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O Brasil perdeu na noite de sábado, 2 de outubro, um dos seus mais notórios violonistas de todos os tempos, vítima de um infarto agudo do miocárdio, na cidade paraense de Santarém: Sebastião Pena Marcião, nome artístico de Sebastião Tapajós. Tião, como os mais íntimos o chamavam, estava com 78 anos e veio a óbito segundo os médicos Musa Martins e Everaldo Otoni, que tentaram por 40 minutos reanimá-lo, depois de sintomas típicos do ataque do coração. Os médicos atestaram a morte às 19h30.
Formado pelo Conservatório Nacional de Música de Lisboa, Tapajós gravou mais de 60 discos durante a longa e consagrada carreira iniciada aos 10 anos no conjunto de baile Os Mocorongos. O corpo do violonista foi velado no auditório da Casa de Cultura de Santarém e na segunda-feira, 4, deveria, seguir para a Catedral para uma missa de corpo presente antes do sepultamento
Álbum tem 13 faixas, participações especiais de Titane, Bocato, Swami Júnior, Oswaldinho do Acordeon, entre outros, e parcerias com ou interpretações de poemas de Mauro Paes, Artenio Fonseca, Paulo Leminski, Arnaldo Antunes e Itamar Assumpção, mais projeto gráfico de Elifas Andreato
Um dos melhores discos da carreira do cantor e compositor são-miguel-paulistanês, o bardo mouro tupiauiense Edvaldo Santana (entre os oito que ela já lançou na carreira solo, desde 1993, quem se atreveria a dizer qual deles seria o mais-mais?), batizado simplesmente com o nome do artista (veja o tamanho da responsa, na verdade, a confiança no próprio taco, já que, caçapa, a estocada foi de mestre!) está completando vinte anos de lançamento. Por conta desta importante marca, Edvaldo Santana (o disco)foi o escolhido para abrirmos aqui no boteco do Barulho d’água Música neste dia 11 do apressadinho janeiro (para aonde será que ele quer nos levar assim, passando tão veloz?) mais uma rodada das audições matinais que promovemos aos sábados.
Elogiado por Zuza Homem de Mello, paulista de Rio Claro interpreta canções consagradas de Chico Buarque, Paulinho da Viola, Gilberto Gil e Tom Jobim, entre outros, além de uma parceria dele com Sérgio Natureza
As audições matinais dos sábados aqui no boteco do Barulho d’água Música começaram neste dia 24 com A Roma, de Zé Luiz Mazziotti, mais um lançamento do selo Kuarup e do qual recebemos o exemplar gentilmente nos enviado pelo amigo Moisés Santana, que ao lado de Beto Priviero responde pela agência Tambores Comunicação, na cidade de São Paulo. Somos gratos, mais uma vez, a ambos, e também cumprimentamos Rodolfo Zanke, diretor artístico da Kuarup e equipe, por mais esta valiosa contribuição à divulgação e compartilhamento da boa música e dos cantores, duplas, grupos, compositores e intérpretes brasileiros.
Em 1982, nos últimos dias de novembro, a Funarte concluiu a gravação para o Discos Projeto Almirante do álbum Sidney Miller, disponível para audição, com apresentação de Hermínio Bello de Carvalho, no portal Brasil Memória das Artes. De acordo com Bello de Carvalho, o compromisso da Fundação era resgatar algumas das ideias que Miller esboçara antes de cometer suicídio, em 16 de julho de 1980, na cidade onde nasceu, Rio de Janeiro. Miller, filho legítimo do boêmio bairro carioca de Santa Teresa, estudou e publicou os primeiros versos ainda menino, estampando-os na revista da escola, o Colégio Santo Inácio. Prodigioso, com apenas 12 anos, escreveu um romance e o ilustrou com recortes de revista e, irrequieto, já compunha tocando violão “de ouvido”. Ao sair de cena antes do combinado, já contava com três álbuns gravados e planejava, após um breve hiato, lançar Longo Circuito.
