1590 – Conheça o Manuí (SP), que há dez anos promove projetos multiculturais que costuram tradições afro-brasileiras, indígenas e caipiras

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Música, teatro, cinema, contação de histórias estão contemplados nas ações e apresentações do grupo que buscou o seu nome nas fontes guaranis e leva aos palcos (com a descontração  e a leveza de um beija-flor) a arte e magia de contar e cantar histórias, rezas e causos em trabalhos assinados por Toninho Carrasqueira e elogiados por Kaká Werá e  Ivan Vilela

O Barulho d’água Música acompanhou no SESC de Araraquara, no Interior do estado de São Paulo, a apresentação de Africanidade Caipira, com o grupo paulista Manuí, que neste ano completa uma década dedicada à produção de projetos nas áreas de música, teatro, cinema, festivais e narração de histórias. Na cidade conhecida por Morada do Sol, o Manuí esteve no palco com Tatiana Zalla (narração de histórias); Rosângela Macedo (voz); Melina Cabral (voz e percussão); Leandro Pfeifer (voz, cavaquinho, viola caipira e violão); Felipe Soares (acordeon) e Barba Marques (percussão) e fez o público presente dançar e cantar com músicas que comprovam a marcante influência Banto na formação cultural caipira. O repertório de variados estilos musicais (como os vissungos, canto de trabalho dos africanos escravizados, congadas, jongos e sambas paulistas) foi costurado para ajudar a revelar elementos da africanidade dessa região cultural do Brasil.

De inspiração indígena, em sua trajetória o Manuí busca levar magia e encantar quem ouve suas músicas e assiste às suas performances. O grupo se popularizou ao protagonizar diversos festivais culturais em São Paulo e escolheu como nome a palavra Mainui, uma adaptação em Guarani que significa beija-flor. Ave de beleza encantadora, o beija-flor em algumas tradições é considerado mágico, capaz de unir os mundos visível e invisível. Esse conceito, segundo o casal de Sorocaba (SP) Leandro Pfeifer e Tatiana Zalla demonstra-se apropriado para a arte de contar e cantar as histórias presentes (entre outros trabalhos disponíveis no portal manui.art.br) nos álbuns e projetos Nhemonguatá; Ecos da Paulistânia; e, ainda na área musical, Mãos que Segurei, do Grupo Encantoria. Para o teatro, com direção de Ricardo Camargo, o Manuí produziu, em 2021, Nhanderuvuçu, o menino trovão! No portal também é possível acessar seis narrações de histórias, fotos e vídeos, e os endereços e telefones para contratar o Manuí e saber mais sobre o grupo.

A partir do alto, o grupo Manuí apresentou Africanidade Caipira com Rosângela Macedo, Leandro Pfeifer. Tatiana Zalla, Melina Cabral, Barba Marques e Felipe Soares (Fotos: Marcelino Lima/Acervo Barulho d’água Musica 2022- SESC Araraquara)

O Manuí ainda oferece na internet aos seguidores e amigos um canal bem diversificado que pode ser visitado pelo link https://www.youtube.com/channel/UC8–K0d2ay-rD0j0UZi5LNg Neste ambiente há videoclipes, teasers, os álbuns Nhemonguatá e Ecos da Paulistânia (cuja edição física encontra-se esgotada) e aulas, por exemplo, o que demonstra a versatilidade do grupo e os múltiplos talentos dos seus integrantes.

O disco Nhemonguatá, por exemplo, tem 12 faixas e pode ser ouvido em plataformas digitais como https://soundcloud.com/grupomanui/sets/nhemonguata. Durante o processo de concepção desse álbum inúmeros parceiros foram convidados a contribuir para a realização do projeto, a direção musical coube ao flautista Toninho Carrasqueira e os arranjos a Edson Alves. Entre as participações especiais destacam-se o escritor Kaká Werá e Elaine Saron, coordenadora do Ponto de Cultura Arapoty Cultural; o violeiro e produtor cultural Domingos de Salvi (viola caipira); Thomas Rohrer (rabeca e violino); Gabriel Levy (acordeon); Ari Colares (percussão); Neymar Dias (contrabaixo); Julio Ortiz (violoncelo); Rosângela Macedo (vocais), mais um coral de crianças dirigido por e com e arranjos de Pedro Paulo Salles e regência de Daisy Fragoso. A concepção do encarte e do sítio eletrônico contou com desenhos de Sawara (filha de Werá) aliados à programação visual de Iago Sartini para atingirem o brilho almejado e estimular o imaginário sobre a imagem dessas histórias.

Já o Ecos da Paulistânia contempla a produção e o lançamento do álbum homônimo, além de apresentações e vivências em cinco cidades da Baixada Santista. Afora o trabalho autoral dos integrantes do grupo, reúne composições de Wagner Tiso e de Fernando Brant, de integrantes da aldeia Rio Silveira, Juraildes da Cruz, Companhia de Reis São Lucas, Trem das Gerais e Querubim, Braz da Viola, J. dos Santos e Lourival dos Santos, José Asunción Flores e Manuel Ortiz Guerrero e Geraldo Filme.  

A direção musical de Ecos da Paulistânia também e de Toninho Carrasqueira, com arranjos de Adail Fernandes, textos de Kaká Werá e as presenças especiais da Companhia de Reis de São Lucas, de Limeira (SP); do Coral da Aldeia Guarani Rio Silveira, de Boracéia (SP); de integrantes do grupo Sambaqui com seus jongos e moçambiques, mais o coral de crianças dirigido por Pedro Paulo Salles e regido por Daisy Fragoso. Entre os músicos convidados estão Thomas Rohrer (rabeca), Neymar Dias (contrabaixo), Julio Ortiz (violoncelo), Marquinho Mendonça (violão), Allan Abbadia (trombone), Ricardo Camargo (bombardino), Marco Stoppa (trompete), Marcelo Troni (tuba), Marcel Martins (cavaquinho), Samba Sam (percussão), Carlos Amaral (violão 7 cordas), Luiz Lobo Fonseca, César Vilão e Fernando Boi (tambores), Marina Costa (narração), Marcelo Pretto e Ana Maria Carvalho (vocais). O portal do projeto e o encarte do disco e as fotos couberam a André Dib e Milton Shirata, respectivamente, e o autor da programação visual é Iago Sartini, cujos traços revelam fragmentos visuais sobre nossa identidade, cultura e história. 

