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Álbum com dez faixas traz composição inédita do cantor em parceria com Renato Teixeira e regravação de clássico de Noel Rosa mescladas a temas instrumentais em comemoração aos 40 anos de carreira dos músicos
Cantor e compositor que se destacou como um dos expoentes da Vanguarda Paulista e que sucede à altura Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini na arte de ser cronista do cotidiano da maior cidade brasileira por meio das letras de suas canções, Passoca se uniu à (não menos consagrada) dupla de violonistas e lançou Duofel com Passoca. O álbum, de 10 faixas, distribuído pela Atração Fonográfica e disponível nas plataformas digitais, já foi atração no Sr. Brasil em programa levado ao ar em 22 de abril pela TV Cultura, com apresentação de Rolando Boldrin. A paulistana Revista Fórum também abriu espaço para a novidade e em sua edição eletrônica de 18 de março destacou: “Tanto o Duofel quanto Passoca, veteranos com carreiras longevas, que beiram os 40 anos de trajetória, têm em comum o compromisso de não envelhecer. A música que fazem é sempre inquieta, inovadora, sem nunca perder o direito do ouvinte ao prazer e à fruição.”
Depois de passar por quatro cidades, Michi Ruzitschka, Ricardo Araújo e Beto Angerosa encerram a turnê de lançamento do primeiro álbum que gravaram com instrumentos de universos diferentes para oferecer aos ouvintes uma viagem musical poética e inusitada, com a participação especial de Toninho Ferragutti
O Trio Café Mestiço, formado por Michi Ruzitschka (violão 7 cordas), Ricardo Araújo (guitarra portuguesa) e Beto Angerosa (percussão), vai se apresentar neste sábado, 8 de junho, a partir das 16h30, como atração o Programa Tardes Musicais na Casa-Museu Ema Klabin, no jardim Europa, em São Paulo. O público ouvirá sem precisar pagar ingresso músicas do álbum Café Mestiço, o primeiro do trio, que mescla no repertório estilos musicais como o choro, o chamamé, e tangos tais quais Oblivion, do argentino Astor Piazolla, e o clássico La Catedral, do compositor paraguaio Agustín Barrios, com arranjo inspirado no ritmo flamenco Bulería.
Consagrado cantor e compositor santista, inclusive de premiado jingle, rememora maiores sucessos da carreira em espetáculo minimalista que valoriza a poesia das letras do repertório, permeado por causos que ele conta entre as músicas, registradas em mais de 20 álbuns
O cantor e compositor Renato Teixeira será atração na sexta-feira, 24 de maio, do Teatro Municipal Glória Giglio, situado em Osasco, cidade da região Oeste Metropolitana de São Paulo a 18 quilômetros da Capital, com acessos pelas rodovias Castello Branco e Raposo Tavares e pelo Rodoanel Mário Covas. O consagrado autor de Romariacantará a partir das 21h30 este e outros sucessos da carreira que já chega aos 50 anos de estrada e está registrada em mais de 20 álbuns solo ou em parceria (ver guia Serviços e o quadro Discografia ao final desta atualização).