Aquele que seria o quarto disco da curta discografia iria para as estantes dos amigos e fãs com selo independente, uma vez que, novamente conforme Bello de Carvalho, “o circuito comercial fizeram-lhe ouvidos moucos”. Para a produção do álbum póstumo, tema deste mês da sérieClássicos do MêsdoBarulho d’água Música, a Funarte convocou parceiros e amigos de MillercomoMaurício Tapajós, a quem confiou o paciente trabalho de recuperação de áudios de apresentações do carioca na Sala Funarte de Brasília e no programa de Bello de Carvalho, Água Viva, na TVE;Paulo Afonso Grisolli, por sua vez, colaborou com fitas que guardavam temas inéditos.
Com este tesouro em mãos, Tapajós montou o que seria um disco-documento. O material, no entanto, foi considerado insuficiente pelos produtores, que, então, escalaram Antonio Adolfo(que produziria o Longo Circuito), encarregando-o de dar corpo à ideia de forma que ficasse bem traçado o retrato de Sidney Miller. “O disco como Sidney o idealizara só ele poderia fazê-lo”, ponderou Bello de Carvalho. “Mas o carinho e obstinação que despejamos neste trabalho é a melhor prova do respeito que guardamos ao seu imenso talento e enorme integridade artística, reservas indestrutíveis que seu desaparecimento não apagou.”
Zezé Gonzaga, Zé Luiz Mazzioti e Alaíde Costa também participaram do tributo da Funarte a Sidney Miller, cujo talento como compositor despontara durante os festivais da década dos anos 1960, caminho comum a outros artistas em busca de consagração à época. Neste período, assim que começou a se destacar em âmbito nacional, muitos o comparavam ao igualmente estreanteChico Buarque, notadamente por conta da timidez de ambos, da escolha por temas urbanos e esmero na construção das letras.
Além destes três fatores, tanto Miller, quanto Buarque, sensibilizaramNara Leão, cantora famosa por revelar novos compositores e que teve grande importância na estreia dos dois – inclusive gravando, em 1967,Vento de Maio, disco no qual dividiam quase todo o repertório: Chico Buarque assinou quatro canções, enquanto Sidney Miller era o autor de outras cinco. Queixa, em parceria com Paulo ThiagoeZé Keti, interpretada porCyro Monteiro (Formigão), tirou o quarto lugar no I Festival de Música Popular Brasileira, promovido pelaTV Excelsior(SP). Queixa não consta em nenhum dos três discos que Miller lançou a partir de 1967, quando pelo selo Elenco, de Aloysio de Oliveira, assinou o primeiro disco, também batizadoSidney Miller e que apresentava temas populares e cantigas de roda comoO Circo, Passa Passa Gavião, Marré-de-Cy eMenina da Agulha. Neste mesmo ano, Sidney Miller juntou-se aThéo de Barros, Caetano VelosoeGilberto Gilpara escrever a trilha sonora da peça Arena contra Tiradentes, de Augusto BoaleGianfrancesco Guarnieri, além de, ao lado de Nara, interpretarA Estrada e o VioleironoIII Festival de Música Popular Brasileirada TV Record (SP), conquistando com esta música que abre o primeiro bolachão o prêmio de melhor letra.
Em1968, também pela Elenco, saiu Do Guarani ao Guaraná, com pegada tropicalista e as participações especiais dePaulinho da Viola, Gal Costa, Nara Leão, MPB-4, Gracinha Leporacee Jards Macalé, entre outros bambas. Pois é, Pra Quê, mais tarde escolhida para o repertório do MPB-4, a joia deste trabalho, levou Miller (que já abandonara a Sociologia e a Economia) a intensificar a carreira na área de produção. Assim, juntamente com Paulo Afonso Grisolli, ele organizou noTeatro Casa Grande (RJ) o espetáculoYes, Nós Temos Braguinha, com o compositorJoão de Barro. E, também com Grisolli, relançou a cantoraMarlene, estrela do concorrido show Carnavália. No ano seguinte, produziu e criou os arranjos de Coisas do Mundo, de Nara Leão, e ainda teve fôlego para, ao lado de Grisolli,Tite de Lemos, Luís Carlos Maciel, Sueli Costa, Marcos Flaksmanne Marlene organizar o espetáculo Alice no País do Divino Maravilhoso, além de compor a trilha sonora do filmeOs Senhores da Terra, do cineasta Paulo Thiago.