Ecos da Paulistânia tem patrocínio da Usiminas, por meio do Programa de Ação Cultural (ProAc) da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e apoio das Secretarias de Cultura e Educação de Cubatão, Praia Grande, Guarujá, São Vicente e Santos, todas na Baixada Santista. Suas 27 faixas e contação de histórias são executadas e contadas por Pfeifer (voz, cavaquinho e violão); Tatiana Zalla (narração de histórias); Rosângela Macedo (voz); Melina Cabral (voz e percussão), Pedro Gava (viola caipira); Felipe Soares (acordeon).

Sobre este trabalho o compositor, violeiro, pesquisador e docente da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) Ivan Vilela escreveu que:

Traçar um panorama histórico-musical de uma determinada região do Brasil é um projeto ousado que exige, de seus executantes, muito estudo e pesquisa.

O trabalho foi concebido pelos jovens Leandro Pfeifer e Tatiana Zalla e tornado música pelos dois, mais Rosângela Macedo, Melina Cabral, Domingos de Salvi e Felipe Soares, sob a direção do grande mestre Toninho Carrasqueira. Com textos de Kaká Werá, Ecos da Paulistânia nos traz um rico relato de um Brasil interior, passado, mas presente que deixou em nós e em nossa cultura os seus traços.

À revelia das imposições culturais feitas, outrora pela elite e hoje pela mídia, o povo do Brasil, desde seu início, soube narrar sua história através do canto, do bater e do tocar seus instrumentos. E a música popular se fez cronista dos acontecimentos que não foram registrados por outras vias, ou por descuido ou mesmo porque a história que aprendemos é sempre a história dos que detinham o controle dos meios administrativos e de difusão de sua própria cultura.

Desde os primeiros mamelucos, ninados pelas canções de suas mães índias, uma música particular foi se criando neste país. Somada aos cantares portugueses e aos cânticos e tambores africanos, desenhamos uma música popular sem igual no mundo, tanto pela sua diversidade como pela sua qualidade.

Antonio Candido definiu como Paulistânia todo o eixo de expansão e difusão da cultura bandeirante. Região esta onde se fixou o que entendemos por cultura caipira. Os estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, metade Norte do Paraná, parte de Tocantins, parte do Mato Grosso e regiões como Sul de Minas e Triângulo Mineiro, são os locais onde se ambientaram esses valores.

Para quem tiver este disco em mãos fica de presente este roteiro histórico-musical, Ecos da Paulistânia. Tal qual uma xácara [canção narrativa de versos sentimentais, no passado, popular na península Ibérica, e de origem árabe, como a Nau Catarineta], de forma lúdica, os textos e as músicas traçam um mapa histórico-cultural da nossa região que foi se desenhando com o tempo. Assim, se intercalam viola, violão, acordeão, tambores, flautas, vozes, instrumentos de banda de coreto, num correr criativo e musical por onde passam cururus, recortados, pagodes, jongos, congados, moçambiques, folias, guarânias, polcas. Um mapa sonoro do nosso Brasil.

Quem tiver a chance de ouvir Ecos da Paulistânia se deliciará com as belezas de nosso país, construída a partir de uma refinada pesquisa histórica e musical concebida e realizada por esses talentosos músicos.

Ecos da Paulistânia é também o tema da Tese de Mestrado defendida por Pfeifer e  conta, ainda, com um filme que poderá ser assistido pelo link https://www.youtube.com/watch?v=h3hxZyMiVHQ&feature=youtu.be

O projeto Encantoria celebra em 2022 quinze anos. Um recorte desta rica trajetória ganhou elogios no texto abaixo, de Kaká Werá, sobre o álbum Mãos que Segurei

ESSA COISA BOA DE OUVIR!

Pipoca quentinha com o cheiro de gengibre do quentão. Pássaros trovadores de violas enraizadas em brasis. Cores. Bandeiras. Estandartes. Não. Não é festa junina e nem folia de reis. Não é feriado santo. São os tons e melodias que saem das canções deste CD. Um Senhor Brasil musicalmente presente, atento, esperto, vivificando uma escuta além das modas e modinhas que existem por aí; fazendo o rosto abrir em riso e o corpo em dança. O som pipoca variando os tons de diversas influências e cadências; quentes, ardentes, melodiosas!

Essa coisa boa é pra João, pra José, pra Maria! Algumas letras quase são “causos”, outras quase “rezas”. Coisas dos Brasis que somos e que nossos avós foram construindo; algo assim, como diria um amigo: memórias sonoras.  “Cantação” de histórias com sofisticação de arranjos e ritmos que lembram aquelas auroras que os galos do interior anunciam.

Pense em uma paisagem sem tom pastel, bandeirolas de diversos matizes no céu, com resgate da reverência, coisas dos antigos, abaixando o chapéu, (quando havia chapéus nas cabeças) para as damas passarem.

É assim que ouvi estas canções: alegres damas passando…

Ouçam! Mas ponham as mãos nas abas dos chapéus, como nas festas de junho que esquentam as noites; e percebam as damas passando sonoramente pelos ouvidos.