O cantor e compositor Suêldo Fernandes disponibilizou desde 28 de março em várias plataformas digitais, os populares canais de streaming, as dez faixas do seu novo trabalho autoral, que batizou de Tradição Regionale que terá distribuição pela Tratore. Natural da cidade litorânea paulista de Santos e radicado em Guarulhos (Grande São paulo), Suêldo Fernandes toca instrumentos de cordas e de percussão, é luthier, produtor fonográfico, diretor artístico, pesquisador de cultura e de temas do folclore nacional. Ainda menino descobriu dotes artísticos que permitem a ele, hoje, além de atuar como músico, escrever e compor as próprias poesias e melodias. Em sua carreira já integrou bandas como vocalista e instrumentista entre 2000 e 2007, optando após esta experiência por empregar em voos solo a voz marcante de vários timbres que passeia por ritmos populares brasileiros, country e folk. Suêldo busca compor canções autorais que também destacam elementos de culturas étnicas tradicionais marcadas pela visão criativa, inovadora e original.Continuar lendo →
O Museu da Casa Brasileira (MCB) receberá amanhã, 13, como atração do Projeto Música no MCB, o Duofel, dupla formada pelos violonistas Luiz Bueno e Fernando Melo. Com 39 anos de pesquisas, ensaios e concertos, o Duofel vem marcando território na cena musical do país por promover novas linguagens para o violão, valendo-se de diversos modelos para experimentar timbres diferentes e produzir músicas instrumentais que mesclam erudito e popular. Com tal receita, brinda os fãs com composições próprias, clássicos populares e até primorosas releituras de clássicos do The Beatles. Para executar este refinado e dos mais ecléticos repertórios, Melo toca violão de 12 cordas, violão de nylon, viola caipira, zig zum, arco da rabeca e violão de aço. Bueno, por sua vez, utiliza violão de nylon, violão de aço, violão tenor, zig zum e arco da rabeca. Em toda trajetória, o Duofel contabiliza o lançamento de 12 discos – 10 gravados no Brasil, um na Alemanha e outro nos Estados Unidos –, a conquista de três prêmios da Música Brasileira (melhor arranjo/1996, melhor solista/1994 e melhor música instrumental/1993) e outras seis indicações (melhor CD instrumental/1996, melhor música instrumental/1994, melhor disco instrumental, melhor solista Fernando Melo, melhor solista Luiz Bueno e melhor música instrumental/1993).
O projeto dominical do Museu da Casa Brasileira (MCB) transcorre gratuitamente no terraço contíguo à agradável área verde do bairro paulistano Pinheiros, local que atrai diversas gerações e até famílias inteiras e oferece múltiplas atrações, incluindo restaurante e bicicletário. Boa parte deste público termina por também acompanhar os concertos e shows — o que, com a costumeira lotação das cadeiras do terraço, multiplica a plateia, das mais fidelizada, independentemente de quem estiver cantando e tocando. A média de pessoas a cada nova rodada chega a 400 pessoas, mas apesar de ser um dos mais concorridos e conceituados eventos artísticos culturais de Sampa na área musical, o Música no MCB vem sendo oferecido sem patrocínio continuamente desde 1999. O Museu é ligado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e só por conta do esforço da coordenadora, Carmelita Moraes, e da boa vontade dos músicos (a maioria abre mão dos cachês) tem conseguido manter nestas 18 temporadas apresentações já curtidas por 250 mil pessoas, aproximadamente, sem cobrar ingresso, sempre a partir das 11 horas. Passaram pelo palco, por exemplo, grupos e expoentes como Pau Brasil, Zimbo Trio, Projeto Coisa Fina, Orquestra Bachiana Jovem, Grupo Aum, Mawaca e Traditional Jazz Band, Neymar Dias e Igor Pimenta, Wilson Teixeira, Guilherme Ribeiro, Vento em Madeira, Sarah Abreu e Sexteto Mundano, com participação de Tita Parra, entre outros.
Além do Duofel, em agosto estão previstos outros dois concertos:
20/8 – Emiliano Sampaio e Mere Big Band
Fruto da união de 17 músicos da cena instrumental paulistana, a Mere Big Band, comandada pelo regente Emiliano Sampaio, apresentará o repertório de Tourists, primeiro disco lançado na Europa. O álbum mostra as impressões do velho continente, dedicadas aos destinos percorridos, desde os mais célebres, como Viena e Paris, até os locais mais inusitados, como Bad Radkersburg e Grozjan.
27/8 – Orquestra Instituto GPA
Sob regência de Renata Jaffé, o Instituto GPA traz sua Orquestra com uma formação 100% feminina, integrada por alunas do Programa de Música e Orquestra das Unidades de Osasco e Santos. Elas apresentam um repertório com clássicos da música nacional e internacional, como a Ciranda da Bailarina, de Chico Buarque; The Pink Panther, de Henry Mancini; e a Fantasia das Cirandas, de Cláudio Jaffé. A apresentação contará com tradução em libras. Formada por jovens entre 10 e 21 anos, selecionados entre os estudantes do Programa de Música, uma iniciativa de inclusão social do Instituto GPA, a Orquestra já contou com a participação de mais de 4.500 crianças, desde 1999.
