1556 – Selo Sesc mantém em catálogo Ascenção, disco póstumo de Serena Assumpção, com 13 faixas dedicadas a orixás do Candomblé

#MPB #Candomblé #Umbanda #CulturaAfro #CulturaPopular

Projeto que levou seis anos para ser finalizado é um grito político e de resistência pela liberdade religiosa, sobrevivência da arte e o reconhecimento dos povos originários brasileiros, à pratica do amor, da ternura e da justiça

O Selo Sesc tem em seu catálogo um dos mais belos e importantes álbuns de temática dedicada às religiões de matrizes africanas, notadamente, o Candomblé. Ascensão, lançado postumamente em 2016, é o único disco de Serena Assumpção, uma das duas filhas de Itamar Assumpção, levada bem antes do combinado em março do no anterior em decorrência de um câncer de mama. Obra delicada e arrebatadora para fazer frente a intolerância religiosa e a elementos presentes na cultura quilombola tão aviltada em tempos recentes sobretudo pela cáfila bolsonarista, Ascensão homenageia cada um dos orixás do panteão do Candomblé em obra delicada e arrebatadora.

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1445- Conheça Felipe Radicetti (RJ), premiado cantor e compositor autor de declaração de amor aos latinos e homenagem a Eduardo Galeano em America

MPB #MúsicaLatinoAmericana #AméricaDoSul #Uruguai #Peru  #CulturaPopular

Neste trabalho, a canção cumpre um papel ora teatral, emprestando dinâmica a diálogos, construindo imagens, ora atuando como crônica do cotidiano; letras e músicas evocam o processo civilizatório sofrido pela colonização e as lutas por libertação; a história recente desses países ainda convalescentes de cruéis ditaduras militares

As tradicionais audições matinais que promovemos aos sábados aqui em São Roque, Interior de São Paulo, onde fica o Solar do Barulho e a redação do Barulho d’água Música, começaram neste dia 25 de setembro com America (assim mesmo, grafado sem o acento), do cantor e compositor carioca Felipe Radicetti, atualmente residente em Francisco Beltrão (PR). Lançado em 2015, America, 13º álbum autoral de Radicetti, é dedicado ao escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano e uma declaração de amor à América do Sul e ao seu povo. O ciclo de 13 canções, das quais 11 inéditas no ato da gravação, busca traduzir em poesia e música os laços identitários que nos unem como latino-americanos, num processo de reconhecimento mútuo entre assemelhados na luta e na construção da cidadania sempre em curso na América Latina.

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1409 – Mestiça, múltipla: Helena Badari (SP) chega sem medo, avisa que merece mais e reivindica com Orí Gem sua afirmação*

#MPB #CulturaPopular 

*Com Osni Dias

Em parceria com Luiz Waack, este é um disco para abrir olhos: celebra novos compositores e revela um repertório diversificado e renovador, com participações de Zélia Duncan e Zeca Baleiro

As tradicionais audições que promovemos aos sábados pela manhã aqui no boteco do Barulho d’água Música, em São Roque (SP), começaram neste dia 3 com Orí Gem, primeiro álbum de Helena Badari, cantora, compositora e violonista natural de Joanópolis (SP). Distribuída pela Tratore, com 12 faixas, Orí Gem chegou ontem, 2, às plataformas digitais de todo o país e revela a parceria entre Helena e o músico e produtor musical Luiz Waack, um dos integrantes da superbanda de Edvaldo Santana (ave, Lobo Solitário!).

Este ótimo trabalho em dupla, produzido em Piracaia (SP), resultou em um repertório diversificado e renovador que permitiu a Helena desenvolver como quem emite uma opinião ativa toda sua versatilidade de intérprete e compositora de linha de frente, que, para ficar em uma expressão popular comumente mal empregada, mas que resumirá seus múltiplos dons, verte o (santo) balacobaco dos capazes de nos provocar arrepios; como diz seus versos, Helena Badari é flecha certeira que leva na ponta chama para emocionar, surpreender, conquistar almas, corações e mentes e se afirmar no concorrido universo da MPB vamos combinar, sem tentar mudar de assunto: nem sempre generoso com talentos como o dela e que prefere badalar quem vende antigases e telefones, por mais que ser garota propaganda que canta também possa ser legítimo neste mercado.

