Artes de imagens de abertura de atualizações do Barulho d’água Música publicadas neste ano! Confira todas em barulhodeaguamusica.com!

1601 – Valdir Verona (RS) regrava em dois epês, com novos arranjos, composições de seus dois primeiros álbuns da carreira

#MPB #MúsicaInstrumental #MúsicaGaúcha #ViolãoBrasileiro #Viola10Cordas  #Viola9Cordas  #ViolaInstrumental #CaxiasdoSul #CulturaPopular

O cantor e compositor Valdir Verona, violeiro dos mais tarimbados do país, residente em Caxias do Sul (RS), brindou amigos e fãs no apagar das luzes de 2022 com o lançamento de novos epês nas plataformas digitais. Primeiras Composições – gravações originais, traz temas instrumentais extraídos de Acordes ao Vento (1995) e Tons da Terra (2000), discos com as primeiras obras compostas por Verona, na década de 1990 e começo de 2000.  Primeiras Composições – regravações apresenta músicas instrumentais e canções rearranjadas e regravadas, agora de álbuns posteriores a 2009 (Ad Libitum – Ária Trio; Uma Viola ao Sul, 2010; Na Estrada, 2013; e O Violeiro e o Poeta, 2017).

Em mais de três décadas de trajetória, Valdir Verona se consolidou no cenário nacional como músico capaz de resgatar a força e a beleza da viola nos pampas, atuando simultaneamente como pesquisador, produtor musical e professor dos mais requisitados do instrumento, gravando canções ou músicas instrumentais tanto em dez, como em nove cordas, mas sem jamais deixar de valorizar ritmos nativos. Afora trabalhos em parceria com Rafael de Boni (Duo Viola e Acordeon) e, mais recentemente, com o grupo Violas ao Sul, entre outros projetos que vão desde recitais, shows, composições, arranjos, gravações, edições de partituras e tablaturas.

Continuar lendo

1526 – Kátya Teixeira (SP) anuncia agenda de lançamentos com dois novos álbuns e livro de memórias para marcar 28 anos de carreira*

#MPB #Literatura #CulturaPopular

Primeiro disco de Canções Para Atravessar a Noite Escura – Canções na Quarentena já chegou às plataformas digitais, com gravações acústicas ao vivo baseadas no repertório dos shows Acalantos

*Com Mercedes Cumaru

Ao completar 28 anos de carreira, a cantora e compositora paulistana Kátya Teixeira fará uma série de ações comemorativas a começar pelo lançamento do primeiro álbum que integra o disco Canções Para Atravessar a Noite Escura | Canções na Quarentena, já disponível nas plataformas digitais. Acústico, o álbum foi gravado ao vivo em estúdio e traz as canções que fizeram parte de Acalantos, apresentação virtual que Kátya protagonizou em março de 2021, com recursos da Lei Aldir Blanc, pelo Proac SP.

O show Acalantos que deu origem ao CD, contou com a participação de André Venegas e da contadora de histórias Nani Braun. O espetáculo foi realizado dentro de uma proposta artística para o público infanto-juvenil, mas o olhar para o mesmo repertório difere a partir da percepção de cada pessoa. Nas canções presentes nesta obra, pr’além de acalentar pais e filhos, existe a intenção de acessar a nossa criança interior, sobretudo, com todos os acontecimentos dos últimos anos, nos quais estamos lidando com tanta dor e luto, pandemia, questões sociais, ambientais e políticas tão duras. Andamos, de fato, muito carentes de afeto e fé de que isso tudo vai passar. Parafraseando o poeta Thiago de Mello: ‘…faz escuro mas eu canto, porque a manhã já vai chegar“, escreveu Kátya Teixeira ao detalhar a essência do recente trabalho.

Continuar lendo

1393 – Conheça o premiado “one man band” que o Inter (RS) perdeu para o lugar de Falcão: Oly Jr.