Sobre o Museu da Casa Brasileira
O Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, dedica-se à preservação e difusão da cultura material da casa brasileira, sendo o único museu do país especializado em arquitetura e design. A programação do MCB contempla exposições temporárias e de longa duração, com uma agenda com base em debates, palestras e publicações que contextualizam a vocação do museu para a formação de um pensamento crítico em temas como arquitetura, urbanismo, habitação, economia criativa, mobilidade urbana e sustentabilidade. Dentre suas inúmeras iniciativas, destacam-se o Prêmio Design MCB, principal premiação do segmento no país, realizado desde 1986; e o projeto Casas do Brasil, de resgate e preservação da memória sobre a rica diversidade do morar no país.
SERVIÇO:
Música no MCB – 18ª temporada
Agosto
13/08 – Duofel 20/08 – Emiliano Sampaio e Mere Big Band 27/08 – Orquestra Instituto GPA
Dia e Horário: Domingos, sempre às 11h00 Entrada gratuita Local: Museu da Casa Brasileira (Avenida Faria Lima, 2.705 – Jardim Paulistano) Tel.: (11) 3032.3727
Visitação De terça a domingo, das 10h00 às 18h00 Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada) | Crianças até 10 anos e maiores de 60 anos são isentos | Pessoas com deficiência e seu acompanhante pagam meia-entrada Gratuito aos finais de semana e feriados Acessibilidade no local Bicicletário com 40 vagas | Estacionamento pago no local
Informações para a imprensa – Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo Gisele Turteltaub – (11) 3339-8162 | gisele@sp.gov.br Damaris Rota – (11) 3339-8308 |drota@sp.gov.br Gabriela Carvalho – (11) 3339-8070 | gabrielacarvalho@sp.gov.br
O público que frequenta a unidade Santos do Sesc terá a oportunidade de ver e ouvir na noite de sábado, 13, a cantora Vânia Bastos e o maestro e baixista Marcos Paiva, dois dos protagonistas de Concerto para Pixinguinha, que acaba de arrebatar o Prêmio Profissionais da Música de melhor álbum da categoria Choro. A aclamação do projeto dos sócios Fran Carlo e Petterson Mello que resultou no primeiro disco do selo Conexão Musical, em parceria com a Atração Fonográfica, ratifica avaliações de críticos especializados que já o consideravam um dos mais bem produzidos em 2016 e foi alcançada na noite de 28 de abril, quando os organizadores do PPM anunciaram os nomes dos vencedores da edição 2017, no Cota Iate Clube, em Brasília (DF). A primeira apresentação após a concorrida premiação está marcada para começar na agradável cidade do litoral Sul paulista às 21 horas (veja a guia Serviços ao final do texto).
O cantor e compositor Sueldo Fernandes será uma das atrações da Estação Cultural de Santa Bárbara d’Oesteneste sábado, 4 de junho, quando protagonizará a partir das 16 horas o espetáculo Cantando História, projeto viabilizado pelo ProAc de São Paulo. Natural da cidade paulista de Santos, Sueldo Fernandes toca instrumentos de cordas e de percussão, é luthier, pesquisador de cultura e de temas do folclore nacional. Desde a infância demonstra os dotes artísticos que permitem além de atuar como músico compor as próprias poesias e melodias. Em sua carreira integrou bandas como vocalista e instrumentista entre 2000 e 2007, optando após esta experiência por empregar a voz marcante e apoiada em vários timbres passeando por ritmos populares brasileiros, country e folk, sempre buscando compor canções autorais que também destacam elementos de culturas étnicas tradicionais marcadas pela visão criativa, inovadora e original.
