1618 – Ivan Vilela (MG) grava álbum com Pablo Castaño e vai à Espanha para série de concertos com o renomado saxofonista galego

#MPB #MúsicaCaipira #MúsicaInstrumental #MúsicaGalega #ViolaInstrumental #ViolaBrasileira #ViolaInstrumental #Saxofone #Itajubá #SantiagodeCompostela #MinasGerais #Galiza #Galícia #Espanha #CulturaPopular

Violeiro é um dos mais renomados músicos do cenário nacional, aplaudido na Europa e em MAT[R]IZ, seu vigésimo disco, que, ao lado do novo parceiro de gravações, brinda o público com o toque pessoal da dupla à world music, mesclando suas criações entre os contextos acadêmico e popular

O compositor mineiro de Itajubá, violeiro e pesquisador, Ivan Vilela, professor da Escola de Comunicação de Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), protagonizará em maio, em Santiago de Compostela (Espanha), cinco espetáculos durante os quais apresentará o repertório do recém-lançado álbum MAT[R]IZ. O disco integralmente instrumental, por lá gravado em formato vinil, é uma parceria de Vilela com o saxofonista Pablo Castaño, nome de referência do novo jazz galego, e está disponível nas plataformas digitais. Um dos concertos transcorrerá a 6 de maio, no teatro principal da cidade, a partir das 20h30 do horário local. Neste inusitado encontro da viola caipira com o sax, a dupla brindará o público com seu toque pessoal e original à world music, naturalmente mesclando suas criações entre os contextos acadêmico e popular, a improvisação do jazz, o encanto dos ritmos da música brasileira e o lirismo enérgico da canção popular galega.

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1479 Renato Teixeira (SP) e Fagner (CE) gravam Naturezas, disco inédito registrado em estúdio inaugurado pela Kuarup

#MPB #Ceará #Ubatuba #Santos #SãoPauloSP #GravadoraKuarup #CulturaPopular

Artistas celebram  amizade de anos com lançamento de álbum e parceria de músicas captadas no porão onde fica o endereço atual da gravadora que, por coincidência, foi residência de Renato nos anos 1970.

A amizade entre Renato Teixeira e Raimundo Fagner vem de longa data. Os músicos compõem juntos há alguns anos e resolveram colocar como prioridade o desejo de lançar um álbum em dupla, ideia que surgiu com a troca de mensagens (e-mails) e tomou forma com o surgimento dos aplicativos de áudios e de textos que permitem e facilitam a troca de músicas e de letras. O projeto ganhou vida na Kuarup, gravadora com mais de 40 anos de estrada, que tem seis álbuns de Renato Teixeira em seu catálogo e que ele costuma chamar com carinho de sua casa fonográfica e sua antiga casa por uma inexplicável coincidência de endereços. Outro evento que tornou possível a realização de Naturezas, as gravações, ensaios e o lançamento do trabalho foi a inauguração do estúdio da Kuarup, espaço para atender artistas contratados e parceiros da gravadora.

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1405 – Dupla com 74 anos de histórias de sucessos e mais de 30 prêmios, As Galvão (SP) anunciam final da carreira

#MúsicaCaipira #CulturaPopular #Palmital #Ourinhos #ParaguaçuPaulista

Marilene, a mais nova das irmãs que são joias do universo caipira, tem Alzheimer e devido à doença não consegue mais se lembrar das letras de quase trezentas músicas 

Após 74 anos de carreira e uma trajetória que as consagrou como um dos tesouros da vertente caipira da música brasileira, As Galvão estão deixando o palco e, para tristeza do seu numeroso séquito, vão parar de cantar e de se apresentarem em público. Se já não bastassem a pandemia de coronavírus (Covid-19) e suas múltiplas variantes que vinham impedindo as cantorias das admiradas irmãs, juntas na estrada desde 1947, Marilene (a mais nova, que toca viola) está acometida por mal de Alzheimer, conforme anunciou Mary (Meire, sanfoneira) ao blogue do jornalista André Piunti.