“Um homem é um sucesso se pula da cama de manhã e vai dormir à noite, e, nesse meio tempo faz o que gosta” – Bob Dylan

“Pedras que rolam não criam musgo.” – Muddy Waters

“O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.” – Mario Quintana

As tradicionais audições aos sábados pela manhã aqui no boteco do Barulho d’água Música, em São Roque (SP), começaram neste dia 15 de maio excursionando desde o Guaíba ao Mississipi com Dedo de Vidro, o 11º título da discografia de treze autorais ou com participação do premiado gaúcho Oly Jr, nascido em e morador da Capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Dedo de Vidro tem como força motriz, em termos estéticos e sonoros, a intervenção do slide em todas as faixas. O slide é um objeto cilíndrico (ou um tubo) que pode ser feito de vários materiais, mas os mais usados são os de metais, de vidro ou de porcelana, como o de Oly. É usado para produzir efeitos sonoros, deslizando-o em algum instrumento de cordas, geralmente violão ou guitarra.

Continuar lendo

1379 – Valdir Verona (RS) lança Girassol, epê com cinco temas instrumentais que acompanha e-book

#MúsicaInstrumental #MúsicaIndependente #Viola10Cordas #Viola9Cordas #MúsicaBrasileira #CulturaPopular #ValdirVerona #CaxiasdoSul #RioGrandedoSul

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) está privando o público das apresentações ao vivo dos artistas de um modo geral, mas alguns têm aproveitado o tempo de recolhimento forçado para dar vida a novos projetos, trazendo para quem os admira novidades das mais interessantes. E, neste cenário, as mídias sociais vêm sendo um palco dos mais recorrentes para lançamentos e concertos online, criando uma nova forma de interação entre eles e os fãs. Um dos mais conceituados cantores e compositores do país, o gaúcho de Caxias do Sul Valdir Verona também está se valendo do tempo em casa para criar e anuncia já para a próxima quinta-feira, 22, o lançamento de Girassol, um epê com cinco temas instrumentais para viola, acompanhado de um e-book com as partituras e tablaturas, mais vídeo aulas, que já pode ser pré-salvo pelo linque que estará ao final desta atualização.

Continuar lendo

1315 – Acompanhe o 1° Festival Violas ao Sul sem sair de casa e concorra a prêmios

#FiqueEmCasa #MáscaraSalva

#CulturaPopular #ViolaInstrumental #ViolaGaúcha  #MúsicaGaúcha #MúsicaIndependente #RioGrandeDoSul

#Liberdade #Pluralidade #Diversidade #Respeito #Tolerância #BLM #Democracia #AmeOsAnimais

#ImprensaLivre #JornalistasAntifascistas

#ForaBolsonaro

Iniciativa do grupo Violas ao Sul terá transmissões virtuais de shows e bate-papos durante três dias com expoentes da atual safra de violeiros gaúchos. O objetivo é ressaltar as possibilidades do instrumento e sua influência na formação cultural de partes variadas do Brasil e do mundo

Os compositores e integrantes do grupo Violas ao Sul Angelo Primon, Mário Tressoldi, Oly Júnior e Valdir Verona estão à frente do Iº Festival Violas ao Sul que reunirá os principais violeiros do Rio Grande do Sul da atualidade para ressaltar as possibilidades do instrumento e sua influência na formação cultural de partes variadas do Brasil e do mundo. As apresentações serão virtuais em respeito aos protocolos sanitários para evitar o contágio pelo coronavírus (Covid-19), possibilitando acompanhar as transmissões, sem sair de casa, entre a quarta-feira, 29, e a sexta-feira, 31 de julho. Cada sessão oferecerá repertório eclético de canções autorais e clássicas do cancioneiro gaúcho e brasileiro, além da música contemporânea. Além da participação do grupo, os encontros e shows virtuais contarão com os violeiros Álvaro RosaCosta, Carlinhos Weiss, Cris Maya e Léo Dias, Leandro Costa e Sidnei de Oliveira entre os convidados.

Paralelamente à programação, estão programadas conversas relativas à presença da viola na música gaúcha e a trajetória de cada violeiro, também com transmissão pela internet. Os idealizadores mediarão bate-papos com os violeiros convidados, de sexta, 24, a terça-feira, 28, a partir das 19 horas, diretamente na página do Violas ao Sul.

