1621 – Eduardo Machado (SP) homenageia João Donato com composições autorais em novo disco, com versão em vinil e nas plataformas digitais*

Álbum resgata o samba jazz, com marcante harmonia da Bossa Nova e fusão ao jazz, à música latina e caribenha, com participação especial do pianista 

*Com Fernanda Martins, Benu Comunicações

fernanda@benucomunicacao.com.br

O compositor e baixista Eduardo Machado lançou nas plataformas digitais Do Nato Samba Jazz, álbum que homenageia o compositor João Donato, atualmente com 88 anos. Machado é um dos mais respeitados contrabaixistas do país e neste projeto que se tornou o décimo álbum da carreira dedicou-se a resgatar o samba jazz, subgênero do samba que emergiu no âmbito da Bossa Nova, com repertório autoral inédito. A proposta além do tributo a Donato é apresentar a riqueza e pureza da música instrumental brasileira, revelando uma maneira jazzística moderna de tocar o samba. Do Nato Samba Jazz também chega ao público em versão vinil dotada de códigos QR com vídeos exclusivos, mais a participação especial do pianista de Rio Branco, cidade que é a Capital do estado do Acre.

Machado reúne a marcante harmonia da Bossa Nova com músicas que se entretecem com a sensibilidade e o pensamento musical de Donato, além de elementos da fusão entre o jazz, a música latina e uma pitada dos ritmos caribenhos, bem como da reincorporação afro-cubana ao jazz. No álbum toca acompanhado de Daniel D’Alcantara (trompete); Vitor Alcântara (sax tenor); Marcio Bahia (bateria) e Eron Guarnieri (piano/teclado), todos reconhecidos internacionalmente. Juntos, os músicos exploram instrumentos além de sua forma tradicional e criam uma atmosfera com hibridismo de estilos como o samba, porém, com a harmonia da Bossa Nova e a melodia que remete ao blues. O ouvinte desfruta de um jogo dinâmico que só a música brasileira propicia, momentos durante os quais os prazeres de ouvir e fazer música se misturam.

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1612 -Blas Rivera e David Chew lançam pela Kuarup álbum dedicado a Johann Sebastian Bach*

#MPB #MúsicaClássica #Jazz #Tango #JohanSebastianBach #RiodeJaneiro #Córdoba #Argentina #Londres #Inglaterra

Back To Bach já está disponível nas plataformas digitais com melodias criadas pelos premiados músicos que vivem no Brasil: um saxofonista argentino e um violoncelista britânico

* Texto baseado em original da Produtora e Gravadora Kuarup

Jazz, tango e clássico. Os três estilos juntos, misturados, vivos, eternos, rebeldes, conversando constantemente, reverenciam o mestre dos mestres, o compositor Johan Sebastian Bach. Nada mais “carioca” que dois estrangeiros se apaixonarem pelo Brasil e ficarem por aqui para sempre, abraçados na própria música: o impecável e profundo violoncelo do músico britânico David Chew e os irreverentes sax tenor e piano do instrumentista argentino Blas Rivera. A dupla vive no país e se emociona, há tempos, com uma música única, delicada e exultante. Conversa, cala, improvisa, chora e nos envolve com composições de Astor Piazzolla, Bach, Carlos Gardel, Tom Jobim e de Rivera.

Silencio, preparem os corações: o show vai começar. O disco Back to Bach foi gravado e produzido em Araras, nas montanhas do Rio de Janeiro, pelo produtor Sergio Lima Netto e conta com participações especiais do músico e produtor Ricardo Gomes (baixo) e César Ehmann (violão). David Chew e Blas Rivera já assinaram quatro álbuns: Ojala Que me Escuche (Tributo a Astor Piazzolla), Two Faces (Tributo a David Chew), Entre as Cordas, Jaque Mate e, agora Back to Bach, lançado e distribuído pela gravadora e produtora Kuarup. Back to Bach permite ao ouvinte uma turnê pela Europa, finalizando a grande viagem que começa em nossos trópicos.

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1610 – Lucas Félix lança, pela Kuarup, disco que homenageia e celebra centenário de Luiz Bonfá

#MPB #ViolãoErudito #ViolãoPopular #ViolãoBrasileiro #CulturaPopular #Taubaté #RiodeJaneiro

O violonista Lucas Félix, após um período imerso nas obras de Luiz Bonfá, está lançando Um Abraço no Bonfá, álbum com a grife da gravadora e produtora Kuarup, já disponível exclusivamente nas plataformas digitais. Natural da cidade do Rio de Janeiro, o lendário músico, violonista e compositor Luiz Bonfá completaria 100 anos em 2022. Autor de sucessos como Manhã de Carnaval, Samba de Orfeu e Correnteza, único compositor brasileiro gravado por Elvis Presley, revolucionou concepções técnicas no violão e deixou um vasto repertório tocado por músicos do mundo todo e reconhecido como uma das figuras mais importantes da música brasileira.