Marilene, aos 79 anos, já não consegue se lembrar das letras das canções do repertório da dupla que soma cerca de 300 letras –muitas das quais ambas ajudaram a imortalizar, como Beijinho Doce, de Nhô Pai, e que encheram mais de 30 álbuns, entre os quais Canta Inezita, que o selo da produtora e gravadora paulistana Kuarup lançou em 2019, com produção e direção de Thiago Marques Luiz em homenagem a Inezita Barroso, com as participações de Maria Alcina, Consuelo de Paula e Cláudio Lacerda. Antes de o disco sair, foi promovida uma concorrida turnê de shows que percorreu várias cidades paulistas.

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1256 – HQ ‘A Viola Encarnada’ traz narrativa visual inspirada no cancioneiro caipira*

Projeto  de Yuri Garfunkel contemplado pelo ProAC retrata a música caipira com roteiro e artes visuais de Yuri Garfunkel e participação do violeiro Ivan Vilela

*Com Ellen Fernandes, da EBF  Comunicação 

ebfcomunicacao@gmail.com)/(11) 99189-0354//(11) 4525-1698

Faz sentido trazer para o desenho uma música que tem uma narrativa tão imagética”.

A afirmação do professor, violeiro, compositor, arranjador e pesquisador da música caipira Ivan Vilela contextualiza o enredo de A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos, uma história em quadrinhos (HQ) baseada em temas sugeridos em mais de 80 canções do repertório caipira. Com roteiro e artes visuais do desenhista, músico e educador Yuri Garfunkel, o projeto contemplado pelo Programa de Ação Cultural (ProAC) será lançado na cidade de São Paulo, no sábado,  9 de novembro, na Livraria do Espaço (veja a guia Serviços).

Dividida em dez capítulos, conforme as dez cordas da viola caipira, que também lhes dão título, A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos retrata as aventuras dos amigos Vaqueiro e Violeiro em viagens pelo interior do país nas quais protagonizam diversas situações recorrentes do cancioneiro caipira. “A narrativa aborda a função social da viola desde suas origens rurais, o trabalho no campo e com o gado, as pescarias, o próprio ofício do violeiro que toca nas festas e nas fazendas”, disse Garfunkel. “O ponto de partida da trama é o assassinato do Chico Mineiro. A partir daí busquei outras modas que esclarecesse esse mistério.”

Como a maioria das pessoas, Garfunkel teve seu primeiro contato com a música caipira quando era criança por conta das canções que suas avós cantavam. Com o passar dos anos, seu interesse pelo gênero aumentou e há cinco anos começou a tocar viola. “Desde então, o roteiro da HQ foi se formando na minha cabeça a partir do repertório que conheci ao longo da vida”, comentou. Para ele, a música caipira destaca-se por sua sonoridade única. “Ela engloba uma grande variedade de ritmos e a qualidade das composições é impressionante.”.

Garfunkel já possuía o conhecimento do repertório caipira como músico, flautista e violeiro. Para contextualizar o enredo, convidou Ivan Vilela para compartilhar seu conhecimento histórico na introdução do livro. Yuri Garfunkel teve a genial ideia de trazer este universo histórico da formação cultural do nosso povo para os quadrinhos. E traduziu em belas imagens tais narrativas reproduzindo cenas icônicas de modas e momentos. Além disso, a linguagem dos quadrinhos atinge um público diverso, inclusive mais jovem, e que desconhece essa história e essa música”, descreveu Vilela.

Em suas 172 páginas, a obra conduz o leitor para uma viagem sonora afinada com as características históricas e visuais da flora e da fauna dos estados brasileiros, fundamentais na formação da cultura caipira, numa jornada que percorre os sertões até chegar à cidade grande. Um dos diferenciais da produção é que os acontecimentos e paisagens descritos nas letras propõem ao leitor um encontro com a imaginação, pois estão interligados visualmente, ou seja, sem textos ou balões de fala. Desta forma, o leitor pode induzir o conteúdo do texto sugerido pelos títulos das canções de referência que são indicadas no rodapé das páginas e dispostas para conferência em uma playlist digital no Canal ‘A Viola Encarnada’ no Youtube: https://www.youtube.com/playlist?list=PLvcPsRrO7n0ud-bsTU1ljWts_cRRNzx-d

Com sua obra, o autor e ilustrador Yuri Carlos Garfunkel pretende apresentar uma visão do universo da música de viola diferente da proposta pelo mercado cultural. Desenhista, músico e educador desde 2004, é criador do Sopa Art Br, estúdio de artes visuais, de ilustração e de design, com mais de 10 anos de experiência em comunicação visual ligada à cultura. O estúdio Sopa desenvolve seu trabalho autoral a partir de pesquisas na união de linguagens artísticas, expandindo o formato das histórias em quadrinhos por meio de relações com a arte urbana, música e educação.