Continuar lendo

1243 – Com concerto na Assembleia de MG, Reinaldo Toledo apresenta livro 11 Estudos para Viola

Os 11 Estudos para Viola Brasileira também ganharam o formato em disco, lançado e, agosto de 2018 e disponivel nas plataformas digitais. Em ambos os volumes, o trabalho de Toledo recebeu elogios de Ivan Vilela

#vivajoãobá

O violeiro e professor, graduado em Música (Licenciatura e Bacharelado com habilitação em violão) pela Universidade Federal de Uberlândia, Reinaldo Toledo, será a atração na quinta-feira, 10 de outubro, de mais uma rodada do Projeto ZÁS, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. No palco, Toledo apresentará a partir das 19 horas concerto de viola caipira instrumental solo para marcar o lançamento do Livro de Partituras 11 Estudos para Viola Brasileira, obra artístico didática que ele assina e nasceu da necessidade por composições para a viola caipira que pudessem incentivar seus alunos a desenvolverem técnica motora e musicalidade simultaneamente.

Continuar lendo

1227 – Grazi Nervegna recebe convidados para lançamento do disco de estreia, na Unibes Cultural (SP)

Anambé’, nome do álbum, é palavra de origem tupi-guarani que significa “aqueles que caminham em parceria e permanecem unidos” e será apresentado com as presenças de Consuelo de Paula, Katya Teixeira, João Arruda, Carlinhos Ferreira, Francisco Prandi e Grupo EntreLatinos

Em 31 de agosto, sábado, a cantora e compositora Grazi Nervegna realizará no palco da Unibes Cultural concerto de lançamento de seu primeiro disco, intitulado Anambé, em cantoria que deverá transcorrer entres 20 e 22 horas e que contará com as participações de Consuelo de Paula, Katya Teixeira, do grupo EntreLatinos e dos músicos João Arruda, Francisco Prandi e Carlinhos Ferreira. Um marco na carreira de Nervegna, Anambé é palavra de origem tupi-guarani que significa “aqueles que caminham em parceria e permanecem unidos” e foi gravado após campanha de financiamento coletivo. “É um voo que a voz de Grazi Nervegna faz ao som da viola e das flautas feitas com tubos rústicos. Um voo ora rasante e rascante, ora amplo e lírico”, afirmou Consuelo de Paula, que também é diretora artística do disco gravado no estúdio VentaMoinho, de João Arruda, em Campinas.

Continuar lendo

1213 – Dante Ramon Ledesma, argentino naturalizado brasileiro, canta a liberdade, o amor e a igualdade em 19 poéticos álbuns ignorados no Sudeste

Nascido em Río Cuarto, na Córdoba, onde foi perseguido pela ditadura argentina pela militância católica, naturalizado brasileiro desde 1978, cantor admirado pelo carisma e pela coragem vive na região metropolitana de Porto Alegre (RS) e nem um derrame que paralisou parte do seu corpo o fez parar de cantar

Nos últimos dias, boas prosas com o amigo gaúcho de Caxias do Sul Valdir Verona — cantor, compositor, professor e pesquisador, um dos melhores violeiros do país na atualidade–, levaram minhas atenções a se concentrar em alguns expoentes da música do Sul do país, notadamente a produzida por alguns conterrâneos dele, de vários rincões do Rio Grande do Sul – ritmos e gênero, que, grosso modo, correndo o grande risco de cometermos gafes, tendemos a rotular por aqui de “nativistas”.

Claramente há preferências mercadológicas dos setores de entretenimento e radiodifusão aqui no Sudeste “maravilha”. Elas reduzem quase tudo — como se os tais fossem suprassumos — a Maiaras e Simarias, Sangalos e Anittas, Luccos e Safadões, Zezés e Santanas, Lucianos e outros quejandos e assim burlam de quem não se sintoniza em canais alternativos o acesso a outro estilo de música — apenas para ficarmos nesta forma de manifestação artística –, que não seja meramente comercial, rasa, descomprometida com nossos mais ancestrais e identitários valores. Numa avaliação (ainda que simplista) tal recorte nos achata a todos como se fossemos meros consumidores desprovidos de criticidade, apuro, tradições e de bandeiras. Nesta toada, às vezes até bate uma tristeza profunda: é como se a gente vivesse em um país pouco plural, encerrado nas suas mais, digamos assim, badaladas capitais e agitos delas, empurram-nos ouvidos abaixo melôs de cornos e mulheres irresistíveis, pancadões e pôperos como se o extenso continente Brasil e sua diversidade morasse e se reduzisse em uma redoma sem sotaques e, no máximo, pindorama que, dependendo da conveniência do momento, aceitasse fora do mainstream um baiano aqui, um pernambucano acolá, quem sabe? um goiano…

