1114 – Clássico do Mês: “Tropicália ou Panis et Circensis” completa 50 anos sob o signo da insolência

Músicos construíram neste álbum uma atitude e legaram à cultura do país uma obra que, do extremo lírico ao extremo popular, prima tanto pela qualidade sonora, quanto pelos arranjos de Duprat e pela  provocação 
O Barulho d’água Música retoma nesta atualização a série Clássico do Mês, sempre dedicada a um álbum que  bombou na história da nossa música. Em setembro,  vamos de  Tropicália ou Panis et Circensis,  disco/manifesto que em julho completou  50 anos e reuniu para sua gravação Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Tom Zé, Os Mutantes, Gal Costa, Capinam, Torquato Neto e Rogério Duprat. O texto abaixo é do jornalista  Julinho Bittencourt,  da Revista Fórum:

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1468 -Cantora e compositora Denise Emmer (RJ) comemora 40 anos de carreira com álbum inédito*

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Cantiga do verso avesso, engavetado desde 1992, com participações de Alain Pierre e Jaques Morelenbaum, agora está nas plataformas digitais ao lado de outros quatro trabalhos anteriores da filha de Janete Clair e Dias Gomes. Ela lançou, também, em vídeo, o single Setembro Antigo

*Com Julinho Bittencourt, da Revista Fórum (1 out 2021 – 12:57), em https://revistaforum.com.br/cultura/cantora-denise-emmer-comemora-40-anos-de-carreira-com-album-inedito/

Há um pouco mais de quatro décadas a poetisa, compositora, cantora e instrumentista carioca Denise Emmer conquistou o Brasil com Alouette, canção tema da novela Pai Herói (1979), da Rede Globo. Tocada em emissoras de rádio de todo o país e lançada no ano seguinte em compacto simples, a canção romântica, em francês, alcançou 300 mil cópias vendidas e rendeu à autora um Disco de Ouro e participações em programas de televisão como o Fantástico, também da Rede Globo.

Física de formação superior, nascida em uma família de artistas — seus pais são os escritores novelistas Janete Clair e Dias Gomes, seus irmãos os músicos Alfredo e Guilherme Dias Gomes –, Denise Emmer Dias Gomes Gerhardt já despontava precocemente, na adolescência, também na literatura com seu primeiro livro Geração estrela (Paz e Terra, 1976), com prefácio de Moacyr Félix e preparando seu sucessor, Flor do milênio (Civilização Brasileira, 1981), com texto de orelha assinado também pelo saudoso poeta.

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1312 – Bacurau abriga o desbunde tropicalista, o lirismo de Chico e o engajamento de Vandré

#FiqueEmCasa #MáscaraSalva #IsolamentoSocial

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#ForaBolsonaro

Os seguidores dos tropicalistas achavam os de Vandré caretas e os dois consideravam Chico excessivamente lírico e passadista

Por Julinho Bittencourt

Julinho Bittencourt, músico, jornalista e editor do caderno de Cultura da Revista Fórum, escreveu na segunda-feira, 22, o artigo de opinião que vocês, amigo e seguidor, poderão ler abaixo, na íntegra, sobre um dos mais aclamados filmes nacionais de todos os tempos, lançado e exibido no circuito comercial de cinemas há menos de um ano, após entrar em cartaz no dia 23 de agosto de 2019.

Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, foi indicado ao Oscar 2020 e desde a sua estreia mundial no 72º Festival de Cannes choveram convites para ser atração em mais de 100 outros festivais e mostras mundo afora. Por onde passou, Bacurau arrebatou público e crítica, faturando o Prêmio do Júri do evento francês e vencendo como melhor filme no Festival de Cinema de Munique, entre outras láureas. Em seu texto, cujo linque poderá ser acessado clicando aqui, Julinho aponta possíveis relações entre a trama e os estilos e canções das obras de três dos nossos mais consagrados cantores e compositores: Caetano Veloso, Geraldo Vandré e Chico Buarque.

Em contrapartida à autorização de Julinho Bittencourt e da Revista Fórum para compartilharmos o artigo, pelo que agradecemos, reforçamos aqui a campanha on-line dos produtores da revista para mantê-la ativa e cumprindo seu ofício de bem informar sobre assuntos diversos, com independência, qualidade e seriedade. Saiba como fazer doações ou se tornar um sócio Fórum ou assine um dos planos de apoio disponíveis em https://revistaforum.com.br/socio-forum/financiamento-coletivo-e-recorrente/

Boa leitura a todos!