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1606 – Cláudio Jorge e Guinga gravam pela Kuarup tributo aos subúrbios cariocas e à MPB

#MPB #Samba #Cachambi #Madureira #CidadeMaravilhosa #RiodeJaneiro #CulturaPopular

Parceria inédita dos prestigiados músicos resultou em Farinha do Mesmo Saco, lançado exclusivamente nas plataformas digitais

Oswaldo Cruz, Cachambi, Méier, Bangu, Jacaré/Domingo no IAPI, Nem Romário, Messi, Pelé”

Começa assim, marrenta, porém precisa na geografia suburbana e no status de craque dos dois autores, a letra do samba-choro Domingueira, primeira parceria de Cláudio Jorge e Guinga. É que Cláudio Jorge é do Cachambi, ali colado no Grande Méier, festiva porta de entrada do subúrbio carioca. Guinga, nascido em Madureira, bem perto de Oswaldo Cruz, mas criado além, entre Vila Valqueire e as franjas de Jacarepaguá, é de seus confins. Não por acaso, além de celebrado compositor, o primeiro é tido como o maior e mais suingado violão do samba, criado musicalmente em bailes de clube, tardes sem fim ouvindo [The] Beatles, entre o samba jazz e as escolas de samba. O outro, cara mais fechada, dono de uma das obras autorais mais originais da música brasileira, é do choro, da seresta, dos Estudos de Villa-Lobos no quintal e na varanda (e não na sala de concerto), violão denso e, também como o primeiro, inimitável.

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1602 – Kuarup lança Sobre Pedras e Girassóis, terceiro álbum de Noel Andrade

#MPB #ViolaCaipira #ViolaBrasileira #Blues #Folk #RockRural #ParaguaçuPaulista #ProdutoraeGravadoraKuarup #ChapadadosVeadeiros

Violeiro de Patrocínio Paulista é autor também de Charrua e de Canoeiros, o  primeiro premiado e o segundo, em parceria com a banda carioca Blues Etílicos, em homenagem ao icônico Tião Carreiro 

O cantor e compositor Noel Andrade recentemente lançou Sobre Pedras e Girassóis, seu terceiro álbum, desta vez pela Kuarup, gravadora paulistana que possui um eclético e consagrado elenco da sica popular brasileira. Com mais de dez anos de estrada e influenciado por Almir Sater, Tião Carreiro, Elomar, Renato Teixeira e Saulo Laranjeira, Noel Andrade conhece bem a alma da viola caipira e do seu povo: já participou de importantes projetos ligados ao mundo da viola e marcou presença no Encontro de Cultura Tradicionais da Vila de São Jorge, da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, pela primeira vez, em 2006. Em Sobre Pedras e Girassóis ele traz composições e parcerias inéditas, por exemplo, com o músico Flávio Murilo e o maestro Júlio Bellodi, compositor formado em regência pela Universidade do Estado de São Paulo (Unesp).

Ao fazer a escolha do repertório do álbum, Noel Andrade atendeu a um pedido da Kuarup, que sugerira ao violeiro regravar dois clássicos da música brasileira que fazem conexão com o seu repertório e estilo: Casa no Campo, de Tavito e Zé Rodrix, mas eternizada por Elis Regina, e Nuvem Passageira, de Hermes Aquino, tema da novela Casarão, que a Rede Globo levou ao ar em 1976.

O disco tem participações especiais do cantor e compositor Zeca Baleiro, dos grupos Mustache & Os Apaches e Folk na Kombi. Antes de ir para o estúdio, debruçara-se sobre o repertório que selecionou como produtor e compositor, orientando-se por meio da influência do rock rural e dos ritmos africanos que unem as Américas. O álbum, disponível nas plataformas digitais e em edição física pela Kuarup, navega por um cerio vasto e extremamente delicado que faz o roqueiro, o caipira e o blueseiro colocarem uma mochila nas costas e irem se encontrar com Johnny Cash para tocarem e cantarem seus amores, suas paixões, seus vivos e mortos

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1600 – Roberta Spindel e Ney Matogrosso regravam Sangue Latino para celebrar os 50 anos da música em nova versão e videoclipe

#MPB #Secos&Molhados #SecoseMolhados

Releitura do clássico que integra o álbum de estreia do grupo Secos e Molhados apresenta elementos mais modernos no arranjo e já está chegou às plataformas digitais pela Kuarup

Em maio de 2023 a gravação original de Sangue Latino completará 50 anos. A música abre o bolachão de estreia do grupo Secos e Molhados, gravado entre maio e junho de e lançado em agosto de 1973. Para celebrar este marco, a cantora Roberta Spindel convidou Ney Matogrosso e, juntos, ambos regravaram o clássico que já está nas plataformas digitais com assinatura da gravadora e produtora Kuarup, em parceria com o selo Algorock. A distribuição em todas as plataformas coube à The Orchard. Sangue Latino é uma composição de João Ricardo e Paulinho Mendonça e a releitura contou comdireção artística de Lúcio Fernandes Costa, A produção musical foi de Rodrigo Campello, que também cuidou do arranjo e tocou violões, guitarra e teclados; a regravação traz, ainda, Marcos Suzano (percussão), Federico Puppi (cello) e Pedro Mibieli (violinos e viola). Gravada e mixada no estúdio MiniStereo, no Rio de Janeiro, por Rodrigo Campello, as gravações adicionais da versão é do Sambatown (RJ), por Marcos Suzano. A canção foi masterizada no Classic Master, por Carlos Freitas.

O time de músicos convidados para esta nova gravação de Sangue Latino é dos mais experientes. Já tocou com Cazuza, Marisa Monte, Roberta Sá e Maria Gadú, entre outros nomes da MPB. Esta releitura contemporânea de Sangue Latino será o primeiro single do segundo epê de Roberta Spindel, que em breve pretende lançar. Em 2022 a jovem compositora carioca lançara Alma Água, seu primeiro epê, com participações de Suricato e Zeca Baleiro. Em 2010, Roberta pôs no mercado seu primeiro trabalho, Dentro do Meu Olhar, álbum que contou com participação especial de Caetano Veloso e que emplacou duas faixas em trilhas de novelas da Rede Globo: de novelas da TV Globo: Esquinas (Morde e Assopra) e Se Eu Quiser Falar com Deus (Amor Eterno Amor). O lançamento contará com apoio de vídeo clipe dirigido por China Trindad, mais ações promocionais em redes sociais.