Mãos que Segurei reforça o perfil artístico do Manuí, que mistura a beleza poética das cantorias com sotaques da viola caipira e a força dos arranjos de metais em busca de uma sonoridade rica, inusitada e sem perder a simplicidade e a sabedoria que permeiam culturas tradicionais do Brasil. Revela também nos arranjos a presença da percussão, violão, cavaco, flautas e naipe de cordas na faixa Sobre a Terra

Neste álbum o Encantoria reuniu o sanfoneiro e cantador Enock Virgulino; o cantador e compositor Tião Carvalho; o compositor e violonista Marquinho Mendonça; o acordeonista Gabriel Levy; Tatiana Zalla; as cantoras e compositoras Rosângela Macedo e Ana Maria Carvalho; e o quarteto de cordas dos xarás Fabio Engle e Fabio Chamma, Cristina Geraldini e Jonas Góes. Todas as canções foram compostas e arranjadas pelo Encantoria com participação do maestro Luciano Filho e do produtor musical Cleyver Rossi em alguns arranjos e na produção musical. Duas faixas são adaptação de poesias cedidas por Roseana Murray (Terremoto Furacão) e Kléber Albuquerque (Isopor). 

O projeto Mãos que Segurei é uma idealização de Pfeifer, aprovado no ProAC ICMS Música da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Recebeu patrocínio da Elektro e copatrocínio do Grupo São Martinho. As ações foram realizadas no segundo semestre de 2010 nas cidades paulistas de Rio Claro, Limeira, Iracemápolis, Ilha Bela e São Luís do Paraitinga unindo arranjos autorais e interpretações de cantigas da cultura popular, intervenções poéticas, cênicas e narrações de fragmentos de histórias para promove uma viagem pela trajetória do grupo.

Integrantes do Encantoria, a partir da fileira em pé, da esquerda para a direita: João Vitor dos Santos (sax tenor); Flávio Vasconcelos (flauta transversal, violão e vocal); Gustavo Terra ( bateria, violão e vocais); Leandro Pfeifer (voz, cavaquinho e violão); Domingos de Salvi (viola caipira) e Rafael de Souza (trombone). Sentados, no mesmo sentido: Alexandre Martins (brincante); Melina Cabral (voz e percussão); Luca Barel (percussão); Gilson Caetano (trompete) e Max Vieira (baixo e intervenções poéticas)

Inspirado na beleza poética das cantorias e na força transcendente dos batuques, cordas e metais presentes em todos os cantos do Brasil, o Encantoria materializa seu som e sua luz revelando diversidade de ritmos e timbres. Os seus espetáculos e produções fonográficas e audiovisuais se apoiam na força transcendente dos batuques, cordas e metais presentes em todos os cantos do Brasil e permitem ao Encantoria materializar seu som e sua luz por meio de trabalhos autorais presentes nas gravações.

Além de dar título ao álbum, Mãos que Segurei ilustra o espírito do trabalho e nesse balaio que revela a identidade do Encantoria os rasqueados e ponteados da viola caipira se encontram com metais de quadrilhas, cirandas e batuques do maracatu, baião, coco de roda, sambas e outras modas.

Leia entrevista de Leandro Pfeifer e de Tatiana Zalla em https://editoranewmusic.wordpress.com/2021/11/19/conheca-a-magia-que-se-esconde-por-tras-das-letras-do-grupo-manui%EF%BF%BC/

SOBRE O POVO BANTO

Os bantus ou bantos constituem um grupo etnolinguístico localizado principalmente na África subsaariana e que engloba cerca de 400 subgrupos étnicos diferentes. A unidade desse grupo, contudo, aparece de maneira mais clara no âmbito linguístico, uma vez que essas centenas de grupos e subgrupos têm, como língua materna, uma língua da família banta.

A palavra bantu é derivada de ba-ntu, formado por ba (prefixo nominal de classe 2) e nto, que significa pessoa ou humanos. Versões dessa palavra ocorrem em todas as línguas bantus, como, por exemplo, watu em suaíli; muntu em quicongo; batu em lingala; bato em duala; abanto em gusii; andũ em quicuio; abantu em zulu, quitara, e ganda; vanhu em xona; batho em sesoto; vandu em alguns dialetos luia; mbaityo em tive; e vhathu em venda.

Os bantus são povos provavelmente originários da República dos Camarões e do Sudeste da Nigéria. Por volta de 2.000 antes de Cristo (a.C.), eles teriam começaram a expandir seu território na floresta equatorial da África central. Mais tarde, por volta do ano 1000, ocorreu uma segunda e mais rápida fase da diáspora , para o Leste, e finalmente, uma terceira fase, em direção ao Sul do continente, quando os bantos se miscigenaram a grupos autóctones e constituíram novas sociedades.

Conheça mais sobre os bantos em https://pt.wikipedia.org/wiki/Bantus

O Canto dos Escravos é dividido em 14 cantos ancestrais dos negros benguelas de São João da Chapada e Quartel do Indaiá, povoados de Diamantina, município de Minas Gerais, e interpretados por três dos mais importantes defensores da preservação das tradições ancestrais afro-brasileiras na música nacional

PRECIOSIDADE FONOGRÁFICA

Cantos negros de trabalho denominados vissungos estão gravados em O Canto dos Escravos, disco lançado em 1982 dentro da série Memória Eldorado, da Gravadora Eldorado, que em 2022 completa 40 anos. Nabor Jr (fundador-diretor da revista eletrônica O Menelick 2° Ato, jornalista com especialização em Jornalismo Cultural e História da Arte, além de fotógrafo, que atua com o pseudônimo MANDELACREW) classifica este magistral disco como “preciosidade da história fonográfica tupiniquim e um dos mais reveladores discos produzidos no Brasil no século 20”. Este elogio de Nabor data de 2012, quando ele escreveu um artigo a respeito na revista Menelick e O Canto dos Escravos  alcançava bodas de pérola (30 anos) “ainda ocupando o privilegiado posto de mais importante documentação sonora a cerca da cultura oral africana praticada pelos negros escravos em terras brasileiras.”