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1404 – Cia Cabelo de Maria comanda arraiá virtual na Casa Museu Ema Klabin (SP)*

#SantoAntonio #SãoJoão #SãoPedro #FestaJunina #CulturaPopular #CasaMuseuEmaKlabin

*Com Cristina Aguilera, Midia Brazil Comunicação Integrada

A Casa Museu Ema Klabin entrou no clima das folias juninas e neste sábado, 26, transmitirá a partir das 16h30 pelo seu canal virtual (cujo linque estará ao final desta atualização) o espetáculo São João do Carneirinho, apresentado pela Cia Cabelo de Maria. O grupo paulistano estará à frente do arraiá online para, ao vivo, tocar e cantar clássicos do gênero como atração do programa #TardesMusicaisEmCasa. O repertório divulgado inclui O sanfoneiro só tocava isso (Geraldo Medeiros e Haroldo Lobo), Olha Pro Céu , São João na Roça , São João do CarneirinhoPiririPau de AraraFogo sem Fuzil (Luiz Gonzaga); SabiáImbalançaRiacho no Navio (Luiz Gonzaga e Zé Dantas); MenininhaPisa o MilhoMasseira (Domínio Público); No meu Pé de Serra (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira); Para Pedro (José Mendes), Farofa fá (Mauro Celso) e Vida de Viajante (Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil).

A proposta de São João do Carneirinho é embalar sem tirar ninguém de casa todas as faixas etárias em show concebido com o intuito de, apesar da pandemia da Covid-19, celebrar o período em que se agradece pelas colheitas realizadas, são acesas fogueiras e feitos novos pedidos para o próximo ano, rituais e tradições que neste ano, ainda por força da doença, ainda não podem ser realizados abertamente e em público. A Cia Cabelo de Maria é formada por Renata Mattar (voz, sanfona e direção geral), Nina Blauth (percussão e voz), Gustavo Finkler (violão, voz, arranjos e direção musical), Micaela Marcondes (violino e vocal), Clara Dum (flauta e voz) e Paulo Pixu (percussão e voz). 

O espetáculo que será transmitido tem apoio cultural do Governo do Estado de São Paulo, por meio do ProAC-ICMS da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e patrocínio da Klabin S.A. Para sintoniza-lo, bastará visitar o linque https://www.youtube.com/channel/UC9FBIZFjSOlRviuz_Dy1i2w

Para mais informações, há as redes sociais abaixo. A classificação etária é de 16 anos.

Instagram: @emaklabin Facebook:  https://www.facebook.com/fundacaoemaklabin/ Twitterhttps://twitter.com/emaklabin/Sitehttps://emaklabin.org.br/

A voz das lavadeiras

A Cia Cabelos de Maria tem ao lado de Gustavo Finkler entre seus fundadores, em 2007, Renata Mattar, formada em canto lírico pela faculdade Santa Marcelina e ex- diretora musical das apresentações Romeu e Julieta Auto do Rico Avarento, ambas do grupo Romançal de teatro, formado por Ariano Suassuna, e de Auto da Paixão, de Romero de Andrade Lima. Como cantora e acordeonista, fez parte do grupo As Orquídeas do Brasil, de Itamar Assumpção, além das apresentações A Vida É Sonho, de Gabriel Villela e Palavra Cantada, de Antonio Nóbrega.

Inicialmente, a proposta da Cia Cabelo de Maria era fazer um espetáculo com vasto material recolhido por Renata Mattar em mais de 10 anos de pesquisa pelo Brasil registrando cantos de trabalho — manifestações de comunidades que trabalham em mutirão cantando ou que alguma vez tivessem cantado no trabalho coletivo e ainda lembrassem daquelas cantigas. Levou um espetáculo deste perfil à unidade Pinheiros e ali surgiu um convite do Sesc para a gravação do primeiro álbum do grupo, com aquelas canções, lançado em dezembro de 2007. As faixas têm participação das destaladeiras de fumo de Arapiraca (SE) e trouxeram reconhecimento do público e da crítica especializada.