Roberta Spindel lançou o primeiro álbum da carreira, Dentro do Meu Olhar, em 2011, pela gravadora Universal, com a participação de Caetano Veloso. O baiano gravou com Roberta Como Dois e Dois neste disco gravado em Los Angeles, com produção de Max Pierre e músicos como o baixista Neil Stubenhaus, o baterista Vinnie Colaiuta e outros da nata californiana. Em 2011 Roberta foi indicada na categoria Revelação do Prêmio Multishow e já dividiu os palcos e faixas, além de Caetano Veloso, com Zeca Baleiro, Hyldon Souza, Oswaldo Montenegro, George Israel, Sandra de Sá e Luís Melodia. Ela lançou os singles autorais Fina Flor e regravou o clássico Nuvem de Lágrimas; em março saiu seu single Depois do Temporal, faixa que completa Alma Água ao lado de Mais Uma Vez, com Suricato, Alma Água, Perdida em Alto Mar, Queda Livre, e Eu Chamo de Coragem com participação especial de Zeca Baleiro. A cantora também integrou a banda do programa musical Popstar, da Rede Globo.

Redes Sociais Roberta Spindel

Instagram, Facebook, YouTube e Tik Tok: @robertaspindel

Link do videoclipe de Sangue Latino – Roberta Spindel & Ney Matogrosso: https://youtu.be/AovRsTstveU

Ouça a música na sua plataforma digital preferida: https://orcd.co/robertaeney_sanguelatino

Secos & Molhados é o álbum de estreia do grupo homônimo, lançado em agosto de 1973. Unindo a poesia de autores como Vinícius de MoraesManuel Bandeira e João Apolinário, pai de João Ricardo, idealizador do grupo, com danças e canções do folclore português e de tradições brasileiras, traz as músicas mais famosas do trio tais como Sangue Latino, O Vira, Assim Assado e Rosa de Hiroshima. O disco, assim como a própria banda, surgiu em meio à censura e à Ditadura Militar que a impunha  no Brasil, o que também retrata a liberdade de expressão, o racismo e as guerras. Um fenômeno de vendas para a época, o bolachão mais famoso dos Secos e Molhados, aquele que os projetou no cenário nacional, vendeu mais de 1 milhão de cópias pelo país, das quais mais de 1500 só na primeira semana

O disco inovou o estilo musical da música popular brasileira com um som mais pesado que o usual e com o uso de maquiagem forte na capa, que remete ao glam rock, e desenvolveu gêneros como o pop psicodélico e o folk. Além de receber certificação de disco de platina em 1997 da Associação Brasileira dos Produtores de Disco (ABPD)  pelo relançamento em cedê, o álbum ocupa o 5º lugar na Lista dos 100 maiores discos da música brasileira de acordo com a revista  Rolling Stone Brasil em 2007, e a 97.ª posição no Los 250: Essential Albums of All Time Latin Alternative – Rock Ibero-americano, da All Bord de 2008. As duas chancelas provam que o disco continua a ser popular e criticamente admirado nos dias de hoje.

COM FOME, SOBRE TIJOLOS, DE CABEÇA QUENTE

Fazendo jus ao nome do grupo, o fotógrafo do jornal carioca Última Hora, Antônio Carlos Rodrigues, produziu uma mesa de jantar com produtos vendidos em armazéns (cujo nome genérico era secos e molhados). Na montagem a broaslinguiçascebolasgrãos de feijão e  vinho barato,  da marca Único, entre outros] O nome do grupo, em cima da mesa, está grafado em tipologia roxa brilhante em alusão à placa que João Ricardo teria visto numa visita à Ubatuba  (SP) e que lhe deu a ideia para o nome do conjunto. Dentro das bandejas, estão as cabeças de Ney MatogrossoJoão RicardoGérson Conrad e Marcelo Frias (baterista que não aceitou integrar o grupo mais tarde).

Rodrigues já fotografara a cabeça da esposa servida em um prato para a revista Fotoptica, inspirado por meninas na praia com o rosto pintado e, por trabalhar no mesmo jornal que João Apolinário, não demorou a conhecer o grupo. “Eu ainda não conhecia e quando fiquei sabendo do nome, montei uma mesa no meu estúdio com vários secos e molhados, coloquei a cabeça deles ali e os maquiei”, contou em entrevista à revista Bizz. No estúdio fotográfico, demoraram uma madrugada para a sessão de fotos da capa.

Por debaixo da mesa os músicos se sustentaram sentados sobre tijolos uma madrugada inteira “e fazia um frio horroroso debaixo da mesa”, recordou Ricardo. Ney Matogrosso se lembra de que “em cima queimava, por causa das luzes” e de que comprara os mantimentos em supermercado. A toalha foi improvisada com um plástico qualquer, e a mesa era uma chapa de compensado fino que eles mesmos serraram para encaixar as cabeças.Ainda de acordo com João Ricardotínhamos fome, mas estávamos duríssimos e fomos tomar café com leite. Não sei porque, mas não me lembro de termos comido os alimentos da mesa.”