O autor do texto acredita ser impossível escutar O Canto dos Escravos e permanecer imune “à sua rica ancestralidade sonora e rítmica, bem como às inevitáveis lembranças do terrível período da escravidão”. Em outro trecho, observou que o registro documental da existência e resistência cultural da tradição bantófone no Brasil ao que o trabalho se propõe “por si só já seria suficiente para torná-lo singular (o álbum foi o primeiro registro sonoro da ‘música’ do tempo da escravidão no país)”. Contudo, sabedores do arqueológico material que tinham em mãos, o pernambucano Aluísio Falcão, coordenador artístico do projeto, e Marcus Vinícius de Andrade, produtor e diretor musical do disco, transformaram o que seria apenas mais uma documentação histórica em um dos mais belos trabalhos artísticos dedicados à preservação das tradições culturais do negro escravizado no Brasil.

Dividido em 14 cantos ancestrais dos negros benguelas de São João da Chapada e Quartel do Indaiá, povoados de Diamantina, município de Minas Gerais, e interpretados por três dos mais importantes defensores da preservação das tradições ancestrais afro-brasileiras na música nacional que são Geraldo Filme (1928 1995), Clementina de Jesus (1901 1987) e Tia Doca da Portela (1932 2009), o projeto O Canto dos Escravos reúne as qualidades técnicas essenciais para um trabalho musical que se propõe a transpor com eficiência a barreira da superficialidade e do “mero” entretenimento: originalidade, sensibilidade, intensidade e, obviamente, boa música, bons músicos e simplicidade nos arranjos, sempre de acordo com o texto de Nabor Jr, que aponta: o primeiro diferencial do trabalho está no ineditismo das 14 faixas do repertório selecionadas entre 65 cantos colhidos pelo filólogo, professor e linguista mineiro Aires da Mata Machado Filho (1909 1985) que, entre o final dos anos 1920 e durante a década dos anos 1930 dedicou-se à pesquisa de “cantigas em língua africana ouvidas outrora nos serviços de mineração” no interior de Minas Gerais, conforme o próprio escritor descreveu no livro O Negro e o Garimpo em Minas Gerais (1943).

Clique no link abaixo e ouça, na íntegra, o disco O Canto dos Escravos

https://www.youtube.com/watch?v=gil3Mw32OnU

Leia o artigo de Nabor Jr na íntegra ao visitar http://www.omenelick2ato.com/musicalidades/o-canto-dos-escravos

 

 

1546 – Flávvio Alves e Elaine Frere iniciam parceria com Alamedas*

#MPB #Literatura #Circo #Teatro

*Com Adriana Bueno

Já está nas plataformas digitais em forma de single a primeira canção da cantora e compositora Elaine Frere em parceria com o poeta e produtor musical Flávvio Alves. Gravado no estúdio Canto da Coruja, em Piracaia (SP), Alamedas chega ao público pelo selo Sete Sóis, com distribuição da Tratore. 

A parceria começou quando Flávvio viu uma publicação de Elaine junto com a filha. “A foto era tão significativa, eivada de amor fraterno e de tantos outros sentimentos implícitos, que, emocionado, resolvi comentar”, contou Flávvio. “Receber um poema de Flávvio Alves para musicar é como atingir a maioridade!”, disse Elaine. “O comentário numa postagem na rede social era tão perfeito, que musiquei sem que ele soubesse”, prosseguiu ela, e emendou: “A coragem de mostrar demorou, mas rendeu uma enxurrada de escritos que me foram enviados pelo Flávvio, com uma mensagem para que eu escolhesse um para musicar”.

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1435 – Só o antidepressivo não está ajudando, mano(a)? Aí: ouça Kleber Albuquerque. E sem moderações: não há contraindicações!

#MPB #MúsicaPsicoativaBrasileira #WesternSpaghetti #BangBangÀItaliana #CulturaPopular

O Barulho d’água Música recebeu da Sete Sóis Produções Artísticas, estabelecida em Atibaia (SP), os álbuns Os Antidepressivos Vão Parar De Funcionar e CONTRAVENENO, os dois mais recentes do cantor, compositor, e artista gráfico Kleber Albuquerque, o segundo gravado em parceria com Rubi. Kleber Albuquerque, que também escreve composições para o teatro, é paulista de Santo André indicado, em 2018, para o 29º. Prêmio da Música Brasileira e vencedor dos prêmios da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e Coca-Cola Femsa, Suas canções já foram gravadas por artistas como Fábio Jr., Zeca BaleiroCeumarVanuza, Eliana Printes e Márcia Castro, entre muitos outros.

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1231 – Thamires Tannous (MS/SP) gira pela Europa com Canto-Correnteza, seu segundo álbum autorala Europa

Álbum é uma mistura de influências desde às raízes sul-mato-grossenses até a porção árabe da cantora. De selo independente, sucede  Canto pra Aldebarã, de 2014, que rendeu a ela  o Prêmio Grão da Música

A cantora e compositora Thamires Tannous está girando por cidades da Europa como Liubliana, capital da Eslovênia, Coimbra e Lisboa, ambas em Portugal, e Linz, na Áustria, onde vem apresentando o seu mais novo álbum, Canto-Correnteza, o segundo de sua carreira, lançado oficialmente há pouco mais de um mês, em 8 de agosto, na unidade 24 e Maio do Sesc paulistano. Com 10 faixas, disponível nas plataformas virtuais e à venda nas boas lojas do gênero, com distribuição pela Tratore, Canto-Correnteza foi o disco escolhido para abrir neste 7 de setembro, Dia da Independência cá em Pindorama, as audiências matinais de todos os sábados que promovemos na redação do Barulho d’água Música.