Quatro exposições criadas nesse conceito — Música-Visual (2009), X-Sampa (2011), Lendas na Rua (2013) e Centenário do Samba (2016) — circularam por diversas galerias, parques e estações do Metrô da cidade de São Paulo, e chegaram à Argentina, à Itália e à Espanha. Como profissional autônomo, Yuri Garfunkel ilustrou uma série de projetos de comunicação visual para artistas e festivais, além de diversas publicações, livros, revistas e histórias em quadrinhos, entre elas a HQ promocional da série Supermax, lançada na CCXP 2015. Como músico, flautista e violeiro, integra desde 2008 o grupo instrumental Kaoll e, recentemente, passou a integrar o grupo Pequeno Sertão, de música caipira autoral, dos quais também é responsável pela comunicação visual. Como educador, desenvolve oficinas de desenho e criação artística, entre elas a oficina Lendas na Rua para crianças e Memória Musical, voltada ao público da Terceira Idade, ambas com circulação no Estado de São Paulo pela rede do SESC.

Portfólio online: www.sopa.art.br

Ivan Vilela é violeiro, compositor, arranjador, e pesquisador da música caipira, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade do Estado de São Paulo e também diretor da Orquestra Filarmônica de Violas. Foi tema de um especial da TV Cultura em 2010 e cursou a faculdade de História antes de ingressar no curso de Composição musical da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde conclui o bacharelado em Artes, Composição Musical em 1994, e o mestrado em Composição Musical em 1999. Obteve o doutorado em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo, com a tese ‘Uma história social da música caipira’, em 2011. Foi indicado para o Prêmio Sharp de 1998, na categoria Revelação Instrumental, pelo álbum Paisagens. Em 2002, foi agraciado com a Medalha Carlos Gomes. É autor do livro ‘Cantando a Própria História’, em cujas páginas descreve o desenvolvimento da viola caipira no país desde o século XIV e as transformações sociais que culminaram no evento da cultura caipira. Atualmente faz residência na Universidade de Aveiro, em Portugal e vem circulando por várias cidades da Europa promovendo concertos, workshops e outros eventos acadêmicos que têm a viola caipira como tema.

A revista pode ser adquirida nas principais livrarias ou no site da editora Red Clown Books.  

CAMPANHA VIRTUAL

COM O VALOR DE UM CD, VOCÊ AJUDA A MANTER E A MELHORAR O BARULHO D’ÁGUA MÚSICA!

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Temos  1250 publicações ao longo de cinco anos;neste tempo contamos com um pacote limitado (gratuito) de 3GB que já está se esgotando e poderá ficar inacessível a qualquer momento, além de inviabilizar novas atualizações e o bloqueio do domínio.

O blogue Barulho d’Água Música é produzido sem nenhum financiamento oficial, de forma espontânea e gratuita, e é um importante meio de divulgação de músicos, compositores e produtores independentes que não encontram espaço na grande mídia.

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https://jornal.usp.br/cultura/a-moda-de-viola-vira-historia-em-quadrinhos/

 

1236 – Mônica Salmaso apresenta “Caipira”, álbum de 2017, em duas sessões no MASP (SP)

No palco a cantora estará acompanhada pelos músicos Neymar Dias (viola caipira), Lulinha Alencar (acordeon), Teco Cardoso (flautas), Luca Raele (clarinete) e Ari Colares (percussão)

Em mais duas apresentações da turnê Caipira, seu mais recente álbum, a  cantora Mônica Salmaso cantará na cidade de São Paulo, nos dias 28 e 29 de setembro, às 21 horas e às 19 horas, respectivamente. O palco de ambas as cantorias será o mesmo: o auditório do Museu de Artes de São Paulo (MASP), onde ela passará pelo belo repertório que contempla a mágica sonoridade da raiz caipira brasileira e que tem origem numa pesquisa realizada pelo violeiro Paulo Freire, por encomenda da própria Mônica, há mais de 10 anos.