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1271 -Samba-enredo da Mangueira exalta virtudes de Jesus Cristo, com contundente crítica a falso messias que governa o país

Segunda escola de samba com mais títulos no carnaval carioca, verde-e-rosa tentará diminuir distância para a Portela — que tem dois a mais — com criação da compositora autora do tema vencedor dos desfiles em 2019 que virou hino nacional contando a história não-oficial do Brasil

O texto que abaixo desta introdução vocês lerão está publicado, originalmente, na versão eletrônica da Revista Fórum, amigo e seguidor.

Assinado por Lucas Rocha, saiu em 13 de outubro de 2019, conforme o linque a seguir: https://revistaforum.com.br/cultura/em-busca-do-bi-mangueira-define-samba-para-2020-com-recado-para-jair-bolsonaro/

Com a devida autorização, vamos compartilho-la aqui no Barulho d’água Música apenas com o título modificado (o original é “Em busca do bi, Mangueira define samba para 2020 com recado para Bolsonaro”), mas o restante preservado, na íntegra, portanto.

A intenção não apenas é divulgar o que a campeoníssima e popular escola carioca levará à passarela da Marques de Sapucaí, na cidade do Rio de Janeiro, em 2020, mas, por oportuno que é para nossas reflexões, no momento em que celebramos o nascimento do Cristo exaltado na letra do samba-enredo, esperançosos de que com Ele venham para 2020 tempos mais equilibrados nos terrenos socioeconômico, da cultura, da política, das relações humanas em geral — em que pesem as mazelas que o clã e apoiadores do “messias” que se encontra no comando da nação arquitetam e já praticam, por meio de atitudes e palavras que desestabilizam qualquer possibilidade de futuro fraterno aqui em Pindorama!

Então, peguem a visão: que sem soltar a mão de ninguém, pois não é hora de se alienar, unamos-nos em torno deste Cristo e Nele encontremos a força e a coragem para seguirmos adiante, empreendendo as lutas que nos cabem e das quais não podemos, jamais, fugir! 

Este texto também é o primeiro de outros da Revista Fórum que trazem ou trarão conteúdos relativos à música que, doravante, pretendemos compartilhar!

Boa leitura a todos!

Obrigado Julinho Bittencourt.

Luz e paz, Feliz Natal e boas lutas em 2020!


Por Lucas Rocha

Campeã do carnaval da cidade do Rio de Janeiro de 2019 contando a história não oficial do Brasil, a Estação Primeira de Mangueira apresentará em 2020 novo samba enredo crítico que exalta a figura solidária de Jesus Cristo e prega o olhar para os oprimidos. A canção que embalará o desfile assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira é composta pela mesma autora do samba que virou hino em 2019, Manuela Oiticica, a Manu da Cuíca.

Nós somos bicampeões e eu queria ressaltar o caráter democrático e revolucionário da disputa de samba, que colocou os compositores e compositoras em destaque. O grande homenageado da Mangueira é Jesus Cristo, que luta pela partilha e pela fraternidade. Com certeza, ele aprovaria uma disputa como essa, aprovaria uma escola espetacular que trate a favela como um ato de sobrevivência, especialmente com esse governo que mais mata favelados e o samba mostra que estamos vivos”, declarou Manu da Cuíca ao carnavalesco após a vitória. Ela assinou a composição em parceria com Luiz Carlos Máximo.

A composição destaca a força do samba, exalta a esperança contra a intolerância e relembra a origem pobre de Jesus de Nazaré. “Nasci de peito aberto, de punho cerrado/ Meu pai carpinteiro desempregado/ Minha mãe é Maria das Dores Brasil/ Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira/ Me encontro no amor que não encontra fronteira/ Procura por mim nas fileiras contra a opressão/E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão, diz uma das estrofes.

O samba-enredo de Manu da Cuíca que rendeu o título de 2019 à Mangueira levou à avenida o Brasil que está fora dos livros e entre outros heróis anônimos exaltou a ex-vereadora Marielle Franco, assassinada ao lado do ex-motorista, Anderson Gomes, em março de 2018, por forças milicianas (Fotos: Tomaz Silva/Agência Brasil Rio de Janeiro-RJ )

Em um dos trechos do samba há um menção indireta ao presidente Jair Bolsonaro, que tem Messias como sobrenome: “Favela, pega a visão/ Não tem futuro sem partilha/ Nem Messias de arma na mão”.