O currículo de Sueldo Fernandes no circuito paulista aponta entre outras atividades a turnê Cantante Romântico das Américas (entre 2012 e 2014) e participações em programas como o Dia Dia Rural, apresentado por Tavinho Ceschi no Terra Viva, canal de agronegócios da TV Bandeirantes (SP); Revelando São Paulo; e Festival da Cultura Paulista Tradicional, com a atriz Nani Braun, da TV Cultura (São Paulo). Cantando História reúne músicas étnicas, próprias e inéditas, em um álbum single distribuído digitalmente por plataformas virtuais. O disco também pode ser encomendado junto à Cantando História Produções, cujos números de telefone são 11 2456-3338/ 11 98486-5793
Trilhos da arte e da emoção
Antes da apresentação de Sueldo Fernandes o público que frequenta a Estação Cultural de Santa Bárbara d’Oeste poderá acompanhar durante uma feira de artesanato um coral local (a partir das 10 horas) e uma sessão de contação de histórias intitulada Rolando Causos com a Companhia Xekmat (por volta das 13 horas). Administrada pela Fundação Romi, a casa de espetáculos promove encontros plurais e multiculturais em um espaço revitalizado da antiga estação ferroviária da cidade, no qual a comunidade pode aprimorar a sua percepção acerca da cultura regional, divulgar valores, trocar vivências, adquirir conhecimentos, experimentar emoções, elaborar pensamentos, tomar iniciativas e ajudar a constituir a identidade cultural da região por meio exposições, oficinas e cursos de literatura, música, teatro e dança, dentre outras que promovam o desenvolvimento social por meio da cultura.
O endereço é rua Tiradentes, 2, Centro, e para mais informações sobre a programação oferecida de terça à sexta-feira (das 9 às 18 horas), aos sábados (das 8 às 17 horas) e aos domingos (das 8 às 12 horas) há o telefone (19) 3455-4830
Na contramão do progresso, mais do que sugestivo nome para um disco que é doce de abóbora com coco, bota ordem em certa bagunça que anda a enjoar mais que sacolejo de bonde conduzido por motorneiro ruim da cabeça ou doente do pé quando o assunto é samba. Segundo disco do paulistano da Casa Verde Tuco Pellegrino (Fernando Pellegrino Rodrigues), ainda em fase de lançamento e que recebeu recursos do ProacSP, as faixas gravadas com ou referendadas por expoentes da Velha Guarda da Portela como Monarco nos transportam ao seio dos antigos barracões, colocando-nos em fileiras de blocos como aqueles nos quais desfilavam tios e avós de escolas ou cordões pioneiros, convida-nos para que tomemos parte e comunguemos em animada roda cuja excelência e maestria dos timoneiros remonta à poesia dos morros ou dos quintais. E com humildade que jamais desafina, não atira pedras em nossos pobres ouvidos, ao passo que reverencia bambas de todos os tempos como Paulo Benjamim de Oliveira, Ismael Silva, Cartola, Mano Edgar, Wilson Baptista e Nelson Sargento, honrando e sem cuspir no prato em que comem estes nomes que são patrimônios não apenas do Brasil.
Os arranjos, afinações e harmonias desta raridade que une vários instrumentos costuram composições próprias de Tuco Pellegrino e parceiros tais como Janderson Santos, Daniel Pato Rouco, Daniel Capu, Paulo Mathias, Waldir 59, acompanhados por amigos e expoentes como Roberto Seresteiro e um coro com destaque para Francineth — do famoso As gatas, grupo vocal que se tornou referência em gravações dos mais diversos artistas nacionais e até internacionais, incluindo de hip-hop, e que participou de todos os álbuns de samba-enredo lançados entre 1967 e 2003. Pellegrino teve a moral de produzir um disco sorrindo, para gargalhar e ao mesmo tempo acalmar o coração, tão bem levado que até o quarteto Leopoldo Rogério, Pablo Neruda, Abigail Regina e Maria Júlia já balança pelo chatô da Lageado em um ziriguidum diferente, alheios ao bem-te-vi que teimosamente há tempos adquiriu o hábito de, sem noção, posar ao alcance de um salto deles. Mas vai que o pássaro, agora, mais do que distraído, esteja apenas atraído por tanta beleza que anda ouvindo ecoar pela casa? ainda mais que o primoroso quadro se completa com canção na qual o autor e o mano Lo Ré se inspiraram justamente… em um bem-te-vi! “Este me representa”, deve pensar o amigo emplumado mesmo correndo o risco de vira almoço!