A história de Caipira, produzido por Teco Cardoso com arranjos conjuntos da cantora com Neymar Dias (viola caipira e baixo acústico), Nailor Proveta (clarinete e sax tenor) e Toninho Ferragutti, vai além da pesquisa e registra um momento ímpar na carreira de Mônica Salmaso. Ela mergulhou nessa estética musical e canta não necessariamente músicas antigas e releituras, mas um trabalho guiado pela interpretação singular e precisa — um trabalho caipira com originalidade e assinatura. “Esse é o ‘meu disco caipira’, com todo o respeito que eu tenho pelo Brasil mais profundo e pelas nossas qualidades criativas que beiram o infinito”, disse Mônica. “Neste momento é mais urgente do que nunca respeitarmos o que somos e cuidarmos da gente”, emendou sobre  o álbum lançado em 2017, com show no Sesc Vila Mariana.

No palco do MASP estará acompanhada por Neymar Dias, Lulinha Alencar (acordeon), Teco Cardoso (flautas), Luca Raele (clarinete) e Ari Colares (percussão). Silvestre Júnior assinará a iluminação, Carlos Rocha será o responsável pela engenharia de som e Carla Assis pela produção executiva.

Caipira já passou por capitais como Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS). Antes do retorno a São Paulo, a turnê girou por Recife (PE),Salvador (BA)e Belém (PA), viabilizada pela Lei de Incentivo a Cultura, com patrocínio de um grande banco privado.

 

Mônica Salmaso iniciou a carreira na peça O Concílio do Amor, em 1989. Em 1995, gravou o disco Afro-Sambas, um duo de voz e violão com o instrumentista Paulo Bellinati, incluindo todos os afro-sambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes. Em 1997, foi indicada ao Prêmio Sharp como revelação na categoria MPB. Lançou Trampolim, em 1998, e Voadeira, um ano depois, com o qual ganhou o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).

O quarto álbum de Mônica, Iaiá, nasceu em 2004, seguido por Noites de Gala, Samba na Rua, de 2007, com músicas de Chico Buarque. Nesse ínterim, foi convidada como solista de várias orquestras, como a Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), OSB, Jazz Sinfônica de São Paulo e Orquestra Jovem Tom Jobim, entre outras, tendo inclusive participado de um disco da Osesp, com regência de John Neschling, em 2006.

Alma Lírica Brasileira, com Teco Cardoso e Nelson Ayres, lançado  em 2011, recebeu o 23º Prêmio da Música Brasileira, na categoria Melhor Cantora. Corpo de Baile  (2014), com músicas de Guinga e Paulo César Pinheiro, recebeu quatro indicações ao Prêmio da Música Brasileira, das quais venceu duas – Melhor Cantora de MPB e Melhor Canção. Em 2017, lançou Caipira, que tem recebido elogios da crítica especializada, sendo premiado como Melhor Álbum e Melhor Cantora na Categoria Regional pelo 29º Prêmio da Música Brasileira. Em dezembro de 2018, saiu o DVD Corpo de Baile, pelo Selo SESC, com direção de Walter Carvalho e produção musical de Teco Cardoso.

Os projetos recentes da cantora Mônica Salmaso inclui uma turnê pelo Japão com Guinga e a turnê nacional de Caipira.

As canções gravadas em Caipira: A Velha (D.P., adaptada por Nivaldo Maciel), Alvoradinha (D.P.), Feriado na Roça (Cartola), Açude Verde (Sérgio Santos e Paulo C. Pinheiro), Minha Vida (Carreirinho e Vieira), Água da Minha Sede (Roque Ferreira e Dudu Nobre), Baile Perfumado (Roque Ferreira), Bom Dia (Nana Caymmi e Gilberto Gil), Caipira (Breno Ruiz e Paulo C. Pinheiro), Leilão (Heckel Tavares e Joracy Camargo), Primeira Estrela de Prata (Rafael e Rita Altério), Saracura Três Potes (Cândido Canela e Téo Azevedo) e Sonora Garoa (Passoca).

O violeiro Paulo Freire (Foto: Marcelino Lima/Acervo Barulho d’água Música)

Cada enxadada uma minhoca

Paulo Freire, violeiro 

Caipira, quem é caipira? Muitos se perguntam se o caipira mudou, ou mesmo sumiu, dando lugar a uma nova gente que vive nos interiores. Na verdade, o caipira está cada vez mais presente, sem que muitos se deem conta. 

