Coleção Pianismos do Brasil, do Instituto Piano Brasileiro, ainda terá Lamartine Babo, Ary Barroso, Nabor Pires Camargo, Lina Pesce e Carolina Cardoso de Menezes, entre outros, lançados bimensalmente até abril de 2024
Em dezembro de 2021, numa iniciativa inédita, o Instituto Piano Brasileiro (IPB), sob direção do pianista e pesquisador Alexandre Dias, convidou Marco Bernardo para realizar até o presente momento a gravação de representativas obras de dez compositores referenciais ligados ao piano brasileiro. Em sua maioria, são produções de intérpretes do instrumento, em suas versões originais e inéditas para piano, selecionadas a partir do acervo do Instituto que, de quebra, gerou vídeos de partituras dedicados a cada autor. já disponíveis no canal do IPB
A Kuarup, gravadora conhecida pela dedicação à boa música brasileira, soube da iniciativa e, imediatamente, decidiu encampá-la e levá-la ao público por meio da distribuição do projeto em formato de série nas plataformas digitais. Até o momento, a maioria dessas partituras jamais fora gravada tal como escritas para o piano. Agora, pela primeira vez e por conta da prolífica parceria entre o IPB e o pianista Marco Bernardo, apadrinhado pela Kuarup, poderemos ouvir o pianismo desses verdadeiros mestres, responsáveis pelo estabelecimento dos padrões da música popular brasileira tal como a conhecemos hoje.
O álbum Pianismos do Brasil Volume 1 – Sinhô, de abertura do projeto dos dez compositores, foi lançado em 14 de outubro pela Kuarup, com exclusividade nas plataformas digitais. Traz 16 das mais representativas músicas de Sinhô, batizado José Barbosa da Silva (1888-1930), pianeiro carioca aclamado como O Rei do Samba. Na fase antecedente à chegada do disco, o público teve acesso aos singles Jura! e Gosto Que Me Enrosco. Autor destes outros entre estes dois sucessos (consagrados, por exemplo, na voz de Zeca Pagodinho, e no caso de Jura!, com Pagodinho, tema de abertura da telenovela O cravo e a rosa, exibida pela Rede Globo entre 2000 e 2001), Sinhô ganha, agora, o disco com versões originais e inéditas para piano, selecionadas a partir das 107 partituras resgatadas até o momento e disponibilizadas pelo IPB em http://institutopianobrasileiro.com.br/post/visualizar/107_partituras_de_Sinho_Jose_Barbosa_da_Silva_agora_disponiveis. Os vídeos das respectivas partituras estão em https://youtube.com/playlist?list=PLKya-u1rrLopagtLLUx6Q6t14AOcHBPiv.
A cada dois meses, será lançado um novo volume; a Kuarup manterá a estratégia de dar uma “canja” e liberar dois singles por vez antes do disco, até a 10ª edição, que em abril de 2024 deverá encerrar a série. Em dezembro, sairá Pianismos do Brasil – Volume 2 – Nabor Pires Camargo. Após uma pausa, no começo do ano, em fevereiro, o terceiro álbum, Pianismos do Brasil – Volume 3 – Hekel Tavares, e assim sucessivamente a cada sessenta dias seguindo ordem que estará informada ao final desta atualização.

O repertório do primeiro álbum inclui clássicos como o samba-canção Jura! (1928); o choro canção Gosto Que Me Enrosco (Florzinha), de 1928/29; a marcha carnavalesca O Pé de Anjo, de 1919; o samba carioca Quem São Eles? (Não Era Assim Que Meu Bem Chorava), de 1918; o samba de partido alto Que Vale A Nota Sem o Carinho da Mulher?, de 1928; o sambinha Sabiá (Schiu! Schiu!), de 1927; o samba-canção Deus Nos Livre dos Castigos das Mulheres… (O Preto Que Tinha Alma Branca), de 1928; e o samba de partido alto Fala Meu Louro, de 1919; além de duas curiosidades musicais: o choro Kananga do Japão, composto entre 1918 e 1919 e, graças a Pixinguinha (que o guardou de memória e gerou uma partitura e que foi apresentado com o famoso Grupo da Guarda Velha em um programa radiofônico da Rádio Tupi nos anos 1950), o ragtime Pianola, que encerrará o álbum, composto em 1919 e guardado de memória por Augusto Vasseur, pianista, violonista, compositor, professor e amigo de Sinhô, e que veio a registrá-lo em seu bolachão de vinil de 10 polegadas Sala de Espera do Cine Avenida, lançado pela gravadora Sinter (1957), cuja partitura foi tirada de ouvido e editorada por Alexandre Dias.
Até o momento, as partituras de Sinhô jamais haviam sido gravadas da maneira como foram escritas para piano. Assim, pela primeira vez, poderemos ouvir o pianismo de Sinhô, que possui um estilo virtuosístico marcado por vários ornamentos, saltos na mão esquerda, além dos baixos característicos. Sim, Sinhô! Viva, Sinhô!
Pianismos do Brasil, calendário de lançamento dos dez álbuns da série
1. Sinhô – Outubro [] 2. Nabor Pires Camargo – Dezembro[] 3. Hekel Tavares – Fevereiro de 2023 [] 4. Carolina Cardoso de Menezes – Abril de 2023 [] 5. Ary Barroso – Junho de 2023 [] 6. Lina Pesce – Agosto de 2023 [] 7. Aurélio Cavalcanti – Outubro de 2023 [] 8. Costinha – Dezembro de 2023 [] 9. Augusto Vasseur – Fevereiro de 2024 []10. Lamartine Babo – Abril de 2024
Sinhô, pseudônimo de José Barbosa da Silva, é natural do Rio de Janeiro (RJ), nascido em 18 de setembro de 1888 e falecido em 4 de agosto de 1930. Compositor dos primórdios do samba, cujas músicas foram publicadas entre 1917 e 1930, das quais se destacam Jura!, Gosto Que Me Enrosco e Kananga do Japão, frequentador das reuniões na casa da Tia Ciata e pianista das lojas de instrumentos e editoras de partituras Casa Beethoven e Carlos Wehrs, tocava (inclusive violão) em clubes carnavalescos como Kananga do Japão e Ameno Resedá.
FILHO DE PEIXE…
Natural da cidade de São Paulo, Marco Bernardo nasceu em uma família de talentosos músicos pelo ramo paterno, que muito o influenciaram: seu tio Ciccillo (Francisco Bernardo) foi violinista-spalla das orquestras Sinfônica Brasileira (OSB) e da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, além de músico requisitado em importantes gravações nas décadas dos anos de 1940 a 1960. Já o tio Arthur Bernardo foi violonista, vocalista, compositor e um dos fundadores do célebre conjunto Demônios da Garoa. Estudou piano com os professores Rosa Lourdes Civile Melitto, Lourdes França, Gilberto Tinetti e Lina Pires de Campos. É diplomado em Licenciatura em Educação Artística com Habilitação em Música pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Conheça o site de Marco Bernardo: www.marcobernado.com
Leia também aqui no Barulho d’água Música sobre Marco Bernardo:
https://barulhodeagua.com/tag/marco-bernardo/

Especializada em música brasileira de alta qualidade, o seu acervo concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral, com artistas como Baden Powell, Renato Teixeira, Ney Matogrosso, Wagner Tiso, Rolando Boldrin, Paulo Moura, Raphael Rabello, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar, Pena Branca & Xavantinho e Arthur Moreira Lima, entre outros.

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