Nara Leão ajudou a impulsionar a carreira de Sidney Miller e com ele faturou com a cançãoA Estrada e o Violeiroo prêmio de melhor letra do Festival de 1967
(Também para cinema, Sidney Miller foi o autor da trilha dos filmesVida de Artista (1971) e Ovelha Negra (1974), ambos dirigidos porHaroldo Marinho Barbosa. Importantes peças teatrais contaram com trilhas sonoras assinadas por ele, entre as quaisPor mares nunca dantes navegados(1972), deOrlando Miranda, na qual musicou alguns sonetos deCamões, edo espetáculo aA torre em concurso(1974), deJoaquim Manuel de Macedo.)
O último disco de Sidney Miller, considerado pelos críticos o mais transgressor e com sonoridade que remete ao Clube da Esquina e ao Som Imaginário, coube à Som Livre e se chama Línguas de Fogo. É de 1974. Depois deste trabalho, rompido com as gravadoras, o cantor e compositor protagonizou raras apresentações pois, conforme confidenciava aos mais chegados, tinha aversão aos palcos. Tecia planos para sair do refúgio com o lançamento de Longo Circuito (chegou a entregar a Miltinho, do MPB 4, uma fita com cinco músicas inéditas), mas o encontraram morto em seu apartamento situado no bairro Laranjeiras naquele fatídico mês de julho de 1980. A sala em que trabalhava, na Funarte, no Departamento de Projetos Especiais, passou a se chamarSala Funarte Sidney Millere foi transformada num teatro.
* Parte desta matéria foi produzida a partir de textos sobre Sidney Miller disponíveis na internet escritos por Hermínio Bello de Carvalho e Mara L. Baraúna
Para ouvirSidney Miller, da Funarte (1982), visite:
O Barulho d’água música se solidariza à dor dos amigos, fãs e familiares do cantor, compositor e músico carioca Luiz Melodia (Luiz Carlos dos Santos), que morreu hoje, 4 de agosto, na cidade natal do Rio de Janeiro (RJ), aos 66 anos, por complicações causadas pelo câncer, de medula óssea, que combatia. Melodia estava internado no hospital Quinta D’Or e entrou em óbito por volta das 5 horas, desfecho que tentou evitar chegando a se submeter a um transplante do órgão atacado pela doença e à sessões de quimiteorapia, às quais, no entanto, o organismo dele não respondeu favoravelmente. O sepultamento está previsto para este sábado, 5, às 10 horas, no Cemitério do Catumbi, após velório na quadra da Escola de Samba Estácio de Sá.
A jornalista Marita Siqueira, do Correio Popular, um dos mais importantes jornais de Campinas (SP), escreveu para a versão eletrônica matéria na qual aponta entre aproximadamente 120 álbuns que ouviu os três melhores das categorias samba, MPB, rock, instrumental e regional. Marita Siqueira observou ter feito a seleção dos 15 títulos seguindo como critérios música, letra, interpretação e conjunto da obra. Nesta atualização, o Barulho d’água Música destaca para amigos e seguidores o trio da categoria Regional, mencionando ainda que figuram entre os álbuns da categoria MPB Carbono, de Lenine, que tem entre outros a participação Ricardo Vignini — violeiro paulistano que ao lado do mineiro Zé Helder (cujo novo trabalho, Assoprar o Borralho, Marita também indica) prepara o lançamento agora em janeiro de Moda de Rock-Viola Extrema II.