As cantigas recolhidas vêm das destaladeiras de fumo de Arapiraca, das descascadeiras de mandioca de Porto Real do Colégio (AL), das plantadeiras de arroz de Propriá (SE), da farinhada da comunidade de Barrocas (BA), da colheita de cacau de Xique-Xique (BA), da bata do feijão de Serrinha (BA) e das fiandeiras de algodão do Vale do Jequitinhonha (MG).Musicalmente, os arranjos privilegiam o formato acústico, passeando por uma variada gama de estilos e ritmos regionais brasileiros. As vozes femininas vêm em primeiro plano, auxiliadas pelos cantos e contracantos do violão, da viola caipira e do violino. A percussão é feita com instrumentos convencionais e com os próprios objetos utilizados na lida.

Em 2009 a gravadora Pôr do Som convidou a Cia Cabelo de Maria para gravar outro disco, com canções do período junino e dedicado ao público infantil: São João do Carneirinho. Em 18 canções, reúne repertório cheio de brincadeiras que convidam o público a participar cantando e fazendo várias atividades, simultaneamente à celebração do período junino, quando se agradecem pelas colheitas realizadas e se acendem as fogueiras fazendo pedidos para o próximo ano. Coco, xote, baião, marchinhas, formam a riqueza e a variedade de ritmos para alegrar em São João do Carneirinho e ainda homenageiam Luiz Gonzaga, o eterno rei do baião, que tantas canções de São João compôs. O espetáculo foi contemplado pelo projeto Rumos – Itaú Cultural e gravou o seu DVD no mês de julho de 2011.

 

1341- Cida Moreira lança novo álbum com músicas do programa que estrela no Canal Brasil

#MPB  #CulturaPopular

Com produção da Kuarup, Um Copo De Veneno propõe reflexão, crítica poética e política a partir de canções consagradas por Eduardo Dussek, Tulipa Ruiz, Itamar Assumpção, Mamonas Assassinas e até a diva Tina Turner 

Um Copo de Veneno é o novo álbum de Cida Moreira e traz a trilha sonora de um programa de dez capítulos veiculado pelo Canal Brasil dirigido por Murilo Alvesso e uma grande e jovem equipe estrelada pela cantora e atriz paulistana. A trilha musical quase completa masterizada por José Pedro Selistre ganha versão no formato final pela produtora e gravadora Kuarup. Cida Moreira a aguarda o momento de estrear como concerto, com todo o requinte do projeto original. Um copo de veneno, uma reflexão, uma crítica poética com forte viés político e artístico, uma criação libertária, uma ousadia assumida nos tempos atuais. Um copo de veneno para beber num longo gole até o fundo do mesmo copo”, declarou neste momento pandêmico.

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1275 – Edvaldo Santana, disco homônimo do cantor e compositor paulistano, completa 20 anos

Álbum tem 13 faixas, participações especiais de Titane, Bocato, Swami Júnior, Oswaldinho do Acordeon, entre outros, e parcerias com ou interpretações de poemas de Mauro Paes, Artenio Fonseca, Paulo Leminski, Arnaldo Antunes e Itamar Assumpção, mais projeto gráfico de Elifas Andreato

Um dos melhores discos da carreira do cantor e compositor são-miguel-paulistanês, o bardo mouro tupiauiense Edvaldo Santana (entre os oito que ela já lançou na carreira solo, desde 1993, quem se atreveria a dizer qual deles seria o mais-mais?), batizado simplesmente com o nome do artista (veja o tamanho da responsa, na verdade, a confiança no próprio taco, já que, caçapa, a estocada foi de mestre!) está completando vinte anos de lançamento. Por conta desta importante marca, Edvaldo Santana (o disco) foi o escolhido para abrirmos aqui no boteco do Barulho d’água Música neste dia 11 do apressadinho janeiro (para aonde será que ele quer nos levar assim, passando tão veloz?) mais uma rodada das audições matinais que promovemos aos sábados.

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1235 -Vânia Bastos, Túlio Mourão e Rafa Castro voltam a Sampa com Tons de Minas

Repertório que passeia pelos clássicos de compositores consagrados e novos será apresentado na unidade Carmo do Sesc paulistano