Agendas assim não só nos empobrecem como nação, deixa-nos ignorantes às nossas origens, riquezas e diversificado patrimônio multicultural. Se o futebol de quando em vez nos faz lembrar que existem no mundo da bola tupiniquim os simpáticos CSAe o Clube do Remo e que no Amapá e no Piauí também temos Santos e Flamengo, apenas a curiosidade e o pensar fora da caixinha nos pode revelar que entre nós também se ergue, literalmente falando, a voz de um cantor e intérprete com a força e o carisma de um Nelson Gonçalves, mas circunscrito à sua região, ainda que por lá seja tão adorado pelos seus fãs e amigos como sempre foi (talvez por que no Sul as visões sejam mais amplas e generosas) o inesquecível e saudoso boêmio Nelson Gonçalves: Dante Ramon Ledesma.

Quantas linhas, embora pertinentes, para chegarmos a este nome, Dante Ramon Ledesma, perfil que, agora, entretanto, resumirei em uma única frase: um arauto das liberdades, do amor, da igualdade, da fraternidade e da resistência do pueblo latino-americano — sejamos nós gaúchos, argentinos, portenhos, índios, negros, mamelucos, cafuzos– e, por extensão paulistas, mineiros, cariocas, baianos, alagoanos, piauienses, amapaenses; “yo tengo tantos hermanos que no lós puedo contar” já cantava Atahualpa Yupanqui, “en el valle, la montaña, en la pampa y en el mar/cada cual con sus trabajos, con sus sueños, cada cual, con la esperanza adelante…”

Escolhi Dante Ramon Ledesma para abrir as audições matinais de todos os sábados aqui no boteco do Barulho d’água Música, em São Roque(SP) neste sábado, 20, não apenas pela beleza, engajamento e construções poéticas das músicas do repertório que entoa em emblemática voz, começando a ouvi-lo pelas faixas de Alma e Vida, álbum de 1993, mas e, sobretudo, pelo que elas invocam e põem no ar: um brado, antes de nada mais, à resistência, à união, à luta por um país que não tenha donos e que neste momento sugere “não tem governo e nunca [mais] terá” e que não pode seguir tendo o tamanho tacanho que vem adquirindo à medida que há temos nos postos de comando quem afirme (e quem nele acredite), arrotando lautos cafés da manhã, que nem ao menos fome passaríamos.

Vista de Rio Cuarto, em Córdoba, terra natal de Dante Ramon Ledesma

Dante Ramon Ledesma nasceu em Río Cuarto, na província de Córdoba, a cerca de 580 quilômetros de Buenos Aires, Argentina, mas “naturalizou-se” brasileiro em 1978. Cantor desde os 5 anos de idade, formou-se em Sociologia pela Universidade de Córdoba. Ainda em seu país natal, quando jovem foi integrante da Organização Não governamental (ONG) Carismaticos, de perfil católico e já demonstrando imensa capacidade de cantar venceu o famoso Festival Nacional de Folklore  de Cosquín, na categoria juvenil, com a canção Memória del Che

No ano de sua naturalização, os argentinos sofriam sob as botas e a baioneta do general-presidente Jorge Rafael Videla e o governo perseguia quem militava na juventude carismática, por considera-la ajuntamento de “subversivos” — adjetivo e razão para perseguições, torturas, mortes e condenações ao desterro tão em moda no Cone Sul àquela época. Desde então, e naquele momento para escapar das perseguições (mesmo que fugindo da brasa, pudesse ter caído no espeto!), Dante Ramon Ledesma, que começava a despontar no canto popular argentino, escolheu viver no Rio Grande do Sul, estabelecendo-se em Canoas, cidade da Grande Porto Alegre, onde, alias, recentemente, a Câmara Municipal lhe outorgou um título de cidadania.