Alguns autores notam que já na capa do disco existe uma cena e um comprometimento antropofágico, com as cabeças sobre bandejas numa mesa “para o deleite gastronômico dos ouvintes”. A capa integrou uma exposição em junho de 2008 no Centro Cultural da Espanha, em Miami, que reuniu as 519 melhores capas do pop e rock latino-americano. Em 1995, a banda Titãs produziu o clipe da música Eu Não Aguento com a introdução do baixo de Sangue Latino e com a cabeça de seus integrantes à mesa, em pratos. Em 2001, a Folha de S.Paulo a elegeu como a melhor capa para discos de vinil de toda a história da música popular brasileira

SOBRE A KUARUP

Especializada em música brasileira de alta qualidade, o seu acervo concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral, com artistas como Baden Powell, Renato Teixeira, Ney Matogrosso, Wagner Tiso, Rolando Boldrin, Paulo Moura, Raphael Rabello, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar, Pena Branca & Xavantinho e Arthur Moreira Lima, entre outros.

1597- Blas Rivera, Chico Lobo e Ricardo Gomes lançam Vertentes, mais um álbum da eclética grife Kuarup

#MPB #MusicaInstrumental #Jazz #ViolaCaipira #ViolaInstrumental #ViolaBrasileira #Córdoba #BeloHorizonte #SãoJoãoDelRei #MinasGerais #Argentina #Portugal #EncontrodeViolasdeArame

Já disponível nas plataformas digitais, disco instrumental de composições autorais e clássicos da MPB forma caldeirão de sons e arranjos

Águas que transbordam, jorram, vertem pelas encostas, pelos declives. Assim três artistas com suas histórias, seus instrumentos, suas raízes e seus estilos formam, cada um, uma nascente de águas musicais que, ao escorrer, gera riachos de arranjos e de sons e dá vida a um rio fértil, de leito profundo. Essa é a descrição que mais bem pode definir o encontro de Chico Lobo (mineiro, natural de São João Del Rei), com Blas Rivera (natural de Córdoba, Argentina, radicado na cidade do Rio de Janeiro) e Ricardo Gomes (mineiro, de Belo Horizonte), um “power trio” universal que une viola caipira, sax e piano, e baixo elétrico, respectivamente. Formação inusitada, o talento do triunvirato ganhou liga e força com a presença do produtor musical Sérgio Lima Netto e resultou em Vertentes, disco gravado em parte no Estúdio Araras (encravado nas montanhas da região serrana da capital fluminense) e parte no estúdio RG, em Belo Horizonte) que apresenta composições de Rivera e de Chico Lobo mescladas a releituras de clássicos nacionais. São sons que têm raízes nas milongas argentinas, nos toques mágicos da viola dos sertões de Guimarães Rosa e também passam pela linha jazzística da fina flor da música popular brasileira e constituem o eclético mosaico de mais um ótimo disco lançado e distribuído pela Produtora e Gravadora Kuarup, estabelecida na cidade de São Paulo .

Vertentes é um caldeirão de músicas instrumentais e arranjos que emociona. Milonga Sudaca, Vazante, Réquiem, Agreste, O Mundo é Um Moinho vão se misturando às demais faixas executadas com a precisão comum aos três artistas. Cada qual com seu estilo, eles se juntaram e conseguiram produzir tons de cores sonoras mais quentes em músicas instrumentais que deslizam de forma leve. E os ouvintes ainda são brindados com as participações especiais de Walther Castro (bandoneon) e do inglês David Chew, ao violoncelo. O resultado é mesmo belíssimo, com alma tanto regional, quanto universal, tradicional e contemporânea.

1) Milonga Sudaca é uma composição de Blas Rivera, que tem forte rítmica e execução, reforçada pela participação de Walther Castro ao bandoneon, junção que confere ao álbum um início vigoroso;

2) Vazante: um dos principais temas instrumentais de Chico Lobo e que simboliza a vida, pois a vazante ocorre quando há cheia nos rios e formam-se lagoas adjacentes, nas quais os peixes procriam e a terra se torna mais fértil para o plantio;

3- Ave Maria no morro: um dos maiores sucessos do compositor e cantor Herivelto Martins em Vertentes ganhou versão inédita e inusitada, releitura que permitiu o encontro poético entre sax, viola caipira e baixo, um conjunto perfeito para emocionar e homenagear a música popular brasileira;

4- Córdoba: composição de Chico Lobo para o álbum, esta música homenageia a cidade natal de Blas Rivera. Com ares de guarânia e de milonga, nasceu a partir da vivência do violeiro mineiro com a música da América do Sul e de sua aproximação com o argentino. O baixo bem marcado de Ricardo Gomes contribui para criar o belo chão para o diálogo afinado entre viola caipira e sax;

5- Réquiem: Blas Rivera compôs para Osvaldo Bayer, querido, admirado, respeitado historiador, jornalista, pesquisador e escritor. O réquiem é uma missa com música e texto que celebra a memória de um falecido, mas aqui não existe luto, só emoção. Réquiem tem ritmo de milonga. Embora seja para a memória de Dom Osvaldo, mais que tudo, tem a intenção de fazer muito barulho para ele voltar, acordar ao invés de descansar! Por isso Rivera optou pela Milonga, não pelo Sanctus;

6- O mundo é um moinho é uma das mais clássicas composições do mestre carioca Cartola, apontado como o maior sambista que o Brasil já conheceu e ganha agora versão instrumental, com levada de jazz;