Pérolas como Cais (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos), Nascente (Flávio Venturini/Murilo Antunes) e Choveu (Beto Guedes), passando pelas contemporâneas Resposta (Samuel Rosa), Românticos (Wander Lee) e Fronteira , do jovem compositor Rafa Castro, compõem a refinada lista de sucessos presentes em Tons de Minas  para a cantora Vânia Bastos interpretar neste 30 de setembro. Em apresentação única, Vânia subirá ao palco do Sesc do Carmo, na cidade de São Paulo, a partir das 19h30, muitíssimo bem acompanhada pelos pianistas Rafa Castro e Túlio Mourão, ambos mineiros, em um novo espetáculo talhado por Fran Carlo e Petterson Mello à altura da voz singular de uma das divas da música nacional e para o qual os produtores culturais reservam muitas surpresas. Algumas músicas de Tons de Minas estão gravadas em Vânia Bastos Canta Clube da Esquina, mas agora ganharam releitura sob a ótica dos arranjadores Mourão e Castro para execução a quatro mãos, constituindo um desafio para os dois pianistas que, embora de gerações diferentes, possuem talentos únicos e certeiros. 

Tons de Minas estreou em janeiro de 2019, com duas apresentações no Sesc de Santo André, em São Paulo. É espetáculo sensível em que a canção fica em primeiro plano num roteiro que busca desvendar um pouco dos mistérios que abarcam o repertório popular da música mineira”. escreveu a jornalista Bruna Cavalcanti, do portal Anna Ramalho.

Vânia Bastos começou a carreira profissional no início da década dos anos 1980 ao lado de Arrigo Barnabé, como solista de Clara Crocodilo – o disco marcante da chamada Vanguarda Paulista. Com Arrigo também foi a solista de Tubarões Voadores. Durante dois anos, cantou com Itamar Assumpção na Banda Isca de Polícia, nomes que pontificavam  ao lado de Arrigo em um circuito que girava em torno de templos da música contemporânea como o Teatro Lira Paulistana, na cidade de São Paulo.

Com mais de 30 anos de carreira, Vânia Bastos é considerada uma das mais importantes vozes da MPB,  dona de timbre raro que permite interpretação singular e que encanta em 12 discos, todos com ótimas respostas de crítica e público.  A discografia de Vânia Bastos, nascida em Ourinhos (SP), destaca obras marcantes do nosso cancioneiro de Tom Jobim e Caetano Veloso, por exemplo.

Pelos seus muitos atributos artísticos, Vânia Bastos recebeu convite para protagonizar o concerto inaugural da Orquestra Jazz Sinfônica e, ao longo de sua trajetória, teve participações especiais em seus discos de Ivan Lins, Milton Nascimento, Caetano Veloso e Edu Lobo. Recentemente, reabriu o Memorial da América Latina com a Jazz Sinfônica cantando com Elza Soares e Baby do Brasil, em 2017. Suas gravações fizeram parte de trilhas sonoras de novelas da TV Globo e do SBT. Em 2017, ganhou o Prêmio Profissionais da Música 2017 pelo consagrado álbum Concerto para Pixinguinha, um marco na MPB que gravou com o Marcos Paiva Quarteto.

A música instrumental de Túlio Mourão se apoia numa consistente construção melódica. O exercício e a vivência como premiado autor de trilhas sonoras lhe permite criar temas que estão muito longe de meros pretextos para improvisação.  Mourão busca um perfil pessoal e original dentro da música instrumental brasileira, metabolizando elementos que vão da música erudita aos cânticos religiosos da tradição sacra e popular de Minas Gerais. O pianista exercita um perfil mais brasileiro e rítmico por meio de uma estimulante dinâmica entre a mão esquerda e direita, resultando numa síntese batizada de jazz mineiro.

Mineiro de Divinópolis, Túlio Mourão é protagonista de uma rica história dentro da música brasileira: integrou a banda Os Mutantes na fase do rock progressivo e, em seguida, banda de artistas como Milton Nascimento, Maria Bethânia, Chico Buarque, Caetano Veloso e Ney Matogrosso, entre outros.

Pianista, compositor e cantor, Rafa Castro é mineiro de São João Nepomuceno  radicado em São Paulo desde 2017.  Em julho lançou o terceiro álbum, Fronteira (Tratore), que reúne Mônica Salmaso, Teco Cardoso, Léa Freire, Neymar Dias, entre outros, mostrando que está em casa na capital paulista.  Rafa tem traçado um caminho de exploração do piano em todas as suas possibilidades, prezando pela liberdade de criação e consolidado sua forma abrangente de compor, com forte influência da música instrumental mineira. 