Em 1991, já “brazuca”, portanto, participando do Festival Acordes Cataratas, de Foz do Iguaçu (PR), Ledesma tornou-se finalista com A Vitória do Trigo (“basta um pedaço de terra/para a semente ser pão/enquanto a fome faz guerra/a paz espera no chão), hoje uma espécie de hino de sem-terras em países da Europa e latino-americanos. Outra das canções que compõem sua trajetória, de autoria de Fernando Alves e Alberto Zanatta, América Latina é invariavelmente pedida em todas as suas apresentações por ser um alerta à consciência crítica e à união entre os povos até hoje explorados, do México à Guiana, passando pelo Haiti, pela Nicarágua, por Honduras, pela Bolívia…

Ambas as músicas, diga-se de passagem, enchem 19 álbuns e três DVDs que renderam a Ledesma nove discos de ouro e a vendagem de mais de três milhões e meio de cópias! Em sua biografia consta, ainda, que decorridos já mais de 30 anos de carreira, protagonizou 7 mil espetáculos em todo o Brasil e América Latina, muitos de caráter beneficente.

Sobre Dante Ledesma escreveu Renan Bernardi para o blogue Tenho Mais Discos que Amigos ao vê-lo cantar e tocar no 10º Festival Pira Rural, realizado entre 19 e 21 de abril recentes, na cidade gaúcha de Ibarama, situada na região de Santa Maria: “Foi o mais emocionante e significativo show do Pira Rural”. Dante Ramon Ledesma, prosseguiu Bernardi, encantou “um público que parecia muito próximo do reconhecido artista: o folclore e o orgulho da cultura latino-americana, gaúcha, indígena e rural faziam parte dos discursos de Dante nos intervalos das canções, que bradava contra o imperialismo e a música de massa, pré-fabricada”. Para arrematar, o jornalista observou: Dante cantou e tocou “homenageando movimentos sociais, amor e o respeito” e “encantou todo o público acumulado em frente ao palco”.

A parte estas força e carisma, registre-se: Dante Ramon Ledesma, para manter se “cantor de ofício” assim como preconizou sua contemporânea Mercedes Sosa, tornou-se, ainda, símbolo de superação e de determinação: em maio de 2014, sofreu um sério Acidente Vascular Cerebral (AVC) que afetou seu corpo, paralisando o lado esquerdo e prejudicando a fala. A situação depois se agravaria quando ele foi diagnosticado com diabetes. Mesmo com todos os problemas e as limitações, Dante Ramon Ledesma conseguiu voltar à ativa em 2016 e segue a fazer o que mais sabe: cantar, como em 19 de maio no Centro Cultural de Constantina (RS), onde protagonizou o concerto O Recomeço. Atualmente, Ledesma se faz acompanhar nas apresentações com o filho Maximiliano e o neto Juanito.

Dante Ledesma (ao centro), entre o neto, Juanito, e o filho, Maximiliano

O TÍTULO EM CANOAS

A primeira vez que ouvi falar sobre e as canções de Dante Ramon Ledesma estava em Canoas, fraternalmente acolhido por uma família do bairro Nossa Senhora das Graças, em 1989.

Eu era um garoto que amava The Beatles, The Rolling Stones e Pink Floyd (tanto na ida, quanto na volta, viajei os pouco mais de 1.100 quilômetros entre SP/POA, pelas BR-116 e BR-101, ouvindo a bordo dos ônibus da Viação Penha fitas cassetes do Pink Floyd), mas também já curtia Clube da Esquina, Katya Teixeira, Fagner, 14 Bis etc. Meus anfitriões demonstravam forte admiração por Ledesma e lembro-me de ter ficado impressionado com o tom e os temas das canções dele que rodava no meu walkman, gravados em uma fita Basf da qual não deu para fazer cópia, sentado sobre a cama que me ofereceram e em cujas paredes do quarto havia uma bandeira do Rio Grande do Sul, outra do Internacional, agasalhado por um poncho (estava muito frio!) e sorvendo uma cuia de chimarrão.

Pois lá, em Canoas, em 19 de maio de 2016, Ledesma foi agraciado com o título de Cidadão Canoense pela contribuição à música nativista do Estado e por sua relação com o município, situado a 14 quilômetros de Porto Alegre.