7- Alma perdida: balada em ritmo de zamba, uma dança (danza) folclórica argentina, composta por Rivera para recordar um ser querido. O lamento é completamente acolhido pelo trio para poder assim passear junto a uma alma que se foi;

8- Luar do sertão: joia de Catulo da Paixão Cearense vertida para violas e baixo que promove um diálogo de cordas em tributo ao sertão brasileiro;

9- Até a sua volta: mais uma música de Rivera, especialmente para o violoncelista inglês David Chew. No álbum promove conversa mágica entre os quatro instrumentos; além do ritmo, do tempo, do espaço e dos limites formais do som;

10- Agreste: assinada por Chico Lobo em uma de suas idas a Portugal. Ao ver o Alentejo amarelo seco, o mineiro fez um contraponto com o agreste brasileiro. É um tema dramático, que flerta com a música armorial nordestina.

Argentino de Córdoba, as origens de Rivera misturam ainda raízes francesas, italianas e espanholas e, atualmente, o multi-instrumentista mora na cidade do Rio de Janeiro (Foto: Arquivo do Facebook de Rivera)

Blas Rivera é saxofonista, pianista, compositor e arranjador nascido em Córdoba, na Argentina, cidade na qual estudou piano, sax e composição. Rivera cresceu sob a influência do rock e da música clássica, mas se apaixonou pelo jazz e pela bossa nova. Nos Estados Unidos da América estudou jazz, música para cinema e música étnica como aluno do conceituado Berklee College of Music e também no New England Conservatory. Depois de viver durante 15 anos no Brasil, mudou-se para a Espanha, mas já regressou ao nosso país.

As origens de Rivera misturam raízes francesas, italianas e espanholas. O multi-instrumentista levou seu tango-jazz por todo o continente americano, além da Nova Zelândia, da Indonésia e por vários países da Europa tais quais: França, Alemanha, Dinamarca, Inglaterra, Itália, Espanha, Grécia, Islândia e Suíça, onde, em 1999, foi reconhecido como músico revelação no Festival de Jazz de Montreux. Desde então já lançou oito álbuns, o mais recente em 2018, Jaque Mate, produzido entre as cidades do Rio de Janeiro, Buenos Aires, Córdoba, Madrid e Paris.

Suas apresentações variam desde solo (em sax tenor e piano), a duetos, passando por trios, quartetos (inclusive de cordas), quintetos e orquestra de cordas, entre outras formações. Rivera sempre turbina suas turnês com seminários e workshops não só para instrumentistas e compositores, mas também para bailarinos e coreógrafos. Na capital fluminense participa de projetos sociais de musicalização para jovens de comunidades carentes; já dividiu o palco com mestres como Fernando Suarez Paz e Pablo Ziegler, músicos do Quinteto de Astor Piazzolla, Paulo Moura, Marcos Suzano, Yamandu Costa, David Chew, Vitor Biglione e Carmen Paris, entre outros.

Apresentador de televisão, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira (Foto: Ricardo Gomes)

Chico Lobo é natural de São João Del Rey e já completou mais de 40 anos de carreira. É considerado pela crítica um dos artistas mais atuantes no cenário nacional pela divulgação e valorização da cultura de raiz brasileira. Com 27 discos, dois DVDs e um livro lançados protagoniza shows por todo o Brasil e já encantou plateias em Portugal, Itália, China, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia cantando suas raízes, mas sempre conectado à contemporaneidade.

Folias, catiras, modas, batuques, causos e toques de viola desfilam com alegria em seus concertos. Chico Lobo é tetracampeão (2015, 2016, 2017 e 2021) do Prêmio Profissionais da Música (PPM) como Melhor Artista Regional, troféus que recebeu em Brasília (DF). O violeiro mantém na cidade natal o Instituto Chico Lobo e por meio dele desenvolve projetos de ensino de viola e da cultura raiz para crianças das zonas rurais.

Desde 2006, Chico Lobo mantém relação artística com Portugal por meio do Encontro de Violas de Arame, em parceria com o músico e parceiro português Pedro Mestre, representante maior da viola campaniça da região do Alentejo. Esses encontros geraram o álbum Encontro de Violas e o DVD De Minas ao Alentejo e deu vida ao congraçamento de um projeto que caminha para o 11° Encontro de Violas de Arame. Chico Lobo já trouxe duas edições presenciais ao Brasil, além de uma virtual, fortalecendo a amizade e a partilha pelas cordas da viola que unem Brasil e Portugal. Em 2015 Maria Bethânia escolheu Criação, de autoria de Lobo, para compor o repertório do show e do DVD Abraçar e Agradecer, em comemoração aos 50 anos de sua carreira. Depois Bethânia gravou participação no álbum Viola de Mutirão, no qual canta a moda de viola Maria, que Chico Lobo fez em homenagem à baiana. Apresentador de televisão, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira.

Autodidata e amante de MPB e jazz , Ricardo Gomes estreou na cena musical, em Belo Horizonte, há 30 anos (Foto: Ayra Mendes)

Ricardo Gomes é produtor musical e baixista de carreira e está em atividade desde 1992. Iniciou a carreira tocando em casas noturnas de Belo Horizonte, acompanhando cantores sertanejos e de música popular brasileira. Autodidata, sempre curtiu jazz e música brasileira até que em 1992 estreou no mercado de produções e gravações atuando em centenas de criações de músicas. Já trabalhou como produtor para Chico Lobo, Luiz Carlos Sá (parceiro de Guarabyra), Luís Kiari, Marcelo Kamargo e João de Ana, entre outros. Atualmente, mantém o Estúdio RG na capital mineira.