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1118 – Leia entrevista com Ceumar (MG), a primeira do Clube Cantautores, organizador do festival Mostra Cantautores

 
Amigos e seguidores:
Esta atualização do Barulho d’água Música traz uma entrevista com a cantora e compositora mineira Ceumar produzida e editada por Eduardo Lemos, da Navegar Comunicação, empresa que atua na organização e  na divulgação do festival Mostra Cantautores,  e que inaugura a série Conversas com cantautores, com artistas que já se apresentaram na Mostra Cantautores, acerca dos mistérios e belezas que cercam a produção daquele que compõe, toca e canta. Ceumar foi uma das atrações da quinta edição, em 2016.

 

Para saber mais sobre a Mostra Cantautores, fica a dica: faça uma assinatura, gratuita  Clube Cantautores e tenha acesso às entrevistas com compositores, promoção de ingressos para o festival, dicas de discos, playlists criadas pelos próprios artistas e muito mais. Para assinar com o seu e-mail basta visitar bit.ly/clubecantautores

 

Mostra Cantautores: Cantar, tocar um instrumento e compor: o cantautor é essa figura que reúne em si os três elementos essenciais da música popular. Me parece uma condição de grande liberdade: ser capaz de, em algum momento, depender apenas de si para fazer a música estar no mundo. Como é pra você essa condição de cantautor?

CeumarAcho que você falou uma palavra fundamental: liberdade. No meu caso, tem a ver com liberdade, amadurecimento e encontro comigo mesma. Eu demorei um pouco para me descobrir como compositora. Havia uma insegurança de me expor na canção. “Como eu posso funcionar como autora das minhas canções? Como isso vai refletir nas pessoas? Será que elas vão gostar?” Foi no meu segundo disco, Sempre Viva [2003], que eu gravei músicas minhas pela primeira vez [Avesso, parceria com Alice Ruiz, e  Boca da Noite, parceria com Chico César e Tata Fernandes]. Ali eu comecei a perceber que eu tinha também esse caminho de expressão.

Ceumar, entre Lui Coimbra (esq.) e Paulo Freire, com os quais gravou Viola Perfumosa, um tributo a Inezita Barroso (Foto: Leo Aversa)

Hoje em dia, faço letras com muito mais liberdade. É bem comum sentar para compor. Mas foi um processo. Eu não comecei compondo, eu não comecei cantautora. Eu comecei intérprete, e só depois de um tempo — de um amadurecimento, talvez — eu tenha encontrado esse viés de liberdade total, que é onde eu estou mais inteira na minha música. Quando a gente toca as canções próprias, eu sinto que as pessoas se entregam e vem mais com a gente. Elas compactuam de outra maneira. E tudo reverbera de uma forma maior.

Você tem se apresentado em diferentes formatos, e um deles é este em que fica sozinha no palco. De que maneira essa experiência de se apresentar solitariamente te afeta como artista? Há coisas que só se vê quando sozinho?

Desde que eu descobri a potência de estar só com o meu violão e as minhas canções, eu descobri um lugar onde eu sou mais humana. Porque ali eu tô inteira e não posso me esconder. Quando eu descobri esse sabor, isso me pegou muito. Eu nunca entendi a música e a expressão artística como algo acabado, finalizado, perfeito — embora eu admire e aprenda muito com os artistas virtuoses, que tem essa busca pela perfeição. No meu caso, é muito mais revelar as imperfeições humanas e aceitar os erros. Eles acontecem, né? Você está sozinha e pode errar um acorde ou uma letra. E isso fica muito transparente. Aí, eu descobri nisso um prazer e uma delícia tão grandes em poder revelar — para além da música e da perfeição artística — que está ali um ser humano totalmente entregue para aquela situação e para aquele momento. As músicas que eu componho são simples. Eu tenho esse desejo de encontrar formas simples, para que elas cheguem fácil nas pessoas comuns, que não estudam ou vivem a música. 

Acho, portanto, que o cantautor humaniza o espetáculo. Porque cada show é um. Cada momento é único. É diferente do show que se ensaia com a banda, que tem um roteiro programado. Quando estou sozinha, eu faço shows sem roteiro! Imagina? Há uns anos atrás eu tinha essa insegurança… hoje em dia, não! Eu começo meu show e vou. Fluindo e vendo o fluxo do momento. Tem horas que me vêm canções que eu me pergunto: “nossa, porque eu estou cantando isso?” Mas eu canto. Se ela chegou ali, é porque está me pedindo para ser expressada.

Em 2017, você se apresentou na Mostra Cantautores. Há alguma memória especial daquele show e de sua passagem por Belo Horizonte? É importante que exista um festival dedicado à figura do cantautor?

Puxa, para mim, especialmente naquele momento, foi muito importante. Eu estava voltando para o Brasil depois de cinco anos morando na Holanda. E justamente a minha grande inquietação ao morar fora foi a questão da palavra, da língua. Então, teve uma dimensão muito grande, primeiro, ter sido convidada como cantautora, porque a minha obra de compositora é pequena. Não faço música aos quatro ventos. Eu demoro, tenho um ritmo muito próprio. Então, ter sido convidada já foi incrível. E poder cantar na minha língua e contar aquelas histórias — em letras minhas ou de parceiros -, para um público super aberto, curioso e envolvido, foi demais, foi lindo, foi muito especial. E, estando em Belo Horizonte, eu conheci uma cena incrível de músicos mineiros, vi shows maravilhosos.

Lembro da minha surpresa quando assisti ao espetáculo do Juan Quintero. Nós tocamos na mesma noite. Eu não o conhecia e fiquei em êxtase com a potência dele. E ele é argentino, está tão próximo de nós… Por isso eu acho fundamental que existam esses espaços e esses encontros. É tão importante que haja troca! É tão importante que a gente veja os outros e se veja também no contexto de autores e de canções. Por mim, eu estaria na mostra todo ano! (risos). Desejo vida longa!

