1583 – Amigos do poeta e compositor homenageiam Spiga (SP) com lançamento de Noturno Coração, em Araraquara

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Disco encartado em segunda edição do livro homônimo reúne em 13 faixas sambas escritos por Pedro Paulo Zavagli, boêmio paulista e percussionista que agora batiza lei de apoio aos músicos da cidade conhecida por Morada do Sol

O Barulho d’água Música acompanhou na noite de sábado, 15 de outubro, o lançamento no teatro do SESC de Araraquara (SP) de Noturno Coração, álbum encartado à segunda edição do livro homônimo de poemas, de autoria de Pedro Paulo Zavagli, o Spiga. Noturno Coração apresenta 13 faixas do cancioneiro do sambista e poeta araraquarense, personalidade marcante do bairro local Vila Xavier e figura proeminente na vida boêmia e cultural da cidade, situada a 270 quilômetros da Capital, São Paulo. Ao longo de sua carreira, Spiga compôs mais de 80 obras e suas poesias foram musicados por diversos artistas, vários deles presentes ao palco para apresentarem Amigos Cantam Pedro Paulo Zavagli — entre os quais o parceiro Rogério Noia da Cruz, além de outros mais íntimos de Spiga tais quais Kris Pires, Ibys Maceióh, Sergio Turcão, Rodolfo Sotratti, Vinha Haddad, Elói Brito e membros do Grupo Seresteiros.

O evento teve direção musical de Noia e Sotratti, com realização da Secretaria Municipal de Cultura de Araraquara (Fundart) e SESC Araraquara, em parceria com a Câmara Municipal de Araraquara e encerrou a Iª Semana Municipal de Valorização dos Compositores Locais Pedro Paulo Zavagli Spiga, iniciada em 10 de outubro em atendimento à lei nº 10.438/2022. A lei é de autoria da vereadora Fabi Virgílio (PT) e deverá ser realizada anualmente ao longo da segunda semana dos meses de outubro com o objetivo de fomentar e valorizar o trabalho dos compositores araraquarenses; apoiar, incentivar e difundir o trabalho artístico de Araraquara e atuar na formação de público para as produções locais.

Spiga faleceu em 13 de janeiro deste ano. Além de poeta e compositor com passagem pelo programa Senhor Brasil (gravado em 3 de maio de 2012 e apresentado por Rolando Boldrin), Spiga era percussionista, com predileção pelo tamborim. Residiu em São Paulo e na Capital recebeu o título de Cidadão Paulistano antes de, em 2007, voltar a morar em Araraquara.

Parceiros de música e amigos de boemia, Spiga e Noia (centro) estiveram no palco do Sr.Brasil, programa da TV Cultura apresentado por Rolando Boldrin (Foto: frame capturado de vídeo disponível na internet)

Em sua trajetória, Spiga dividiu palcos com Jorge Costa, Nelson Cavaquinho, Zé Kéti e Paulo Vanzolini entre outros bambas, alternando-se entre tamborins e timbas e sem nunca tirar da cabeça seu chapéu branco. Cantava com firmeza e maestria como demonstrou diante da plateia comandada por Boldrin ao cantar com Noia o samba Seu Norberto, presente em Noturno Coração; Verso/Reverso, faixa 8 no disco, foi gravada por Renato Teixeira e a anterior, Realidade, por Carmem Queiroz.

Pedro Paulo Zavagli integrou a diretoria do Grupo Artístico e Cultural Vinícius de Moraes, do qual foi um dos fundadores. Sua vasta obra está condensada nas páginas do livro Noturno Coração, cuja primeira edição é de 1986, reeditado com nova capa e acrescido com letras de alguns dos seus sambas.

Além de poeta e compositor, Spiga era percussionista notável e costumava se apresentar como  tamborinista (Foto: Tetê Viviane)

CORAÇÃO MAIOR QUE MONTANHA, por Luis Carlos Guimarães Brondi*

*Texto extraído das orelhas da segunda edição do livro Noturno Coração

Coube-me esse mister – ou seria um mistério? escrever ou desvendar os caminhos ocultos desse poeta e compositor, e nosso grande amigo, Pedro Paulo Zavagli, mais conhecido como Spiga.

Ora, escrever sim, desvendar jamais, pois nenhum poeta tem caminhos ocultos a serem desvendados, mesmo porque ele próprio se revela através de seus contos, de seus causos, de seus versos, de seus poemas e de suas músicas. Assim sendo, o que podemos falar de nosso poetinha? Que ele viveu entre “exus e querubins”? Que ele foi um eterno apaixonado e que “levava a vida sem vaidade”? Isso todos já sabíamos, já que vivia um amor sem fim e sempre “morrendo de saudade”.

Spiga foi eclético e escreveu sobre tudo e sobre todas as coisas que lhe bateram à porta de sua inteligência. Nada lhe escapou, nada lhe passou despercebido e ileso. Sempre quieto e reservado foi colhendo ideias e catando versos em suas andanças, onde adquiriu o mestrado na boemia, em mesas de bares e botecos da pauliceia desvairada; o doutorado veio na sequência, ouvindo sempre atentamente as figuras fantasmagóricas de filósofos e psicólogos de ocasião que surgiam do nada, sempre na madrugada, arrastados ali pela solidão, pela “sofrência”, e, alguns outros, pela decadência moral e financeira. São as loucas surpresas que a escuridão da noite nos apresenta e nos obriga, prazerosamente, a suportar.

E foi exatamente nesse ambiente que Spiga obteve a sua formação de autodidata, pois, nos botecos, a livre docência é realmente livre e nunca pede licença, eis que o ensino e a aprendizagem surgem de forma espontânea e natural.