Na contramão do progresso, enfim, valoriza uma receita de fazer samba cuja página, se ainda não foi arrancada do antigo caderno, vem amarelando limada pela mídia e pela indústria do entretenimento, que optam por muito choro sem vontade e por nos servir quentinhas mal cozidas, requentadas, cujas misturas são dramas ou tolices. E prova que o gênero mesmo sem necessariamente pertencer a este ou aquele reduto tem gema, seja produzido na carioca Praça Onze (RJ) ou na Praça Mauá, em Santos (SP); mesmo que não tenha cor, samba precisa ter raça e alma que arrepie nossa tez miscigenada, comprometimento com nosso sincretismo; deve guardar nossas ricas histórias dos morros e favelas, a malandragem e a boemia à medida em que resgata tempos felizes e lembranças, além de, claro, proporcionar novos rasgos de alegria.
Passo a palavra ao ilustre Nelson Sargento, que versa assim na apresentação deste novo trabalho de Tuco Pellegrino, entrevistado pelo saudoso Fernando Faro para o Ensaio de 20 de julho de 2014 quando ainda sentíamos no couro e na auto-estima a humilhação de termos virado tamborim nas mão dos alemães “cintura-duras”:
Existem compositores que interpretam as suas composições com respeito, amor, dignidade e sabedoria. O Tuco é um compositor com todas estas qualidades que podemos conferir neste disco intitulado Na contramão do progresso.
O disco, que começa com Ordem na bagunça música em homenagem ao bloco “Pega o lenço e vai”, de Mauá/SP, conta também com uma faixa em parceria com Monarco e participação da Velha Guarda da Portela. Temos ainda uma homenagem a dois bambas: o primeiro, Paulo Benjamin, o fabuloso Paulo da Portela; o segundo, Mano Edgar, bamba do Estácio. Na faixa 7, uma ode primorosa ao violão amigo do sambista, das serestas e dos apaixonados.
Tenho orgulho de ter uma música de parceria com mestre Tuco, com quem já dividi o palco várias vezes. Também tenho a felicidade de ter um samba de minha autoria em parceria como o finado compositor Marreta gravado por Tuco em seu primeiro disco, Peso é Peso.
Para o jornalista e pesquisador Téo Souto Maior
Desde o lançamento do disco Peso é Peso que Tuco Pellegrino vem se consolidando como grande cantor de samba de sua geração. Isso se dá não só pelo timbre de sua voz, afinações e demais questões técnicas que envolvem seu ofício, mas também pelas escolhas que tem feito em sua trajetória na hora de selecionar o repertório e seus parceiros musicais.
Com na contramão do progresso Tuco abre o baú de seus sambas autorais e se revela um compositor perspicaz que na companhia de grandes amigos tem produzido sambas novos como há muito não se ouve, sem deixar de exaltar em suas letras antigos mestres como Paulo da Portela, Mano Edgar, Bide e Wilson Baptista. E que fique claro: reverenciar os sambistas do passado não significa que o disco tem a nostalgia como fator principal. Trata-se de um disco extremamente moderno e a contradição está no fato de a novidade estar baseada justamente no trabalho dos músicos que conseguiram trazer à luz os modos de batucar coroados lá atrás, pelos pioneiros desta arte, e que foram deixados de lado pelas gerações seguintes de instrumentistas.