Apesar de ter menos de 10 anos de carreira, Rafa Castro reúne considerável  bagagem. Autor de trilhas sonoras para cinema (Cacos de vitral, 2015, e Modorra, 2016) e teatro, em 2011 recebeu o prêmio BDMG, em Belo Horizonte (MG), na categoria Jovem Instrumentista. Mais tarde, em 2015, gravou o primeiro álbum solo, Casulo, além de ter realizado uma turnê europeia que passou pela Alemanha, Rússia, Noruega, Portugal e França. Um fato significativo na sua carreira foi a parceria com o Mourão — com quem lançou o DVD/CD Teias (selo Delira Música/2014). Recentemente fez concerto na Sala Palestrina em Roma.

Vânia Bastos, Túlio Mourão e Rafa Castro – Tons de Minas

Dia: 30 de setembro, segunda-feira, às 19h30.
Local: SESC Carmo  
Endereço: Rua do Carmo, 147, Sé, São Paulo,  SP
Ingressos*:  R$ 20,00 / R$ 10,00 (meia-entrada) / R$ 6,00 (comerciário) * Venda limitada a seis ingressos por pessoa/CPF
Informações:    (11) 3111-7000
Vendas online:  https://www.sescsp.org.br/programacao/203076_VANIA+BASTOS ( Venda online a partir de 24/09/2019, às 12:00)

1155 -Após sucessos em novelas, Rosa Marya Colin volta aos estúdios e grava ‘Rosa’

Novo disco traz, ainda, as faixas de ‘Vagando’, lançado pela Eldorado em 1980, que está fora de catálogo,  no qual a atriz interprete gravara canções inéditas de Djavan, Fátima Guedes, Vicente Barreto e Péricles Cavalcanti

A cantora Rosa Marya Colin, apesar de há um longo tempo morando no Rio de Janeiro, não perdeu o jeito discreto, mineiro de ser. Trabalhou quase em silêncio no novo álbum que está lançado pelo selo Eldorado/Nova Estação, mas que já chega fazendo barulho. Em uma das faixas, a balada É por você que eu vivo, revive sua parceria com Tim Maia. De Arlindo Cruz, mais conhecido pelos sambas de sucesso, ganhou o blues Eu canto esse blues. E o repertório segue com uma nova versão de Giz, da banda Legião Urbana; uma homenagem ao cantor Blecaute (1919/83) com General da Banda, além de músicas de Taiguara e de Itamar Assumpção (com Alzira E). O disco foi enviado à redação por Moisés Santana e Beto Priviero, sócios da Tambores Comunicações, aos quais somos gratos.

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1143 – Vânia Bastos, Túlio Mourão e Rafa Castro estreiam “Tons de Minas” no SESC Santo André (SP)

Nova produção de Fran Carlo e Petterson Mello, ganhadores do Prêmio Profissionais da Música com Concerto Para Pixinguinha, reúne a voz que encanta desde a Vanguarda Paulista e dois dos nossos mais aclamados pianistas num passeio pelas composições da terra do Clube da Esquina 

Ainda degustando o merecido sucesso de Concerto para Pixinguinha, que rendeu ao disco que ambos produziram a partir do show com Vânia Bastos e o Marcos Paiva Quarteto um dos troféus do 3º Prêmio Profissionais da Música (2017), os produtores culturais Fran Carlo e Petterson Mello anunciam para 11 e 12 de janeiro a estreia de um novo espetáculo. As duas primeiras apresentações de Tons de Minas, ambas marcadas para o palco da unidade Santo André do Sesc paulista, terá como atração mais uma vez a consagrada cantora de Ourinhos (SP), desta vez acompanhada pelos pianistas Túlio Mourão e Rafa Castro (ver a guia Serviços). Tons de Minas passeia pelos clássicos de grandes compositores, consagrados e novos, da música mineira, promovendo um desfile de canções que não só se tornaram populares no estado de origem do Clube da Esquina, mas no Brasil e no mundo.

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1118 – Leia entrevista com Ceumar (MG), a primeira do Clube Cantautores, organizador do festival Mostra Cantautores

 
Amigos e seguidores:
Esta atualização do Barulho d’água Música traz uma entrevista com a cantora e compositora mineira Ceumar produzida e editada por Eduardo Lemos, da Navegar Comunicação, empresa que atua na organização e  na divulgação do festival Mostra Cantautores,  e que inaugura a série Conversas com cantautores, com artistas que já se apresentaram na Mostra Cantautores, acerca dos mistérios e belezas que cercam a produção daquele que compõe, toca e canta. Ceumar foi uma das atrações da quinta edição, em 2016.