Foto: Pablo Bernardo

De todos os cantautores que possam ter influenciado sua trajetória, qual te causou efeito mais fulminante com seu modo de cantar, tocar e compor?

Eu me lembro do impacto de quando eu vi o Itamar Assumpção pela primeira vez. Eu estava chegando em São Paulo, vinda de Minas, meio tímida, e fui ver um show dele sozinho em voz e violão. E ali virou uma chave pra mim. Eu vi um homem completamente livre na sua loucura — a loucura mais sã que eu pude ver ao vivo. E o violão dele me soou muito simples, com umas levadas de baixo. Eu me reconheci naquilo. Pensei: “eu não preciso fazer acordes mirabolantes. Eu posso simplificar meu jeito de tocar para que a palavra seja a mais crua possível”. Ele se tornou uma grande escola, e é até hoje. Quando eu preciso beber na fonte da canção pura, escuto Itamar Assumpção.

E, da música contemporânea, há quem chame sua atenção nesses quesitos?

Eu poderia citar vários nomes. O Luiz Gabriel Lopes, que tem toda aquela beleza mineira misturada com o mundo inteiro. Ou o Flávio Tris, que se tornou meu amigo e parceiro, e que foi um grande encontro que eu tive em São Paulo. Mas eu queria também lembrar de alguns nomes que talvez não sejam tão conhecidos no Sudeste, como o de um menino que conheci em Recife, num sarau, que se chama PC Silva. Ele é de Serra Talhada, interior de Pernambuco. Fiquei impressionada com a dinâmica de violão e com as letras dele. E, puxando a sardinha pro meu lado, eu acabei de fazer a direção artística do disco da Manu Saggioro, uma cantautora incrível de Bauru. E também tem a Camila Costa, carioca, que conheci quando morava na Europa — eu em Amsterdã, ela em Paris. Ela tem músicas incríveis. Eu teria muita gente pra citar aqui, mas acredito que esses três nomes precisam ser mais escutados.

Casa musical

Ceumar é natural de Itanhandu, localidade encravada exatamente no Sul mineiro, viveu em São Paulo por 14 anos em Amsterdã, capital da Holanda, onde conviveu com “gente de todo lugar”, pode “ouvir as mais diversas línguas e dialetos na rua, andar de bicicleta, aprender com uma nova cultura”. Em sua biografia ela conta que cresceu cercada por música, hábito da casa onde viveu e observa que os pais ainda cantam e as irmãs tocam. Assim, nas festas de família, sempre havia cantorias. Já no colégio, um violão fazia companhia para ela animar encontros na praça e durante as madrugadas. “Aos pés da Serra da Mantiqueira experimentei os sabores da vida interiorana e simples”, comentou.

A chegada a Sampa ocorreu em 1995, antes do embarque para a Holanda. Na mais agitada e maior cidade do Brasil, cinco anos depois, Ceumar gravou o primeiro álbum da discografia, Dindinha, aproveitando os versos Dindinha divinha o quê primeiro vem amor ou vem din-din, dindinha dê dinheiro, carinho e calor pra mim, que o amigo e produtor Zeca Baleiro dedicou a ela. Baleiro participou dos trabalhos do disco, “parceria muito especial”, de acordo com a cantora, lembrando que Tata Fernandes também fez parte da obra. 

Já em 2.000 começaram as viagens, Brasil afora e pelo exterior. Ceumar passou por capitais como São Luís (MA), Salvador (BA), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e países da Europa e da Ásia. Ao levar as cores brasileiras em sua música mesclada por ritmos como coco, marchinha, samba de roda, recordou: tive muitas alegrias ao encontrar gente de ouvidos abertos, ávida pelo frescor da novidade e do que não está, digamos assim, aparecendo nas telas da TV no domingo”.

Com a carreira afirmando-se a cada ano, Ceumar, desde então, já nos legou seis magníficos álbuns autorais. O mais recente saiu em 2014, Silencia. Entre este e Dindinha, os fãs ganharam, Sempre-viva (Ceumar assina a produção musical e arranjos, e marca sua estreia como compositora, com músicas deKleber Albuquerque, Zeca Baleiro e em parceria com Chico César);Achou!(produzido em parceria com Dante Ozzetti), e Meu Nome (quarto disco da cantora, por meio do qual apresenta ao público seu lado menos conhecido: o de compositora; produzido pelo músico e produtor holandês Ben Mendes, é o registro ao vivo dos shows realizados no Teatro Fecap, entre maio e junho de 2008, em que Ceumar apresentou 20 canções, todas de sua autoria, acompanhada quase que unicamente de seus violões). Já na Holanda, gravou com um trio local Live in Amsterdam, ao vivo, em 2010. Os holandeses são Mike del Ferro(piano), Olaf Keus (bateria) e Frans van der Hoeven (baixo acústico) e o disco traz releituras de canções da carreira e uma inédita de Zeca Baleiro: Iá Iá.

Foto: Bem Mendes

Silencia revela momentos de reflexão e descobertas pessoais e espirituais e também é gravado “ao vivo”, em estúdio, produzido pelo cellista francês Vincent Ségal. Registrado ao vivo em estúdio, o trabalho resulta em um som dinâmico, cheio de silêncios e momentos sutis. Acompanhada por Adriana Holtz (violoncelo), Daniel Coelho (baixo acústico) Webster Santos (bandolim, cavaquinho, violão de aço e viola caipira) e Ari Colares (percussão), Ceumar mostra um repertório composto de músicas próprias, além de composições de artistas como Vitor Ramil, Kiko Dinucci, Miltinho Edilberto, Kléber Albuquerque, Sérgio Pererê e Déa Trancoso, entre outros.