Especializada em música brasileira de alta qualidade, o acervo da Kuarup, que está prestes a alcançar a marca de 45 anos no mercado, concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral. Em seus discos pode-se encontrar o melhor de Baden Powell, Renato Teixeira, Ney Matogrosso, Wagner Tiso, Rolando Boldrin, Paulo Moura, Raphael Rabello, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar, Pena Branca & Xavantinho e Arthur Moreira Lima, entre outros.

1589 – Marco Bernardo interpreta dez dos maiores autores do piano brasileiro em série aberta com Sinhô e disponibilizada pela Kuarup

Coleção Pianismos do Brasil, do Instituto Piano Brasileiro, ainda terá Lamartine Babo, Ary Barroso, Nabor Pires Camargo, Lina Pesce e Carolina Cardoso de Menezes, entre outros, lançados bimensalmente até abril de 2024

Em dezembro de 2021, numa iniciativa inédita, o Instituto Piano Brasileiro (IPB), sob direção do pianista e pesquisador Alexandre Dias, convidou Marco Bernardo para realizar até o presente momento a gravação de representativas obras de dez compositores referenciais ligados ao piano brasileiro. Em sua maioria, são produções de intérpretes do instrumento, em suas versões originais e inéditas para piano, selecionadas a partir do acervo do Instituto que, de quebra, gerou vídeos de partituras dedicados a cada autor. já disponíveis no canal do IPB

A Kuarup, gravadora conhecida pela dedicação à boa música brasileira, soube da iniciativa e, imediatamente, decidiu encampá-la e levá-la ao público por meio da distribuição do projeto em formato de série nas plataformas digitais. Até o momento, a maioria dessas partituras jamais fora gravada tal como escritas para o piano. Agora, pela primeira vez e por conta da prolífica parceria entre o IPB e o pianista Marco Bernardo, apadrinhado pela Kuarup, poderemos ouvir o pianismo desses verdadeiros mestres, responsáveis pelo estabelecimento dos padrões da música popular brasileira tal como a conhecemos hoje.

O álbum Pianismos do Brasil Volume 1 – Sinhô, de abertura do projeto dos dez compositores, foi lançado em 14 de outubro pela Kuarup, com exclusividade nas plataformas digitais. Traz 16 das mais representativas músicas de Sinhô, batizado José Barbosa da Silva (1888-1930), pianeiro carioca aclamado como O Rei do Samba. Na fase antecedente à chegada do disco, o público teve acesso aos singles Jura! e Gosto Que Me Enrosco. Autor destes outros entre estes dois sucessos (consagrados, por exemplo, na voz de Zeca Pagodinho, e no caso de Jura!, com Pagodinho, tema de abertura da telenovela O cravo e a rosa, exibida pela Rede Globo entre 2000 e 2001), Sinhô ganha, agora, o disco com versões originais e inéditas para piano, selecionadas a partir das 107 partituras resgatadas até o momento e disponibilizadas pelo IPB em http://institutopianobrasileiro.com.br/post/visualizar/107_partituras_de_Sinho_Jose_Barbosa_da_Silva_agora_disponiveis. Os vídeos das respectivas partituras estão em https://youtube.com/playlist?list=PLKya-u1rrLopagtLLUx6Q6t14AOcHBPiv.

A cada dois meses, será lançado um novo volume; a Kuarup manterá a estratégia de dar uma “canja” e liberar dois singles por vez antes do disco, até a 10ª edição, que em abril de 2024 deverá encerrar a série. Em dezembro, sairá Pianismos do Brasil – Volume 2 – Nabor Pires Camargo. Após uma pausa, no começo do ano, em fevereiro, o terceiro álbum, Pianismos do Brasil – Volume 3 – Hekel Tavares, e assim sucessivamente a cada sessenta dias seguindo ordem que estará informada ao final desta atualização.

O repertório do primeiro álbum inclui clássicos como o samba-canção Jura! (1928); o choro canção Gosto Que Me Enrosco (Florzinha), de 1928/29; a marcha carnavalesca O Pé de Anjo, de 1919; o samba carioca Quem São Eles? (Não Era Assim Que Meu Bem Chorava), de 1918; o samba de partido alto Que Vale A Nota Sem o Carinho da Mulher?, de 1928; o sambinha Sabiá (Schiu! Schiu!), de 1927; o samba-canção Deus Nos Livre dos Castigos das Mulheres… (O Preto Que Tinha Alma Branca), de 1928; e o samba de partido alto Fala Meu Louro, de 1919; além de duas curiosidades musicais: o choro Kananga do Japão, composto entre 1918 e 1919 e, graças a Pixinguinha (que o guardou de memória e gerou uma partitura e que foi apresentado com o famoso Grupo da Guarda Velha em um programa radiofônico da Rádio Tupi nos anos 1950), o ragtime Pianola, que encerrará o álbum, composto em 1919 e guardado de memória por Augusto Vasseur, pianista, violonista, compositor, professor e amigo de Sinhô, e que veio a registrá-lo em seu bolachão de vinil de 10 polegadas Sala de Espera do Cine Avenida, lançado pela gravadora Sinter (1957), cuja partitura foi tirada de ouvido e editorada por Alexandre Dias.