 

Para saber mais sobre a Mostra Cantautores, fica a dica: faça uma assinatura, gratuita  Clube Cantautores e tenha acesso às entrevistas com compositores, promoção de ingressos para o festival, dicas de discos, playlists criadas pelos próprios artistas e muito mais. Para assinar com o seu e-mail basta visitar bit.ly/clubecantautores

 

Mostra Cantautores: Cantar, tocar um instrumento e compor: o cantautor é essa figura que reúne em si os três elementos essenciais da música popular. Me parece uma condição de grande liberdade: ser capaz de, em algum momento, depender apenas de si para fazer a música estar no mundo. Como é pra você essa condição de cantautor?

CeumarAcho que você falou uma palavra fundamental: liberdade. No meu caso, tem a ver com liberdade, amadurecimento e encontro comigo mesma. Eu demorei um pouco para me descobrir como compositora. Havia uma insegurança de me expor na canção. “Como eu posso funcionar como autora das minhas canções? Como isso vai refletir nas pessoas? Será que elas vão gostar?” Foi no meu segundo disco, Sempre Viva [2003], que eu gravei músicas minhas pela primeira vez [Avesso, parceria com Alice Ruiz, e  Boca da Noite, parceria com Chico César e Tata Fernandes]. Ali eu comecei a perceber que eu tinha também esse caminho de expressão.

Ceumar, entre Lui Coimbra (esq.) e Paulo Freire, com os quais gravou Viola Perfumosa, um tributo a Inezita Barroso (Foto: Leo Aversa)

Hoje em dia, faço letras com muito mais liberdade. É bem comum sentar para compor. Mas foi um processo. Eu não comecei compondo, eu não comecei cantautora. Eu comecei intérprete, e só depois de um tempo — de um amadurecimento, talvez — eu tenha encontrado esse viés de liberdade total, que é onde eu estou mais inteira na minha música. Quando a gente toca as canções próprias, eu sinto que as pessoas se entregam e vem mais com a gente. Elas compactuam de outra maneira. E tudo reverbera de uma forma maior.

Você tem se apresentado em diferentes formatos, e um deles é este em que fica sozinha no palco. De que maneira essa experiência de se apresentar solitariamente te afeta como artista? Há coisas que só se vê quando sozinho?

Desde que eu descobri a potência de estar só com o meu violão e as minhas canções, eu descobri um lugar onde eu sou mais humana. Porque ali eu tô inteira e não posso me esconder. Quando eu descobri esse sabor, isso me pegou muito. Eu nunca entendi a música e a expressão artística como algo acabado, finalizado, perfeito — embora eu admire e aprenda muito com os artistas virtuoses, que tem essa busca pela perfeição. No meu caso, é muito mais revelar as imperfeições humanas e aceitar os erros. Eles acontecem, né? Você está sozinha e pode errar um acorde ou uma letra. E isso fica muito transparente. Aí, eu descobri nisso um prazer e uma delícia tão grandes em poder revelar — para além da música e da perfeição artística — que está ali um ser humano totalmente entregue para aquela situação e para aquele momento. As músicas que eu componho são simples. Eu tenho esse desejo de encontrar formas simples, para que elas cheguem fácil nas pessoas comuns, que não estudam ou vivem a música. 

Acho, portanto, que o cantautor humaniza o espetáculo. Porque cada show é um. Cada momento é único. É diferente do show que se ensaia com a banda, que tem um roteiro programado. Quando estou sozinha, eu faço shows sem roteiro! Imagina? Há uns anos atrás eu tinha essa insegurança… hoje em dia, não! Eu começo meu show e vou. Fluindo e vendo o fluxo do momento. Tem horas que me vêm canções que eu me pergunto: “nossa, porque eu estou cantando isso?” Mas eu canto. Se ela chegou ali, é porque está me pedindo para ser expressada.

Em 2017, você se apresentou na Mostra Cantautores. Há alguma memória especial daquele show e de sua passagem por Belo Horizonte? É importante que exista um festival dedicado à figura do cantautor?