Ao ouvir o disco de cabo a rabo, na ordem das faixas, é possível notar que mesmo tendo uma variação no arranjos no decorrer dos sambas há uma unidade melódica impressionante do começo ao fim. Impossível não se surpreender com os tamborins estacianos, a levada do violão de ataque, os metais apurados, as palhetadas do cavaquinho, a cuíca e os pandeiros, na mais legítima levada portelense. Aliás, como não poderia deixar de ser, a Portela está muito presente no registro que traz como um dos destaques a parceria de Tuco com o Mestre Monarco em Madalena, gravada com a participação da Velha Guarda da Portela. Outro compositor com sangue azul e branco presente no disco é o Seu Waldir 59, parceiro de Tuco em Volta, que canta na gravação com desenvoltura no alto dos seus 88 anos de idade.
A voz divinal de Francineth em Antigo barracão e Pássaro sem ninho, o cantar elegante do grande Daniel Pato Rouco em Mano Paulo e a suavidade vocal de Roberto Seresteiro em Tens que cumprir com a palavra completam o time de convidados especiais.
Ao iniciar o disco com Bota ordem na Bagunça e fechar com excepcional Pobre Bem Te Vi, Tuco presta bela homenagem ao bloco Pega o Lenço e Vai, de Mauá-SP, que de forma única e orgânica tem reverenciado as velhas escolas e seus expoentes do passado, com sambas novos todos os anos, antes do Carnaval.
Todos estes aspectos, somados à harmonia impecável, com doses de sujeira e amadorismo no coro e na batucada, fazem com que Tuco cristalize de forma responsável sua posição como voz de um movimento de exaltação ao samba de terreiro que se espalha pelo Brasil, criando uma verdadeira corrente na contramão do progresso, correndo pelo certo, pelo samba verdadeiro.
Tuco Pellegrino toca e canta religiosamente às quartas-feiras, a partir das 22 horas, no Bar do Samba, casa que oferece programação especial com foco no samba em ambiente inspirado nos botecos mais tradicionais. A decoração inclui dezenas de fotos de sambistas emolduradas e um painel de 16 metros de comprimento com caricaturas de cantores como Noel Rosa, Pixinguinha e Cartola. O endereço é rua Fidalga, 308, Pinheiros, São Paulo. Para mais informações há o número de telefone 11 3819-4619.
Concepção geral: Tuco Pellegrino Direção Musical: João Camarero Técnico de gravação: Lindenberg Gravação: Estúdio 185/SP (Exceto Coro Feminino, da Velha Guarda da Portela e voz de Monarco na faixa Madalena, Estúdio do Gavião/RJ) Mixagem: Beto Mendonça e Pedro Romão Masterização: Homero Lolito Coordenador de Projeto: Douglas Couto Gerência de produto: Pedro Paulo “Pepê” Produção Executiva: Noeli Pellegrino Produtor Fonográfico: Pedro Romão Projeto Gráfico: Daniel Capu Fotografia: Vinícius Terror, exceto imagens do Bloco Pega o Lenço e Vai, de Jana Inocêncio; da Bandeira do Bloco de Osmar Dias; da MG, da Portela na faixa Madalena de Thiago Belisario; da contra-capa de Daniel Capu; da capa do encarte de cartão postal da coleção Werner Vana, de São Paulo/SP.
Os cantores e compositores Passoca, Alzira Espíndola e Gereba se encontraram na noite de domingo, 14 de fevereiro, para protagonizarem acompanhados por Noel Bastos (percussão) e Peri Pane (violão e violoncelo) mais um show do projeto Lira Paulistana: 30 anos. E depois? que vem sendo promovido desde janeiro no teatro da unidade Ipiranga do Sesc da cidade de São Paulo. Mais do que recordarem canções que os consagraram quando integravam a Vanguarda Paulista, o trio homenageou vários expoentes da música regional e popular brasileira, um dos quais Geraldo Roca. Com voz embargada, Alzira Espíndola (que tem como nome artístico, atualmente, Alzira E.) conseguiu conter o choro, mas não represou a emoção ao interpretar, ao violão, Trem do Pantanal, que Roca compôs com o conterrâneo Paulo Simões e que se tornou um hino oficioso do Mato Grosso do Sul. Geraldo Roca foi encontrado morto em seu apartamento situado em Campo Grande (MS), na manhã do mais recente Natal.