Ledesma (sem óculos), no dia em que recebeu o título de cidadão de Canoas (Foto: Williyan Bertotto)

A homenagem partiu do então vereador Pedro Bueno (PT). Antes da perseguição na Argentina. Já asilado no RS, Dante primeiro morou no bairro Niterói e, depois, transferiu-se para o Rio Branco, ambos em Canoas. Na chegada ao Brasil, precisou vendeu livros e ministrou palestras para pais e mestres até conseguir retomar a carreira de cantor. Cinco anos depois, em 1983, atingiu o sucesso com Orelhano, um dos seus mais aclamados sucessos. Em 1984, ele participou pela primeira vez da Tertúlia de Santa Maria, do qual saiu consagrado como revelação. No mesmo ano, venceu a 14ª Califórnia da Canção, de Uruguaiana, com O Grito dos Livres.

É casado com Norma Beatriz Ledesma, com quem teve o filho, Maximiliano, hoje seu parceiro e ritmista. “Como poucos, Ledesma fez realmente de seu canto uma maneira de viver e cantar a vida”, disse Pedro Bueno, proponente do título outorgado pela Câmara Municipal de Canoas. “Gaúchos, argentinos, brasileiros, latino-americanos cresceram ao som de Orelhano, Negro da Gaita, O Grito dos Livres, A Vitória do Trigo e tantas canções que ultrapassam os sotaques, os idiomas, os ritmos e as fronteiras.”

As palavras seguintes também foram proferidas por Bueno durante aquela sessão solene: “Dante é um homem que luta por liberdade, sonho e esperança. É uma honra para a nossa cidade. Seu espírito revolucionário ultrapassou barreiras, inclusive as da censura”.

Ao utilizar a tribuna, Ledesma recordou o período de terror vivido durante a ditadura argentina e mencionou pessoas que o ajudaram no começo da vida no Brasil. Destacando a importância da família, comentou sobre a recuperação do AVC que sofrera dois anos antes: “O maior milagre da vida é o amor e fraternidade que Deus nos dá”. Em seguida, exaltou a defesa da democracia brasileira: “Em primeiro lugar deve vir a Pátria e, somente depois, os interesses políticos”, ponderou, dedicando o reconhecimento recebido da Câmara de Canoas à memória do pai, Rudecindo Ledesma.

O Portal Cegos Brasil disponibiliza para serem baixados, armazenados em formato ZIP, os arquivos em Mp3 de nove álbuns de Ledesma, dos quais quatro são duplos. O endereço para o linque é http://cegosbrasil.net/discografias/dante-ramon-ledesma-9-cds.

Leia também no Barulho d’água Música:

1208 – Rio Grande do Sul dá adeus a Ubirajara Matana: emudece um dos últimos baluartes do violão campeiro-serrano

723 – Noel Guarany, um dos quatro “Troncos Missioneiros”, ganha memorial em Bossoroca (RS)

654 – Julian Silva, gaúcho nativista de Restinga Sêca, canta o amor à terra e a eventos como a Primavera no álbum de estreia, lançado em 201

Milongador, de Giancarlo Borba, enfatiza a vida do gaucho a pé e a luta pela terra, com poesia e sem panfletarismo

 

1212 – Dois dos melhores violeiros do país são atrações em Sampa, no domingo, 21

Entre a missa ou o culto, um antes, outro depois da macarronada: Neymar Dias e Valdir Verona tocarão em espaços próximos e em horários que permitem acompanhá-los, de graça ou gastando quase nada, em ótimos programas em companhia da família inteira

A cidade de São Paulo terá no próximo domingo, 21 de julho, concertos de dois dos mais respeitados violeiros do país na atualidade, o paulistano Neymar Dias, pela manhã, e o gaúcho de Caxias do Sul Valdir Verona, à tarde, portanto em horários nos quais será possível acompanhar ambos sem sacrificar a tradicional macarronada em família. Os dois, aliás, são excelentes dicas para juntar todo mundo, incluindo o nenê, o vovô, a vovó e os sobrinhos, como naquela música dos Titãs, longe da famigerada televisão ou, mais modernamente, do tambor cortado ao meio, na laje. E dá tempo, inclusive, de ir à santa missa ou ao culto, ainda no começo da manhã ou no final da noite! 

Continuar lendo