E o nosso poeta ali se encontrou, sobreviveu e se realizou, arregimentando a si toda cultura necessária para transcrevê-la em seus versos. Pedro Paulo, cuja tradução é uma “Pedra Pequena-. transformou-se nessa imensa montanha de letras, de causos, de contos, de escritas, de versos, de estrofes, de poesias, de poemas, de músicas e de composições. Porém, aqui para nós, seus amigos, ele será sempre o nosso querido Spiguinha, baixinho, sisudo, cantando e batendo seu tamborim, com aquele humor um tanto quanto esquisito, mas, com um coração bem maior que aquela montanha que construiu através do tempo!

A partir da direita, no sentido horário, de braços abertos Rodolfo Sotratti e Rogério Noia da Cruz; no segundo bloco estão Sergio Turcão, Kris Pires, Flávio Costa, Guga Pires; no terceiro quadro Vinha Haddad, Ibys Maceióh, e Mauricio Pires, Mônica e Luciana Pires durante a apresentação em Araraquara, que contou, ainda, com Elói Brito (Fotos: Nalu Fernandes/Araraquara)

Eloi Brito tocou cavaquinho e outros instrumentos entre os amigos de Pedro Paulo Zavagli na noite de lançamento do álbum e da segunda edição do livro Noturno Coração (Foto: Arquivo pessoal)

1221- Forte, mas sem perder a ternura: Com “Maryákoré”, Consuelo de Paula (MG/SP) volta a erguer a voz frente aos desafios dos nossos tempos*

Sétimo álbum autoral inaugura uma nova assinatura para a cantora, compositora e escritora mineira por meio de dois movimentos que, expressos em dez faixas, traduzem uma arte guerreira e simultaneamente amorosa, que se alimenta da força das brisas e das tempestades em meio às batalhas cotidianas pela vida e pela arte

*Com Verbena Comunicação (Eliane Verbena/João Pedro)

A cantora e compositora Consuelo de Paula está lançando o sétimo disco da carreira, Maryákoré: uma obra provocadora naquilo que tem de mais feminina, mais negra, mais indígena e mais reveladora de nós mesmos. O título pode ser entendido como uma nova assinatura de Consuelo de Paula: maryá (Maria é o primeiro nome de Consuelo), koré (flecha na língua paresi-haliti, família Aruak), oré (nós em tupi-guarani), yakoré (nome próprio africano). Um exemplar do disco de 10 faixas já está rolando aqui na vitrolinha do boteco do Barulho d’água Música, em São Roque, cidade do Interior de São Paulo, pelo qual agradecemos às queridas amigas Consuelo e Eliane Verbena, da Verbena Comunicação, estabelecida na cidade de São Paulo (SP).

Além de assinar letras e músicas – tendo apenas duas parcerias, uma com Déa Trancoso e outra com Rafael Altério -, Consuelo é responsável pela direção, pelos arranjos, por todos os violões e por algumas percussões de Maryákoré (caixa do divino, cincerro, unhas de lhama, entre outros). A harmonia entre Consuelo e sua música, sua poesia, sua expressão e a estética apresentada é nítida nesse novo trabalho. Ao interpretar letras carregadas de imagens e sensações, ao dedilhar os ritmos que passam por Minas Gerais e pelos sons dos diversos “brasis”, notamos a artista imersa em sua história: ela traz a vida e a arte integrada às canções.

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1030 – Consuelo de Paula homenageia Dia Internacional da Mulher com Bibianas, no Teatro da Rotina (SP)

A cantora, compositora e poetisa Consuelo de Paula (MG) estará de volta ao aconchegante Teatro da Rotina em 9 de março, quando, a partir das 21 horas, apresentará Bibianas, show com o qual marcará a passagem do mês dedicado ao gênero e o Dia Internacional da Mulher, que transcorrerá na véspera, em 8 de março. Bibianas será, ainda, o terceiro concerto da série que Consuelo batizou como Movimentos do amor e de lutaO primeiro ato, Movimentos do amor e da luta, e o segundo, Chamamento, também tiveram como palco o teatro paulistano situado na rua Augusta, 912 (veja Serviço).

Bibianas é um encontro entre Consuelo de Paula e parceiras de composição, algumas das quais convidará para acompanhá-la. Voz, violão e instrumentos de percussão compõem a tríade mágica e completam o canto pleno, personalizado e profundo que possibilitam à mineira de Pratápolis envolver o público a cada nova canção. Neste show, além de canções autorais e algumas interpretações de outros autores que farão a ponte entre uma parceria e outra – incluindo a recente Valsa para Mathilde, com Adoniran Barbosa e Copinha — estarão em destaque muitos ritmos brasileiros.

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924 – Instituto Juca de Cultura recebe Déo Lopes, baluarte da música regional do Vale do Paraíba

O cantor e compositor Déo Lopes está comemorando 30 anos de carreira e mostrará parte de sua obra como convidado do Instituto Juca de Cultura no domingo, 2 de abril, a partir das 17 horas. O músico, natural da paulista Santo Antonio da Alegria, hoje residente no Vale do Paraíba, começou a trilhar a estrada profissional em 1980 promovendo apresentações em espaços concorridos como os palcos do Lira Paulistana, Fulô da Laranjeira, Tuquinha, Centro Cultural Vergueiro, Sesc Pompeia, em São Paulo, e Vila dos Artistas, em Osasco. Públicos dos estados de Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Bahia, e Goiás, entre outros, também o prestigiaram neste período que configura seu jubileu de pérola; sem jamais renegar os próprios valores, nestas três décadas Déo Lopes compôs exprimindo anseios, amores, e crenças, além de respeito à ecologia e ao meio ambiente.

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