Até o momento, as partituras de Sinhô jamais haviam sido gravadas da maneira como foram escritas para piano. Assim, pela primeira vez, poderemos ouvir o pianismo de Sinhô, que possui um estilo virtuosístico marcado por vários ornamentos, saltos na mão esquerda, além dos baixos característicos. Sim, Sinhô! Viva, Sinhô!

Pianismos do Brasil, calendário de lançamento dos dez álbuns da série

1. Sinhô – Outubro [] 2. Nabor Pires Camargo – Dezembro[] 3. Hekel Tavares – Fevereiro de 2023 [] 4. Carolina Cardoso de Menezes – Abril de 2023 [] 5. Ary Barroso – Junho de 2023 [] 6. Lina Pesce – Agosto de 2023 [] 7. Aurélio Cavalcanti – Outubro de 2023 [] 8. Costinha – Dezembro de 2023 [] 9. Augusto Vasseur – Fevereiro de 2024 []10. Lamartine Babo – Abril de 2024

Sinhô, pseudônimo de José Barbosa da Silva, é natural do Rio de Janeiro (RJ), nascido em 18 de setembro de 1888 e falecido em 4 de agosto de 1930. Compositor dos primórdios do samba, cujas músicas foram publicadas entre 1917 e 1930, das quais se destacam Jura!, Gosto Que Me Enrosco e Kananga do Japão, frequentador das reuniões na casa da Tia Ciata e pianista das lojas de instrumentos e editoras de partituras Casa Beethoven e Carlos Wehrs, tocava (inclusive violão) em clubes carnavalescos como Kananga do Japão e Ameno Resedá.

FILHO DE PEIXE…

Natural da cidade de São Paulo, Marco Bernardo  nasceu em uma família de talentosos músicos pelo ramo paterno, que muito o influenciaram: seu tio Ciccillo (Francisco Bernardo) foi violinista-spalla das orquestras Sinfônica Brasileira (OSB) e da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, além de músico requisitado em importantes gravações nas décadas dos anos de 1940 a 1960. Já o tio Arthur Bernardo foi violonista, vocalista, compositor e um dos fundadores do célebre conjunto Demônios da Garoa. Estudou piano com os professores Rosa Lourdes Civile Melitto, Lourdes França, Gilberto Tinetti e Lina Pires de Campos. É diplomado em Licenciatura em Educação Artística com Habilitação em Música pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Conheça o site de Marco Bernardo: www.marcobernado.com

Leia também aqui no Barulho d’água Música sobre Marco Bernardo: 

https://barulhodeagua.com/tag/marco-bernardo/

Especializada em música brasileira de alta qualidade, o seu acervo concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral, com artistas como Baden Powell, Renato Teixeira, Ney Matogrosso, Wagner Tiso, Rolando Boldrin, Paulo Moura, Raphael Rabello, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar, Pena Branca & Xavantinho e Arthur Moreira Lima, entre outros.

 

1583 – Amigos do poeta e compositor homenageiam Spiga (SP) com lançamento de Noturno Coração, em Araraquara

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Disco encartado em segunda edição do livro homônimo reúne em 13 faixas sambas escritos por Pedro Paulo Zavagli, boêmio paulista e percussionista que agora batiza lei de apoio aos músicos da cidade conhecida por Morada do Sol

O Barulho d’água Música acompanhou na noite de sábado, 15 de outubro, o lançamento no teatro do SESC de Araraquara (SP) de Noturno Coração, álbum encartado à segunda edição do livro homônimo de poemas, de autoria de Pedro Paulo Zavagli, o Spiga. Noturno Coração apresenta 13 faixas do cancioneiro do sambista e poeta araraquarense, personalidade marcante do bairro local Vila Xavier e figura proeminente na vida boêmia e cultural da cidade, situada a 270 quilômetros da Capital, São Paulo. Ao longo de sua carreira, Spiga compôs mais de 80 obras e suas poesias foram musicados por diversos artistas, vários deles presentes ao palco para apresentarem Amigos Cantam Pedro Paulo Zavagli — entre os quais o parceiro Rogério Noia da Cruz, além de outros mais íntimos de Spiga tais quais Kris Pires, Ibys Maceióh, Sergio Turcão, Rodolfo Sotratti, Vinha Haddad, Elói Brito e membros do Grupo Seresteiros.

O evento teve direção musical de Noia e Sotratti, com realização da Secretaria Municipal de Cultura de Araraquara (Fundart) e SESC Araraquara, em parceria com a Câmara Municipal de Araraquara e encerrou a Iª Semana Municipal de Valorização dos Compositores Locais Pedro Paulo Zavagli Spiga, iniciada em 10 de outubro em atendimento à lei nº 10.438/2022. A lei é de autoria da vereadora Fabi Virgílio (PT) e deverá ser realizada anualmente ao longo da segunda semana dos meses de outubro com o objetivo de fomentar e valorizar o trabalho dos compositores araraquarenses; apoiar, incentivar e difundir o trabalho artístico de Araraquara e atuar na formação de público para as produções locais.

Spiga faleceu em 13 de janeiro deste ano. Além de poeta e compositor com passagem pelo programa Senhor Brasil (gravado em 3 de maio de 2012 e apresentado por Rolando Boldrin), Spiga era percussionista, com predileção pelo tamborim. Residiu em São Paulo e na Capital recebeu o título de Cidadão Paulistano antes de, em 2007, voltar a morar em Araraquara.