Vai ouvindo…

Com o movimento de migração para os grandes centros, desde o século passado, o povo da roça veio ocupar as cidades. Buscar oportunidade de trabalho e estudo, deixando a terra de lado. Mas até onde isso é bom? Para que morar tudo socado, um em cima do outro? Que vantagem pode trazer o trabalho na cidade grande, que dá um dinheiro insuficiente para tentar consumir o que muitas vezes nem se precisa? E tem mais… muito mais! 

siora e o siô podem reparar o tanto de gente que hoje em dia sonha em ter sua casinha no campo para passar os finais de semana, ou morar quando a idade apertar. É que existe um “movimento da volta”: a necessidade de largar o pé no riacho, de perceber a real dimensão do tempo, além da importância do sol e da chuva, de conhecer a terra, o nosso chão. Sabe quando a gente acha que está sem chão, que não dá pé? É isso que estamos sentindo falta. E ainda tem mais, tem mais! 

Os valores do caipira. Ali, onde a palavra empenhada tem mais valor que um contrato assinado com firma reconhecida no cartório da cidade. Onde se faz um mutirão para socorrer um vizinho necessitado. Onde todos se cumprimentam, enquanto na cidade nem o vizinho de apartamento a gente conhece é na roça que as pessoas se juntam para um catita, para o giro da folia de reis, sem esperar recompensa de dinheiro para isso, mas o agradecimento da graça alcançada. De Deus, dos santos, ou da própria natureza, Falar nisso, tem tanta gente que se diz defensor da natureza sem nunca ter apanhado um torra de terra roxa sequer…

Na verdade, estamos sentindo uma falta tremenda de tudo o que significa o caipira. Vou dar um exemplo simples aqui: Inezita Barroso nos deixou no dia 8 de março de 015. Desde o final de 2014, ela não gravava mais o Viola, minha viola. Este programa está no ar desde 1980! É o mais longevo da TV brasileira. Como se isso já não fosse suficiente, repare, o falecimento de nossa rainha já completou quatro anos e o Viola continua no ar com suas reprises! Justamente o programa que trata desse mundo caipira. Inezita é nossa bandeira. Comoo explicar que a viola continue no ar?¹ Tem aí um segredo que vive dentro de urna frase do incrível violeiro Renato Andrade, Ele viveu a época de maior preconceito com a viola e o caipira. E dizia assim: “Viola é que nem mortadela: todo mundo gosta, mas tem vergonha de comer na frente dos outros”. 

Pois bem, essa vergonha virou necessidade, urgência do ser humano abraçar tudo o que significa ser caipira. Matar essa saudade, conhecer nossa terra, viver mais de acordo com a natureza, os valores e inté o sabor que verve numa lata de banha de porco para cozinhar o feijão, no tempo esticado de um fogão de lenha.

E é justamente nessa roça que a querida Mônica Salmaso buscou o seu Caipira. Tanto nas composições de quem é nascido e criado ali, onde canta o sabiá, inté do povo da cidade que tem a sensibilidade de buscar no campo a qualidade de sua poesia. Não se trata de imitar o caipira, de querer ser corno ele, mas de aproveitar o que temos de mais sincero e trabalhar os cantos e desejos de nossa terra. No Caipira não tem desperdício, cada enxadada é uma minhoca Das graúdas! E a Mônica se atira nesse mundo, com toda sua categoria e seriedade. Trabalho. Escutar o disco é sentir o cheiro do jatobá. Vai ouvindo… A siora sabia que “jatobá’ em tupi significa ‘fruto da casca dura”? Pois é ansim que nóis semo: continuamos ali, firmes, espalhados pelo nosso chão, O jatobá é sagrado. Uma das madeiras mais valiosas do mundo — como o Caipira que a Mônica nos apresenta. É aproveitado e admirado, de cheiro adocicado e de casca dura. Hummm, é caipira e jatobá Sim, somos caipiras! E como diz o grande Zé Mulato: “Semo porque semo. E também porque podemo”.

