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Violeiro autodidata deixa o plano terreno consagrado entre amigos e fãs como autor de composições que retratam paisagens do sertão mineiro e discorrem sobre temas universais, relativos aos sentimentos humanos, suas diversas formas de expressão e existência.
O ritual das audições matinais de todos os sábados aqui no boteco do Barulho d’água Música, em São Roque (SP), antes de ser retomado, ainda a pulso, neste dia 2 de abril, em meio a uma sucessão de mortes de parentes e amigos no período de pouco mais de trinta dias, foi antecedido por um minuto de silêncio, uma prece e o acendimento de uma vela em intenção de dois expoentes dos mais elevados de nossa cultura popular: Joaci Ornelas e Elifas Andreato, que nos deixaram nos últimos dias de março.
Conterrâneos de Minas Gerais e do Paraná, Ornelas e Andreato em suas vidas se dedicaram à sublime missão de nos encorajar a sermos o que somos: brasileiros, gente que forma um povo sofrido e que, em sua maioria, sempre haverá de trabalhar (o que é salutar e honrado!) para ter o mínimo de dignidade e conforto, sem, no entanto, nunca ficar completamente livre daqueles que usurpam nossos mais caros direitos fundamentais, aviltando-nos e nos esculachando, dai a necessidade do encorajamento.
Por meio de cada palavra e nota que um cantou e tocou ou cada traço que o outro desenhou, corajosos, teimosos, o violeiro e o artista gráfico acreditaram e nos fizeram ainda acreditar que, mesmo sofrendo revezes e amargando retrocessos, pela arte todos podemos encontrar um caminho para a plena redenção… inclusive desta triste sina que, para alguns, é ser, justamente, brasileiro! Em memória e em tributo a ambos, resgato um bordão que fez sucesso há alguns anos antes da pandemia da Covid-19: apesar de eles não estarem mais em campo, ao menos, fisicamente, que ninguém solte a mão de ninguém e quem soltou, reate o laço. Nossos sonhos ainda são possíveis, mas há muita luta pela frente, a começar por apear do Palácio do Planalto a súcia que lá se instalou e, no tempo certo, dentro dos rigores da lei, dar a cada um o troco que estão a merecer…
Feita a reza, acesa a vela, guardado o silêncio, um dos dois discos escolhidos para a audição é No Dizer do Sertão, que Ornelas lançou em 2016 para evocar tradições e hábitos do lugar onde o dia chega mais cedo e o céu quase nunca escurece, conforme ele mesmo observou. O outro disco é Líricas, ainda inédito: Joaci mantinha um canal no Youtube e, antes de virar Luz, registrou nesta plataforma as oito canções daquele que será seu terceiro disco autoral, realizado com recursos da Lei Aldir Blanc e com composições dele ou em parceria com Felipe Bedetti e Lima Júnior. A pedido de Joaci, o trabalho com participações de Lígia Jaques, Leopoldina e Bedetti (que lançou, recentemente, Afluentes, do qual vamos falar em breve aqui) deverá ser finalizado ainda em 2022 por amigos aos quais confiou o projeto.
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