesar da bem querência entre ambos.
Para quem conhece tanto Arruda, quanto os demais músicos e os acompanha (felicidade e honra da qual desfruta este Barulho d’Água), não cabem discussões quanto a estas observações alusivas aos talentos de cada um.
Os mestres João Bá e Paulo Freire estavam na plateia, mas chamados ao palco por João Arruda, abrilhantaram ainda mais a apresentação regida pela luz da Super Lua
Dércio Marques e João Bá, por exemplo, têm obras à altura das contribuições de um Heitor Villa-Lobos ou de um Tom Jobim à cultura popular brasileira, ainda que estes possam ser mais conhecidos e cultuados como eruditos. Como a Irene de Manuel Bandeira ao chegar no céu, Elomar Figueira de Mello entra sem precisar pedir licença neste universo e compõe o timaço pelo qual também podem transitar e para o qual ser convocados a vestir a camisa e jogar em qualquer posição os oito expoentes da recente edição do “Arreuni”.
O menestrel baiano do vale do Rio Gavião, autor de “Arrumação” e de “Cantiga do Boi Encantado”, vate criador de bodes e de tarântulas, trovador dos mundos da quadrada das águas perdidas, maestro de outros vastos sertões onde habitam Antenoro, Faviela, Quilimero e tantos vaqueiros e malungos, fez, nos idos de 1980, parte de um projeto que entrou para a história: o “Cantoria”, com Elomar, Vital Farias, Geraldo Azevedo e Xangai, que resultou em dois antológicos álbuns, gravados pela Kuarup e patrocinados pela Funarte, no Teatro Castro Alves (BA).
Pois bem, leitores amigos e seguidores: arrisco afirmar que diferença entre o “Arreuni” do Dia dos Pais e o “Cantoria” talvez resida apenas nos lugares onde ocorreram e nas personagens que os protagonizaram. Se um não teve a merecida atenção dedicada ao outro, a vantagem do espetáculo realizado em Campinas é que os ouvintes voltaram para casa com as palmas e os pés doloridos depois de tanto aplaudirem e caírem na folia, sob as bênçãos da magnífica Super Lua, cheia de encantos e de luz. E olha que no palco a alegria era tanta que choveu até fulô.
Tião Mineiro e Levi Ramiro, dois dos mais conceituados violeiros do interior paulista, momentos antes de o Arreuni do Dia dos Pais começar no Centro Cultural Casarão