FICHA TÉCNICA 

Mônica Salmaso: voz/Neymar Dias viola caipira/Lulinha Alencar: acordeon e piano/Teco Cardoso: sax e flautas/Luca Raele: clarinete/Ari Colares: percussão/Carlos Rocha-Som Vivo: Som/Silvestre Garcia Júnior: iluminação/Ruth Freihof-Passaredo Design: design/Paulo Rapoport: fotos/Carla Assis: Coordenação de produção 

¹Pouco tempo depois deste texto ser produzido por Paulo Freire e publicado no flyer da turnê nacional de Caipira, a TV Cultura decidiu no começo de agosto acabar com o Viola, Minha Viola, que estava há 39 anos no ar e nos dois mais recentes anos vinha tendo como apresentadora a cantora e violeira Adriana Farias, O Viola Minha Viola não terá novos episódios e como os derradeiros inéditos já foram gravados em 2018, a emissora optou por apenas reprisar os arquivos por tempo indeterminado, mantendo o programa no ar desde 11 de agosto às 7 horas, antes da Missa de Aparecida, com Adriana Farias ainda no comando, mas já fora do elenco da TV, que não renovou o contrato dela.

O Viola, Minha Viola estreou em 25 de maio de 1980, com Moraes Sarmento (1922-1998) e Nonô Basílio (1922-1997). No mesmo ano recebeu Inezita Barroso no palco. Ela cantou A Moda da Mula Preta, contou sua história e agradou ao público. De convidada, passou para o posto de apresentadora até a morte em 2015, apresentando mais de 1.500 edições.

Serviço

Show: Mônica Salmaso em Caipira

Datas:27 e 28 de setembro. Sexta e sábado, às 20h
Ingressos: R$ 60 (inteira), R$ 50,00 (Vale Cultura) e R$ 30,00 (meia)
Bilheteria: Terça a domingo – 10h às 17h30 ou até o início do espetáculo
Ingressos online:  https://masp.org.br/
Meia-entrada: estudantes, idosos, professores e pessoas com deficiência + acompanhantes (apresentar o comprovante de meia-entrada na compra e na porta do espetáculo).
Classificação: Livre. Duração: 1h30.
MASP Auditório
Avenida Paulista, 1578,- Bela Vista, São Paulo
Tel: (11) 3149-5959

 

1223 -Ivan Vilela faz concertos em Guarulhos e em São Paulo após lançar álbum com Benjamim Taubkin

Violeiro, um dos mais conceituados do país, tocará no Sesc de Guarulhos e no Instituto Tomie Othake

Professor, pesquisador, compositor e um dos mais destacados violeiros do país, Ivan Vilela, será atração o neste sábado, 24, da unidade Guarulhos do Sesc paulista, onde se apresentará a partir das 18h30, acompanhado por Filipe Massumi, ao violoncelo, e por Ari Colares, à percussão. A distribuição do começará a partir das 17h30, no Centro de Música, para o concerto que deverá ocupar o Auditório (sala 4) e durante o qual o público ouvirá composições e arranjos que se utilizam de elementos das culturas populares brasileiras, mesclando-as com sonoridades das músicas clássica e e popular. Vilela transitará por diferentes paisagens sonoras, explorando texturas e contrapontos, mesclando sutilezas melódicas, nas quais o tonal e o polimodal se fundem num misto de cruzamentos rítmicos.

Além de músicas consagradas dos vários álbuns – como Paisagens, A Força do Boi e Solidão -, destacam-se no programa obras como Sertão e Castelo dos Mouros,  do álbum Encontro, gravado por Vilela em parceria com o pianista Benjamim Taubkin e lançado no começo de agosto, na unidade 24 de maio do Sesc paulistano.

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1180 – Ana Costa, Dorina e Lu Oliveira lançam álbum em homenagem a Socorro Lira (PB)

Show único de Na Lira da Canção-Entre Versos de Socorro Lira será seguido de sessão de autógrafos na Sala Paulo Moura do Centro da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca 

A audição aos sábados aqui no boteco do Barulho d’água Música, na cidade de São Roque, Interior de São Paulo, começou neste dia 27/4 com Na Lira da Canção-Entre Versos de Socorro Lira, gentilmente nos cedido pelo produtor cultural da Ritmiza Produções Maury Cattermol, ao qual agradecemos. O disco já se encontra disponível em várias plataformas digitais, mas para quem é ou estará na cidade do Rio de Janeiro e arredores na noite de 4 de maio, sábado que vem, fica a dica: o Centro da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca, promoverá na Sala Paulo Moura, a partir das 20 horas, um show de lançamento do álbum, protagonizado pelas cantoras cariocas Ana Costa, Dorina e Lu Oliveira.