Parceiros de música e amigos de boemia, Spiga e Noia (centro) estiveram no palco do Sr.Brasil, programa da TV Cultura apresentado por Rolando Boldrin (Foto: frame capturado de vídeo disponível na internet)

Em sua trajetória, Spiga dividiu palcos com Jorge Costa, Nelson Cavaquinho, Zé Kéti e Paulo Vanzolini entre outros bambas, alternando-se entre tamborins e timbas e sem nunca tirar da cabeça seu chapéu branco. Cantava com firmeza e maestria como demonstrou diante da plateia comandada por Boldrin ao cantar com Noia o samba Seu Norberto, presente em Noturno Coração; Verso/Reverso, faixa 8 no disco, foi gravada por Renato Teixeira e a anterior, Realidade, por Carmem Queiroz.

Pedro Paulo Zavagli integrou a diretoria do Grupo Artístico e Cultural Vinícius de Moraes, do qual foi um dos fundadores. Sua vasta obra está condensada nas páginas do livro Noturno Coração, cuja primeira edição é de 1986, reeditado com nova capa e acrescido com letras de alguns dos seus sambas.

Além de poeta e compositor, Spiga era percussionista notável e costumava se apresentar como  tamborinista (Foto: Tetê Viviane)

CORAÇÃO MAIOR QUE MONTANHA, por Luis Carlos Guimarães Brondi*

*Texto extraído das orelhas da segunda edição do livro Noturno Coração

Coube-me esse mister – ou seria um mistério? escrever ou desvendar os caminhos ocultos desse poeta e compositor, e nosso grande amigo, Pedro Paulo Zavagli, mais conhecido como Spiga.

Ora, escrever sim, desvendar jamais, pois nenhum poeta tem caminhos ocultos a serem desvendados, mesmo porque ele próprio se revela através de seus contos, de seus causos, de seus versos, de seus poemas e de suas músicas. Assim sendo, o que podemos falar de nosso poetinha? Que ele viveu entre “exus e querubins”? Que ele foi um eterno apaixonado e que “levava a vida sem vaidade”? Isso todos já sabíamos, já que vivia um amor sem fim e sempre “morrendo de saudade”.

Spiga foi eclético e escreveu sobre tudo e sobre todas as coisas que lhe bateram à porta de sua inteligência. Nada lhe escapou, nada lhe passou despercebido e ileso. Sempre quieto e reservado foi colhendo ideias e catando versos em suas andanças, onde adquiriu o mestrado na boemia, em mesas de bares e botecos da pauliceia desvairada; o doutorado veio na sequência, ouvindo sempre atentamente as figuras fantasmagóricas de filósofos e psicólogos de ocasião que surgiam do nada, sempre na madrugada, arrastados ali pela solidão, pela “sofrência”, e, alguns outros, pela decadência moral e financeira. São as loucas surpresas que a escuridão da noite nos apresenta e nos obriga, prazerosamente, a suportar.

E foi exatamente nesse ambiente que Spiga obteve a sua formação de autodidata, pois, nos botecos, a livre docência é realmente livre e nunca pede licença, eis que o ensino e a aprendizagem surgem de forma espontânea e natural.

E o nosso poeta ali se encontrou, sobreviveu e se realizou, arregimentando a si toda cultura necessária para transcrevê-la em seus versos. Pedro Paulo, cuja tradução é uma “Pedra Pequena-. transformou-se nessa imensa montanha de letras, de causos, de contos, de escritas, de versos, de estrofes, de poesias, de poemas, de músicas e de composições. Porém, aqui para nós, seus amigos, ele será sempre o nosso querido Spiguinha, baixinho, sisudo, cantando e batendo seu tamborim, com aquele humor um tanto quanto esquisito, mas, com um coração bem maior que aquela montanha que construiu através do tempo!

A partir da direita, no sentido horário, de braços abertos Rodolfo Sotratti e Rogério Noia da Cruz; no segundo bloco estão Sergio Turcão, Kris Pires, Flávio Costa, Guga Pires; no terceiro quadro Vinha Haddad, Ibys Maceióh, e Mauricio Pires, Mônica e Luciana Pires durante a apresentação em Araraquara, que contou, ainda, com Elói Brito (Fotos: Nalu Fernandes/Araraquara)

Eloi Brito tocou cavaquinho e outros instrumentos entre os amigos de Pedro Paulo Zavagli na noite de lançamento do álbum e da segunda edição do livro Noturno Coração (Foto: Arquivo pessoal)

1576 – Em mais um concerto para marcar seus 20 anos, Orquestra Filarmônica de Violas (SP) recebe em Jundiaí Toninho Ferragutti

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A Orquestra Filarmônica de Violas (OFV), estabelecida em Campinas (SP), já com 21 anos de atuação e três álbuns gravados, foi contemplada pelo Programa de Ação Cultural (ProAc) da Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo para promover três concertos comemorativos às duas primeiras décadas de contribuições à cultura popular. A série de apresentações passou por Campinas em 24 de agosto, quando contou com a participação do compositor, pesquisador, professor e violeiro Ivan Vilela, idealizador da OFV; em 26 de agosto, em Piracicaba, a convidada para a segunda rodada foi Ana Luiza, poeta, cantora e compositora. Para a noite de 30 de setembro, a atração que estará ao lado dos 14 músicos atualmente regidos por João Paulo Amaral será o acordeonista Toninho Ferragutti, no palco do Teatro Polytheama, em Jundiaí.

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