Puxa, para mim, especialmente naquele momento, foi muito importante. Eu estava voltando para o Brasil depois de cinco anos morando na Holanda. E justamente a minha grande inquietação ao morar fora foi a questão da palavra, da língua. Então, teve uma dimensão muito grande, primeiro, ter sido convidada como cantautora, porque a minha obra de compositora é pequena. Não faço música aos quatro ventos. Eu demoro, tenho um ritmo muito próprio. Então, ter sido convidada já foi incrível. E poder cantar na minha língua e contar aquelas histórias — em letras minhas ou de parceiros -, para um público super aberto, curioso e envolvido, foi demais, foi lindo, foi muito especial. E, estando em Belo Horizonte, eu conheci uma cena incrível de músicos mineiros, vi shows maravilhosos.

Lembro da minha surpresa quando assisti ao espetáculo do Juan Quintero. Nós tocamos na mesma noite. Eu não o conhecia e fiquei em êxtase com a potência dele. E ele é argentino, está tão próximo de nós… Por isso eu acho fundamental que existam esses espaços e esses encontros. É tão importante que haja troca! É tão importante que a gente veja os outros e se veja também no contexto de autores e de canções. Por mim, eu estaria na mostra todo ano! (risos). Desejo vida longa!

Foto: Pablo Bernardo

De todos os cantautores que possam ter influenciado sua trajetória, qual te causou efeito mais fulminante com seu modo de cantar, tocar e compor?

Eu me lembro do impacto de quando eu vi o Itamar Assumpção pela primeira vez. Eu estava chegando em São Paulo, vinda de Minas, meio tímida, e fui ver um show dele sozinho em voz e violão. E ali virou uma chave pra mim. Eu vi um homem completamente livre na sua loucura — a loucura mais sã que eu pude ver ao vivo. E o violão dele me soou muito simples, com umas levadas de baixo. Eu me reconheci naquilo. Pensei: “eu não preciso fazer acordes mirabolantes. Eu posso simplificar meu jeito de tocar para que a palavra seja a mais crua possível”. Ele se tornou uma grande escola, e é até hoje. Quando eu preciso beber na fonte da canção pura, escuto Itamar Assumpção.

E, da música contemporânea, há quem chame sua atenção nesses quesitos?

Eu poderia citar vários nomes. O Luiz Gabriel Lopes, que tem toda aquela beleza mineira misturada com o mundo inteiro. Ou o Flávio Tris, que se tornou meu amigo e parceiro, e que foi um grande encontro que eu tive em São Paulo. Mas eu queria também lembrar de alguns nomes que talvez não sejam tão conhecidos no Sudeste, como o de um menino que conheci em Recife, num sarau, que se chama PC Silva. Ele é de Serra Talhada, interior de Pernambuco. Fiquei impressionada com a dinâmica de violão e com as letras dele. E, puxando a sardinha pro meu lado, eu acabei de fazer a direção artística do disco da Manu Saggioro, uma cantautora incrível de Bauru. E também tem a Camila Costa, carioca, que conheci quando morava na Europa — eu em Amsterdã, ela em Paris. Ela tem músicas incríveis. Eu teria muita gente pra citar aqui, mas acredito que esses três nomes precisam ser mais escutados.

Casa musical

Ceumar é natural de Itanhandu, localidade encravada exatamente no Sul mineiro, viveu em São Paulo por 14 anos em Amsterdã, capital da Holanda, onde conviveu com “gente de todo lugar”, pode “ouvir as mais diversas línguas e dialetos na rua, andar de bicicleta, aprender com uma nova cultura”. Em sua biografia ela conta que cresceu cercada por música, hábito da casa onde viveu e observa que os pais ainda cantam e as irmãs tocam. Assim, nas festas de família, sempre havia cantorias. Já no colégio, um violão fazia companhia para ela animar encontros na praça e durante as madrugadas. “Aos pés da Serra da Mantiqueira experimentei os sabores da vida interiorana e simples”, comentou.

A chegada a Sampa ocorreu em 1995, antes do embarque para a Holanda. Na mais agitada e maior cidade do Brasil, cinco anos depois, Ceumar gravou o primeiro álbum da discografia, Dindinha, aproveitando os versos Dindinha divinha o quê primeiro vem amor ou vem din-din, dindinha dê dinheiro, carinho e calor pra mim, que o amigo e produtor Zeca Baleiro dedicou a ela. Baleiro participou dos trabalhos do disco, “parceria muito especial”, de acordo com a cantora, lembrando que Tata Fernandes também fez parte da obra. 