Após a apresentação musical, as três cantoras destacadas para o projeto participarão de sessões de autógrafos. O espetáculo idealizado por Cattermol terá direção musical do violonista e arranjador Luiz Flavio Tournillon Alcofra e direção artística da cantora Mariana Baltar.

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1166 – Álbum de Vitoria Maldonado e Ron Carter reúne obras pessoais e clássicos dos Gershwin, Cole Porter, Tom e Vinicius

Brasil L.I.K.E. conta com participações de Roberto Menescal, Nailor Proveta e Toninho Ferragutti e foi gravado com orquestra regida por sobrinho do tropicalista Rogério Duprat, mais trio que acompanha o norte-americano 

Há pouco mais de um ano, a cantora, compositora e pianista paulistana Vitoria Maldonado gravou com o baixista, compositor e arranjador norte-americano, pela gravadora Summit Records (com distribuição a cargo da Tratore), o álbum Brasil L.I.K.E. (Love, Inspiration, Knowledge, Energy) enviado gentilmente à redação pelos amigos Moisés Santana e Beto Priviero, da Tambores Comunicações, aos quais mais uma vez agradecemos. Em tradução livre, Love corresponde a Amor, I a Inspiração, K a Conhecimento, e e a Energia.

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800 – Barulho d’água Musica completa discografia do violeiro, compositor e professor Ivan Vilela (MG)

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O compositor, arranjador, pesquisador e professor universitário Ivan Vilela (Itajubá/MG) forneceu ao Barulho d’água Música arquivos de sua obra fonográfica que incluem álbuns hoje raros como Hortelã e Vereda Luminosa, Teatro do Descobrimento e Espiral do Tempo. Ivan Vilela é considerado um dos mais talentosos violeiros de todos os tempos no Brasil e não apenas em seu meio já que é muito respeitado entre os colegas músicos de todos os segmentos e ainda na Academia, ambiente no qual ajudou a despertar o interesse pelas pesquisas e produções cujo tema é a viola caipira e o universo rural a ela associado, incluindo costumes e o linguajar em variados períodos desde a colonização por Portugal. É autor de Cantando a própria história – Música caipira e enraizamento, livro da Editora da USP (Edusp). 

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600 – Conheça Simone Guimarães (SP), cantora e compositora paulista que Milton Nascimento adora!

simone guimarães arte

“Simone Guimarães canta como na letra de uma de suas canções: parece o som do instante quando o rio encontra o mar! Simone é a melodista de uma geração, uma divina compositora, uma grande artista.”

Consuelo de Paula, cantora, compositora e poetisa

Nove álbuns gravados, indicações ao Grammy, parcerias com vários expoentes da música popular brasileira, entre os quais o padrinho musical Milton Nascimento, Danilo Caimmy, Ivan Lins, Paulo César Pinheiro, Renato Braz, Cristina Saraiva, Leila Pinheiro, Maria Rita e Maria Bethânia são marcas e conquistas do currículo da cantora, compositora, instrumentista e intérprete Simone Guimarães,  a quem o Barulho d’água Música dedica esta matéria especial, com a qual chega a seiscentas publicações.

Simone Guimarães é natural de Santa Rosa do Viterbo, cidade do Interior paulista, neta do compositor Antônio Guimarães, e desde muito cedo tem a música como elemento condutor em sua vida. Aos sete anos já tocava um cavaquinho que ganhara de presente, abrindo caminho para apresentações em pequenos eventos escolares e no Teatro de Arena da cidade. Já residente  em Ribeirão Preto (SP), após cursar o segundo grau, matriculou-se no Conservatório Carlos Gomes. Mais tarde, ao conhecê-lo, recebeu convite de Milton Nascimento para cursar a Escola Livre de Música, do próprio Bituca, em Belo Horizonte (MG). Ficou um ano por lá, e de volta a Ribeirão Preto, entrou para a universidade, em cursos de Jornalismo, História e Letras.

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