A noite de 4 de junho ficará na memória! Estive no teatro do SESC Pompeia e em privilegiado assento na primeira fila acompanhei a gravação de mais uma participação do Rodrigo Zanc para o programa Sr. Brasil. Ao meu lado estavam Wilson Teixeira, Cláudio Lacerda, Andreia Regina Beillo, Elisa Espíndola, Enos Emerick, Isaías Andrade e tantos outros bons amigos.

Zanc cantou três faixas de “Fruto da Lida”
Zanc cantou com apoio de Bruno Bernini, Thadeu Romano e Thiago Carreri as faixas “Eu sou da roça”, “Entalhes da Vida” e “Luz das Candeias”, contidas em “Fruto da Lida”, lançado em outubro de 2013. Este é o segundo trabalho do compositor de Araraquara, atualmente morando em São Carlos. Em 2006, Zanc colhera do seu variado e fértil pomar o álbum “Pendenga”.
O anfitrião, Rolando Boldrin, estava ainda melhor do que sempre é. Descontraído, iniciou o programa com o poema de sua autoria “Vamos tirar o Brasil da gaveta”. Assim que Zanc concluiu a primeira canção, Boldrin solicitou a viola do convidado e por um instante mostrou para a plateia o quanto é exímio no trato com as cordas. Era apenas uma “palhinha”, um “esquenta” para o ponto alto que ocorreria no terceiro bloco, quando brindou o público com duas composições dele. Que honra foi presenciar o próprio criador há apenas alguns metros cantando e tocando com brilhosos olhos de felicidade, como quem realmente se sente entre amigos, sua peça mais famosa: “Vide e Vida Marvada”! Moço vai ouvindo, vai ouvindo: não sei como contive as lágrimas por tamanha benção caída do céu, onde com certeza, Deus repetia o refrão fazendo um sinal de positivo para São Pedro “é que a viola fala alto no meu peito humano…”

Boldrin contou causos divertidíssimos e cantou “Vide e Vida Marvada”.
Não chorei, mas como ri e gargalhei de até perder fôlego. Aliás, mentira: chorei sim, mas de tanto rachar o bico com os causos que Boldrin contou já que meus dois de ver ficaram bem marejados. Uma das anedotas era sobre um caipira que resolveu criar uma galinha “americana”, gringa da crista aos pés, altiva, de olhos verdes, lavada a xampu e, perfumosa. Ao chegar ao galinheiro onde já “veviam” algumas aves brasileiras depenadas, feias, magras, piolhentas, a nova moradora bota banca, marrenta e com saracoteios de superioridade joga terra nos olhos das veteranas ao ciscar, entre outras hilárias tentativas de se impor.
Só estes momentos valeriam pelo valor do ingresso — que, se por acaso fosse cobrado, teria sido muito bem pago. Lucas Ventania, Daniel Franciscão e Sérgio Turcão ocuparam o palco durante o segundo bloco para a apresentação de mais três músicas. Ventania narrou que adotou como artista o nome antigo da aprazível cidade de Minas Gerais da qual saiu para a estrada. O município, atualmente, é Alpinópolis, cantinho emoldurado por montanhas na porção Norte das Alterosas.

Lucas Ventania é de Alpinópolis (MG), cidade cujo antigo nome ele adotou para tocar viola
Além dos mimos para Boldrin (uma “branquinha”, pimenta cumaru curtida em cachaça, queijo, uma colherzinha de madeira para os goles), o violeiro trouxe na bagagem os três álbuns da carreira e uma gaita. Com o instrumento de boca, Ventania iniciou a execução de “Peão”, sucesso de Almir Sater e Renato Teixeira, atendendo ao pedido do Sr. Brasil. Antes cantara “Orgulhosa” (Nhô Pai e Mário Zan) e “Felicidade de Caboclo” (Liu e Léo). Boldrin ainda fez uma reverência a Nhô Pai, abrindo esta parte do programa cantando, em coro com a plateia “Beijinho Doce”.
Encerradas as apresentações, a poesia das cantorias virou prosa no camarim. Entre um gole de café, novos e pitorescos causos ou piadas cheia de picardia e bom humor todos os convidados se confraternizaram, com Cláudio Lacerda e Wilson Teixeira reforçando a talentosa roda. Elogios mútuos e troca de gentilezas não faltaram. Turcão (integrante da famosa dupla com Jyca) e Daniel Franciscão (um dos membros da Orquestra de Violeiros Terra da Uva, de Jundiaí), por exemplo, presentearam este blogueiro com exemplares de álbuns de suas carreiras, pelos quais agradeço muitíssimo!
O Sr. Brasil gravado em 4 de junho ainda não tem data para ir ao ar. Mas fique atento às chamadas da TV Cultura e, enquanto ele não rola, vá curtindo outros que já estão programados e que costumam ser apresentados aos domingos, a partir das 10 horas, com reapresentação na quarta-feira posterior, a partir das 22 horas.
Agradecimentos especiais a Patrícia Maia Boldrin, produtora do Sr. Brasil, pela acolhida tão especial e simpatia.

Da dir. para a esq.: Bruno Bernini, Thadeu Romano, Thiago Carreri, Rodrigo Zanc e o Sr. Brasil, Rolando Boldrin

Da dir. para a esq.: Sérgio Turcão, Daniel Franciscão, Lucas Ventania e Rolando Boldrin
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