Para João Paulo Farelli, torcedor da Mangueira e publicitário, a canção resgata a voz da resistência por meio da figura social e política de Jesus e contrapõe o conservadorismo e o fundamentalismo religioso. “Certamente, hoje, por compaixão, Jesus renasceria ao lado daqueles que carregam diariamente a cruz do preconceito, da intolerância e injustiça social. Afinal, ele é Jesus da gente”, disse.

Talvez a escuridão que estamos atravessando dure mais do que pensamos, mas a esperança que reside no lado esquerdo do peito nos faz acreditar num futuro melhor. Um futuro com partilha e sem Messias de arma na mão”, declarou Farelli à Revista Fórum. “Espero um desfile marcante, no qual a verdade prevaleça, essa verdade que nos fará livre”, completou.

A verde-e-rosa possui 20 títulos do carnaval carioca e fica atrás apenas da Portela, que levantou o troféu 22 vezes.

A Mangueira desfilará na Marques de Sapucaí a partir das 23h30 do domingo de 23 de fevereiro.

Confira a letra completa do samba enredo da Mangueira e clique na palavra em destaque para ouvi-lo:

Senhor, tenha piedade!/Olhai para a Terra:/Veja quanta maldade! (2x)

Alô Mangueira/agora é a nossa vez:/ vem, vem comigo!

Mangueira/Samba que o samba é uma reza/Se alguém por acaso despreza/Teme a força que ele tem 

Mangueira/Vão te inventar mil pecados/Mas eu estou do seu lado/E do lado do samba também

Eu sou da Estação Primeira de Nazaré/Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher/Moleque pelintra do Buraco Quente/Meu nome é Jesus da Gente

Nasci de peito aberto, de punho cerrado/Meu pai carpinteiro desempregado/Minha mãe é Maria das Dores Brasil/Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira/Me encontro no amor que não encontra fronteira/Procura por mim nas fileiras contra a opressão/E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão

Eu tô que tô dependurado/Em cordéis e corcovados/Mas será que todo povo entendeu o meu recado?Porque de novo cravejaram o meu corpo/Os profetas da intolerância/Sem saber que a esperança/Brilha mais que a escuridão

Favela, pega a visão/Não tem futuro sem partilha/Nem Messias de arma na mão

Favela, pega a visão/Eu faço fé na minha gente/Que é semente do seu chão

Do céu deu pra ouvir/O desabafo sincopado da cidade/Quarei tambor, da cruz fiz esplendor/E num domingo verde-e-rosa/Ressurgi pro cordão da liberdade

Leia também no Barulho d’água Música:

https://barulhodeagua.com/2018/10/25/1121-samba-enredo-da-mangueira-vai-homenagear-marielle-franco-vereadora-carioca-morta-por-defender-minorias/

1268 – “Vendedor de Sonhos”, com canções escolhidas por Fernando Brant, chega ao mercado

Disco já em todas as plataformas digitais contém 20 canções cujos intérpretes o mineiro de Caldas escolheu para dar alma ao projeto idealizado pelo sobrinho, Robertinho

Antes de desencarnar em junho de 2015, vítima de complicações cirúrgicas decorrentes de um transplante de fígado, o compositor mineiro Fernando Brant estava desenvolvendo com o sobrinho, Robertinho, um projeto para gravar Vendedor de sonhos e, pessoalmente, escolhia, um a um, quem deveria interpretar vinte dos seus principais sucessos, parte do rico repertório de 320 composições que assinou, 110 das quais em duo com Milton Nascimento. A travessia de Fernando interrompeu os planos por algum tempo, mas para a sorte de quem gosta de boa música, agora como homenagem póstuma, as canções foram gravadas e o disco já se encontra nas principais plataformas digitais, lançado pelo selo carioca Biscoito Fino.

Para quem está brincando de “amigo secreto” ou pretende presentear alguém no Natal, tai uma bela dica para surpreender e agradar em cheio, sem medo de dar bola fora; eu, por exemplo, farei aniversário dia 26 e ficaria trifeliz se recebesse o regalo de alguém.