Em junho, com Lui Coimbra (RJ) e Paulo Freire (SP), Ceumar lançou Viola Perfumosaem um concorrido show no auditório Oscar Niemeyer do Ibirapuera, em São Paulo. O disco é um tributo à rainha da música caipira, Inezita Barroso, e resgata sucessos como Luar do Sertão; Tamba-TajáÍndiae Marvada Pinga, eternizados por Inezita que ganharam releitura camerística unindo viola caipira e violoncelo, rabeca e alfaias e se mesclam a composições de Villa-Lobos e a canções do repertório autoral do trio.

O trabalho doViola Perfumosa procura resgatar e reciclar a genialidade e a sofisticação das melodias e da poesia da música que se convencionou chamar “caipira”, compondo um mosaico comovente e alegre do Brasil “de dentro”, “dos interiores”, ressaltando a singularidade desta obra poético-musical que é um retrato fiel deste país profundo.

Para ficar ligado!

A 7ª Mostra Cantautores será promovida entre os 3 e 10 de novembro no Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte, Minas Gerais, e entre outras atrações terá apresentações com Affonsinho, Cátia de França, João Bosco, Angela Ro Ro, Jards Macalé e Chico Saraiva, entre outros nomes de vários estados do país. A Mostra Cantautores é um encontro de criadores da canção contemporânea com apresentações solo de cantores e compositores acompanhados apenas por seu instrumento. Além de apresentar 16 artistas em suas múltiplas expressões, o evento deste ano também conta com uma programação de debates e atividades diurnas.

Leia também no Barulho d’água Música:

Ceumar canta acompanhada por Daniel Coelho na abertura do Composição Ferroviária, em Poços de Caldas (MG)

1032 – Thamires Tannous apresenta músicas do novo álbum e interpreta canções de parceiros no Teatro da Rotina (SP)

Casa de espetáculos situada na região central de São Paulo está promovendo vários shows protagonizados por cantoras em homenagem ao mês da Mulher

Marcelino Lima

O Teatro da Rotina, situado em São Paulo, reservou as apresentações de março às comemorações do mês – que no dia 8 tem seu ponto alto, o Dia Internacional da Mulher — dedicado às lutas femininas e, para dar continuidade à programação especial, convidou Thamires Tannous. Cantora e compositora natural de Campo Grande (MS), Thamires Tannous estará no palco a partir das 21 horas da quarta-feira, 21, quando deverá mostrar canções inéditas que incluiu no segundo álbum da carreira, já em fase de produção. Além de suas composições, promoverá releituras de sucessos de outros compositores e parceiros, passeando por ritmos como o ijexá, o xote, a milonga e o chamamé.  Irá acompanhá-la o violonista gaúcho Mateus Porto e os convidados para participações especiais Michi (Michael) Ruzitschka, Peter Mesquita  e a cantora Tatiana Parra. Uma as novidades que fará parte do novo disco, Desaviso, já está disponível em clipe no canal Youtube. O single foi produzido por Ruzitschka, violonista austríaco residente no Brasil e acompanha uma fina mistura de percussão afro-brasileira com instrumentos acústicos como o violão e o violino.

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713 – Nô Stopa (SP) recebe Zé Geraldo e amigos para lançar “Manifesto Poesia” em teatro da Moóca (SP)

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A paulistana Nô Stopa está com disco novo na praça, Manifesto Poesia, o terceiro da carreira que já contava com Camomila e Distorção e Novo Prático Coração, este com composições dela e de parceiros como Fernando Anitelli, Roberta Campos,Tata Fernandes, Alexandre Lima e Kleber Albuquerque; Fernando Anitelli também é o produtor do álbum cheirando a tinta. A festa de estreia que Nô Stopa protagonizou no sábado, 31 de outubro, com lotação máxima das poltronas do Teatro Arthur de Azevedo (situado na Moóca, em São Paulo) teve encerramento de gala: amigos e fãs que estavam na plateia formaram um cordão que desceu do palco puxado por ela ao som de Canto do Povo do Mar de Minas, de Kleber Albuquerque, e arrebanhou pelo caminho mais vozes, em coro, rumo ao saguão da casa. Ali, Nô Stopa recebeu abraços, os devidos cumprimentos e autografou exemplares.

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Zé Geraldo recitou o poema Obra e cantou Voar, Voar durante o show de Nô Stopa (Foto: Daniel Kersys). A foto de Nô Stopa sorrindo, no destaque, é de Rita Araújo

Mais do que um número de música, o show conferido pelo Barulho d’água Música produzido pela própria Nô Stopa e pela produtora e cenógrafa Sandra Miyaza para a noite de lançamento de Manifesto Poesia teve momentos circenses. Antes de Nô Stopa entrar em cena tocando caxixi em Do que é feito o poema, a banda tomou lugar e surgiu no palco ainda em silêncio, pedalando uma pequena bicicleta, o garoto Gael, para ler “Manifesto é um grupo de muitas pessoas falando a mesma coisa”. Ainda durante a execução desta faixa, ao fundo surgiu Zé Geraldo e recitou o poema incidental Obra, de Marco Aurélio Cremasco. Além do consagrado pai — que regressou para cantar em duo com ela Voar, Voar –, Nô Stopa recebeu os convidados Chico Teixeira, Roberta Campos e os integrantes do Folk na Kombi Bezão e Felipe Câmara, além dos atores Ricardo e Sandra Miyazawa. Os músicos Zeca Loureiro (guitarra), Henrique Alves, Rogério Rochlitz e Gustavo Souza acompanharam a estrela da noite.