Já em 2.000 começaram as viagens, Brasil afora e pelo exterior. Ceumar passou por capitais como São Luís (MA), Salvador (BA), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e países da Europa e da Ásia. Ao levar as cores brasileiras em sua música mesclada por ritmos como coco, marchinha, samba de roda, recordou: tive muitas alegrias ao encontrar gente de ouvidos abertos, ávida pelo frescor da novidade e do que não está, digamos assim, aparecendo nas telas da TV no domingo”.

Com a carreira afirmando-se a cada ano, Ceumar, desde então, já nos legou seis magníficos álbuns autorais. O mais recente saiu em 2014, Silencia. Entre este e Dindinha, os fãs ganharam, Sempre-viva (Ceumar assina a produção musical e arranjos, e marca sua estreia como compositora, com músicas deKleber Albuquerque, Zeca Baleiro e em parceria com Chico César);Achou!(produzido em parceria com Dante Ozzetti), e Meu Nome (quarto disco da cantora, por meio do qual apresenta ao público seu lado menos conhecido: o de compositora; produzido pelo músico e produtor holandês Ben Mendes, é o registro ao vivo dos shows realizados no Teatro Fecap, entre maio e junho de 2008, em que Ceumar apresentou 20 canções, todas de sua autoria, acompanhada quase que unicamente de seus violões). Já na Holanda, gravou com um trio local Live in Amsterdam, ao vivo, em 2010. Os holandeses são Mike del Ferro(piano), Olaf Keus (bateria) e Frans van der Hoeven (baixo acústico) e o disco traz releituras de canções da carreira e uma inédita de Zeca Baleiro: Iá Iá.

Foto: Bem Mendes

Silencia revela momentos de reflexão e descobertas pessoais e espirituais e também é gravado “ao vivo”, em estúdio, produzido pelo cellista francês Vincent Ségal. Registrado ao vivo em estúdio, o trabalho resulta em um som dinâmico, cheio de silêncios e momentos sutis. Acompanhada por Adriana Holtz (violoncelo), Daniel Coelho (baixo acústico) Webster Santos (bandolim, cavaquinho, violão de aço e viola caipira) e Ari Colares (percussão), Ceumar mostra um repertório composto de músicas próprias, além de composições de artistas como Vitor Ramil, Kiko Dinucci, Miltinho Edilberto, Kléber Albuquerque, Sérgio Pererê e Déa Trancoso, entre outros.

Em junho, com Lui Coimbra (RJ) e Paulo Freire (SP), Ceumar lançou Viola Perfumosaem um concorrido show no auditório Oscar Niemeyer do Ibirapuera, em São Paulo. O disco é um tributo à rainha da música caipira, Inezita Barroso, e resgata sucessos como Luar do Sertão; Tamba-TajáÍndiae Marvada Pinga, eternizados por Inezita que ganharam releitura camerística unindo viola caipira e violoncelo, rabeca e alfaias e se mesclam a composições de Villa-Lobos e a canções do repertório autoral do trio.

O trabalho doViola Perfumosa procura resgatar e reciclar a genialidade e a sofisticação das melodias e da poesia da música que se convencionou chamar “caipira”, compondo um mosaico comovente e alegre do Brasil “de dentro”, “dos interiores”, ressaltando a singularidade desta obra poético-musical que é um retrato fiel deste país profundo.

Para ficar ligado!

A 7ª Mostra Cantautores será promovida entre os 3 e 10 de novembro no Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte, Minas Gerais, e entre outras atrações terá apresentações com Affonsinho, Cátia de França, João Bosco, Angela Ro Ro, Jards Macalé e Chico Saraiva, entre outros nomes de vários estados do país. A Mostra Cantautores é um encontro de criadores da canção contemporânea com apresentações solo de cantores e compositores acompanhados apenas por seu instrumento. Além de apresentar 16 artistas em suas múltiplas expressões, o evento deste ano também conta com uma programação de debates e atividades diurnas.

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Ceumar canta acompanhada por Daniel Coelho na abertura do Composição Ferroviária, em Poços de Caldas (MG)