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1221- Forte, mas sem perder a ternura: Com “Maryákoré”, Consuelo de Paula (MG/SP) volta a erguer a voz frente aos desafios dos nossos tempos*

Sétimo álbum autoral inaugura uma nova assinatura para a cantora, compositora e escritora mineira por meio de dois movimentos que, expressos em dez faixas, traduzem uma arte guerreira e simultaneamente amorosa, que se alimenta da força das brisas e das tempestades em meio às batalhas cotidianas pela vida e pela arte

*Com Verbena Comunicação (Eliane Verbena/João Pedro)

A cantora e compositora Consuelo de Paula está lançando o sétimo disco da carreira, Maryákoré: uma obra provocadora naquilo que tem de mais feminina, mais negra, mais indígena e mais reveladora de nós mesmos. O título pode ser entendido como uma nova assinatura de Consuelo de Paula: maryá (Maria é o primeiro nome de Consuelo), koré (flecha na língua paresi-haliti, família Aruak), oré (nós em tupi-guarani), yakoré (nome próprio africano). Um exemplar do disco de 10 faixas já está rolando aqui na vitrolinha do boteco do Barulho d’água Música, em São Roque, cidade do Interior de São Paulo, pelo qual agradecemos às queridas amigas Consuelo e Eliane Verbena, da Verbena Comunicação, estabelecida na cidade de São Paulo (SP).

Além de assinar letras e músicas – tendo apenas duas parcerias, uma com Déa Trancoso e outra com Rafael Altério -, Consuelo é responsável pela direção, pelos arranjos, por todos os violões e por algumas percussões de Maryákoré (caixa do divino, cincerro, unhas de lhama, entre outros). A harmonia entre Consuelo e sua música, sua poesia, sua expressão e a estética apresentada é nítida nesse novo trabalho. Ao interpretar letras carregadas de imagens e sensações, ao dedilhar os ritmos que passam por Minas Gerais e pelos sons dos diversos “brasis”, notamos a artista imersa em sua história: ela traz a vida e a arte integrada às canções.

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1191 – Titane (MG) apresenta no Tusp, em curta temporada, álbum gravado para celebrar a obra de Elomar (BA)

Mineira se embrenha nas estradas do menestrel que nos levam ao sertão profundo e inova mais uma vez ao se dedicar de forma inédita a gravar repertório de um único compositor

A audição matinal de todos os sábados aqui no boteco do Barulho d’água Música começou neste dia 18/5 com Titane canta Elomar – Na Estrada Das Areias De Ouro, que a cantora e intérprete mineira de São João Del Rey lançou para celebrar a obra do menestrel baiano Elomar Figueira Mello e cujo repertório ela apresentará em curta temporada a partir de 30 de maio, no Teatro da Universidade de São Paulo (Tusp). O disco tem (apenas!) 10 faixas e ao final dele fica um gostinho de “quero mais”, bate a vontade de não mais se desplugar de uma das plataformas de streaming nas quais está disponível (Spotify, Deezer, Amazon, Apple Music, Youtube, Napster, Claro Música, Google Play). E ter o álbum físico em mãos é ainda melhor, pois é como tocar em uma moeda rara de rico tesouro, adornado por um primoroso encarte.

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1120 – Dani Lasalvia, João Omar e Cao Alves lançam álbum em tributo a Dércio Marques

Disco lançado em São Paulo traz 12 composições do mineiro que ajudou a projetar o cantor e compositor  Elomar — que o define como “o último menestrel” –,  é seguido por vozes marcantes da música regional e tem destacada importância para a cultura popular latino-americana 

A cantora Dani Lasalvia e os violonistas Cao Alves e João Omar lançaram na noite de sábado, 20 de outubro, Recantos – ao Apanhador de Cantigas, com o qual reverenciam a memória e a obra do mineiro de Uberaba Dércio Marques, violeiro, cantor, compositor e pesquisador dos mais emblemáticos e representativos da música brasileira. O trio recebeu amigos e admiradores no palco da galeria Itaú Cultural, em São Paulo, para o tributo a Marques, falecido em 2012, em Salvador (BA).

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1025 – Centenário de Jacob do Bandolim reúne ases do instrumento no Teatro Paulo Autran*

*Com o Portal Vermelho, por Julinho Bittencourt (Revista Fórum)

Plêiade de bandolinistas formada por Hamilton de Holanda, Danilo Brito, Fábio Peron, Milton Mori e Izaías Almeida vai se encontrar ao lado de Gian Correa (violão de 7 cordas), Roberta Valente (pandeiro), Rafael Toledo (percussão) e Carmen Queiroz (voz) no palco do Teatro Paulo Autran da unidade Pinheiros do Sesc de São Paulo neste sábado, 17, e no domingo, 18 (leia Serviço). Reunidos pela produtora cultural Lu Lopes (Rubra Rosa), os músicos tocarão juntos pela primeira vez em homenagem ao carioca Jacob do Bandolim, até hoje um dos maiores nomes do Choro do país, que na quarta-feira, 14, completaria 100 anos.

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