O poema não é feito de argamassa aço cimento
O poema é feito de vórtice caos tormento
O poema é feito
De firula dança pouco de vento
O poema não é… Caso desfeito
Brotam carne osso sentimento

Obra, poema de Marco Aurélio Cremasco

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Ceumar canta acompanhada por Daniel Coelho na abertura do Composição Ferroviária, em Poços de Caldas (MG)

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A família de Ceumar sempre foi ligada à música e ela, na adolescência, já animava festas com um violão; o primeiro de seis álbuns, Dindinha, saiu em 2.000 (Foto: Fernanda Serra Azul)

 

A cantora Ceumar será a atração da estreia da edição deste ano do projeto Composição Ferroviária, que os músicos Wolf Borges e Jucilene Buosi promoverão com shows gratuitos entre o final de março e 5 de julho, sempre a partir das 10 horas. O palco para as apresentações será montado no pátio da estação ferroviária de Poços de Caldas, acolhedor município do Sul de Minas Gerais.  Antes de cada rodada, haverá palestras e a participação de um convidado. Elder Costa abrirá o evento no dia reservado a Ceumar, 29 de março, quando ela cantará acompanhada por Daniel Coelho. A palestra está marcada para a véspera, a partir das 16 horas, no Conservatório da cidade. O tema será A Música do Sul de Minas.

Ceumar é natural de Itanhandu, localidade encravada exatamente no Sul mineiro, viveu em São Paulo por 14 anos e atualmente mora em Amsterdã, capital da Holanda, “onde posso ver gente de todo lugar, ouvir as mais diversas línguas e dialetos na rua, andar de bicicleta, aprender com uma nova cultura”. Em sua biografia ela conta que cresceu cercada por música, hábito da casa onde viveu e observa que os pais ainda cantam e as irmãs tocam. Assim, nas festas de família, sempre havia cantorias. Já no colégio, um violão fazia companhia para ela animar encontros na praça e durante as madrugadas.  “Aos pés da Serra da Mantiqueira experimentei os sabores da vida interiorana e simples”, comenta.

A chegada a Sampa ocorreu em 1995. Na mais agitada e maior cidade do país, cinco anos depois, Ceumar gravou o primeiro álbum da discografia, Dindinha, aproveitando os versos Dindinha divinha o quê primeiro vem amor ou vem din-din, dindinha dê dinheiro, carinho e calor pra mim, que o amigo e produtor Zeca Baleiro dedicou a ela. Baleiro participou dos trabalhos do disco, “parceria muito especial”, de acordo com a cantora, lembrando que Tata Fernandes também fez parte da obra. 

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Ceumar ao lado de Daniel Coelho, durante show em Boituva para apresentação do álbum Silencia, Interior de São Paulo (Foto: Daniel Kersys)

 

Já em 2000 começaram as viagens, Brasil afora e pelo exterior. Ceumar passou por capitais como São Luís (MA), Salvador (BA), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e países da Europa e da Ásia. Ao levar as cores brasileiras em sua música mesclada por ritmos como o coco, a marchinha, o samba de roda, recorda, “tive muitas alegrias ao encontrar gente de ouvidos abertos, ávida pelo frescor da novidade e do que não está , digamos assim, aparecendo nas telas da TV no domingo”.

Com a carreira afirmando-se a cada ano, Ceumar, desde então, já nos legou seis magníficos  álbuns. O mais recente saiu em 2014, Silencia. Entre este e Dindinha, os fãs ganharam, Sempre-viva*(Ceumar assina a produção musical e arranjos, e marca sua estréia como compositora, com músicas de Kleber Albuquerque, Zeca Baleiro e em parceria com Chico César); Achou! (produzido em parceria com Dante Ozzetti), e  Meu Nome (quarto disco da cantora, por meio do qual apresenta ao público seu lado menos conhecido: o de compositora; produzido pelo músico e produtor holandês Ben Mendes, é o registro ao vivo dos shows realizados no Teatro Fecap, entre maio e junho de 2008, em que Ceumar apresentou 20 canções, todas de sua autoria, acompanhada quase que unicamente de seus violões). Já na Holanda, gravou com um trio local Live in Amsterdam, ao vivo, em 2010. Os holandeses são Mike del Ferro (piano), Olaf Keus (bateria) e Frans van der Hoeven (baixo acústico) e o disco traz releituras de canções da carreira e uma inédita de Zeca Baleiro: Iá Iá.

Silencia na Vila Mariana

Silencia revela momentos de reflexão e descobertas pessoais e espirituais e também é gravado “ao vivo”, em estúdio, produzido pelo cellista francês Vincent Ségal. Depois da passagem por Poços de Caldas, Ceumar voltara à São Paulo para apresentações no Sesc Vila Mariana, durante as quais trará ao público as músicas do álbum lançado no ano passado. Os shows estão marcados para os dias 4 e 5 de abril, em ambas as datas às 21 horas. Ceumar estará acompanhada mais uma vez do irmão, Daniel Coelho, de Webster Santos, de Ari Colares, e de Adriana Holtz. O Sesc Vila Mariana fica na rua Pelotas, 141, a 750 metros da estação Ana Rosa do Metrô Linha Azul. Para mais informações há o número de telefone (11) 5080-3000.

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*Significado das flores : sempre-viva = permanência

“A sempre-viva, como o nome já diz, é a mais desperta. Ou melhor, é uma flor com iluminação própria, apesar de sua aparência frágil, pétalas com consistência de asa de abelha. O cultivo é fácil: basta espalhar as sementes no solo certo, com uma leve aragem. Não são necessários adubação ou cuidados especiais durante a fase de crescimento. Os únicos riscos são a seca e, raramente, ataque de gafanhotos”. Inspirada nessa flor da região de Diamantina (MG), Ceumar produziu o álbum homônimo “acreditando na leveza,na liberdade, na música brasileira e na celebração da vida!”

Clique em http://quadradadoscanturis.blogspot.com.br/2014/07/ceumar-discografia.html#more e baixe a discografia de Ceumar.

Veja no cartaz do projeto Composição Ferroviária as datas e as demais atrações que o público de Poços de Caldas e cidades próximas poderá curtir!

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